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GE703 – Geofísica Aula 06 – Métodos Geoelétricos Prof. Emilson Pereira Leite DGRN/IG/UNICAMP Resistividade • A resistividade de um material é definida como a resistência em ohms entre faces opostas de um pedaço do material. • No caso de um cilindro condutor de resistência δR, comprimento δL e área da seção transversal δA, a resistividade ρ é (8.1) Resistividade • A unidade de resistividade no SI é o ohm-metro (ohm m) Condutividade • A recíproca da resistividade é chamada condutividade, e é medida em siemens (S) por metro (S m-1) • Condutividade: Resistividade de rochas e minerais • Uma das propriedades físicas mais variáveis. • Alguns minerais como metais nativos e grafite conduzem eletricidade via passagem de elétrons. • Entretanto, a maior parte dos minerais formadores de rocha é isolante. • Nesses, a corrente elétrica é conduzida pela passagem de íons nos fluidos dos poros. Resistividade de rochas e minerais • Assim, a maior parte das rochas conduz eletricidade mais por processos eletrolíticos do que por processos eletrônicos. • Portanto, a porosidade é o principal controle da resistividade de rochas e esta última geralmente aumenta com a diminuição da porosidade. Resistividade de rochas e minerais • A resistividade também pode ser descrita pela equação de Archie, a qual leva em conta a resistividade e o volume de água presente nos poros (8.2) • f = fração de água nos poros • ρw = resistividade da água nos poros • ø = porosidade • a, b, c = constantes empíricas Fluxo de corrente no solo • A descrição do fluxo de corrente no solo é feita a partir da densidade de corrente elétrica (i). • Da Lei de Ohm: • E da resistividade: • Obtemos: (8.3) Fluxo de corrente no solo Fluxo de corrente no solo • A densidade de corrente à uma distância r do eletrodo superficial é (8.4) • O gradiente do potencial é (8.5) Fluxo de corrente no solo • O potencial Vr à distância r é obtido pela integração da equação (8.5) (8.6) • Essa equação permite o cálculo do potencial em qualquer ponto sobre ou abaixo da superfície de um semi-espaço homogêneo. Fluxo de corrente no solo Fluxo de corrente no solo • Para o caso da figura anterior • Da Equação 8.6, obtemos (8.7) (8.8) Fluxo de corrente no solo • Na prática, medimos a diferença de potencial (ΔV ) entre os eletrodos C e D (8.9) Exemplo numérico no quadro... Fluxo de corrente no solo Quando 𝐿 = 𝑍 -> 30% da corrente flui abaixo de Z. Quando 𝐿 = 2𝑍 -> 50% da corrente flui abaixo de 𝑍. Métodos empregados em levantamentos de resistividade Sondagem Elétrica Vertical (SEV) • Os eletrodos de corrente e de potencial são mantidos no mesmo espaçamento relativo, e o arranjo todo é progressivamente expandido ao redor de um ponto fixo central. • Os eletrodos de corrente e de potencial são mantidos a uma separação fixa e progressivamente movidos ao longo do perfil. Caminhamento de Separação Constante (CST) Arranjo de Eletrodos • (1) Arranjo Wenner Arranjo de Eletrodos • Resistividade pelo arranjo Wenner (8.10) • Os quatro eletrodos precisam ser movidos entres sucessivas leituras. • O arranjo Schlumberger supera parcialmente essa desvantagem. Arranjo de Eletrodos • (2) Arranjo Schlumberger Arranjo de Eletrodos • Resistividade pelo arranjo Schlumberger (8.11) (8.12) Equipamento • Os equipamentos são projetados para medir a resistividade do solo, ou seja, a razão V/I nas Eqs. 8.10, 8.11 e 8.12. • A maior parte usa corrente alternada de baixa frequência, por duas razões principais. Equipamento • (1) eliminar o efeito do aumento de ânions ao redor do eletrodo negativo e de cátions ao redor do eletrodo positivo (polarização eletrolítica). • (2) superar os efeitos de correntes telúricas (correntes elétricas naturais no solo que fluem paralelas à superfície da Terra e causam gradientes de potencial regionais). Equipamento Equipamento • A frequência depende da profundidade de penetração desejada. • Para penetração da ordem de 10 m, uma frequência de 100 Hz é adequada. • Diminui para 10 Hz para profundidades de investigação de cerca de 100 m. Interpretação Interpretação de SEV Interpretação de SEV • Como obter 𝜌𝑎 em função da resistividades e das espessuras das camadas? • Idéia inicial: utilizar um análogo óptico para calcular a resistividade aparente de um modelo simples de duas camadas. • Vamos observar a figura seguinte, onde a corrente I é introduzida no solo no ponto C0. Queremos estimar o potencial no ponto P. Interpretação de SEV Nesta figura a corrente I é introduzida no solo no ponto