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Aula 2 Morfologia bacteriana Prof. Fabrício Campos Março 2016 Universidade de Brasília Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária Disciplina de Microbiologia Veterinária - Código: 161837 1 • Demonstrar as diferentes tipos morfológicos bacterianos Tamanho, forma e arranjo Componentes celulares Coloração de Gram Objetivo da aula 2 • Tamanho, forma e arranjo • Componentes celulares • Parede celular bacteriana • Coloração de Gram • Estruturas internas à parede celular Escopo da aula 3 Eucariotos •Núcleo verdadeiro • Fungos, protozoários • Plantas e animais Procariotos • Pré-núcleo • Bactérias 4 Principais características diferenciais Procariontes • DNA disperso no citoplasma • Cromossomo circular e geralmente 1 por célula • Ausência de organelas • Parede celular complexa composta de peptideoglicano • Formação de endósporos por algumas espécies • Divisão por fissão binária • Ribossomo 70S Eucariontes • DNA no núcleo verdadeiro – membrana e nucléolos • Cromossomo linear e geralmente mais de 1 por célula • Presença de organelas • Parede celular simples de composição variada • Ausência de endósporos • Divisão por mitose • Ribossomo 80S 5 • Tamanho, forma e arranjo • Componentes celulares • Parede celular bacteriana • Coloração de Gram • Estruturas internas à parede celular Escopo da aula 6 Tamanho • 0,1 a 3,0 µm de diâmetro • 2 a 8 µm de comprimento 7 • Esférica: Cocos •Cilíndrica •alada Homogêneos em relação ao tamanho, sendo menores que as demais formas 0,8 a 1,0 µm Forma 8 • Cilíndrica: Bacilos •Espiralada Em formato de bastão, longos ou pequenos, delgados ou grossos, extremidade reta ou arredondada Forma 9 • Espiralada Espirilos: possuem corpo rígido e se movem às custas de flagelos Espiroquetas: são flexíveis e locomovem-se às custas de concentração citoplasmática A C él u la P ro ca ri ó ti ca Forma 10 • Cocobacilos: Bacilos muito curtos • Vibriões: Espirilos muito curtos em formato de vírgula A C él u la P ro ca ri ó ti ca Formas de transição 11 Arranjos cocos 12 Arranjos bacilos 13 • Tamanho, forma e arranjo • Componentes celulares • Parede celular bacteriana • Coloração de Gram • Estruturas internas à parede celular Escopo da aula 14 Bactérias: Componentes celulares • Cápsula • Flagelo • Pili ou Fimbrias • Parede celular • Membrana celular • Citoplasma • Cromossomo bacteriano • Plasmídeo • Ribossomos • Corpúsculo de inclusão • Endósporo 15 Fonte: http://floydmiddle.typepad.com/.a/6a00d83452932669e2017c32859dd2970b-pi e dtc.pima.edu Estruturas externas à parede celular • Substâncias poliméricas extracelulares (SPE) • Flagelos • Fímbrias e Pili 16 Substâncias poliméricas extracelulares (SPE) • Estruturas em volta da parede celular – Polissacarídeos ou proteínas ou ambos • Cápsula: SPE mais densa e fortemente aderida • Camada limosa: polissacarídeos não tão fortemente aderida a célula • Glicocálice: polissacarídeo ou glicoconjugado mais frouxo • Camada S: proteínas e suas combinações • Capa: filamentos compostos por proteínas, lipídeos e polissacarídeos – bactérias aquáticas e metanogênicas 17 • Quem produz? • Gram-Positivos – Streptococcus pneumoniae – Bacillus sp. • Gram-Negativos – Klebsiella pneumoniae – Haemophilus influenza Substâncias poliméricas extracelulares (SPE) 18 Cápsula • Mais estudada das SPE • Composta (basicamente) por polissacarídeos – Raramente contém aminoaçúcares ou peptídeos • Presente na maioria das células procarióticas – Bactérias capsuladas e acapsuladas • Relacionada à virulência 19 • Aderência a superfícies ou tecidos • Proteção – Desidratação, anticorpos, bacteriocinas e fagocitose • Proteção contra alguns antimicrobianos • Pode servir como reserva de carbono e energia Funções da cápsula 20 • Estafilococos coagulase negativos – S. epidermidis – Camada limosa em grande quantidade que se difunde para o meio extracelular – infecções associadas ao uso de cateteres implantes (válvulas cardíacas) • Estreptococos orais – S. mutans (cárie) – Secretam uma rede fibrosa de polissacarídeos responsáveis pela adesão – placa dental Funções da cápsula 21 Cápsula – produção de vacinas – Utilização de polissacarídeos capsulares de Streptococcus pneumoniae – Synflorix – Pneumo 10 • Vacina pneumocócica 10-valente • 1, 4, 5, 6B, 7F, 9V, 14, 18C, 19F, 23F 22 Colônias de B. anthracis Tinta da China Coloração específica para visualização da cápsula Cápsula 23 Colônia de Streptococcus pneumoniae Coloração específica para visualização da cápsula Cápsula 24 Flagelos • Principais estruturas responsáveis pela locomoção • Longos apêndices filamentosos ligados à superfície celular – 20 nm de espessura e 15-20μm de comprimento • Formados por três partes • Filamento externo espiral – flagelina • Gancho – junção flexível • Corpo basal 25 Monotríquio Peritríquio Lofotríquio Anfitríquio Flagelos – Arranjos 26 Flagelos – Movimentos • Nado ou Corrida • Motilidade – Quimiotaxia e fototaxia – Movimentos ondulatórios – Movimentos rotatórios 27 Flagelos • ± 50% dos bacilos e todas as bactérias espirais são móveis • Pouquíssimos cocos são móveis – Adaptação a ambientes secos 28 Motilidade negativa Motilidade positiva • Teste da Motilidade Flagelos 29 • Geralmente mais curtas e delicadas do que os flagelos • Mais comum em bactéria Gram Negativas • Constituída da proteína pilina • Em geral, não estão relacionadas à motilidade Fímbrias 30 • Função – Aderência bacteriana: Neisseria gonorrhoeae; Escherichia coli enterotoxigênica e Streptococcus pyogenes • Pili K88 e K99 (E. coli diarréia em suínos) • Pili P e Tipo 1 (E. coli) • Pilus do Tipo IV (V. cholerea, P. aeruginosa, Salmonella enterica, EPEC, EHEC, Neisseria gonorrhoeae, Neisseria meningitidis) Fímbrias 31 Pili sexual • Troca material genético Fímbria especializada 32 en.engormix.com Pilus F (adesão ou retração) Pilus T (agregação) Pili sexual 33 • Tamanho, forma e arranjo • Componentes celulares • Parede celular bacteriana • Coloração de Gram • Estruturas internas à parede celular Escopo da aula 34 Parede celular • Estrutura presente na imensa maioria das células procarióticas • Protege a célula do dano mecânico, ruptura osmótica e faz a manutenção da forma • É um dos principais locais de ação dos antimicrobianos 35 • Atua na aderência da célula bacteriana • Faz distinção imunológica entre as cepas • Composta por peptidoglicano → Mureína Polímero de dissacarídeos ligados por ligações cruzadas Parede celular 36 Parede celular – Peptidoglicano • Peptidoglicano ou Mureína 37 Gram Positivas Gram Negativas 38 Parede celular – Peptidoglicano 39 Penicilina Fonte: Oliveira et al., 2009 Ação da penicilina 40 Fonte: Oliveira etal., 2009 Parede celular G+ 41 Parede celular – Gram Positivas P ar ed e C el u la r 42 Peptideoglicano Parede celular Parede Celular Polissacarídeo O Lipídeo A G- 43 Parede celular – Gram Negativas 44 P ar ed e C el u la r • Polissacarídeo O → são antígenos uteis na identificação de diferentes sorovares. Ex.: Escherichia coli O157:H7 • Lipídeo A → Endotoxina tóxica na corrente sanguínea ou no trato gastrointestinal Parede celular – Gram Negativas 45 Membrana externa G- • Porção Externa • Lipopolissacarídeo (LPS) e Fosfolipídeos • Endotoxina • Ativa macrófagos a produzir pirogênios • Induz inflamação • Ativa fatores de coagulação 46 Componente tóxico Ligação aos tecidos Impede fagocitose Variação antigênica Membrana externa G- 47 • Compartimento muito ativo que contem – Enzimas para a formação de componentes da membrana citoplasmática e da parede celular – Sistemas de secreção – Proteínas sensores para quimiotaxia e transdução de sinal – Proteínas de ligação Espaço periplasmático G- 48 Espaço periplasmático G- 49 • Tamanho, forma e arranjo • Componentes celulares • Parede celular bacteriana • Coloração