Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
_________________________________________________________________________________ AE701-Instituto Tecnológico de Aeronáutica 2.1 2. Cargas em Aeronaves 2.1. Introdução� �� � O trabalho de primeira importância para o projetista de estruturas de aviões é o de projetar uma estrutura com resistência e rigidez adequadas para as condições mais severas previstas no uso do avião, dando atenção aos seguintes pontos: • minimização do peso; • compatibilização das restrições aerodinâmicas com maximização do espaço interno; • redução dos custos de produção; • facilidade e baixo custo de manutenção; • adequação na escolha dos materiais utilizados. Para projetarmos uma estrutura, é essencial conhecermos as cargas atuantes, incluindo o peso próprio. Assim, deverá ser inicialmente feito uma estimativa de seu peso, para a seguir calcularmos esforços. Erros na estimativa inicial devem ser corrigidos, e a estrutura deve ser recalculada, conforme o ciclo mostrado na Introdução desta apostila. Evidentemente, é impossível prever-se com precisão todas as cargas (e suas combinações) que atuarão na estrutura ao longo de sua vida útil. A solução para este problema é: − selecionar situações críticas para cada elemento estrutural e − formar equipe especializada para calcular cargas, baseando-se em investigações e definições de órgãos reguladores. Regulamentos Os requisitos estruturais para os aviões estão contidos nas partes dos Regulamentos da Aeronáutica Civil que trata da aeronavegabilidade (“Airplane Airworthness”). Esses regulamentos são revisados periodicamente, aperfeiçoando-se na medida em que os conceitos da indústria aeronáutica avançam. As autoridades responsáveis pela homologação estabelecem: − exigências de aeronavegabilidade e − requisitos de segurança. Os Códigos Norte-Americanos (Code of Federal Regulations – CFR) apresentam diversos documentos reguladores, e podem ser vistos em: http://www.access.gpo.gov/nara/cfr/ _________________________________________________________________________________ AE701-Instituto Tecnológico de Aeronáutica 2.2 Dentre eles, valem destacar: a) “14CFR23-- PART 23--AIRWORTHINESS STANDARDS: NORMAL, UTILITY, ACROBATIC, AND COMMUTER CATEGORY AIRPLANES“, que dispõe sobre: − Categoria normal – aviões para utilização não acrobática e em serviços não regulares de transporte de cargas e de passageiros; − Categoria serviços gerais – aviões destinados a operações normais e manobras acrobáticas limitadas; − Categoria acrobática – aviões que não possuem restrições quanto ao tipo de manobras permitidas, a menos aquelas impostas pelos ensaios em vôo. b) “14CFR25-- PART 25--AIRWORTHINESS STANDARDS: TRANSPORT CATEGORY AIRPLANES”, que dispõe sobre aviões especificamente destinados ao transporte regular de passageiros e de cargas As cargas em uma aeronave dependem de diversos fatores, sendo os principais: • posição do CG versus Posição do CA� • peso total; • velocidade; • ângulo de ataque ou atitude durante manobras; • rajadas; • outros. Como devemos trabalhar com o conceito de segurança, introduziremos as seguintes definições. Carga limite: é a carga máxima prevista sob as condições normais de operação do avião. Carga de teste é o produto da carga limite pelo fator de teste (em geral entre 1,125 a 1,25), enquanto a Carga última, ou de projeto é o produto da carga limite pelo fator de segurança final (geralmente 1,5). A estrutura deverá suportar tanto a carga de teste como a carga final sem falhas. As cargas principais em aeronave estão ilustradas na figura abaixo. Tratam-se da sustentação (lift), arrasto (drag), tração ou empuxo (thrust), forças nos controles, frenagem, cargas concentradas (trem de pouso e cargas externas) e pressões aerodinâmicas devido a rajadas. _________________________________________________________________________________ AE701-Instituto Tecnológico de Aeronáutica 2.3 Apesar destas cargas serem muito importantes, diversos outros tipos de cargas surgem, conforme listados no quadro a seguir. Cada elemento estrutural terá uma condição de carregamento específica. � A figura a seguir ilustra esquematicamente as resultantes das principais cargas em uma aeronave em vôo.Vale lembrar que as posições do CG (Centro de Gravidade) e o CA (Centro Aerodinâmico) não são fixas. Cargas em vôo Manobras Rajadas “Buffet” Cargas no Pouso Fator de carga