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Aula 3 Controle físico e químico dos microrganismos Prof. Fabrício Campos Março 2016 1 Universidade de Brasília Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária Disciplina de Microbiologia Veterinária - Código: 161837 • Demonstrar as diferentes formas de controle físico e químico dos microrganismos Conceitos Controles físicos Controles químicos Objetivo da aula 2 • Conceitos • Métodos de controles físicos • Métodos de controles químicos Escopo da aula 3 • Conceitos • Métodos de controles físicos • Métodos de controles químicos Escopo da aula 4 • O controle dos microrganismos iniciou-se há cerca de 100 anos: • Estudos de Pasteur • Joseph Lister (uso do fenol) 5 Histórico • Industrial • Laboratorial • Hospitalar • A escolha do método depende do objetivo, do tipo de material e do nível de controle que se deseja obter 6 Aplicações • Controle de microrganismos = • Redução da carga microbiana • Na microbiologia, MORTE => Perda da capacidade reprodutiva 7 Técnica • Parede Celular • Membrana Citoplasmática • Enzimas e Proteínas • DNA e RNA 8 Alvos celulares 9 Conceitos relacionados ao controle dos microrganismos Desinfecção? Limpeza? Assepsia? Sanitização? Bactericida? Bacteriostático? • Você sabe o que é.... Esterilização? • Processo que visa a destruição total de todas as formas de vida de um material ou ambiente, através de métodos físicos ou químicos 10 Esterilização • Eliminação parcial dos microrganismos, mata as formas vegetativas, mas não as esporuladas de microrganismos patogênicos presentes num material inanimado • Métodos: substâncias químicas (desinfetantes), radiação UV, água fervente ou vapor 11 Desinfecção • SANITIZAÇÃO: utiliza um agente, normalmente químico, em utensílios e equipamentos, que reduz a população microbiana até níveis compatíveis com às exigências da saúde pública • ASSEPSIA: procedimentos que visam evitar o retorno da contaminação a um objeto, superfície ou local • ANTI-SEPSSIA: Desinfecção de tecidos vivos, como pele e mucosas • LIMPEZA: Remoção de sujidades que indispensavelmente antecede os procedimentos de desinfecção ou esterilização 12 Sanitização, assepsia, anti-sepssia e limpeza • BACTERIOSTATICO: inibição do crescimento, pela inibição da síntese protéica, entretanto a bactéria não está morta • BACTERICIDA: morte celular por lise 13 Bacteriostático e bactericida • Tamanho da população • Intensidade ou concentração do agente microbiocida • Tempo de exposição ao agente • Temperatura • Natureza do material contendo os microrganismos • Características dos microrganismos • Condições ambientais (pH, umidade) 14 Condições que influenciam a capacidade antimicrobiana 15 Eficiência do controle • Para obter maior eficiência do controle microbiano, deve-se levar em consideração alguns princípios básicos • Os mesmos devem ser aplicáveis a todos os métodos 1. Avaliar susceptibilidade das espécies para esse agente 2. O contato do agente com o microrganismo deve ser facilitado 3. O tempo de exposição adequado, entre o agente escolhido e o microrganismo para permitir a ação necessária 16 Princípios básicos Fases do crescimento bacteriano 17 Fonte: https://online.science.psu.edu/sites/default/files/micrb106/GrowMetabolism/cow02354_06_12.jpg • Taxa de morte microbiana 18 Redução da população bacteriana 19 Redução da população bacteriana • População inicial de 10^5 = 100.000 • Redução de 90%: 10^4 = 10.000 • Redução de 99%: 10^3 = 1.000 • População inicial de 10^10 = 10.000.000.000 • Redução de 90%: 10^9 = 1.000.000.000 • Redução de 99%: 10^8 = 100.000.000 • Conceitos • Métodos de controles físicos • Métodos de controles químicos Escopo da aula 20 • Calor (úmido, seco, pasteurização) • Filtração; • Baixas temperaturas; • Alta pressão; • Dessecação • Pressão osmótica • Radiação 21 Métodos de controle físicos • Calor: úmido, seco, pasteurização • Mecanismos de ação: desnaturação das proteínas (enzimas) 22 Métodos de controle físicos 23 Calor úmido • Fervura: destrói formas vegetativas de bactérias patogênicas, fungos e grandes partes de vírus em 10 minutos (endosporos resistem por mais tempo) • Autoclave: maior temperatura devido a pressão (esterilização efetiva) 24 Calor úmido 25 Pasteurização • Objetivo: eliminar microrganismos patogênicos, prolongar a qualidade, utilizado em alimentos perecíveis (leite, iogurte, sorvete, cerveja) • Tempo de pasteurização difere: qto a viscosidade, teor de gorduras 26 Pasteurização Saída dos tubos Entrada da câmara Saída da câmara