de Gram • Estruturas internas à parede celular Escopo da aula 50 Coloração de Gram • 1884 – Hans Christian Joachim Gram • Procedimento de coloração classificando as bactérias em dois grandes grupos • Baseado na diferença da parede celular • Retenção ou não do corante cristal violeta na camada de peptideoglicano G+ G- Quem retém é positivo Quem não retém é negativo 51 C o lo ra ç ã o d e G ra m Gram- positivas Gram- negativas 52 Coloração de Gram - técnica 1. Confeccionar o esfregaço 2. Secar ao ar e fixar em chama 3. Cobrir a lâmina com cristal violeta por 30 segundos a 1 minuto Coloração do peptideoglicano 4. Lavar em água corrente 5. Cobrir a lâmina com lugol por 2 minutos Fixação do corante 6. Lavar a lâmina 7. Descorar rapidamente com álcool-acetona 8. Lavar a lâmina 9. Cobrir com safranina ou fucsina por 30 segundos Coloração de fundo (contra-corante) 10. Lavar a lâmina com água, secar e ler ao microscópio 53 30 s - 1 min Coloração do peptideoglicano 1 – 2 min Fixação do corante 30 s Coloração de Fundo Contra-Corante Coloração de Gram - técnica Lavagem com álcool 54 Coloração de Gram - técnica 55 Cocos Bacilos Coloração de Gram - técnica 56 Cocos /diplococos Bacilos Coloração de Gram - técnica 57 Gram variáveis • Microrganismos não corados pelo Gram • Bactérias Álcool-Ácido Resistentes (BAAR) – Mycobacterium sp • Parede celular complexa – Rica em Ácido Micólico • Coloração específica – Ziehl-Neelsen ou Kinyoun 58 Gram variáveis 59 C o lo ra ç ã o d e Z ie h l- N e e ls e n 60 BAAR BAAR se coram em vermelho na coloração de (Ziehl-Neelsen) 61 • Tamanho, forma e arranjo • Componentes celulares • Parede celular bacteriana • Coloração de Gram • Estruturas internas à parede celular Escopo da aula 62 Estruturas internas à parede celular • Membrana citoplasmática • Citoplasma • Ácido nucleico • Ribossomos • Corpúsculos de inclusão • Endósporos 63 Membrana citoplasmática • Estrutura fina (8nm) e fluida que envolve a célula procariótica • Composta por lipídeos (40%) e proteínas (60%) que se movimentam dentro da membrana • Consistência similar ao azeite 64 • Bicamada lipídica intercalada com proteínas – Mosaico fluido Bicamada Fosfolipídica Porina/Poro Membrana citoplasmática 65 • Bicamada lipídica intercalada com proteínas • Fosfolipídeos Cabeças polares (hidrofílicas) Fosfato e glicerol Caudas apolares (hidrofóbicas) Ácidos graxos Membrana citoplasmática 66 Funções • Compartimentalização – Separa o citoplasma do ambiente externo, permitindo a interação e troca seletiva de materiais entre bactérias e o ambiente • Imersão de proteínas funcionais e estruturais – Síntese – Respiração – Movimento flagelar – Sistemas de Secreção 67 Permeabilidade seletiva • Sistemas de Transporte de substâncias (exemplos) – Difusão Passiva 68 • Sistemas de Transporte de substâncias (exemplos) – Osmose Permeabilidade seletiva 69 • Sistemas de transporte de substâncias (exemplos) – Difusão facilitada Permeabilidade seletiva 70 Citoplasma • Porção fluida da célula • Nele encontram-se todas as estruturas responsáveis pelo crescimento e funcionamento – Nucleóide e água – Proteínas e DNA – Ribossomos – Aminoácidos, açúcares, vitaminas, coenzimas – Inclusões 71 biologia.edu.ar Ácido nucleico - Genoma ± 4 milhões de pares de base Várias cópias com milhares de pares de base DNA cromossomal DNA plasmidial Extração de DNA genômico 72 • DNA cromossomal – Molécula circular de DNA de fita dupla que contém os genes essenciais para o funcionamento da cél. bacteriana – Ligado a várias proteínas formando o nucleóide Ácido nucleico - Genoma 73 • DNA Plasmidial – Molécula circular de DNA extracromossômico, auto- replicável, responsável pela codificação de características especiais não essenciais para a célula – Resistência bacteriana Plasmídeo pCF10 de E. faecalis Substância de Agregação Asc10 • Mediação da agregação celular • Adesão às células hospedeiras • Resistência à morte pelos macrófagos Plasmídeo 74 Ribossomos • Complexos de proteínas e RNA ribossomal (rRNA) – Estrutura 70S • Subunidade 30S e 50S – S: Unidade Svedberg: coeficiente de sedimentação Principal função • Síntese proteica a partir de 20 aminoácidos • Sítio de tradução do RNA mensageiro (mRNA) 75 Ribossomos – estrutura 76 Gene do RNA ribossomal 16S • Cerca de 1500 pb • Regiões variáveis chamadas de V1, V2, ... até V9 • Amplificação via PCR • Utilizado no sequenciamento de nova geração 77 Fonte: Sanschagrin & Yergeau, 2014 Gene do RNA ribossomal 16S 78 Fonte: Sanschagrin & Yergeau, 2014 Ribossomos – Síntese Proteica • Ocorre somente quando as subunidades estiverem acopladas 79 Ribossomos – Síntese Proteica 80 Ribossomos – alvo de ATB 81 Fonte: http://www.microbiologybook.org/Portuguese/chap6-3.gif Ribossomos – alvo de ATB 82 Fonte: http://www.microbiologybook.org/Portuguese/chap6-4.gif Corpúsculos de inclusões • Em condições desfavoráveis, as bactérias usam inclusões para armazenar substâncias – Polissacarídeos – Lipídeos – Polifosfatos – Enxofre • Envolvidas por membranas • Separadas por diferenças na solubilidade 83 Polifosfato Enxofre Lipídeos Glicogênio Corpúsculos de inclusões 84 Endósporo • Alguns gêneros produzem o endósporo para se proteger do ambiente hostil – Células dormentes: metabolicamente inativas • Bactérias ESPORULADAS – Bacillus sp., Clostridium sp. • Sporosarcina sp., Sporohalobacter sp., Anaerobacter sp., Desulfotomaculum sp., Heliobacterium sp., Heliophilum sp. 85 Célula vegetativaEndósporos Condições desfavoráveis Célula com plena Atividade metabólica Célula dormente Condições favoráveis Endósporo 86 Endósporo – composição e estrutura • Capa e exospóro: integridade mecânica, 80% proteínas semelhantes à queratina • Córtex: camada espessa de peptideoglicano (10% peso) • Core/Cerne: citoplasma do endósporo 87 E s p o ru la ç ã o 88 Propriedades Célula vegetativa Endósporo Atividade enzimática Presente Ausente Síntese de macromoléculas Presente Ausente Resistência ao calor Baixa Alta Resistência a ácidos Baixa Alta Resistência à radiação Baixa Alta Sensibilidade à lisozima Sensível Resistente Sensibilidade a coloração Sensível Resistente Endósporo 89 • Qual a função da cápsula bacteriana? • Qual o principal componente da parede celular bacteriana? • Qual a principal diferença entre a parede celular das Gram (+) e das Gram (-)? • No processo de coloração de Gram, qual é o reagente que permite a diferenciação? Onde ele age? 90 Mensagens principais Mensagens principais • Qual a vantagem para uma bactéria abrigar um plasmídeo? • Qual a importância do gene 16S bacteriano? • Qual a principal função da membrana citoplasmática? • Que tipo de característica o endósporo confere as bactérias que o possuem? 91 92 Fonte: http://www.google.com/imghp Sugestões de leitura 93 • Livros: – MADIGAN, M.T.; MARTINKO, J.M.; PARKER, J. 2004. Microbiologia de Brook, 10a ed. São Paulo, Brasil: Prentice Hall, 608p. – ROSENTHAL, K.S., PFALLER, M.A., MURRAY, P.R. 2009. Microbiologia Médica - 6ª Ed Rio de Janeiro: Editora Elsevier, 960p. – TORTORA, G.J. FUNKE, B.R., CASE.C.L. Microbiologia, 10ºed. 2012. 967p. – VERMELHO, A.B.; BASTOS, M.C.F., BRANQUINHA DE SÁ, M.H. 2008. Bacteriologia Geral. Guanabara Koogan, 604p. • Artigos: – OLIVEIRA, J.H.H.L.; GRANATO, A.C.; HIRATA, D.B,. HOKKA, C.O.; BARBOZA; M.; TRSIC., M. 2009. Ácido clavulânico e cefamicina C: uma perspectiva da biossíntese, processos de isolamento e mecanismo de ação. Quím. Nova, vol.32, pp. 2142-2150. – SANSCHAGRIN, S., YERGEAU, E. Next-generation Sequencing of 16S Ribosomal RNA Gene Amplicons. J. Vis. Exp. (90), e51709, doi:10.3791/51709 (2014). • Sites: – http://www.co.it.pt/~emanuel/celia/bacteria.htm – http://www.microbiologybook.org Sugestões de leitura camposvet@unb.br Grato pela atenção!!! 94
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