vertical Ricochete Vôo de deriva Pouso em uma roda Frenagem Cargas dos motores Tração Torque Giroscópica Vibração Pressões em dutos Peso e Cargas de Inércia Peso próprio Aceleração Rotação Dinâmica Vibração “Flutter” Cargas na decolagem Catapultagem Aborto Cargas durante o taxiamento Pulos Giros Cargas especiais Vôo de reboque Suspensão (macaco) Pressurização Choque de aves Acidentes Tipos de cargas _________________________ AE701-Instituto Tecnológico de 2.2. Peso e Posição A posição do CG (centro dinâmico) é importante tanto por razõe do CG para frente e para trás deve se s limites são geralmente determinados a ficar mais estável quando seu CG é m o é movido para trás. O limite posteri estabilidade positiva do avião. A posiç ais da corda média da asa. Outros fatores de importân e ângulo de ataque ou atitu O Peso Total é composto p O Peso Vazio é composto • asa / Fuselagem / T • motores, • sistemas, Principais esforços numa aeronave em vôo:� α:α:α:α: atitude do avião� L: força de sustentação perpendicular à direção do vento D: força de arrasto Mac : momento aerodinâmico (CA) Fzw : componente z do avião da resultante aerodinâmica na asa Fxw : componente x do avião da resultante aerodinâmica na asa Fzt : componente z do avião da resultante aerodinâmica na empenagem. Fxt : componente x do avião da resultante aerodinâmica na empenagem. Fxf : todos os outros arrastos a exceção da asa e empenagem. Mf : momento de todo o resto do avião a exceção da asa e empenagem. do CG� �� � de gravidade) em relação ao CA (centro aero s estruturais quanto aerodinâmicas. O movimento r mantido dentro de certos limites, sendo que o por exigências de controle do avião, que tende ovido para frente e menos estável quando o mesm or do CG é um importante fator para garantir a ão do CG geralmente é dada em termos percentu ________________________________________________________ Aeronáutica 2.4 cia que afetam as cargas no avião são: peso total, velocidade de durante manobras, rajadas, etc. elo Peso Vazio somado à Carga Útil. por: rem de pouso, _________________________________________________________________________________ AE701-Instituto Tecnológico de Aeronáutica 2.5 • combustível não-utilizável, • fluidos de operação (óleo, fluido hidráulico, etc.), • peso de balanceamento, enquanto, a Carga Útil é composta por: • Combustível • Tripulação • Carga Paga (passageiros, bagagens e carga) Há limites mínimos e máximos para o peso de uma aeronave. O peso mínimo de operação é o peso da aeronave vazia, somado ao peso da carga útil mínima, ou seja, a tripulação e o combustível. O peso máximo é dado por considerações estruturais e aerodinâmicas, sendo objeto de homologação. Diagrama Peso x Posição do CG A variação do CG pode ser determinada através do seguinte procedimento: a) Escolhe-se um sistema de referência arbitrário; b) Determina-se o peso mínimo de operação e a posição correspondente do CG; c) Posição avançada do CG: determina-se pela adição do peso de itens de carga útil ao peso mínimo deoperação começando-se com os itens mais à frente; d) Posições traseiras do CG: idem, começando com os itens mais atrás. Exercício 1 Determinar a variação do CG no eixo x para o avião abaixo: Slide 15 Corda Aerodinâmica Média (CAM): c = 1,295 m xCAM = 1,502 m _________________________________________________________________________________ AE701-Instituto Tecnológico de Aeronáutica 2.6 % CAM = [(x-1,502)/1,295] m Posição do CG No Descrição do peso W(N) x (m) W.x (N.m) x (m) % CMA 1 Peso vazio 2414,1 1,708 4294,08 2 Combustível mín.(25,9 l) 166,9 2,413 402,73 3 Óleo (3,8 l) 35,6 0,589 20,97 4 Piloto (leve) 445,0 1,683 748,94 5 Peso mínimo de operação 3161,6 5466,7 1,729 17,5 6 Piloto 311,5 1,683 524,25 7 Peso parcial (5+6) 3473,1 5990,9 1,725 17,2 8 Passageiro 756,5 1,683 1273,19 9 Peso parcial (7+8) 4229,6 7264,16 1,717 16,6 10 Bagagem 356 2,210 786,7 11 Peso parcial (9+10) 4585,6 8050,9 1,756 19,5 12 Combustível (12,3 l) 86,8 2,413 209,5 13 Peso total 4672,4 8260,37 1,768 20,5 14 Combustível 313,7 2,413 756,96 15 Peso parcial (5+14) 3475,3 6223,66 1,791 22,3 16 Bagagem 356 2,210 786,76 17 Peso parcial (15+16) 3831,3 7010,42 1,830 25,3 18 Piloto 311,5 1,683 524,25 19 Peso parcial (17+18) 4142,8 7534,67 1,819 24,5 20 Passageiro 529,6 1,683 891,32 21 Peso total 4672,4 8426,0 1,803 23,2 O gráfico a seguir mostra a variação do CG, em função das configurações acima descritas. As posições A e B representam respectivamente a posição x mais avançada e a mais recuada do CG. Procedimento análogo pode ser realizado para obter a variação da posição do CG ao longo da vertical (eixo y). 