Entrada dos tubos septos • Lenta (62-65ºC – 30 min) • Rápida (72-75ºC/15 a 20 seg) • UHT (135-145ºC/2 a 5 seg) 27 Pasteurização 28 Calor seco: desnaturação, perda da integridade celular • Chama direta: bico de Bunsen (até rubro) • Incineração • Ar quente: estufa (180oC / 2 h) • Aplicado principalmente a instrumentos e materiais sólidos (por exemplo vidraria) • Requer uma temperatura e um tempo maior (180°C/duas horas) • Obtido em fornos de esterilização (Forno de Pasteur) 29 Calor seco 30 Controle biológico • Testes utilizados para monitorar e validar processos, garantindo a segurança do métodos Químicos: fitas termossensíveis Biológicos: consiste numa população padronizada de microrganismos viáveis (usualmente esporu- lados) conhecidos como resistentes ao modo de esterilização a ser monitorado 31 Controle do processo de esterilização em autoclave • Cor inalterada • pH inalterado • Esporos mortos • Não há germinação • Cor alterada • pH alterado • Esporos vivos • Há germinação Funcionamento da autoclave normal Funcionamento da autoclave comprometido 32 Controle do processo de esterilização em autoclave Bactérias retidas num filtro 33 • Mecanismo de ação: remoção mecânica • Soluções sensíveis ao calor • Filtros de membrana: ésteres de celulose, polímeros plásticos 0,22μm e 0,45μm para bactérias Filtração 34 Filtração • Filtros de ar de alta eficiencia (90%) • Membranas de acetato de celulose 35 Fluxo laminar • Mecanismo de ação: interrupção do metabolismo bacteriano • Liofilização: água sublimada do interior da célula 36 • Os microrganismos permanecem viáveis, porém latentes com a ausência de água Dessecação • Refrigeração comum (0 a 7ºC): bacteriostático (exceto para bactérias psicrotróficas) • Congelamento: -20ºC; Lento: bactérias em estado latente Rápido: mais letal, ciclos de congelamento e descongelamento são utilizados Nitrogênio líquido: -196 ºC 37 Baixas temperaturas • Ionizantes: raios gama, raios X e feixes de elétrons de alta energia • Mecanismo de ação: os raios ionizam a água, formando radicais hidroxila altamente reativos 38 Radiação 39 Radiação • Não-ionizantes: radiação não muito penetrante: UV (260nm) • Mecanismo de ação: alteram o DNA pela formação de dímeros C A T C A 40 Radiação • Fortes e curtos pulsos elétricos• Ação sobre bactérias: ruptura da membrana celular, formação de poros na membrana 41 Campo elétrico pulsado • Aumento da concentração de sais ou açúcares • Mecanismo de ação: provoca a saída de água condensando o citoplasma e retraindo a membrana 42 Pressão osmótica 43 • Conceitos • Métodos de controles físicos • Métodos de controles químicos Escopo da aula 44 • Desinfetantes e/ou anti-sépticos: halogênios (cloro, iodo) álcoois (etanol 70%, isopropanol) fenóis e bifenóis (o-fenilfenol, tricosan) biguanidas (clorexidina) agentes tensoativos (sabões e detergentes) • Quaternários de amônio • Metais (Ag, Hg, Cu) • Conservantes de alimentos • Antibióticos (nisina) • Esterilizantes gasosos (oxirano) • Aldeídos (glutaraldeído) 45 Métodos de controle químicos • Desinfetantes: capacidade de penetração na matéria orgânica sem perder sua ação germicida e ausência de ação corrosiva • Anti-sépticos: não ser irritante, não interferir no processo de cicatrização e não ser absorvido pela pele 46 Controle químico dos microrganismos 1. Possuir alta eficiência germicida 2. Ser de efeito rápido, ter amplo espectro antimicrobiano e ação prolongada 3. Apresentar estabilidade química, devendo ser solúvel em água e nos líquidos orgânicos 4. Ser inodoro ou ter odor agradável 5. Incolor 6. Não produzir manchas 47 Características dos desinfetantes • Parede celular • Membrana plasmática • Ligação cruzada entre macromoléculas • Intercalação de DNA • Interação com grupos tióis (sulfidrilas) • Oxidação 48 Alvo de alguns agentes químicos • Mecanismo de ação: desnaturação de proteínas e dissolução de lipídios de membranas –Bactericida –Não age sobre endósporos e vírus não envelopados • Álcool etílico: 70% • Álcool isopropílico: puro é superior ao etílico 49 Álcoois 50 Álcoois Fonte: Tortora, 2012 • Mecanismo de ação: liberação de O2 hiper reativo que oxida os sistemas enzimáticos • Exemplos: Peróxidos: H2O2 3% age sobre organismos anaeróbios Ácido peracético: efetivo contra bactérias, fungos, endosporos e vírus Ozônio: empregado na desinfecção de água 51 Agentes oxidantes • Mecanismo de ação: alquilação dos grupos funcionais das proteínas (aminas, carboxilas, hidroxilas), inativando-as • Alquilação: transferência de um grupo alquila (CH3-CH2-) de