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Resumo Uso Legítimo Da Força Aula 01 a 05

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AULA 01
Da Metodologia Científica
Introdução:
	Quando estudamos a disciplina Sistema de Segurança Pública no Brasil, vimos que as policias modernas possuem, como uma de suas características, a especialização. No contexto daquela matéria, vimos que tal característica significa que o foco de atuação daquele órgão de Segurança Pública é o emprego da força física. Compreendemos que isto ocorre porque as leis não são respeitadas apenas por seu caráter subjetivo. Na disciplina Fundamentos dos Estudos Jurídicos da Segurança Pública, estudamos o que ocorre quando o agente da lei usa a força de forma excessiva ou abusiva. Ele é responsabilizado nos campos administrativo, penal e cível. Por isso é muito importante tratarmos do tema Uso legítimo da força em um Curso de Segurança Pública. Para darmos a você o conhecimento de como trabalhar, legal e tecnicamente, a fim de equilibrar o exercício do poder de polícia com o respeito às garantias fundamentais. Tenha um excelente estudo.
	O encarregado de aplicar a lei tem um papel vital na promoção de um Estado democrático de direito. Ele o garante na medida em que é aquele que operacionaliza o uso da força – monopólio exclusivo e legítimo do Estado – para que as leis sejam cumpridas, garantindo o exercício dos direitos de todos.
	Ao usar a força, seguindo os parâmetros legais e técnicos, ele estará legitimando a sua atuação perante a sociedade. A convicção por parte da população de que suas forças de segurança são previsíveis em seu proceder é importante estratégia para redução dos crimes.  
	Quando o operador de segurança comete um erro, seja por descumprimento de um preceito legal, seja pela não utilização da técnica adequada, ele coloca em risco a vida e a integridade física das pessoas e dele mesmo, desacreditando sua instituição.
Força:
	Podemos dizer que ela é toda intervenção compulsória sobre o indivíduo ou grupos de indivíduos, reduzindo ou eliminando sua capacidade de auto decisão (Barbosa e Ângelo, 2001, p. 107).
Uso legítimo da força:
	Quando uma pessoa agride outra, estará ela cometendo um delito, um crime. Ao observar tal conduta, o operador de segurança irá intervir. 
 
	No momento em que ele dá uma ordem para que aquele indivíduo pare de agredir o outro, teríamos aí uma intervenção, de natureza compulsória, que estaria eliminando a capacidade do agressor de decidir continuar a perpetrar aquele ato.
	E se o agressor continuar a se conduzir com agressividade, desta vez contra o agente da lei?
	Ora, ele usará dos meios necessários para conter a agressão, para prender o indivíduo e levá-lo à presença da autoridade de policia judiciária.
	A força foi usada para preservar a ordem pública, a paz social, garantindo ao ofendido o seu direito à integridade física. 
	Neste caso, temos que a utilização da força, por parte do operador de segurança, foi legal e legítima.
Embasamento normativo:
	Ao nos questionarmos sobre o embasamento normativo que nos ampara para exercer o uso da força, podemos começar falando do artigo 284 do CPC:
	Não será permitido o emprego de força, salvo a indispensável no caso de resistência ou de tentativa de fuga do preso.
	O legislador atrela o artigo ao uso da força física, quando empregamos nosso corpo ou qualquer instrumento físico para fazer com que sejamos obedecidos pelo cidadão abordado.
	Fica claro neste dispositivo legal que se a pessoa mostrar-se colaborativa, não haverá necessidade de uso da força física.
	Estudaremos nas próximas aulas que a verbalização é um gradiente, um nível do uso da força. Portanto, ao darmos ordens ao preso para que ele entre no carro patrulha, estamos usando de força, bem dentro do conceito expresso nesta aula.
Analisando o artigo 292 do Código de Processo Penal:
	“Se houver, ainda que por parte de terceiros, resistência à prisão em flagrante ou à determinada por autoridade competente, o executor e as pessoas que o auxiliarem poderão usar dos meios necessários para defender-se ou para vencer a resistência, do que tudo se lavrará auto subscrito também por duas testemunhas.”
	Veja que, neste ponto, considera-se o uso da força uma excepcionalidade, devendo haver o registro da sua utilização.
Tipos penais “desobediência” e “resistência”:
	O artigo 234 do Código de Processo Penal Militar diz “o emprego de força só é permitido quando indispensável, no caso de desobediência, resistência ou tentativa de fuga. Se houver resistência da parte de terceiros, poderão ser usados os meios necessários para vencê-la ou para defesa do executor e auxiliares seus, inclusive a prisão do ofensor. De tudo se lavrará auto subscrito pelo executor e por duas testemunhas.”
	Consideramos importante distinguir as diferenças entre os tipos penais “desobediência” e “resistência”.
	O Código Penal brasileiro apresenta, no seu artigo 329, o crime de “resistência” como “opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio”. 
	Já a desobediência, prevista no artigo 330, seria “Desobedecer à ordem legal de funcionário público”.
Exemplo:
	Um determinado grupo de pessoas realiza passeata, fechando uma das principais vias de acesso de uma grande cidade. 
	As forças de segurança chegam ao local. Seu comandante dá ordem para que seja desocupada uma das faixas da rua, objetivando garantir o fluxo das pessoas em seus veículos automotores.
	Alguns manifestantes deitam-se no chão, determinados a permanecerem na via. Estamos diante de um crime de “desobediência”, posto que a oposição a ordem legal não foi feita com violência por parte daquelas pessoas. 
	Deixamos bem claro que não se trata de “resistência passiva”, conduta inexistente do ponto de vista penal no Brasil, mas presente no contexto do uso da força, do ponto de vista técnico.
	Outros manifestantes, entretanto, agem com agressividade, tentando bater com seus cartazes nos agentes da lei ou os ameaçando, a fim de permanecerem ocupando aquelas faixas de rolagem. Aqui, temos o crime de “resistência”.
Uso das algemas:
	O Superior Tribunal de Justiça já se manifestou a respeito do uso das algemas, editando a Súmula Vinculante nº 11, de 2008. O estatuto da Súmula Vinculante está na nova redação dada ao artigo 103 – A, da Constituição Federal, oriundo da Emenda Constitucional 45/04.
	Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. (Incluído pela EC 45/2004)
	Diz a Súmula que “só é lícito o uso de algemas em caso de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado”.
	Observamos que as algemas são consideradas uma excepcionalidade, uma exceção no trato a ser dispensado às pessoas presas. Estão presentes na Súmula os casos em que o cidadão poderá ser algemado.
	Ao contrário do que alguns operadores de segurança dizem, não está proibido usar as algemas. 
	Foram colocados limites, restrições, a fim de se evitar o seu uso de forma indiscriminada, muitas vezes incorrendo o agente na possibilidade de enquadramento no tipo penal previsto na letra b, do artigo 4º, da Lei 4898/65 (“Submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a constrangimento não autorizado em lei”).
	No mesmo ano de 2008, a Lei 11.689 incluiu o parágrafo 3º no artigo 474 do Código de Processo Penal, determinando que “não se permitirá o uso de algemasno acusado durante o período em que permanecer no plenário do júri, salvo se absolutamente necessário à ordem dos trabalhos, à segurança das testemunhas ou à garantia da integridade física dos presentes”.
O Direito brasileiro e o uso de algemas:
	Você pode estar se perguntando: por que tanta preocupação com a colocação das algemas em pessoas?
	O Direito brasileiro tem uma preocupação muito grande com os direitos de personalidade, que a pessoa tem em defender tudo que lhe é próprio, com exceção do seu patrimônio.
 