2.3. Cargas de Inércia A segunda Lei de Newton estabelece que um sistema desequilibrado de forças aplicado a um corpo causará uma aceleração, na direção da resultante do sistema de forças, proporcional à massa do corpo, ou seja : amF ! ! = . _________________________________________________________________________________ AE701-Instituto Tecnológico de Aeronáutica 2.7 Se a resultante do sistema de forças altera apenas a magnitude da velocidade, mas não sua direção, o movimento é chamado de translação, conforme figura abaixo. As equações da dinâmica mostram que, se a força é constante, e não há atrito, então a aceleração (a) é constante, e a velocidade (V) varia linearmente com o tempo: V=Vo + at S=So+Vot+0,5at2 Caso a força não esteja aplicada na direção do movimento, surge um movimento de rotação. Neste caso, a aceleração pode ser decomposta em uma componente tangencial à curva (at) e outra normal à curva (radial) (an). A figura a seguir ilustra esta situação. Caso a equação de referida Lei de Newton for expressa na seguinte forma: 0=− amF ! ! a parcela )am( !− pode ser interpretada como uma força que equilibra a força externa F ! , de mesma intensidade e sinal contrário. Assim, o corpo pode ser tratado como se estivesse em equilíbrio estático. Esta força )am( !− é chamada de força de inércia, e reflete a tendência de um corpo permanecer com movimento linear com velocidade constante. A figura acima ilustra as forças de inércia normal e tangencial que surgem x Fx ax CG an=rω2=V2/r at=rα Ft=Mrα Fn=Mrω2=MV2/r Centro de curvatura ω = velocidade angular α = aceleração angular r = raio de curvatura Ft = força de inércia tangencial Fn = força de inércia normal V = ωr = velocidade linear _________________________________________________________________________________ AE701-Instituto Tecnológico de Aeronáutica 2.8 quando uma aeronave executa uma curva com aceleração linear. O piloto não está diretamente sujeito às forças aerodinâmicas que causam o movimento da aeronave, mas por outro lado experimentará forças de inércia. As operações típicas que provocam grandes forças de inércia são: • pouso; • manobra em vôo (operação controlada); • rajada (operação não controlada). 2.4. Fator de Carga (n) e Diagrama V-n Em geral, as maiores cargas aerodinâmicas em uma aeronave originam-se na sustentação durante manobras de grande aceleração, como por exemplo, durante rajadas. Nestas situações críticas, até mesmo a fuselagem pode sofrer esforços devido à sustentação maiores que os devidos à pressurização da cabine. O fator de carga (n) é a resultante das forças externas atuantes sobre o avião naquela direção dividida pelo peso do avião. Este número expressa a condição de manobrabilidade de uma aeronave como um múltiplo da aceleração da gravidade: g a mg ma W Fn ====carga de Fator A baixas velocidades, o maior valor para o fator de carga de uma aeronave é limitado pela capacidade de sustentação. Valores típicos para limites superiores e inferiores de fatores de carga de aeronaves de aviação geral variam de 2,5 a 3,8, para npositivo e –1 a –1,5 para nnegativo. Em aeronaves de combate, nnegativo pode chegar a –6, enquanto npositivo pode chegar a 9, valor este que atinge limites físicos de resistência dos pilotos. Exercício 2 Determinar os fatores de carga nas direções x e z para uma aeronave em vôo nivelado. Vôo nivelado _________________________________________________________________________________ AE701-Instituto Tecnológico de Aeronáutica 2.9 Solução Neste caso, fazendo-se o equilíbrio de forças na direção x, teremos: g a W FF nmaFF xxpxaxxxpxa = − =⇒=− Na direção z, teremos: g a W F nmaWF zzazzza +==⇒+= 1 Exercício 3 Determinar os fatores de carga nas direções x e z para uma aeronave em vôo não nivelado. Solução Neste caso, fazendo-se o equilíbrio de forças na direção x, teremos: θθ sensen −=−== g a W Wma W Fn xxxax Na direção z, teremos: θθ cos g a W cosWma W Fn zzzaz += + == _________________________________________________________________________________ AE701-Instituto Tecnológico de Aeronáutica 2.10 Diagrama V-n de Manobras O diagrama V-n apresenta a envoltória das condições permitidas para operação