Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
QUESTÃO 1- As membranas de células excitáveis, sendo o neurônio uma delas, apresentam um potencial característico da membrana durante o repouso. Explique como ocorre a geração e propagação do potencial de ação (impulso nervoso). A RESPOSTA É EXTENSA MAS RESUME TUDO O QUE VEM ADIANTE. NÃO DESANIME E LEIA ATÉ O FINAL. Durante o repouso, os neurônios ficam com uma carga negativa na face interna e positiva na face externa. No potencial de repouso os canais de Na+ dependentes de voltagem ficam fechados e só abrem com a despolarização. O potencial de repouso nas células é mantido na ordem de -70 mV. Na despolarização, a célula sai do repouso por causa da entrada de íons de Na+ (abertura dos canais), deixando ela eletricamente positiva. Quando ela atinge seu limiar de excitação (-50 mV), a nuvem elétrica estimula os canais de Na+ dependentes de voltagem vizinhos a se abrirem simultaneamente, gerando um potencial de ação. Nesse momento o neurônio pode enviar um sinal elétrico a qualquer parte do corpo. O potencial de ação na despolarização alcança valores de cerca de 30 mV. Quando os canais de Na+ se fecham e o sódio para de entrar na célula, se abrem os canais de K+ com carga positiva que saem da célula fazendo com que ela volte a ficar negativa, até chegar ao repouso. Essa etapa é denominada repolarização. Ao final da repolarização o potencial de repouso é alcançado, embora os canais de K+ continuem abertos liberando o K+ para fora, reduzindo o potencial de membrana para cerca de -80 mV. Esse fenômeno é denominado de hiperpolarização, muito utilizado pelos neurônios para a inibição da função neurológica. Concomitantemente à abertura dos canais de K+ ocorre o fechamento dos canais de Na+, e estes permanecem fechados até que o potencial de repouso seja restabelecido pela ação da bomba de Na+/ K+-ATPase por meio de transporte ativo. Esse período em que os canais de Na+ permanecem fechados é chamado de período refratário, durante o qual não é permitido a produção de um novo potencial de ação (impulso nervoso). Na bomba de Na+/ K+-ATPase, saem 3 átomos de Na+ e entram 2 de K+ utilizando a energia do ATP pra fazer a célula voltar ao repouso de -70 mv. QUESTÃO 2- O que são canais iônicos? Como podem ser regulados? Proteínas controladoras do transporte de íons através da membrana plasmática. São canais formados por proteínas que controlam o gradiente de voltagem (diferença de potencial) através da membrana plasmática permitindo o fluxo de íons pelo seu gradiente eletroquímico. São canais seletivos (Canais de Na+, K+, Ca+2) e podem ser regulados por voltagem (abrem quando a membrana é despolarizada) e agentes químicos (acetilcolina). QUESTÃO 3- O que são canais dependentes de voltagem? Proteínas que podem ser reguladas por variações de voltagem. São canais iônicos que abrem ou fecham devido às alterações no potencial elétrico da membrana. Eles conseguem perceber a voltagem da membrana e abrir ou fechar gerando novas correntes. Esses canais permitem uma rápida e coordenada despolarização em resposta a alterações de voltagem e propagam direcionalmente os sinais elétricos ao longo de todo o axônio e na sinapse. QUESTÃO 4- O que é limiar de excitabilidade de uma célula excitável. Um ponto de voltagem que faz com que canais de Na+ dependentes de voltagem se abram e despolarizem a célula (ver questão 1). Ocorre quando a voltagem da célula sobe mais ainda, deixando a membrana mais instável que o habitual. QUESTÃO 5- O que é o potencial de ação (PA) e o que ocorre durante ele? É a inversão rápida da diferença de potencial da membrana, no qual o lado de dentro fica carregado positivamente em relação ao lado externo. Durante o potencial de ação a membrana é despolarizada quando atinge o limiar de excitabilidade e logo após repolarizada. QUESTÃO 6- O que é período refratário e como