C0. Queremos estimar o potencial elétrico no ponto P. Interpretação de SEV 𝑘 = 𝜌2 − 𝜌1 𝜌2 + 𝜌1 Interpretação de SEV • O potencial VP no ponto P é a soma das contribuições de todas as fontes. • Assim (8.13) • onde Interpretação de SEV • A diferença de potencial ΔV entre dois eletrodos pode ser calculada pela soma das contribuições para o potencial nesses pontos. • Para o arranjo de Wenner com espaçamento a, teremos: (8.14) Interpretação de SEV • onde (8.15) • Relacionando ρ1 à resistividade aparente medida pelo arranjo Wenner (8.16) Interpretação de SEV Casamento de curvas (curve matching) Interpretação de SEV • Para mais de duas camadas o potencial é obtido pela solução da Equação de Laplace em coordenadas cilíndricas. Interpretação de SEV • O potencial V na superfície sobre uma série de camadas horizontais é dado por (8.17) (8.18) (8.19) Interpretação de SEV • Os dados de SEV de várias sondagens podem ser apresentados na forma de uma pseudosseção. • A pseudosseção pode ser invertida, obtendo um modelo geolétrico 2D completo. • Técnica conhecida como: imageamento elétrico ou tomografia elétrica. (Baker, 1997) Interpretação CST • Os caminhamentos de separação constante são obtidos movendo-se um arranjo de eletrodos de espaçamento fixo ao longo de uma linha de caminhamento. • O arranjo de eletrodos pode ser alinhado tanto na direção do caminhamento (longitudinal) quanto em ângulos retos (transversal). Interpretação CST Interpretação CST Interpretação CST Interpretação CST • A descontinuidade vertical distorce a direção de fluxo de corrente e, portanto, muda a distribuição de potencial em suas proximidades. • Essa distribuição de potencial pode ser determinada por um análogo óptico no qual a descontinuidade é comparada com um espelho semitransparente que tanto reflete quanto transmite a luz. Interpretação CST (EQ. 8.20) (EQ. 8.21) Interpretação CST • As Eqs. 8.20 e 8.21 podem ser utilizadas para calcular ΔV para qualquer arranjo entre dois pontos nas proximidades da interface. • Assim, são construídos perfis de resistividade aparente produzidos pelos caminhamentos de separação constante. Interpretação CST • Anomalias tridimensionais podem ser obtidas pelo contorno dos valores de resistividade aparente a partirde um número de linhas de CST. • Interpretação em laboratório: cilindros de metal, blocos ou placas imersos em água, são movidos sob um arranjo de eletrodos. • Há também algumas equações fechadas para corpos com geometria simples. Interpretação CST Interpretação CST • Quando parte de um corpo de minério (condutivo) foi localizado em algum afloramento ou sondagem, pode-se utilizar o método de excitação à massa. • Um eletrodo de corrente é colocado dentro dos limites do corpo e o outro é colocado à uma grande distância na superfície. Interpretação CST • Um par de eletrodos de potencial é movido sobre a superfície. • São elaborados mapas de contorno para ΔV = constante (linhas equipotenciais). • Fornece informações sobre a extensão, mergulho, direção e continuidade do corpo. Interpretação CST Bowker, A., 1991. Quantitative interpretation on three-dimensional mise-à-la-masse data. A case history from Gairloch, northwest Scotland, Geoexploration, 28(1), 1-22. Aplicações dos levantamentos de resistividade • Apoio à engenharia civil, em investigações geológicas antes de uma construção. – A SEV é conveniente na determinação da profundidade do embasamento para fundações e na obtenção de informações sobre o grau de saturação dos materiais de subsuperfície. – O CST é usado para determinar a variação na profundidade do embasamento entre sondagens e para identificar instabilidades do solo. • Localização e monitoramento da extensão da poluição de águas subterrâneas e aterros sanitários. Chaminé de mina soterrada. Fosso soterrado. Estudo hidrogeológico no Caribe. Lentes de água doce. Perfil de condutividade de fluido a partir de um poço perfurado na Lente Central, comparado com os resultados de uma interpretação de SEV de uma sondagem adjacente ao poço. É evidente que a água doce pode ser distinguida da água salina por sua resistividade muito mais alta. Contornos definidos pela interpretação das SEVs. Drenagens contaminadas de antigas minas de carvão na Pensilvânia. Extensão da poluição de águas subterrâneas. A drenagem ácida da mina em uma área adjacente aumentou a condutividade da água subterrânea, permitindo seu delineamento como uma zona de baixa resistividade. Método da Polarização Induzida (IP) Princípios do método IP • Quando usamos um arranjo padrão