	Assim, garantir que a pessoa não sofra nenhum constrangimento em relação a sua imagem, a sua integridade, a sua dignidade, tem sido preocupação constante dos nossos legisladores e juízes.
	Seus objetivos não são “atrapalhar” a atividade desenvolvida pelos encarregados de aplicar a lei, mas fazer com que ela se adeque ao que se espera e se exige em um estado democrático de direito: o máximo respeito à dignidade da pessoa humana.
Art. 23 e 25 do Código Penal:
	Mas o que diria legalmente que aquela minha conduta, quando usei a força, não irá ser considerada criminosa?
	Seu questionamento é razoável. Afinal, ao usar a força ou a sua arma de fogo contra alguém que está ameaçando a sua vida ou a de outras pessoas, estaria você cometendo uma conduta tipificada no Código Penal?
	Ao dominar um agressor, você não poderia ser enquadrado no artigo 129 do Código Penal – “Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem”?
	Pensando nestes casos e em outros similares, o legislador optou por colocar no Código Penal situações que permitiriam excluir a ilicitude dos atos praticados pelo operador de segurança, desde que atendidos seus preceitos. Falamos dos excludentes de ilicitude, presentes no artigo 23 do citado diploma legal.
	De acordo com o art. 23 Código Penal, não há crime quando a pessoa pratica o fato em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. 
	No mesmo artigo, é possível ler em seu único parágrafo que o agente, em qualquer das hipóteses previstas no artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo. 
	O artigo 25 do Código Penal traz o estatuto da legítima defesa, afirmando que ele é entendido quando uma pessoa usa moderadamente dos meios necessários, a fim de repelir injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
A legítima defesa:
	Quantas vezes nos deparamos com pessoas que acham que a legítima defesa seria apenas o direito de proteger a sua vida? 
	Ao lermos o dispositivo normativo, vemos que a proteção é a um direito da pessoa. Poderíamos citar o direito à integridade física e ao seu patrimônio como exemplos de outros bens a serem protegidos. 
	Não é preciso que a agressão esteja ocorrendo para que ela seja repelida. Se o agente da lei verificar que ela está para ocorrer, poderá ele usar dos meios necessários para preservar sua integridade física.
	Note que a redação do artigo pede para que a pessoa, cujo direito é ameaçado, use de forma moderada dos meios necessários. 
	A moderação implicaria no uso parcimonioso, proporcional, do equipamento que o operador de segurança, no nosso caso, dispõe para repelir a injusta agressão.
Exemplos:
- O encarregado de aplicar a lei observa uma pessoa praticando um roubo, armado com uma faca. Ele aborda o cidadão e determina que o mesmo solte a faca.	O assaltante investe contra o guarda que usa seu bastão para desarmá-lo, acertando-o no pulso. Em seguida, dá-lhe uma chave de braço, jogando o sujeito no chão para que possa algemá-lo.
- Quando falamos sobre a utilização da força, incluindo aí o uso das algemas, e seu regramento na legislação nacional, temos como excludente de ilicitude o estrito cumprimento do dever legal. Ao darmos voz de prisão para uma pessoa que tenha cometido um ilícito, recusando a mesma em acompanhar o policial, atirando-se no chão ou permanecendo imóvel, poderá o operador de segurança dar-lhe uma chave de braço, algemando-a, visto que é perceptível a possibilidade de fuga.
	Esperamos que tenha ficado bem clara a diferença entre os 2 casos. Reiteramos que no exemplo dado sobre a legítima defesa, o guarda estava com sua integridade física em risco. No segundo caso, o policial usou a força, mas não corria risco.
Verbalização:
	Se considerarmos que a verbalização é um gradiente do uso da força, a determinação verbal para que uma pessoa se retire de um local de crime não pode ser considerada ilegal. 
	Não poderia esta alegar qualquer constrangimento, visto que a ordem se afigura dentro da lei, portanto amparada pelo estrito cumprimento do dever legal.
Exercício regular do direito:
	Gostaríamos de desfazer um engano quanto ao uso da excludente “exercício regular do direito” pelo agente da lei. Não é possível usar este estatuto em qualquer situação cotidiana vivida por ele. 
	Sabemos que este ponto despertará sua curiosidade, mas pedimos a observância cuidadosa, a análise minuciosa dos casos práticos vivenciados, alocando-os certamente nos 2 excludentes de ilicitude estudados até aqui.
Estado de necessidade:
	Quanto ao estado de necessidade, o artigo 24 do Código Penal o define como aquele em que o agente pratica um fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
	Seria a exceção ao que colocamos até aqui, visto que quando o policial defende-se de um ataque de animal, usando de espargidor de pimenta, bastão ou arma de fogo, ele não seria incriminado por machucar aquele ser vivo, posto que sua conduta amolda-se a excludente “estado de necessidade”.
	É bom esclarecer que quando uma pessoa usa o animal como arma, não teríamos aí o estado de necessidade, mas a legítima defesa, a ser argumentada como excludente de ilicitude.
	Cremos ser importante abordar outro dispositivo legal que trata do mau uso da força pelo agente de segurança.
Crimes de tortura:
	Falamos da Lei 9.455/97 que define os crimes de tortura. Em seu primeiro artigo, ela traz que constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental, seja com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa, seja para provocar ação ou omissão de natureza criminosa ou ainda em razão de discriminação racial ou religiosa, é considerado tortura.
	O artigo ainda define como crime de tortura a submissão de alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
	O § 1º diz que incorrerá na mesma pena aquele que submeter pessoa presa ou sujeita à medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.
 	A pena ainda será aumentada de 1/6 até 1/3 se o crime for cometido por agente público.
Lei 4898/65:
	Não se pode prender uma pessoa para averiguação de seus antecedentes. Não há previsão no ordenamento brasileiro para realização deste procedimento. A Lei 4898/65, em seu artigo 3º, define abuso de autoridade como qualquer atentado a inúmeros direitos de qualquer pessoa, inclusive a sua incolumidade física.
Diretriz nº 3:
	Os agentes de Segurança Pública não deverão disparar armas de fogo contra pessoas, exceto em casos de legítima defesa própria ou de terceiro, contra perigo iminente de morte ou lesão grave.  
	Temos aqui presente o estatuto da legítima defesa, tratando o legislador de apontar a proporcionalidade para o uso da arma de fogo: somente diante de perigo de morte ou lesão grave.
Diretriz nº 4: 
	Afirma que não é legítimo o uso de armas de fogo contra pessoa em fuga que esteja desarmada ou que, mesmo na posse de algum tipo de arma, não represente risco imediato de morte ou de lesão grave aos agentes de Segurança Pública ou terceiros.
Diretriz nº 5:
	Determina não ser legítimo o uso de armas de fogocontra veículo que desrespeite bloqueio policial em via pública, a não ser que o ato represente um risco imediato de morte ou lesão grave aos agentes de Segurança Pública ou terceiros.  
	Se o motorista consegue se evadir de uma operação policial, não há amparo legal para efetuar disparos contra ele. Não há risco de vida para o agente. Do ponto de vista técnico, isto também é totalmente errado.
Diretriz nº 6:
	Declara que os chamados “disparos de advertência” não são considerados prática aceitável por não atenderem aos princípios da legalidade, necessidade, proporcionalidade, moderação e conveniência, e em razão da imprevisibilidade de seus efeitos.
	Fica claro que um disparo, para acabar com um tumulto ou fazer com que uma ordem seja cumprida, poderá trazer consequências negativas. 
	Afinal, atirar para o alto, faz com que o projétil desça e acerte uma pessoa, com a mesma energia que tinha quando disparado. 
	Atirar para o chão pode fazer com que a munição ricocheteie, atingindo qualquer um, inclusive o próprio agente.
	Como uma pessoa desarmada, em fuga, poderia representar algum risco de vida ao operador de segurança? 
	Muitas vezes discutimos sobre o que fazer quando uma pessoa presa, em estabelecimento penal, tenta fugir. Alguns agentes da lei acreditam que nessas ocasiões, seria legalmente justificável um disparo de arma de fogo contra o indivíduo. Ele não pode fugir. Outros dizem que o disparo não pode ser feito, pois o preso tem direito a fuga. 
	Ora, o preso NÃO tem direito a fuga. Ocorre que esta atitude não é tipificada como crime. Entretanto, ele incorrerá na falta disciplinar grave prevista na Lei de Execução Penal.
	Quanto ao disparo para deter a fuga, não se enquadra o fato em qualquer uma das excludentes de ilicitude estudadas nesta aula.
AULA 02
Uso da Força – Contexto Internacional.
Introdução:
O Brasil desponta no cenário internacional como um país que atrai eventos e investimentos significativos. Atrelado ao crescimento econômico, a nação brasileira ganha peso no plano mundial, tornando-se referência em vários campos, dentre os quais a qualidade da sua legislação contemporânea. Reconhecido como um Estado soberano, o Brasil torna-se um detentor de direitos e deveres perante a comunidade terrestre, posição reconhecida no campo dos tratados assinados e ratificados na área de Direitos Humanos, cujo cumprimento recai também sobre a atuação de suas forças de segurança. Vivendo em uma “aldeia global”, é inegável que o operador de segurança deva conhecer os aspectos legais internacionais que norteiam seu trabalho, legitimando o comprometimento assumido pela nação, frente aos demais países. Assim, trazemos nesta aula o contexto legal internacional que ampara a ação do encarregado de aplicar a lei.
Documentos internacionais sobre os direitos humanos:
Como dissemos na apresentação desta aula, o encarregado de aplicar a lei tem um papel importante na legitimação dos tratados internacionais assinados pelo Brasil no campo da proteção dos direitos das pessoas e na regulação do exercício desses direitos. 
O nosso país pratica diversos atos internacionais, dentre os quais a assinatura de tratados, pactos, convenções e outros instrumentos globais.  
Interessa para nossos estudos os documentos internacionais que versam sobre os direitos humanos.
Como estes documentos entram no ordenamento jurídico nacional?
A Constituição da República Federativa do Brasil trata do tema no seu artigo 5º, inciso LXXVIII, parágrafo 3º: 
“Os tratados e convenções internacionais sobre Direitos Humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais”.
Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos:
Ora, teríamos obrigações no plano global a serem consideradas no nível da lei maior do nosso país.
Os tratados e as convenções internacionais não aprovados, em conformidade com o que descreve o citado dispositivo legal, estariam abaixo apenas da constituição (lei infraconstitucional). 
Um desses documentos seria o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos – PIDCP, que trata de um desdobramento da conhecida Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Em seu artigo 6.1, o PIDCP determina que “o direito à vida é inerente à pessoa humana. Esse direito deverá ser protegido pela lei. Ninguém poderá ser arbitrariamente privado de sua vida”. 
O Pacto traz ainda em seu artigo 9.1 o seguinte texto:
“toda pessoa tem direito à liberdade e à segurança pessoal. Ninguém poderá ser preso ou encarcerado arbitrariamente. Ninguém poderá ser privado de liberdade, salvo pelos motivos previstos em lei e em conformidade com os procedimentos nela estabelecidos”.
Veja que neste ponto, a lei internacional guarda similaridade com o ordenamento jurídico brasileiro, uma vez que a prisão só poderá ocorrer de acordo com o previsto no inciso LXI do artigo 5º da CF: ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei.
Comitê dos Direitos Humanos:
O PIDCP, em seu artigo 28, estabelece a constituição do Comitê dos Direitos Humanos que, entre outras funções, está encarregado de supervisionar a implementação eficaz das normas contidas no Pacto na legislação nacional dos Estados-partes deste Tratado. 
Para isso “os Estados-partes ao pacto comprometem-se a apresentar relatórios sobre as medidas que houverem tomado e deem efeito aos direitos nele consignados e sobre os progressos realizados no gozo destes direitos...”.
(artigo 40.1 PIDCP).
O Comitê dos Direitos Humanos considera que:
Os Estados deveriam adotar medidas não apenas para prevenir e punir a privação da vida por atos criminosos, mas também prevenir mortes arbitrárias pelas suas próprias forças de segurança;
A privação da vida pelas autoridades do Estado é um assunto da mais alta gravidade. Por conseguinte, a lei deve, eficientemente, controlar e limitar as circunstâncias nas quais uma pessoa pode ser privada da sua vida por tais autoridades.