normal do avião. Trata-se de um gráfico dos fatores de carga limites em função da velocidade aerodinâmica da aeronave (V). Os fatores de carga limites para manobras são especificados de acordo com a finalidade do avião. A partir destes fatores de carga pode-se determinar a carga final utilizando-se o fator de segurança. Nas condições reais de vôo, o avião está sujeito a manobras com fatores de carga diversos, em velocidades e altitudes diferentes. O projeto estrutural do avião deve levar em consideração, dessa forma, a combinação desses fatores de carga com velocidades equivalentes conforme mostrado no típico diagrama V-n de manobras abaixo, de um jato subsônico de treinamento [BRANDT,1997]. Os maiores valores (positivo e negativo) de fatores de carga que a estrutura da aeronave podem suportar estão mostradas nas linhas horizontais do diagrama, por que, para esta aeronave em particular, estes limites estruturais não são funções da velocidade aerodinâmica. Em baixas velocidades, o maior fator de carga é limitado à máxima sustentação que a aeronave pode gerar. Estes limites aerodinâmicos são chamados de estol (stall) , e formam dois limites para o fator de carga (positive stall limit e negative stall limit). A linha vertical, chamada de “limite q” (q limit), indica a maior velocidade aerodinâmica suportada pela estrutura, nas condições de altitude e peso indicadas. Neste caso, o limite para a velocidade não é função do fatorde carga. Em muitas aeronaves, a máxima velocidade suportada pela estrutura diminui com grandes fatores de cargas (positivos ou negativos). A figura a seguir apresenta os ângulos de ataque positivo e negativo e os respectivos pontos no diagrama V-n. _________________________________________________________________________________ AE701-Instituto Tecnológico de Aeronáutica 2.11 Como as forças de sustentação (L) e arrasto (D) são respectivamente perpendicular e paralela à direção do vento relativo, a decomposição da resultante (R) em componentes Fzw e Fxw no sistema de coordenadas da asa resulta em uma componente Fxw para frente. O valor máximo dessa componente ocorrerá para o ângulo de ataque máximo positivo, correspondendo a um coeficiente de sustentação de cerca de 1,25 quando comparado ao coeficiente de sustentação em vôo equilibrado e nivelado. Nessa condição de +AAA o momento fletor produzido pela componente Fzw produz esforços de compressão no extradorso da asa enquanto que a componente Fxw produz compressão na região de seu bordo de ataque. Nessas condições os esforços de compressão serão máximos no extradorso da região do bordo de ataque da asa, sendo que o intradorso da região do bordo de fuga sofrerá esforços de tração. Considerando agora que a asa esteja em uma condição de baixo ângulo de ataque positivo (+BAA), ou seja, o menor ângulo de ataque para sustentar um vôo com fator de carga máximo, tem-se um vôo que corresponde à máxima velocidade do avião (velocidade de mergulho). Essa velocidade máxima de vôo corresponde ao mínimo Cl necessário para mantê-lo. Na condição +BAA a componente Fxw é máxima atuando para trás enquanto que componente Fzw continua sendo positiva na direção do eixo z, resultando em esforços de compressão máximos no extradorso da região do bordo de fuga e de tração no intradorso da região do bordo de ataque. Para a condição +AAA, a linha de ação da resultante das forças aerodinâmicas (R) está geralmente localizada em posição mais à frente da corda. Dessa forma, para aviões com CG posicionado atrás do CA, esta condição corresponderá à máxima carga para cima na empenagem horizontal. Para a condição +BAA a linha de ação da resultante está localizada na posição mais atrás da corda. Portanto, para aviões com CG posicionado à frente do CA essa condição corresponderá à carga máxima para baixo na empenagem horizontal. A condição de alto ângulo de ataque negativo (-AAA) corresponde a manobras negativas (vôo de dorso) ou a rajadas para baixo. Os fatores de carga nesse caso são bastante inferiores do que para manobras positivas. Na condição –AAA a asa está na condição de estol negativo, resultando em momento fletor que produzirá esforços de compressão máximos no intradorso da região do bordo de ataque da asa e de tração máximos em seu extradorso na região do bordo de fuga. _________________________________________________________________________________ AE701-Instituto Tecnológico de Aeronáutica 2.12 A condição de baixo ângulo de ataque negativo (-BAA) ocorre para velocidades máximas (de mergulho), gerando esforços críticos de compressão no intradorso da região do bordo de fuga da asa e de tração no extradorso da região de seu bordo de ataque. 