influencia a condução do PA? Período refratário é quando os canais de Na+ ficam inativados após despolarização da membrana não podendo ser ativados novamente e nem gerar outro potencial de ação até que o potencial da membrana esteja negativo o bastante pra reengatilhar os canais. QUESTÃO 7- Qual o papel da bomba de Na+/K+-ATPase na membrana? Age quando há dentro da célula uma alta concentração de Na+ e baixa concentração de K+. A bomba de Na+/K+-ATPase bombeia por transporte ativo o Na+ para fora e o K+ do meio extracelular para dentro. A bomba, ligada ao ATP, liga-se a 3 íons de Na+ intracelulares e 2 íons de K+ extracelulares. O ATP é hidrolizado, levando à fosforilação da bomba e à libertação de ADP. A fosforilação da bomba modifica sua conformação molecular que permite jogar os 2 íons K+ para dentro e os 3 íons Na+ para fora. QUESTÃO 8- Por que o potencial de ação é um processo propagável? Como este impulso nervoso pode se propagar? O potencial de ação serve para comunicações de longa distância em organismos dotados de sistema nervoso, que codificam essas comunicações através de potenciais de ação entre seus componentes. A diferença de potencial elétrico na face interna da membrana plasmática gerada pela entrada em massa dos íons Na+ estimula os canais de Na+ dependentes de voltagem vizinhos a abrirem-se, levando a geração unidirecional do potencial de ação nessa região adjacente. QUESTÃO 9- O que é bainha de mielina e como ela influencia a velocidade de condução do PA? Um envoltório do axônio que minimiza a perda de corrente e facilita o fluxo da corrente dentro do axônio; por isso aumenta a velocidade de condução do PA. O estímulo vai passar de forma saltatória. Entre uma bainha de mielina e outra há um espaço livre de mielinização, o chamado nó de Renvier. Como a gordura é um péssimo condutor elétrico, o PA se propaga apenas por meio da membrana plasmática não mielinizada dos axônios na região dos nós de Renvier. Daí ser um tipo de condução saltatória, pois salta a mielina e ocorre nos nós. QUESTÃO 10- Que outro fator influencia a velocidade de condução do PA? O diâmetro do axônio (calibre), pois quanto maior, menor sua resistência e mais rápida é a velocidade de propagação. QUESTÃO 11- O que é o potencial de ação tudo ou nada e como ele se difere do potencial sináptico gradual? No potencial de ação tudo ou nada, um neurônio só consegue enviar um impulso se a intensidade do impulso for acima de um nível/valor mínimo (potencial limiar = -50 mV), fazendo com que sua membrana seja despolarizada. No potencial sináptico os pequenos estímulos despolarizantes se unem gradualmente dependendo da quantidade de neurotrasmissor. QUESTÃO 12- Descreva a sinapse elétrica e a sinapse química. Elétrica: acontece por meio de junção comunicante do tipo GAP (junção que permite pequenas moléculas e íons passarem de um lado a outro da membrana plasmática); tem baixa resistência elétrica e perde um pouco o sinal; é bidirecional (o elemento pode ser pré-sináptico ou pós-sináptico, pois a comunicação é mais importante que a direção). Química: é uma comunicação entre dois neurônios, ou um neurônio e algo que gera uma resposta no elemento pós-sináptico, mediada por um neurotransmissor ou neuromodulador, armazenados em vesículas, que podem ser excitatórios ou inibitórios. QUESTÃO 13- Quais as vantagens e desvantagens das sinapses elétricas e das sinapses químicas? Elétrica = mais veloz (vantagem), porém perde potencial (desvantagem). Química = gera um potencial de ação igual ao do pré-sináptico, não perdendo sinalização (vantagem), porém é mais lenta (desvantagem). QUESTÃO 14- Descreva a sequencia de eventos que levam à liberação de neurotransmissores em uma sinapse química. Síntese de neurotransmissor, armazenamento de neurotransmissor em vesículas, chegada do potencial de ação, abertura dos canais de Ca2+ dependente de voltagem, influxo