Código de Conduta para os Encarregados de Aplicação da Lei:
A Organização das Nações Unidas, objetivando orientar os Estados quanto à conduta dos seus encarregados de aplicar a lei formulou, no dia 17 de dezembro de 1979, através da Resolução 34/169 da ONU, o Código de Conduta para os Encarregados de Aplicar a Lei - CCEAL.
O Código não tem força de tratado, sendo um instrumento global, um indicador de conduta a se basear no exercício do policiamento ético e legal.
O CCEAL busca criar padrões para as práticas de aplicação da lei que estejam de acordo com as disposições básicas dos direitos e liberdade humanos. 
Por meio da criação de uma estrutura que apresente diretrizes de alta qualidade ética e legal, procura influenciar a atitude e o comportamento prático dos encarregados da aplicação da lei.
Código de Conduta para os Encarregados de Aplicação da Lei:
No artigo 3º do CCEAL está estipulado que os encarregados da aplicação da lei só podem empregar a força quando estritamente necessária e na medida exigida para o cumprimento de seu dever. 
As disposições enfatizam que o uso da força, pelos encarregados da aplicação da lei, deve ser excepcional e nunca ultrapassar o nível razoavelmente necessário para se atingir os objetivos legítimos de aplicação da lei. 
O uso da arma de fogo neste sentido deve ser visto como uma medida extrema.
O artigo 5º do CCEAL estipula a absoluta proibição da tortura ou outro tratamento ou pena cruel, desumano ou degradante. 
Nenhum encarregado da aplicação da lei pode invocar ordens superiores ou circunstâncias excepcionais como justificativa para esses atos.
O artigo 6º do Código determina que os encarregados de aplicação da lei devam garantir a proteção da saúde de todas as pessoas sob sua guarda e, em especial, devem adotar medidas imediatas para assegurar-lhes cuidados médicos, sempre que necessário.Isso obriga que o operador de segurança preserve a integridade física de todas as pessoas que por ele forem presas ou conduzidas, inclusive contra a ação de outras personagens. 
Finalmente, o artigo 8º do CCEAL estipula que os encarregados da aplicação da lei devem respeitar a lei e esse Código. 
Precisam, também, na medida das suas possibilidades, evitar e opor-se rigorosamente a quaisquer violações da lei e do Código. 
O CCEAL exorta os encarregados da aplicação da lei a agir contra as violações do Código:
“Os encarregados da aplicação da lei que tiverem motivos para acreditar que houve ou que está para haver uma violação deste Código, devem comunicar o fato a seus superiores e, se necessário, a outras autoridades adequadas ou órgãos com poderes de avaliação e reparação”.
Observe que os citados dispositivos legais têm por escopo auxiliar as Organizações de Segurança Pública e seus operadores a compreender e exercitar os deveres que o povo lhes confere através do Estado. Não se engane. O poder nas mãos dos agentes da lei é imenso. Eles lidam o tempo todo com situações que não são encontradas no mundo das leis, cabendo a eles decidirem, da melhor forma possível, o que deve ser feito, atuando diante de extrema visibilidade perante a população.
Mas o que é necessário para um efetivo controle das ações dos Encarregados de Aplicar a Lei?
Que haja transparência em suas ações:
No aspecto legal - Deverão responsabilizar-se perante a população– isto é, cumprir a lei; 
No aspecto político – suas estratégias deverão ser conhecidas e aprovadas pela comunidade; 
No aspecto econômico – deverão prestar contas sobre como aplicam a verba que recebem.
Obviamente, diante do exposto, teremos que ter uma atenção toda especial para os valores éticos praticados nas organizações de segurança. 
ATENÇÃO:
Muitas vezes, ao agir com violência ou desrespeito, em uma determinada ocorrência, o aplicador da lei está reproduzindo o que vivencia dentro da instituição. Muitos chefes afirmam que precisam ser enérgicos nos tratos com os operadores de segurança para que eles possam atuar legal e tecnicamente nas ruas, não percebendo que contribuem para que haja um mau atendimento, ao se distanciarem da ética que deve estar obrigatoriamente presente nas relações internas das corporações que lidam com o público. 
Princípios Básicos sobre o Uso da Força e Armas de Fogo:
Outro documento internacional importante para nosso estudo são os Princípios Básicos sobre o Uso da Força e Armas de Fogo (PBUFAF). 
Foram adotados no 8º Congresso das Nações Unidas sobre a Prevenção do Crime e o Tratamento dos Infratores, realizado em Havana, Cuba, de 27 de agosto a 7 de setembro de 1990.
Os PBUFAF têm como meta assegurar e promover o papel adequado dos operadores de segurança pública.
Entretanto, apesar de sua não obrigatoriedade, cremos que os Princípios tratam de rotinas importantes na vida prática do operador de segurança pública e deveriam ser conhecidos e praticados pelas organizações.
Reportando-se aos pontos principais, os EAL deverão atentar para os princípios da Legalidade, Necessidade e Proporcionalidade ao decidirem recorrer à força ou à arma de fogo.  
Deverão ter nos meios não violentos sua primeira alternativa, utilizando-se de armas não letais com moderação, reduzindo ao mínimo os danos infringidos e prestando imediatamente socorro ao lesionado. 
Você pode estar se perguntando...
O que fazer em caso de lesão ou morte de uma pessoa?
Deverá ser produzido relatório contendo todas as circunstâncias em que se deu a ação.
ATENÇÃO:
Nada justifica o uso arbitrário ou abusivo da força ou da arma de fogo, não podendo o EAL invocar quaisquer condições excepcionais ou ordens superiores para adotar conduta incompatível com os princípios citados anteriormente. 
Antes de usar a arma de fogo, deverá haver, sempre que possível, a comunicação desse uso à pessoa a quem o profissional da Segurança se dirige.
E quanto a seleção do EAL?
Deve ser feita através de procedimento adequado, atentando para as qualidades morais, psicológicas e físicas adequadas; e sua formação deve se pautar pela ética, respeito aos Direitos Humanos, pela ênfase na resolução pacífica de conflitos e na utilização de estratégias de persuasão, negociação e mediação.
O EAL deverá ter acompanhamento psicológico quando utilizar a arma de fogo, havendo a produção de relatório sobre o ocorrido com a competente revisão para verificar se os princípios foram seguidos pelos agentes. 
É preciso que os gerentes entendam sua grande importância na implementação destas medidas.
Abordagem e busca pessoal:
O encarregado de aplicação da lei pode se deparar com uma situação em que as circunstâncias levem-no a suspeitar da atitude de alguém. 
Por isso, não há que se falar em “elemento suspeito”, mas em atitude suspeita.
Ao avaliar condições temporais, climáticas, de localização e comportamentais, o agente pode decidir que a conduta apresentada por uma pessoa está em desacordo com o contexto no qual se encontra. Assim, uma pessoa parada em frente a uma instituição financeira por muito tempo, trajando um casaco em um dia quente, apresenta uma atitude inusitada. 
A legislação nacional contempla a abordagem e a busca pessoal no artigo 244 do Código de Processo Penal: 
“A busca pessoal independerá de mandado, no caso de prisão ou quando houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de objetos ou papéis que constituam corpo de delito, ou quando a medida for determinada no curso de busca domiciliar”.
O legislador contemplou a condição de gênero no artigo 249 do citado documento: 
“A busca em mulher será feita por outra mulher, se não importar retardamento ou prejuízo da diligência”. 
Importante ressaltar que há uma interpretação internacional em relação à revista da mulher no documento produzido pela ONU chamado Conjunto de princípios para a proteção de todas as pessoas sujeitas a qualquer forma de detenção ou prisão. Tal documento não tem força de tratado, pacto ou convenção, prestando-se apenas a ser um manual de orientações. Ainda que o documento não manifeste explicitamente, doutrinadores internacionais concordam com a ideia de que a revista em mulheres e em suas roupas seja feita por agentes femininas, não havendo exceção para que o homem faça a revista. 
Convenção contra a tortura e outros tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes:
No Brasil, o Decreto nº 40, de 15 de fevereiro de 1991 aprova a Resolução 39/46 da ONU que se torna o instrumento internacional chamado Convenção contra a tortura e outros tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes. 
Mas como a Convenção define tortura?
Em seu primeiro artigo, a Convenção define tortura como qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais são infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim de:
Obter, dela ou terceira pessoa, informações; 
Castigá-la por ato que ela ou terceira pessoa tenha cometido, ou seja, suspeita de ter cometido;
Intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas, ou por qualquer motivo baseado em discriminação de qualquer natureza; 
Ou quando tais dores ou sofrimentos são infligidos por funcionário público ou outra pessoa no exercício de funções públicas, ou por sua instigação, ou com seu consentimento ou aquiescência.
Convenção internacional para a eliminação de todas as formas de discriminação racial:
Podemos citar ainda a Convenção internacional para a eliminação de todas as formas de discriminação racial, promulgada no Brasil através do Decreto nº 65.810, de 8 de dezembro de 1969. 
Em seu artigo 2º, número 1, letra a, pode ser lido que: 
Os Estados-partes condenam a discriminação racial e comprometem-se a adotar, por todos os meios apropriados e sem uma política de eliminação da discriminação racial em todas as suas formas e de promoção de entendimento entre todas as raças.
E pra esse fim:
Cada Estado-parte compromete-se a efetuar nenhum ato ou prática de discriminação racial contra pessoas, grupos de pessoas ou instituiçõese fazer com que todas as autoridades públicas nacionais ou locais, se conformem com esta obrigação.
Violações dos artigos:
...o que ocorre quando há violações dos artigos expressos nestes documentos internacionais assinados pelo Brasil?
A Convenção garante no seu artigo 5º, letra b, o direito à segurança da pessoa ou à proteção do Estado contra violência ou lesão corporal cometida, quer por funcionários de Governo, que por qualquer indivíduo, grupo ou instituição. 
Neste ponto, você pode estar se perguntando...
Primeiro precisamos compreender que no campo do Direito Internacional, as violações de leis criminais que vigoram dentro dos Estados-membros, incluindo aquelas leis que proscrevem criminalmente o abuso de poder são definidas como “Violações de Direitos Humanos”. 
O principal aspecto de tais violações são o dano e o sofrimento individual ou coletivo causado às pessoas, incluindo dano físico ou mental, sofrimento emocional, prejuízo econômico ou dano substancial de seus direitos fundamentais, provocados por atos ou omissões que possam ser imputadas ao Estado.
Documentos internacionais especializados em Direitos Humanos:
São muitas as rotinas legais estabelecidas para fazer com que um Estado preste satisfação, no cenário mundial, de suas deliberações, ações ou omissões em relação aos Direitos Humanos. 
A forma de responsabilizar-se um Estado, quando ele é acusado de violar os direitos das pessoas, poderá estar prevista no tratado assinado pelo mesmo.
Temos três documentos internacionais especializados em Direitos Humanos que trazem disposições que tratam da denúncia efetuada por um Estado sobre violações aos Direitos praticadas por outra Nação:
O Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos (PIDCP);
A Convenção contra a Tortura (CCT);
A Convenção Internacional para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial (CIEDR).
O que determinam o PIDCP e a CCT?
Que um Estado deve, primeiramente, reconhecer que o Comitê de Direitos Humanos e o Comitê Contra a Tortura são competentes para receber e apreciar quaisquer denúncias, efetuadas por outro país, a respeito do não cumprimento das obrigações previstas no Pacto ou na Convenção. 
Quando uma nação assina a CIEDR, reconhece obrigatoriamente a competência do Comitê responsável pelo cumprimento das normas previstas na referida Convenção. 
Estas Convenções e Pacto positivam quais são as regras para ofertar e apreciar as denúncias de quebra das normas previstas neles.
Denúncias entre Estados:
Os Comitês tem uma importante atuação na mediação e conciliação quando ocorrem denúncias entre Estados. 
O escopo é o de realizar um acordo pacífico, visando que o país respeite as obrigações consideradas no documento internacional competente. 
Há ainda a possibilidade de uma pessoa ofertar uma denúncia em relação a determinado Estado. 
 