2.5. Cargas no Solo� �� � Existem dois grupos diferentes de cargas designadas como “cargas no solo” que atuam no avião. O primeiro consiste de cargas que ocorrem durante a aterragem do avião, ou seja, da transição de uma condição de vôo para uma condição de contato com o solo. As cargas que resultam desta transição dependem de muitos fatores, entre os quais: habilidade do piloto, velocidade de aterragem, velocidade de descida do avião, visibilidade, características de absorção de energia do trem de pouso etc. O segundo grupo de cargas no solo são as que resultam da operação do avião na pista, ou seja, durante o taxiamento, o uso do freio nesse processo, aquecimento e experimentação dos motores antes da decolagem etc. Estas cargas dependem mais das características do campo de aterragem. Cargas de Aterragem Na aterragem, o avião se aproxima do solo segundo uma trajetória tal que no instante do impacto possua uma velocidade horizontal (acima da velocidade de estol) e uma velocidade de descida. As asas sustentam parcial ou totalmente o peso do avião, dependendo de sua velocidade e atitude. Uma vez em contato com o solo, o trem de pouso passa a absorver a energia cinética da massa do avião na velocidade de descida vd. As cargas resultantes dependem, dessa forma, das características de absorção de energia do conjunto pneu-amortecedor. Também durante a aterragem as rodas são subitamente aceleradas da condição de repouso até a velocidade angular correspondente à velocidade horizontal do avião no solo. Durante essa aceleração, as forças de atrito entre os pneus e o solo são significativas, resultando em cargas horizontais elevadas. As cargas de aterragem, então, dependem fundamentalmente de: • Condições de impacto • Características de absorção de energia do trem de pouso _________________________________________________________________________________ AE701-Instituto Tecnológico de Aeronáutica 2.13 • Atitude e velocidades do avião • Peso e posição do CG do avião Durante a aterragem, há ainda que se considerar a aceleração das rodas e as cargas nos trens de pouso, e a energia absorvida pelo sistema de amortecimento, conforme a figura abaixo. Para as cargas de aterragem, os regulamentos especificam que devem ser levados em conta os seguintes aspectos: • peso do avião; • velocidade de descida; • valor admissível da resultante vertical aerodinâmica; • diversas condições de aterragem (aterragem nivelada em duas rodas, aterragem em uma roda, aterragem com vento lateral etc.) Cargas na Pista Para se determinar as cargas na pista, devem-se levar em conta as seguintes situações: • frenagem; • experimentação dos motores; • condição de rolagem com freios aplicados; • amortecedores e pneus na posição estática. ∫δ δ= 0 dVE t Energia absorvida: _________________________________________________________________________________ AE701-Instituto Tecnológico de Aeronáutica 2.14 2.6. Cargas na Empenagem 2.6.1. Empenagem Horizontal� �� � É importante considerar as seguintes cargas resultantes na empenagem horizontal da aeronave: • cargas de balanceamento • cargas de rajadas • cargas de manobras • cargas de inércia � A figura a seguir ilustra como surge a carga na empenagem horizontal devido ao balanceamento da aeronave. 2.6.2. Empenagem Vertical� �� � As cargas na empenagem vertical são determinadas de forma semelhante às cargas na empenagem horizontal, com a diferença de que para equilíbrio essas cargas são nulas. Em outras palavras, a carga de balanceamento na empenagem vertical é zero. Há que se considerar na determinação das cargas na empenagem vertical as diferentes condições de manobras, conforme ilustrado a seguir: a) deflexão rápida do leme até a posição máxima com o avião em vôo equilibrado. _________________________________________________________________________________ AE701-Instituto Tecnológico de Aeronáutica 2.15 ��� Avião em guinada correspondente à condição de equilíbrio com leme na deflexão máxima.� c) Avião em guinada correspondente à condição anterior de equilíbrio com leme na posição neutra. � Também devem ser levados em conta os efeitos de rajadas. 