de Ca2+, fusão de vesículas, exocitosede neurotransmissores, ligação aos receptores, efeitos pós-sinápticos, interrupção dos efeitos e reciclagem de vesículas. QUESTÃO 15- Qual o papel do cálcio (Ca2+) na liberação de neurotransmissores? Permitir que a vesícula sináptica se ligue a membrana pré-sináptica e libere o conteúdo. PA chega no final do axônio, abre canal de Ca2+ dependente de voltagem, entra Ca2+ e funde a vesícula na membrana. O cálcio é um fator necessário para a ação das proteínas motoras e do citoesqueleto que transportam as vesículas até a membrana plasmática que faz parte da sinapse. QUESTÃO 16- Onde as sinapses podem sofrer interferências com drogas, medicamentos ou toxinas? No neurotransmissor, no receptor, nas enzimas que degradam neurotransmissores, na recaptura dos neurotransmissores, e na produção de receptores. QUESTÃO 17- Quais os tipos de potenciais de ação pós-sinápticos? Excitatório e Inibitório. Potencial de ação pós-sináptico excitatório: é um aumento temporária do potencial de membrana pós-sináptico causado por um fluxo de íons positivos para dentro da célula pós-sináptica; passa a informação sem perda Potencial de ação pós-sináptico inibitório: é um aumento temporário do potencial de membrana pós-sináptico causado por um fluxo de íons negativos para dentro ou positivos para fora da célula pós-sináptica QUESTÃO 18- Por que uma sinapse excitatória no corpo celular de um neurônio é mais efetiva na evocação de um potencial de ação do que uma sinapse excitatória aplicada num dendrito? Porque o corpo celular fica mais próximo do cone axonal ou de implantação (terminal axonal é onde ele passa a informação para outro neurônio). QUESTÃO 19- O que são receptores ionotrópicos e como funcionam? São proteínas transmembrana que fazem canais se abrirem e fecharem de acordo com seus neurotransmissores. Tem a função de permitir a passagem de íons. QUESTÃO 20- Conceitue sistema nervoso autônomo (SNA), definindo suas divisões. Quais as características anatômicas do SNA simpático e parassimpático e quais os mediadores químicos que atuam em suas sinapses? Quais os efeitos da estimulação de cada divisão? Sistema nervoso autônomo é o conjunto de nervos e gânglios da via eferente do sistema nervoso periférico que controla a contração da musculatura lisa das vísceras e a atividade glandular. Ele é subdividido em simpático e parassimpático. O parassimpático está associado com uma resposta do tipo REPOUSO/DIGESTÃO, enquanto que o simpático com uma resposta do tipo LUTA/FUGA. Anatomicamente, alguns nervos cranianos e sacrais representam a inervação do parassimpático, daí pode-se dizer que o parassimpático possui inervação crânio-sacral. Já o simpático possui inervação tóraco-lombar, pois seus nervos saem da medula na região torácica e lombar. No simpático, os gânglios são próximos da medula espinal, pois seus neurônios pré-ganglionares são curtos e os pós-ganglionares são compridos. Ao contrário, os gânglios do parassimpático são próximos das vísceras ou dentro delas em alguns casos, fazendo com que seus neurônios pré-ganglionares sejam compridos e os pós-ganglionares sejam curtos. Os neurotransmissores que agem no simpático são a acetilcolina (receptores nicotínicos) e a noraepinefrina (receptores a e b adrenérgicos), enquanto que a acetilcolina (receptores nicotínicos e muscarínicos) é o único neurotransmissor que age no parassimpático. Na figura estão os efeitos principais do simpático e parassimpático nas vísceras. No intenstino, o simpático diminui motilidade (peristaltismo) e a secreção mucosa, enquanto que o parassimpático aumenta a motilidade e a secreção mucosa. QUESTÃO 21- Fale sobre as ações dos principais neurotransmissores: acetilcolina, noraepinefrina, serotonina, dopamina, GABA, glutamato. Acetilcolina: desempenha papeis importantes no sistema nervoso central e autônomo. É o neurotransmissor que se