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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE AD 1 2018-1 Fundação Cecierj / Consórcio Cederj Curso de Letras – EAD Profª Drª: Silvia Maria de Sousa Tutora a distância: Profª Paula Soares AD1- LINGUÍSTICA I 1. Leia a seguinte afirmativa da “Nova gramática do português contemporâneo”, de Celso Cunha e Lindley Cintra, sobre um caso de concordância: “Sujeitos resumidos por um pronome indefinido Quando os sujeitos são resumidos por um pronome indefinido (como tudo, nada, ninguém), o verbo fica no singular, em concordância com esse pronome: Letras, ciências, costumes, instituições, nada disso é nacional (Eça de Queirós, TR, 15.)” (CUNHA e CINTRA, 1985, p.499) Indique se o exemplo é normativo ou descritivo, justificando sua resposta. Em seguida, estabeleça a distinção entre as abordagens da gramática normativa e da linguística. (2,5 pontos) A afirmativa retirada da “Nova gramática do português contemporâneo”, de Cunha e Cintra, é normativa, pois prescreve como deve ser feita a concordância verbal nos casos em que o sujeito seja resumido por um pronome indefinido. Trata-se de um exemplo metonímico da grande diferença que há entre a concepção de linguagem da gramática normativa e aquela da linguística. De fato, enquanto a gramática normativa tem um ideal de língua a ser seguido, de modo a levar os falantes de determinada língua a usá-la de um modo determinado, considerado “correto”, a linguística pretende entender o fenômeno da linguagem verbal descrevendo-o, sem juízo de valor. Assim, enquanto a gramática normativa adota uma postura prescritiva a linguística adota um ponto de vista descritivo e científico. 2. Em que consiste o chamado princípio da arbitrariedade do signo linguístico? (2,5 pontos) O signo linguístico possui algumas características; uma delas é o assim chamado princípio da arbitrariedade. Dizer que o signo lingüístico é arbitrário é dizer que a ligação existente entre um significado e um significante é arbitrária, isto é, convencional. Devemos lembrar que arbitrariedade não corresponde a um “capricho“ do falante para definir o que um significante vai significar. O princípio da arbitrariedade do signo linguístico, antes, mostra como não há qualquer motivação para que uma imagem acústica signifique determinado conceito. Por exemplo: o fato de que a cadeia sonora /cadeira/ significa “mobília que serve para uma pessoa se sentar, apoiada sobre pés, com encosto e, às vezes, braços” não foi definido por nenhuma força natural, mas por um acordo tácito dentro de certa comunidade linguística. Tanto não é natural que outras comunidades linguísticas “colaram”, a este mesmo significado, outros significantes: /chair/ [inglês], /chaise/ [francês], / silla/ [espanhol], /Stuhl/ [alemão] etc. 3. Analise as placas de trânsito abaixo, de modo a explicar por que constituem signos. Comente o seu caráter simbólico. (2,5 pontos) Disponível em: http://www.detran.pi.gov.br As placas de trânsito são símbolos na medida em que, em primeiro lugar, são signos, isto é, estão no lugar de outra coisa – nos casos apresentados, estão no lugar das ordens “proibido parar” e “proibido parar e estacionar”, respectivamente. Em segundo lugar, são símbolos, e não ícones, na medida em que não são fenômenos naturais, mas convenções estabelecidas entre sujeitos de dada comunidade linguística. Assim, não foi observando a natureza que descobrimos que, ao ver essas placas, não podemos parar o carro em determinado lugar sob pena de sermos multados. Foi dentro de nossa sociedade que aprendemos que essas placas SIMBOLIZAM a interdição de se parar / estacionar um veículo em dada área. Entretanto, podemos notar que na primeira placa há um único traço em vermelho que usado para simbolizar o aviso “proibido parar”, já na segunda placa duas tarjas vermelhas representam duas interdições “parar e estacionar”. Vemos, portanto, que entre o símbolo e o conteúdo simbolizado preservam-se alguns traços comuns. Isso ocorre somente nos signos não-linguísticos, no caso analisado, o símbolo. 4. Exponha a posição de Benveniste em relação à comunicação animal e à linguagem humana. Apresente ao menos dois dos argumentos de Benveniste. (2,5 pontos) O objeto da Ciência da Linguagem é a linguagem verbal. Sendo assim, a linguagem dos animais só pode ser entendida como linguagem num sentido amplo (conforme dizemos linguagem musical, linguagem corporal etc.). Para ser linguagem, conforme entendida pela Linguística, é preciso, antes de tudo, que ela seja verbal, ou seja, que seja emitida por órgãos fonadores, de modo que não precisamos ver o emissor da fala para entendê-lo, diferentemente do que acontece com a linguagem dos animais. Além disso, a linguagem verbal não se limita, como a linguagem animal, a uma resposta a determinado estímulo. Isso quer dizer que a linguagem verbal, diferentemente da linguagem animal, é imprevisível. Não sabemos de forma apriorística qual será a resposta que obteremos do nosso interlocutor. Na linguagem verbal, estamos sempre no risco. Outra diferença entre a linguagem animal e a linguagem verbal é que esta última não é apenas um instrumento para falar sobre algum fato do mundo – por exemplo, não é apenas um instrumento, como é a linguagem das abelhas, para dizer onde há uma fonte de alimento. A linguagem verbal fala do mundo, é claro. Mas esta é apenas uma das potencialmente infinitas coisas que podemos fazer com ela. A linguagem verbal é, também, criadora de mundos – ela cria o mundo, modifica o mundo, assim como inventa outros mundos possíveis. A linguagem verbal fala do mundo, é claro. Mas esta é apenas uma das potencialmente infinitas coisas que podemos fazer com ela. A linguagem verbal é, também, criadora de mundos – ela cria o mundo, modifica o mundo, assim como inventa outros mundos possíveis.
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