2.7. Cargas nas Asas� �� � As cargas nas asas compreendem os esforços cortantes e momentos de flexão ede torção resultantes das diversas condições de vôo e de aterragem do avião. Como o número de combinações de pesos, posições do CG, velocidades e fatores de carga é bastante elevado, convém de início estudar as combinações críticas que resultem de forma óbvia em cargas máximas na asa, selecionando dessa forma um número reduzido de condições críticas. Os esforços solicitantes (força cortante, momento fletor e momento torçor) são provenientes da distribuição das forças de sustentação na área alar. Eles são necessários para o dimensionamento da estrutura da asa, sendo interessante sua determinação para seções específicas. Uma vez que os esforços cortantes na direção z podem ser considerados como sendo resistidos principalmente pelas almas das longarinas da asa, é conveniente orientar os eixos do sistema de coordenadas de referência alinhando seu eixo z com o plano da alma da longarina principal da asa. Os esforços cortantes e momentos fletores são dessa forma determinados com base nesse sistema de coordenadas. Para a determinação dos momentos torsores, no entanto, seria necessária a determinação do eixo elástico da asa. No entanto a posição desse eixo é geralmente desconhecida no momento da determinação das cargas sendo dessa forma necessária uma escolha arbitrária da posição _________________________________________________________________________________ AE701-Instituto Tecnológico de Aeronáutica 2.16 para o eixo y. Após a determinação do eixo elástico determina-se, então, a distribuição de momentos torsores em relação ao mesmo. Para determinar as cargas, deve-se levar em conta combinações críticas que resultem em cargas máximas, conforme ilustrado a seguir. � Os esforços causados nas asas devido a condições de manobra foram discutidos no item 2.4 (Fator de Carga e Diagrama V-n). A determinação das cargas nas asas depende basicamente da sua análise aerodinâmica. A figura a seguir ilustra a sustentação originada em duas situações distintas:manobra simétrica e manobra assimétrica. A figura a seguir ilustra a distribuição de pressão ao longo do aerofólio e as resultantes desta distribuição. _________________________________________________________________________________ AE701-Instituto Tecnológico de Aeronáutica 2.17 A ilustração a seguir mostra como se pode obter as distribuições de força cortante (Sz) e momento fletor (Mx) através da distribuição da resultante das cargas em cada seção da asa. Em casos gerais, surgem outros esforços importantes, como o momento torçor. 2.8. Fuselagem A fuselagem de uma aeronave está sujeita a diversos tipos de carregamentos, entre eles: • pressões internas e externas (figura a seguir); • cargas de inércia; • cargas laterais aerodinâmicas, • cargas do trem de pouso • cargas transferidas pelas asas (sustentação, arrasto, empuxo). _________________________________________________________________________________ AE701-Instituto Tecnológico de Aeronáutica 2.18 2. Cargas em Aeronaves ................................................................................................ 2.1 2.1. Introdução ........................................................................................................... 2.1 2.2. Peso e Posição do CG ......................................................................................... 2.4 2.3. Cargas de Inércia ................................................................................................ 2.6 2.4. Fator de Carga (n) e Diagrama V-n .................................................................... 2.8 2.5. Cargas no Solo .................................................................................................. 2.12 2.6. Cargas na Empenagem...................................................................................... 2.14 2.6.1. Empenagem Horizontal ............................................................................. 2.14 2.6.2. Empenagem Vertical.................................................................................. 2.14 2.7. Cargas nas Asas ................................................................................................ 2.15 2.8. Fuselagem ......................................................................................................... 2.17
Compartilhar