liga aos receptores nicotínicos na fenda sináptica ganglionar tanto da via simpática quanto da parassimpática. Nas terminações axonais em contato com a musculatura lisa, cardíaca ou glândulas, a acetilcolina se liga aos receptores muscarínicos das células efetoras desses tecidos e induz a contração. A ação da acetilcolina na via colinérgica do SNC está associada a funções cognitivas, tais como a memória e aprendizagem. A concentração de acetilcolina na fenda sináptica é controlada pela ação da acetilcolinesterase, uma enzima que degrada a acetilcolina. Norepinefrina ou Noradrenalina: é um neurotransmissor que desempenha papeis importantes no sistema nervoso autônomo, especificamente na subdivisão parassimpática. Suas principais ações no sistema cardiovascular estão relacionadas ao aumento do influxo celular de cálcio e a manter a pressão sanguínea em níveis normais. Porém, a adrenalina é uma das monoaminas (também conhecidas como catecolaminas) que mais influencia o humor, ansiedade, sono/vigília e alimentação junto com a serotonina e a dopamina. Esse neurotransmissor se liga aos seus receptores a e b- adrenérgicos das células efetoras para induzir respostas exclusivamente simpáticas nos órgãos. Serotonina (5-hidroxitriptamina, 5-HT): também é uma monoamina neurotransmissora sintetizada nos neurónios serotoninérgicos do SNC a partir do triptofano e nas células enterocromafins do trato gastrointestinal dos humanos e animais. Acredita-se que a serotonina desempenha um papel importante no sistema nervoso central como neurotransmissor que promove inibição da ira, agressão, temperatura corporal, sono, vômito e apetite. Está intimamente relacionada com o controle do humor e da euforia, levando à sensação de bem-estar. A serotonina se liga a seus receptores 5-HTR nas fendas sinápticas entre os neurônios do SNC. Os fármacos antidepressivos, que combatem a depressão, agem inibindo a recaptura de serotonina e também bloqueando a enzima monoamino oxidase (MAO) que degrada a serotonina na fenda sináptica para aumentar sua permanência e ação na sinapse. Dopamina: também é um neurotransmissor da família das catecolaminas que desempenha vários papéis importantes no SNC. A dopamina desempenha um papel importante no sistema de comportamento motivado por recompensa. A maioria das recompensas aumentam o nível de dopamina no cérebro, e muitas drogas viciantes, como a cocaína, aumentam a atividade neuronal da dopamina. Ela também está envolvida no controle de movimentos (motora), aprendizado, humor, emoções, cognição e memória. A desregulação da dopamina está relacionada a transtornos neuropsiquiátricos como o mal de Parkinson e a esquizofrenia. A dopamina se liga a seus receptores D (de Dopamina) nas fendas sinápticas entre neurônios do SNC. Ácido Gama-aminobutírico (GABA): É o principal neurotransmissor inibidor no sistema nervoso central dos mamíferos. Ele desempenha um papel importante na regulação da excitabilidade neuronal ao longo de todo o sistema nervoso. Nos seres humanos, o GABA também é diretamente responsável pela regulação do tônus muscular. No contexto comportamental, a ação inibitória do neurotransmissor GABA está relacionada com o comportamento agressivo e impulsividade em humanos. O GABA se liga a seus receptores denominados receptores GABAA e GABAB nas fendas sinápticas entre neurônios do SNC. Os fármacos ansiolíticos, que combatem a ansiedade, agem sobre os receptores do GABA para aumentar seu poder de inibição da função neurológica. Glutamato: O glutamato é um importante neurotransmissor excitatório, que desempenha um papel chave na potenciação de longa duração e é importante também para o aprendizado e a memória no SNC. Entre os receptores para o glutamato, encontramos receptores ionotrópicos ácido α-amino-3-hidroxi-5-metil-4-isoxazol propiônico (AMPA), receptores cainato e,N-metil-D-aspartato (NMDA).
Compartilhar