O PIDCT poderá, entretanto, através de seu Comitê, apreciar comunicações de pessoas que se dizem vítimas de violação de normas previstas no citado Pacto. 
O mesmo ocorre em relação a CCT e a CIEDR.
ATENÇÃO:
Apesar de sua previsão nos três documentos citados, o Estado poderá optar por não reconhecer denúncias individuais realizadas aos respectivos Comitês. Nestes casos, as comunicações individuais serão consideradas inadmissíveis.
Vamos ver como isso acontece:
Quando um Comitê recebe uma denúncia, ele a avalia. 
Tendo-a admitido, levará ao conhecimento do Estado citado que disponibilizará de seis meses para responder ao Comitê por escrito, esclarecendo os fatos que lhe foram imputados. 
Em seguida, o Comitê avaliará as informações do peticionário e do respectivo Estado, transmitindo sua visão aos mesmos. 
Anualmente, os respectivos Comitês das Convenções e do Pacto elaboram um relatório de suas atividades e o enviam à Comissão de Direitos Humanos.
ATENÇÃO:
Importante ressaltar que o Conselho de Direitos Humanos e outros organismos da ONU que trabalham nesta área, podem investigar violações de Direitos Humanos, sempre e quando elas sejam devidamente comprovadas. As denúncias podem ser encaminhadas pelo site do Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos.
Pacto de San José da Costa Rica:
O Pacto de San José da Costa Rica, Conhecido como Convenção Americana sobre Direitos Humanos, foi promulgado no Brasil através do Decreto nº 678, de 6 de novembro de 1992. 
Ele reafirma o propósito dos Estados Americanos em consolidar, no continente, um regime de liberdade pessoal e de justiça social. 
Prevê órgãos competentes para conhecer os assuntos relacionados com o cumprimento dos compromissos assumidos pelos Estados: a Comissão Interamericana de Direitos Humanos e a Corte Interamericana de Direitos Humanos.
Mas você sabe como a eleição e nomeação de cada um é feita?
Pelos Estados na Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos. Interessante destacar que estes membros não representam seus países. 
O papel da Comissão (é o órgão que geralmente recepciona a denúncia feita por uma pessoa, analisando-a. Ao verificar ser procedente, encaminha a petição a Corte) e da Corte é principalmente supervisionar os Estados no que diz respeito ao cumprimento do previsto nos Tratados Internacionais de Direitos Humanos.  
Ambos têm competência para recepção de denúncias individuais que apontem o não cumprimento desses tratados.
Violação de Direitos Humanos:
Órgão judiciário que é a Corte não relata, nem propõe, nem recomenda, mas sentenças, que o Pacto aponta como definitivas e inapeláveis, determinando seja o direito violado prontamente restaurado, e ordenando, se for o caso, o pagamento de indenização justa à parte lesada.
Ratifica-se que o Conselho de Direitos Humanos e outros organismos da ONU que trabalham nesta área, podem investigar violações de Direitos Humanos, sempre e quando elas sejam devidamente comprovadas. 
A investigação é realizada confidencialmente.
Leitura:
Depois de consultar os requerimentos estabelecidos por cada área, a informação pode ser enviada para o endereço eletrônico urgent-action@ohchr.org ou pelo fax 41 22 917 90 06, ou ainda para o endereço OHCHR-UNOG 8-14 Avenue de la Pix 1211 – Geneva 10 Switzerland.
Como foi dito, todas as denúncias de violação de Direitos Humanos, devidamente comprovadas, serão admitidas. 
Todas as comunicações serão admitidas, a menos que:
Tenham motivações políticas explícitas e seus objetivos não sejam consistentes com a Carta das Nações Unidas, a Declaração Universal dos Direitos Humanos e outros instrumentos legais de Direitos Humanos;
Não contenham uma descrição factual das alegadas violações, incluindo os direitos que teriam sido desrespeitados;
Seu linguajar seja abusivo. Entretanto, uma comunicação será reconsiderada se ela tiver os critérios de admissibilidade após a retirada do linguajar abusivo;
Não seja submetida por uma pessoa ou um grupo de pessoas dizendo ser vítimas de violações de Direitos Humanos e liberdades fundamentais ou por qualquer pessoa ou grupo de pessoas, incluindo organizações não governamentais agindo de boa fé de acordo com os princípios dos Direitos Humanos, sem ser motivada por inclinações políticas;
Tenham se baseado exclusivamente em relatórios divulgados pela mídia;
Refiram-se a um caso que já esteja sendo estudado por um procedimento especial, ou outro procedimento de denúncia regional similar ao das Nações Unidas no campo dos Direitos Humanos;
As soluções domésticas não foram exauridas, a menos que estas soluções locais pareçam ser ineficientes ou excessivamente prolongadas.
Encerramos a nossa aula que mostrou as obrigações dos encarregados de aplicar a lei no cenário global.
A sua atuação levará ainda mais credibilidade do país frente ao mundo, permitindo que haja mais respeito ao cidadão, investimentos em nossa Nação e que ela sirva de exemplo para outros países.
AULA 03
Modelos de Uso da Força.
Introdução:
Ao abordarmos o uso da força na primeira aula, deparamo-nos com seu conceito e todos os aspectos legais que o normatizam. Entretanto, resta a dúvida: existiriam níveispara utilização desta força? Percepções presentes no que diz respeito à ação e reação? causa e consequência? A aula de hoje propõe-se a responder a estas questões, vez que trata do assunto pela ótica da construção de um modelo gráfico, capaz de promover, através de rápida visualização, o entendimento de quais são as reações adequadas que deve ter o encarregado de aplicar a lei, frente às ações das pessoas, em seu cotidiano laboral. Tenha um excelente estudo.
Relembrando a nossa primeira aula, definimos força como toda intervenção compulsória sobre o indivíduo ou grupos de indivíduos, reduzindo ou eliminando sua capacidade de autodecisão.
Mas será que a força resume-se apenas a um tipo? Um nível? Um gradiente?
Será que o patrulhamento é um nível de força, na medida em que inibe ou reduz a capacidade de autodecisão?
Imagine uma pessoa que está discutindo com sua namorada ou com seu namorado...
Ao avistar o encarregado de aplicar a lei, devidamente caracterizado, este cidadão ou esta cidadã pode sentir-se desestimulado(a) a continuar com a discussão ou a praticar uma agressão.
Exemplo:
Podermos citar o uso da força na ordem dada para uma pessoa parar.
Uso seletivo da força:
Frente às diversas situações que se apresentam, o encarregado de aplicar a lei usa a força adequando-a ao contexto encontrado.
Assim, o uso da força variaria da simples presença do agente da lei ao uso da sua arma de fogo.
Este escalonamento recebe diversos nomes:
Uso seletivo da força;
Uso diferenciado da força;
Uso progressivo da força.
Adotaremos como nomenclatura o “uso seletivo da força”, por entender que o operador de segurança, diante de uma situação apresentada, terá que selecionar, escolher, um dos níveis de força de que dispõe. 
Uso seletivo da força: 
É a seleção adequada de opções de força pelo encarregado de aplicar a lei, em resposta ao nível de submissão do cidadão a ser controlado, baseando-se em uma conjugação de fatores legais e técnicos, relacionados à causa e efeito.
ATENÇÃO:
Lembramos que o uso da força e da arma de fogo não é uma questão individual, mas sim uma questão de função. Qualquer uso que não esteja amparado na lei e na técnica estará sujeito a uma crítica por excesso, desvio, abuso de autoridade ou poder. Precisamente aqui são fundamentais os valores éticos a nortearem o trabalho do agente de segurança pública. 
Modelos:
São esquemas que contêm linhas gerais sobre determinados assuntos, sobre determinadas ações, sobre determinados procedimentos, podendo orientar na execução de alguma rotina.
Para ajudar o encarregado de aplicar a lei a entender como funciona este uso seletivo da força, instituições policiais e de pesquisa esmeraram-se em criar modelos de uso da força.
Modelo FLECT:
É o mais conhecido no Brasil: o Modelo FLECT.
Este modelo é aplicado pelo Centro de Treinamento da Polícia Federal de Glynco, Georgia, Estados Unidos.
Observe que é um modelo gráfico em degraus, com 5 camadas e 3 painéis.
No painel da esquerda, verifica-se a percepção do policial em relação a um cidadão.
No painel da direita, têm-se as reações possíveis de força do policial em relação às atitudes do cidadão e sua percepção de risco.
No painel central, algarismos romanos escalonam o grau de força utilizado.
Observe que cores diferentes são usadas, de acordo com cada caso.
Há setas apontando para cima e para baixo, indicando o processo de avaliação e seleção de alternativas.
Desta forma, se o cidadão demonstra atitude submissa frente a uma abordagem, comandos verbais são suficientes e adequados para seu controle.
ATENÇÃO:
Se o cidadão, durante a revista, começa a resistir, não obedecendo às ordens verbais, o policial poderá usar o contato com as mãos, tocando a pessoa para direcioná-la a um local ou para que saia do carro. Se, neste momento, o abordado começa a colaborar, o agente pode retornar aos comandos verbais.
Este modelo é facilmente adaptado para as corporações de Segurança Pública.
A Polícia Militar de Minas Gerais o adotou, com pequenas distinções:
Você deve ter notado que o Modelo FLECT não contemplava a presença policial como um nível de força, algo que a Polícia de Minas retifica no seu modelo. Aqui, tem-se que a ostensividade é um gradiente do uso da força.
Outro detalhe que chama a atenção é que a cor azul estende-se por todos os gradientes, com exceção do primeiro, indicando a necessidade do uso da verbalização em todos os níveis de força a serem usados pelo agente de Segurança Pública.
A seta que aponta para cima e para baixo expõe a possibilidade de escolher a qualquer momento da situação uma das reações por parte do encarregado de aplicar a lei. 
MODELO Gillespie:
Criado por Thomas Gillespie, em seu livro Police - use of force – a line officer’s guide (1998), traz a seguinte configuração:
Estamos diante de um modelo gráfico em forma de tabela, com cinco colunas, graduadas por cor, divididas entre o comportamento do agente e a ação do policial. 
A atitude do suspeito é dividida em quatro colunas, subdivididas em várias situações diferentes, de acordo com a percepção que o policial terá delas. 
O uso da força é apresentado em cinco níveis que vão desde a presença do Encarregado de Aplicar a Lei até o uso da arma de fogo.
Veja que todos os níveis contemplam a verbalização. 
Ela interage com os outros níveis de força.
Frequentemente este modelo é chamado de complexo, mas pode ser observado que ele é bastante completo uma vez que detalha as ações e as reações possíveis.
Até aqui você deve ter visto que os modelos são constituídos de estruturas que abrangem os elementos essenciais da utilização da força na atividade policial, apresentando as alternativas táticas potencialmente disponíveis ao policial para ganhar e/ou manter o controle em determinadas situações onde tenha que atuar.
Uma regra para a sua configuração é que ela deve ser simples, facilitando o entendimento do policial durante a instrução inicial e reforçando a capacidade de lembrança instantânea, durante uma confrontação real.
MODELO Remsberg:
Foi construído por Charles Remsberg em seu livro The tactical edge – surviving high – risk (1999).
Ele é muito simples e de fácil assimilação, entretanto, não é um modelo completo, apenas escalonando o uso da força.
MODELO Canadense:
Um modelo muito elogiado em razão de sua praticidade e facilidade de memorização e adaptação é o Modelo Canadense, usado pelas forças policiais daquele país.
Este modelo é composto por círculos sobrepostos e subdivididos em níveis diferentes.
Corresponde ao comportamento do cidadão:
No círculo interno existem cinco subdivisões, para cada circunstância de ato do cidadão. 
São usadas cores distintas que vão escurecendo conforme se agrava o comportamento do suspeito. 
Assim, vai-se da cor branca (colaboração) até a cor preta (atenta contra a vida do agente).
Corresponde à ação de resposta do policial:
O círculo externo corresponde à ação de resposta do policial que está graduada em sete níveis diferentes.
Cada nível interage com os outros através da mudança de cores. A mudança não é estanque, isto é, onde termina um nível de força, outros estão disponíveis.
Veja que a cor azul, representando a verbalização, está presente em todo o círculo, permitindo visualizar que irá acompanhar todos os demais níveis de uso da força.
Gráfico de Uso da Força da Polícia de Neshville (USA):
Este modelo possui um formato gráfico em forma de “eixo de coordenadas”.
O eixo “x” corresponde à atitude dos suspeitos e é dividido em cinco níveis.
O eixo “y” corresponde aos quatro níveis de força.
ATENÇÃO:
A utilização do modelo é feita através da análise do gráfico formado pelo cruzamento dos dois eixos “x” e “y”, que pode ser feita de 2 formas. Uma mais severa e outra menos. 
Na parte de baixo do gráfico é possível observar os fatores e as circunstâncias que devem ser levados em consideração pelo encarregado de aplicar a lei, ao escolher o nível de força a ser utilizado.
MODELO do Departamento de Policia de Phoenix:O Departamento de Policia de Phoenix, Estados Unidos, também adotou seu modelo próprio.
Este modelo se mostra o mais simples dos que foram estudados, sendo elaborado no formato de tabela com 2 colunas.
Categorias de uso progressivo da força:
	Categoria de uso progressivo da força – Departamento de Polícia de Phoenix
		Policial
	Suspeito
	Ausência de Força;
	Ausência de Resistência;
	Presença Policial;
	Intimidação Psicológica;
	Comandos Verbais;
	Não Submisso;
	Controle e Imobilização (algemar);
	Resistência Passiva;
	Agentes Químicos;
	Resistência Defensiva;
	Táticas e Armas;
	Atitude Agressiva;
	Arma de Fogo / Força Letal.
	Arma de Fogo / Resistência Letal.
Adotar um modelo é de suma importância para uma organização de Segurança Pública, na medida em que fornece aos seus agentes parâmetros para usarem a força. 
Divulgar amplamente o modelo fará com que seja cada vez mais empregado. Assim, palestras, cartazes, estudos de casos, treinamento de abordagem e apostilas podem ser usados para comunicar a todos o modelo escolhido. 
A instituição pode optar por construir seu próprio modelo. Ratificamos que ele deverá construir critérios que ajudem a conceituar o uso da força, sendo usado no planejamento e treinamento dos agentes da lei.
O nível de força a ser selecionado dependerá da compreensão da relação de causa e efeito entre o policial e o cidadão, gerando uma avaliação prática e consequentemente resposta. 
Observando as ações do abordado, o operador de segurança escolhe o nível de força mais adequado a ser usado ou não. 
Na prática, sua resposta como encarregado de aplicação da lei será orientada pelo procedimento do suspeito. É o comportamento que justificará a utilização de certo nível de força pelos operadores de Segurança Pública. Você deve empregar apenas a força necessária para controlá-lo.
Tabela comparativa entre todos os modelos:
	MODELO
	SISTEMA DE
CORES
	NÍVEIS DE FORÇA
(ALTERNATIVAS)
	AVALIAÇÃO DA ATITUDE
DO SUSPEITO
	PERCEPÇÃO DE
RISCO
	FORMATO
	