de resistividade de quatro eletrodos e uma fonte DC, e abruptamente desligamos a corrente, a voltagem entre os eletrodos de potencial não cai a zero imediatamente. • Após um rápido decréscimo inicial, a voltagem sofre um decaimento gradual e pode levar muitos segundos para atingir o valor zero -> o solo é um capacitor. Cargabilidade (M ) (a) Polarização de membrana Mecanismos de IP Rocha porosa -> injeção de corrente -> íons positivos se acumulam nas passagens entre poros (bloqueio entre poros) -> íons positivos e negativos ficam amontoados. Corrente é retirada -> íons retornam às suas posições originais -> voltagem decai. (b) Polarização de eletrodo Mecanismos de IP Rocha porosa -> injeção de corrente -> se há minerais metálicos -> bloqueio entre poros -> íons positivos e negativos se acumulam em lados opostos do grão -> aumento de carga. Corrente é retirada -> íons voltam às suas posições originais -> voltagem decai. Exemplos: sulfetos e óxidos metálicos, grafite Princípios do método IP • Levantamento IP no domínio do tempo: medição do decaimento de voltagem sobre um certo intervalo de tempo. • Levantamento IP no domínio da frequência: medição de ρa em duas ou mais frequências AC. IP no domínio do tempo • O parâmetro comumente medido é a cargabilidade (chargeability) M, definida como a área A sob a curva de decaimento durante um certo intervalo de tempo t1 – t2 , normalizada pela diferença de potencial no estado estacionário (steady-state) ΔVc. (8.22) IP no domínio do tempo • A área A é obtida por integração. • Diferentes minerais são distinguidos por cargabilidades características. • Pirita: M = 13,4 ms para um intervalo de 1 s; • Magnetita: M = 2,2 ms para um intervalo de 1 s. IP no domínio da frequência IP no domínio da frequência • Dois parâmetros são comumente medidos: – Efeito percentual de frequência (percentage frequency effect – PFE): (8.23) – Fator metálico (metal factor – MF): (8.24) Pirita com calcopirita Operações de campo • O equipamento IP é semelhante ao de resistividade, mas usa uma corrente cerca de 10 vezes aquela de um arranjo de resistividade. • Teoricamente qualquer arranjo padrão de eletrodos pode ser utilizado. • Na prática, os mais comuns são: dipolo duplo, polo-dipolo e Schlumberger. Interpretação de dados de polarização induzida • Resposta IP de feições simples (esferas, elipsoides, diques, contatos verticais, camadas horizontais). • Modelagem em laboratório para simular anomalias observadas. • Interpretação qualitativa: análise de parâmetros das anomalias, como nitidez, simetria, amplitude e distribuição espacial podem indicar localização, extensão lateral, mergulho e profundidade do corpo anômalo. Interpretação de dados de polarização induzida • Fontes de anomalias IP podem não ter importância econômica (zonas de cisalhamento preenchidas por água e sedimentos ricos em grafite podem gerar fortes efeitos IP). • Operações de campo são lentas e, portanto, o método é mais caro que outras técnicas geofísicas terrestres. Aplicações dos levantamentos de polarização induzida IP no domínio do tempo sobre jazida de cobre na Irlanda. IP no domínio do tempo sobre corpo de cobre porfirítico no Canadá. Método de potencial espontâneo (SP) Princípios do método SP • Estudos de campo indicam que, para que ocorra uma anomalia de potencial espontâneo, seu corpo causador deve se localizar parcialmente numa zona de oxidação. • O mecanismo mais aceito nos estudos requer que o corpo causador transponha o lençol freático. • Abaixo do lençol freático, os eletrólitos dos fluidos nos poros sofrem oxidação e liberam elétrons, que são conduzidos para cima através do corpo de minério. Princípios do método SP • No topo do corpo, os elétrons liberados causam a redução dos eletrólitos*. • Cria-se um circuito em que a corrente é carregada eletroliticamente nos fluidos dos poros e eletronicamente no corpo, de modo que o topo do corpo age como um terminal negativo. *Eletrólito: substância que contém íons livres, tornando-a eletricamente condutiva. Princípios do método SP • Esse mecanismo explica as anomalias SP negativas que são observadas • Os corpos de minério não sofrem reação química e servem meramente para transportar os elétrons a partir das zonas mais profundas. • Como resultado das correntes de subsuperfície, as diferenças de potencial são produzidas em superfície. Interpretação de anomalias de potencial espontâneo (SP) Depósito de sulfeto na Turquia com concentrações de cobre de até 14%.
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