	
	Cinco níveis
1. Comando verbal
	Cinco níveis
	Cinco níveis
	
	
FLECT
	
Cinco cores representan do níveis diferentes do gráfico de força.
	
Controle de Comando
Técnicas de submissão
Táticas defensivas
Força mortífera
	Submissa
Resistência passiva
Resistência ativa
Táticas defensivas
Força mortífera
	Profissional
Tática
Limiar de ameaça
Ameaça danosa
Ameaça mortal
	
Gráfico em forma de degraus, com cinco níveis e três painéis.
	
Giliespie
	Quatro cores representan do níveis diferentes de percepção do policial e atitude do suspeito.
	Cinco níveis que
interagem entre si:
Presença
Verbalização
Técnicas de mão
Armas de impacto
Armas de fogo/força letal
	
Quatro níveis:
Cooperativo
Não cooperativo
Agressivo desarmado
Agressivo armado
	
Três níveis
Ameaça desconhecida
Tipo de atividade criminal
investigativa
Alto risco
	
Tabela com uso de cores
	
	
	Cinco níveis
subdivididos em outros níveis:
	
	
	
Gráfico em forma de degraus
	
	
	1. Presença
	
	
	
	Remsberg
	Inexistente
	2. Verbalização
	Inexistente
	Inexistente
	
	
	
	3. Técnicas de mão
	
	
	
	
	
	Armas de impacto
Armas de fogo/força letal
	
	
	
	
	
	Sete níveis:
	Cinco níveis:
	
	
	
Canadense
	Sete cores. Cada uma está relacionada com o nível de força utilizado pelo policial
	Presença policial
Comandos verbais
Mãos livres (leve)
Mãos livres (+severo)
Aerossóis
Arma de impacto
	Cooperativo
Não combativo
Resistente
Combativo
Morte ou lesão grave
	
Não está presente no modelo gráfico.
É colocado como observação.
	
Círculos sobrepostos
	
	
	7. Arma letal
	
	
	
	
Nashville
	
Inexistente
	Cinco níveis:
Total submissão
Passivo
Defensivo
Agressão ativa
	Inexistente, porém insere observação sobre fatores e circunstâncias que influenciam a avaliação do uso da força.
	Inexistente, porém insere observação sobre fatores que influenciam a
	
Eixo de coordenadas "x, y".
AULA 04
Princípios Básicos do Uso da Força.
Introdução:
Caro aluno, chegamos a nossa quarta aula, na qual discutiremos os Princípios Básicos para o uso da força. Veja que já definimos os conceitos sobre o uso da força, estudamos o contexto legal nacional e internacional que o norteia e debatemos sobre os modelos gráficos existentes. Assim, soa natural que discutamos quais são os princípios que devem orientar o encarregado de aplicar a lei ao ter que usar da força em prol da ordem pública, da harmonia social. Objetivamos apresentar os mais diversos princípios e suas orientações, constantes nos variados documentos internacionais e nacionais que tratam do assunto. 
Parâmetros para uso da força pela ótica das organizações de Segurança Pública:
Vamos começar nossa aula declarando a importância do papel do encarregado de aplicar a lei para garantia do exercício dos direitos das pessoas.  
O operador de segurança deverá usar a força para fazer valer estes direitos. 
Será que a lei é o único parâmetro a embasar a ação do operador de Segurança Pública?
Diversas instituições de Segurança Pública no Brasil compreenderam a importância de estabelecer princípios para a utilização da força, além do cumprimento da lei.
Exemplos:
Nota de Instrução 10 de 1983, criada pela Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro que estabelecia o uso e os cuidados com a arma de fogo. Haveria a necessidade constante de manter o policial atento aos aspectos legais, à oportunidade e ao seu nível de adestramento;
Nota de Instrução 10/83 apresenta ainda como aspecto a ser observado o grau de adestramento do encarregado de aplicar a lei. Vamos ler:
Em situações que configuram legítima defesa e o local for propício para o uso de arma para fazer cessar uma agressão grave, o policial, ainda assim, para abrir fogo, deverá ter o domínio necessário do armamento que utiliza, tanto no aspecto de pontaria como de potência do tiro de sua arma. 
Vimos nos exemplos a descrição de dois princípios (além da legalidade): a necessidade e a proporcionalidade.
Parâmetros para uso da força na legislação internacional:
Os princípios são constantemente citados quando estudamos o documento internacional PBUFAF.  
Foram adotados no 8º Congresso das Nações Unidas sobre a Prevenção do Crime e o Tratamento dos Infratores, realizado em Havana, Cuba, de 27 de agosto a 7 de setembro de 1990. 
Na aula 2 foi evidenciado para os encarregados de aplicar a lei que ao decidirem recorrer à força ou à arma de fogo, deveriam atentar aos princípios da legalidade, da necessidade e da proporcionalidade.
Apesar do documento não trazer isto de forma explícita, poderíamos usar interpretações internacionais que dão conta que a legalidade expressa nele, indica que o operador de segurança deve buscar amparar legalmente sua ação, devendo ter conhecimento da lei e estar preparado tecnicamente, através da sua formação e do treinamento recebidos.  
Uma observação muito interessante, presente no Curso sobre o Uso da Força, realizado pela Secretaria Nacional de Segurança Pública, dá conta que vários são os casos em que ocorrem ações legítimas decorrentes de atos ilegais. 
Como exemplo, cita-se o caso de um agente da lei que durante uma abordagem, tenta conseguir uma “confissão” do suspeito, à força, e em virtude disto, este operador de segurança é desacatado. A prisão por desacato é uma ação legítima, contudo, ela ocorreu em virtude de um ato ilegal, portando o uso da força pelo agente é questionável, posto que ele próprio provocou a situação.
Quanto à necessidade, deverá o encarregado de aplicar a lei identificar:
O objetivo a ser atingido; 
Se a ação atende aos limites considerados mínimos para que se torne justa e legal sua intervenção. 
Este questionamento, ainda, sugere verificar se todas as opções estão sendo consideradas e se existem outros meios menos danosos para se atingir o objetivo desejado.
O princípio daproporcionalidade implica em verificar se o nível de força a ser utilizado pelo agente da lei é proporcional ao nível de resistência oferecida. 
Caso não seja, estaríamos diante do abuso de autoridade.
E ainda temos o aspecto da conveniência (Diz respeito ao momento e ao local da intervenção policial).
Um exemplo deste princípio seria não reagir a uma agressão por arma de fogo, caso o agente da lei esteja em um local de grande movimentação de pessoas, tendo em vista o risco que sua reação ocasionaria naquela circunstância, ainda que fosse legal, proporcional e necessária.
Outra interpretação levaria em consideração como princípio a ética.
Código de Conduta:
Como o atuar do operador de segurança é amplo, defrontando-se com inúmeros casos diversos e impossíveis de serem contemplados pelo mais amplo treinamento operacional, caberia usar como parâmetro para decisão sobre usar ou não a força e/ou qual nível usar, os valores pregados por sua instituição que, supomos, serão democráticos. 
Citamos outro documento internacional, estudado na aula 2, que aborda princípios para o uso da força e da arma de fogo.
Trata-se do Código de Conduta para os Encarregados de Aplicação da Lei.
Em seu artigo 3º, o Código estipula que os encarregados da aplicação da lei só podem empregar a força quando estritamente necessário e na medida exigida para o cumprimento de seu dever. 
As disposições enfatizam que o uso da força pelos encarregados da aplicação da lei deve ser excepcional e nunca ultrapassar o nível razoavelmente necessário para se atingir os objetivos legítimos de aplicação da lei. O uso da arma de fogo neste sentido deve ser visto como uma medida extrema. 
Assim, o Código traria como princípios a legalidade, necessidade e proporcionalidade.
Parâmetros para uso da força na legislação nacional:
Como dissemos na aula 1, abordaremos agora a Portaria Interministerial 4226, elaborada em 31 de dezembro de 2010, em conjunto, pela Secretaria Nacional de Segurança Pública, pelo Ministério da Justiça e pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. 
 	O documento regula o uso da força e de armas de fogo por agentes de Segurança Pública, estabelecendo 25 diretrizes. 
Dado o pacto federativo, a portaria deve ser seguida pelas organizações de Segurança Pública Federal.
Entretanto, ela pode ser adotada por qualquer outra instituição desse segmento.
A diretriz 2 afirma que o uso da força por agentes de Segurança Pública deverá obedecer aos princípios da legalidade, necessidade, proporcionalidade, moderação e conveniência.
A Portaria traz um glossário em que define cada um dos princípios.
Princípio da conveniência: 
A força não poderá ser empregada quando, em função do contexto, possa ocasionar danos de maior relevância do que os objetivos legais pretendidos;
Princípio da legalidade:
Implica que os agentes de Segurança Pública só poderão utilizar a força para a consecução de um objetivo legal e nos estritos limites da lei;
Princípio da moderação:
Determina que o emprego da força pelos agentes de Segurança Pública deve sempre que possível, além de proporcional, ser moderado, visando sempre reduzir o emprego da força;
 
Princípio da necessidade: 
Orienta que determinado nível de força só pode ser empregado quando níveis de menor intensidade não forem suficientes para atingir os objetivos legais pretendidos;
Princípio da proporcionalidade: 
Explicita que o nível da força utilizado deve sempre ser compatível com a gravidade da ameaça representada pela ação do opositor e com os objetivos pretendidos pelo agente de Segurança Pública. 
Questões técnicas:
Veja que até aqui discutimos os princípios básicos para o uso da força e da arma de fogo. 
Gostaríamos de explorar outros, usando como base a citada Portaria Interministerial 4226.  
Na aula 1, abordamos os 6 primeiros princípios tendo em vista sua contribuição para a discussão sobre os aspectos legais. 
A Diretriz 7 descreve que o ato de apontar arma de fogo contra pessoas, durante os procedimentos de abordagem, não deverá ser uma prática rotineira e indiscriminada.
Sabemos do risco que corre o agente da lei ao abordar uma pessoa apresentando uma atitude suspeita, mas contamos com seu discernimento quando for efetuá-la, verificando se a situação exige que se aponte a arma contra ela.
Instrumentos de menor potencial ofensivo:
A Diretriz 8 determina que todo agente de Segurança Pública que, em razão da sua função, possa vir a se envolver em situações de uso da força, deverá portar no mínimo 2 instrumentos de menor potencial ofensivo e equipamentos de proteção necessários à atuação específica, independentemente de portar ou não arma de fogo.
Esta determinação é importantíssima, visto que o operador de Segurança Pública pode ter que usar sua arma de fogo diante da possibilidade de ser agredido por mais de uma pessoa, por alguém que goza de maior compleição física, por cidadão armado com objetos contundentes ou ainda por um abordado que pratique artes marciais.
Possuindo uma arma debilitante ou incapacitante (por exemplo, Spray de pimenta e cassetete) o agente da lei preservará a sua integridade física, bem como a do agressor.
Normas disciplinares para o uso da força:
A Diretriz 9 explicita que os órgãos de Segurança Pública deverão editar atos normativos disciplinando o uso da força por seus agentes.
Exemplo: Notas de Instrução usadas nesta aula caberá a cada instituição construir normas que definam a forma de atuação de seus agentes.
A Diretriz 9 define objetivamente: 
Quais os tipos de instrumentos e técnicas autorizadas;
As circunstâncias técnicas adequadas à sua utilização, ao ambiente/entorno e ao risco potencial a terceiros não envolvidos no evento; 
O conteúdo e a carga horária mínima para habilitação e atualização periódica ao uso de cada tipo de instrumento; 
A proibição de uso de armas de fogo e munições que provoquem lesões desnecessárias e risco injustificado;
O controle sobre a guarda e a utilização de armas e munições pelo agente de Segurança Pública.
Veja que a portaria preocupa-se com a questão do estabelecimento de um programa de treinamento para os operadores de segurança e ataca a necessidade do uso de munição e/ou armamento que possa provocar perigo desnecessário a integridade física das pessoas.
Será que é justificável o uso de calibres dito pesados em um cenário urbano, com alta densidade demográfica?
Exemplo, os efeitos de um calibre 762 (usado por algumas instituições de Segurança Pública no Brasil) no corpo humano. 
Este projétil pode atravessar o alvo e atingir quem estiver atrás. 
Teríamos uma situação em que forças de Segurança Pública estariam usando armas e munições não adequadas para o seu trabalho.
A Diretriz 10 determina que quando o uso da força causar lesão ou morte de pessoa(s), o agente de Segurança Pública envolvido deverá realizar as seguintes ações:
Responsabilidades do agente de Segurança Pública:
Facilitar a prestação de socorro ou assistência médica aos feridos;
Cremos que o imediato socorro à vítima por parte do agente de segurança atende aos aspectos legais e técnicos esperados em uma correta conduta.
Promover a correta preservação do local da ocorrência; 
A preservação do local da ocorrência demonstra a certeza da realização de uma ação acertada por parte do agente.
Comunicar o fato ao seu superior imediato e à autoridade competente; 
Comunicar o fato ao superior e à autoridade competente vão ao encontro da almejada transparência.
Preencher o relatório individual correspondente sobre o uso da força, disciplinado na Diretriz n.º 24.
Quanto ao relatório a ser preenchido pelo agente, trataremos dele quando abordarmos a Diretriz nº 24.
A Diretriz nº 11 determinar que os órgãos de Segurança Pública também têm papel a desempenhar quando o uso da força causar lesão ou morte de pessoa(s), segundo, devendo:
Responsabilidades dos órgãos de Segurança Pública:
Facilitar a assistência e/ou auxílio médico dos feridos; 
Recolher e identificar as armas e muniçõesde todos os envolvidos, vinculando-as aos seus respectivos portadores no momento da ocorrência; 
Solicitar perícia criminalística para o exame de local e objetos bem como exames médico-legais; 
Comunicar os fatos aos familiares ou amigos da(s) pessoa(s) ferida(s) ou morta(s); 
Iniciar, por meio da Corregedoria da instituição, ou órgão equivalente, investigação imediata dos fatos e circunstâncias do emprego da força; 
Promover a assistência médica às pessoas feridas em decorrência da intervenção, incluindo atenção às possíveis sequelas;
Promover o devido acompanhamento psicológico aos agentes de Segurança Pública envolvidos, permitindo-lhes superar ou minimizar os efeitos decorrentes do fato ocorrido; 
Afastar temporariamente do serviço operacional, para avaliação psicológica e redução do estresse, os agentes de Segurança Pública envolvidos diretamente em ocorrências com resultado letal.
Ao recolher armas e munições dos envolvidos em uma ocorrência, investigando os fatos, a Organização de Segurança demonstra comprometimento com o Estado de Direito, mandando uma mensagem bem clara para todos os seus integrantes que não aceitará o cometimento de práticas ilícitas que não coadunem com os Direitos Humanos. 
A investigação auxilia também a melhorar o desempenho dos agentes, avaliando as ações e construindo novos paradigmas para a atuação da instituição no recrutamento, treinamento e controle dos Encarregados de aplicar a Lei.
Atenção:
Submeter os operadores de segurança a acompanhamento psicológico e redução do estresse, leva em consideração que mortes, lesões à integridade física e pressões emocionais intensas podem comprometer a sua saúde mental, ocasionando comportamento errático em seu atuar profissional.  
Imagine um agente da lei tendo que atender ao público, estando extremamente abalado do ponto de vista psicológico.
Critérios de recrutamento e seleção:
A Diretriz nº 12 determina que os critérios de recrutamento e seleção para os agentes de Segurança Pública deverão considerar o perfil psicológico necessário para lidar com situações de estresse e uso da força e arma de fogo. 
Faz-se necessária a construção de um perfil psicológico atinente a realidade vivida pelos operadores de segurança.
Direitos Humanos:
A Diretriz nº13 elenca que os processos seletivos para ingresso nas instituições de Segurança Pública e os cursos de formação e especialização dos agentes devem incluir conteúdos relativos a Direitos Humanos. 
É importante que os Direitos Humanos sejam a base dos cursos de formação e especialização, transversalizando toda a grade curricular. 
Desta forma, quando se for treinar o disparo de arma de fogo, deve-se atentar para que sejam seguidos os princípios que o regem. 
Chama-se a atenção para o currículo oculto presente em todos os Centros de Formação. 
Não basta ter disciplinas adequadas e professores com excelentes currículos se a prática do dia a dia na Academia for claramente violadora dos direitos dos alunos. 
Estaríamos vivendo uma situação hipócrita, conflitante, contraditória, paradoxal, na qual a teoria é uma e a prática é outra. 
Os alunos percebem isso e tendem a se tornarem cínicos, levando este atributo para o seu atuar profissional.
Direitos Humanos dos operadores de segurança:
A Diretriz nº 14 enfatiza o respeito aos Direitos Humanos dos operadores de segurança quando determina que as atividades de treinamento que façam parte do trabalho rotineiro do agente e não deverão ser realizadas em seu horário de folga, de maneira a serem preservados os períodos de descanso, lazer e convivência sócio familiar.
Já imaginou ter que sacrificar sua folga para treinar, superando em muito a carga horária semanal de trabalho?
Formação dos operadores de Segurança Pública:
A Diretriz nº 15 considerada a importância da formação dos operadores de Segurança Pública, é natural que a Portaria Interministerial aborde que a seleção de instrutores para ministrar aula em qualquer assunto englobando o uso da força deverá levar em conta:
Análise rigorosa de seu currículo formal e tempo de serviço;
Áreas de atuação;
Experiências anteriores em atividades fim;
Registros funcionais;
Formação em Direitos Humanos;
Nivelamento em ensino.
Os instrutores deverão ser submetidos à aferição de conhecimentos teóricos e práticos e sua atuação deve ser avaliada.
Treinamento para o uso de arma de fogo e instrumento de menor potencial:
A Diretriz nº 16 considera que deverão ser elaborados procedimentos de habilitação para o uso de cada tipo de arma de fogo e instrumento de menor potencial ofensivo que incluam avaliação técnica, psicológica, física e treinamento específico, com previsão de revisão periódica mínima. 
Em palestras, diz-se que o treinamento para usar arma não letal deve começar ensinando aos operadores de Segurança Pública como não usá-la.
Atenção:
Muitos agentes da lei acham que por ser “não letal”, um aerossol de gás lacrimogênio pode ser usado indiscriminadamente. Antes de tentar negociar para que uma pessoa se submeta a prisão, o agente opta por aspergir o gás no cidadão abordado.  
A Diretriz  17ª afirma que nenhum agente de Segurança Pública deverá portar armas de fogo ou instrumento de menor potencial ofensivo para o qual não esteja devidamente habilitado e sempre que um novo tipo de arma ou instrumento de menor potencial ofensivo for introduzido na instituição deverá ser estabelecido um módulo de treinamento específico com vistas à habilitação do agente.
Habilitação para o uso de armas de fogo e técnicas para o uso de instrumentos de menor potencial ofensivo:
A Diretriz nº 18 expõe que a renovação da habilitação para uso de armas de fogo em serviço deve ser feita com periodicidade mínima de um ano.
As agências de Segurança Pública deverão construir critérios para a habilitação e a renovação desta para o uso de armas de fogo em serviço.
A Diretriz nº 19 dá conta que deverá ser estimulado e priorizado, sempre que possível, o uso de técnicas e instrumentos de menor potencial ofensivo pelos agentes, de acordo com a especificidade da função operacional e sem se restringir às unidades especializadas.
Veja que esta Diretriz vai ao encontro do que debatemos ao analisarmos a Diretriz nº 8.
A Diretriz nº 23 aponta que os órgãos de Segurança Pública deverão criar comissões internas de controle e acompanhamento da letalidade, com o objetivo de monitorar o uso efetivo da força pelos seus agentes. 
Relatório:
A Diretriz nº 24 regula que os agentes deverão preencher um relatório individual todas as vezes que dispararem arma de fogo e/ou fizerem uso de instrumentos de menor potencial ofensivo, ocasionando lesões ou mortes. 
O relatório deverá ser encaminhado à comissão interna mencionada na Diretriz n.º 23 e deverá conter, no mínimo, as seguintes informações:
Circunstâncias e justificativa que levaram o uso da força ou de arma de fogo por parte do agente;
Medidas adotadas antes de efetuar os disparos/usar instrumentos de menor potencial ofensivo, ou as razões pelas quais elas não puderam ser contempladas;
Tipo de arma e de munição, quantidade de disparos efetuados, distância e pessoa contra a qual foi disparada a arma;
Instrumento(s) de menor potencial ofensivo utilizado(s), especificando a frequência, a distância e a pessoa contra a qual foi utilizado o instrumento;
Quantidade de agentes feridos ou mortos na ocorrência, meio e natureza da lesão;
Quantidade de feridos e/ou mortos atingidos pelos disparos efetuados pelo(s) agente(s);
Número de feridos e/ou mortos atingidos pelos instrumentos de menor potencial ofensivo utilizados pelo(s) agente(s);
Número total de feridos e/ou mortos durante a missão;
Quantidade de projéteis disparados que atingiram pessoas e as respectivas regiões corporais atingidas;
Quantidade de pessoas atingidas pelos instrumentos de menor potencial ofensivo e as respectivas regiões corporais atingidas;
Ações realizadas para facilitar a assistência e/ou auxílio médico, quando for o caso;
Se houve preservação do local e,em caso negativo, apresentar justificativa. 
A confecção de um relatório, nos termos apresentados, levará ao estudo de casos, resultando no aprimoramento do atuar profissional.
Atenção:
Importante compreender a importância de um comportamento calcado na legalidade e na técnica. Trabalhar mal, intencionalmente ou não, faz com que a confiança do público na organização de segurança seja diminuída, afastando a agência da comunidade, desacreditando a reputação dos agentes e das instituições e agravando a sensação de desordem pública.
AULA 05
Níveis de Utilização da Força.
Introdução:
Ao realizar sua atividade operacional, o agente poderá se deparar com as mais diversas situações. Ele precisa ter disponível várias opções de atuação, adequando a sua conduta ao que está ocorrendo. Apresentaremos estes níveis com as devidas explicações.
Relembrando os conceitos:
São muitas as terminologias para se classificar o uso da força, mas nos parece a mais correta a que estudamos na aula 3, quando adotamos como objeto de discussão acadêmica o conceito:
“uso seletivo da força”
Afinal de contas, não será isso que o operador de segurança deverá fazer diante de uma situação que exija uma intervenção compulsória sobre indivíduos ou grupos, a fim de reduzir ou eliminar a sua capacidade de autodecisão? 
Não terá ele que “selecionar” o nível de força que utilizará?
O citado uso seletivo consistiria na adequada escolha de opções de força pelo encarregado de aplicar a lei em resposta ao nível de submissão do indivíduo suspeito ou do infrator a ser controlado.
Sabendo que existem resistência e agressões em graus de intensidade e formas variadas, caberá ao agente da lei adequar sua reação proporcionalmente ao comportamento do abordado, estabelecendo rotinas de atuação a fim de controlar o caso.
Modelos gráficos:
Vimos na aula 3 modelos gráficos que retratam estes gradientes do uso da força dentro de uma sequência lógica e legal de causa e efeito.
Estes níveis de força serão aplicados segundo a percepção de risco por parte do agente e na avaliação que ele fará da atitude daquele que é o suspeito.
Os degraus de escalonamento da força podem ser escalados de cima para baixo ou de baixo para cima, aumentando ou diminuindo a intensidade de ação do operador de acordo com o comportamento percebido em relação ao abordado.
Níveis de uso da força:
É uma lista de opções técnicas de intervenção compulsória, apropriadas para várias situações que possam surgir durante o desempenho operacional por parte do encarregado de aplicar a lei.
Estes níveis podem ser entendidos desde a simples presença ostensiva do agente até a utilização da arma de fogo em seu uso extremo (afetando a integridade física da pessoa ou causando a sua morte).
Recordamos que o exercício do poder para usar a força e/ou arma de fogo é uma questão atrelada à função exercida pelo agente, bem como qualquer uso que não esteja dentro do marco legal estará sujeito a críticas por excesso, desvio e abuso de autoridade.
Além do mais, como estudamos na aula 4, são diversos os princípios técnicos a serem seguidos quando se pretende usar a força.
Elementos principais de ação:
Teríamos no uso seletivo da força, 3 elementos principais de ação:
Instrumentos: 
O que foi objeto de treinamento no curso preparatório do agente da lei, as armas e os equipamentos disponibilizados, os procedimentos etc.;
Táticas: 
O uso dos instrumentos nas estratégias desenvolvidas pela organização para prevenção e repressão do comportamento que afeta a ordem pública;
Uso do tempo: 
Como o operador da lei age e/ou reage diante da ação do abordado, considerando-se a velocidade com que responde às atitudes do suspeito.
Sempre é bom relembrar que, ao usar a arma de fogo, o operador deve atentar para a segurança do público, a sua própria e para a segurança do indivíduo abordado.
Atenção:
O uso seletivo da força consistirá em avaliar:
Percepção do agente da lei em relação ao indivíduo suspeito;
Alternativas do uso da força legal;
Resposta do agente da lei.
Níveis de submissão do suspeito:
São 6 os níveis que você poderá encontrar:
Normalidade:
Situação cotidiana, rotineira do patrulhamento em que não há necessidade de intervenção compulsória.
Cooperativo:
O abordado atende de forma submissa às determinações dos agentes da lei, não oferecendo qualquer resistência à revista ou à prisão
Resistente passivo:
O abordado oferece uma resistência passiva, não obedecendo às ordens dos operadores de segurança, ficando simplesmente parado. Ele resiste, mas sem reagir, sem agredir.
Resistente ativo:
O indivíduo apresenta resistência ativa, chegando ao desafio físico. Ele empurra o agente da lei e/ou as vítimas, não permitindo que haja aproximação ou não permanecendo no local.
Agressão não letal:
O indivíduo apresenta resistência ativa e hostil, atacando fisicamente o encarregado de aplicar a lei e/ou pessoas envolvidas na situação.
Agressão letal:
Há ameaça à vida do agente da lei e/ou do público ou existe risco a sua integridade física.
Com a descrição efetuada dos níveis de submissão, restou claro que o operador de segurança agirá de acordo com as ações do suspeito, escolhendo o nível mais adequado de força a ser usado. Veja que ele poderá agir de forma preventiva, ativa ou reativa. 
Podemos ainda comentar que uma pessoa abordada pode sair do nível 2 para o 3, podendo chegar ao nível 5. 
Da mesma forma, uma pessoa poderá estar no nível 6 (apontando uma arma de fogo para a direção do agente abrigado) e ir para o nível 2 (entregar a arma e obedecer aos comandos do operador de segurança). 
Conclui-se que o uso seletivo da força é um processo contínuo e flexível.
Percepção de risco:
É crucial compreender que o nível de submissão do suspeito pode não ser o fato em si para selecionar o nível de força a ser usado. O que vai de fato ocorrer será como o agente da lei percebe o comportamento da pessoa.
Assim, uma pessoa abordada, ao tentar pegar seus documentos no bolso, poderá gerar para o agente, percepções das mais diversas.
Ele realmente irá pegar os documentos para se identificar;
Ele está ganhando tempo para facilitar a fuga de possíveis comparsas;
Ele está tentando pegar uma arma de fogo.
Duas pessoas podem olhar para uma mesma situação e chegar a distintas conclusões.
Desta forma, identificamos que a percepção de risco por parte do encarregado de aplicar a lei também pode ser escalonada, como veremos a seguir:
Percepção profissional – abrange as atividades rotineiras do agente e as exigências decorrentes;
Percepção tática – o encarregado percebe uma elevação de ameaça no seu ambiente de trabalho;
Percepção do limiar de ameaça – é detectado o aumento do grau de ameaça e identificado o perigo;
Percepção de ameaça danosa – constata-se perigo iminente para o agente que deve preparar-se para se defender.
Percepção de ameaça mortal – é o mais alto nível de ameaça, levando o operador de segurança a usar dos seus conhecimentos e habilidades para sobreviver.
Mais sobre percepção de risco Interessante observar que estas percepções são influenciadas por uma ou mais variáveis. São elas:
Número de agentes de segurança e suspeitos envolvidos;
Tipo físico, idade e sexo dos agentes da lei em relação às mesmas variáveis dos indivíduos suspeitos;
Habilidade técnica em defesa pessoal por parte do encarregado de aplicar a lei;
Estado mental, emocional, do agente no momento do confronto.
Teríamos também circunstâncias especiais que podem influenciar no nível de força utilizado pelos operadores de segurança. Citamos:
Percepção de que o abordado está armado e muito próximo, podendo disparar contra o agente. Neste caso, ele poderá usar força letal para preservar sua vida;
Percepção de que se está em desvantagem (há mais suspeitos do que agentes, ou se está em um local pouco conhecido e sem abrigo, ou ainda o suspeito é mais forte). Tal entendimento pode levar ao uso da força letal por parte do agente;
Percepção de que o suspeito possui habilidades elevadas (é treinado

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