uma molécula para outra Aldeído fórmico: solução em água de 3 a 8 % Aldeído glutárico: soluções alcalinas a 2% Formalina: solução aquosa de formol, associada a um sabão ou detergente 40% 52 Aldeídos e derivados 53 Alvo Ação Esporos bacterianos Inibe germinação (altas concentrações); É esporocida (baixas concentrações) Micobactérias Provavelmente a parede celular Outras bactérias que não formam esporos Associação forte com camadas mais externas da parede celular; Ligação ente aminoácidos de proteínas; Inibição de transporte na célula Fungo Parede celular Vírus Ligação proteína-DNA e mudanças no capsídio Mecanismo de ação antimicrobiana do glutaraldeído • Mecanismo de ação: desnaturam proteínas e rompem membranas plasmáticas lipídicas Exemplos: fenol; cresol hexaclorofeno; 54 Fenóis • Fenol: desinfetante fraco, atividade bactericida em concentrações de 0,2 a 1% • Cresóis: creolina -> superfícies • Triclosano (bifenol): uso em superfícies • Hexaclorofeno (bifenol): em desuso por causar alterações neurológicas 55 Fenóis 56 Clorexidina ou biguanida • Anti-sepsia da pele e bucal • Neogidine: uso veterinário (para o controle de doenças respiratórias em aves e suínos) • Neoprodine: antibacteriano (melhorador de desempenho) para aves e suínos • Iodo: solução alcoólica a 2%, bactericida, fungicida, virucida, alta concentração é esporocida • Mecanismo de ação: presume-se que há a combinação irreversível a proteínas, interação com os aminoácidos aromáticos, fenilalanina e tirosina, inibindo suas funções 57 Halogênicos e derivados • Cloro: cloro + água = ácido hipocloroso • Mecanismo de ação do 2HOCl: oxida grupos SH e NH2 de enzimas bacterianas, inibindo-as • Hipoclorito de sódio (vírus); dióxido de cloro e cloraminas (cloro + amônia) Cl2 + H2O H+ + Cl- + HOCl 58 Halogênicos e derivados • Agente de superfície • Mecanismo de ação: alteram a permeabilidade da membrana, inibem enzimas, desnaturação de proteínas • Ativas contra G+ e pouco menos ativas contra G- • Ex.: Cloreto de benzalcônio e cloreto de cetilpiridínio (cepacol) Compostos quaternários de amônio 59 • Mecanismo de ação: desnaturação de proteínas combinam-se com proteínas, geralmente nos grupos SH (sulfidrilas) • Ação bacteriostática • Ex.: Mercurocromo e mertiolate 60 Metais pesados 61 Metais pesados • Mecanismo de ação: alquilação direta dos grupos carboxilas, hidroxilas e sulfidrilas, inativando certas enzimas • Óxido de etileno: atua pela interação com proteínas, alta capacidade de penetração, é explosivo (campo cirúrgico, jaléco) • Betapropiolactona: baixa capacidade de penetração, carcinogênico 62 Esterilizantes gasosos Agente Químico Concentração (%) Aplicações Nível de Atividade Compostos Fenólicos 0,5-3,0 Desinfecção de objeto inanimado Intermediário Álcoois 70-90 Anti-sepsia da pele, desinfecção de instrumentos cirúrgicos Intermediário Iodo 1 Anti-sepsia da pele, pequenos cortes, desinfecção da água Intermediário Compostos Clorados 0,5-5,0 Desinfecção da água, superfícies não metálicas, equipamentos de laticínios, materiais domésticos Baixo Mercúrio 1 Anti-sepsia da pele, desinfecção de instrumentos Baixo • Alto: mata todas as formas de vida microbiana • Intermediário: mata o bacilo da Tuberculose, Fungos e vírus, mas não os esporos • Baixo: não mata o bacilo da tuberculose, nem os esporos e vírus em um tempo aceitável 63 Resumo: controle químico de mo Fatores importantes associados ao uso de agentes químicos • Potência • Espectro de ação • Álcool-idodado: maior efeito residual e bactericida 64 Determinação do coeficiente fenólico 1/2 1/4 1/8 1/16 1/32 1/64 Fenol 1/2 1/4 1/8 1/16 1/32 1/64 Substância a ser testada 2 Banho maria (20°C/5 min) 1 65 Fenol Substância a ser testada 3 Acrescentar 0,5 ml de cultura padrão 4 Depois de 5, 10 e 15 minutos, semear em placas estéreis 1 amostra de cada diluição Salmonella typhi Staphylococcus aureus 66 Determinação do coeficiente fenólico 5 Após 48h, observar as culturas e identificar a maior diluição onde não se observa crescimento (turbidez), após 10 min. Diluição da substância, em que há crescimento Diluição do fenol em que há crescimento •Coeficiente fenólico = 1/64 1/8 = 8 Exemplo: 67 Determinação do coeficiente fenólico Agente Staphylococcus aureus Salmonella typhi Fenol Cloramina Cresols Etanol Formalina Água oxigenada Lisol Cloreto de mercúrio Tintura de iodo 1,0 133,0 2,3 6,3 0,3 ------- 5,0 100,0 6,3 1,0 100,0 2,3 6,3 0,7 0,01 3,2 143,0 5,8 Coeficiente fenólico de alguns agentes químicos 68 Staphylococcus aureus Escherichiacoli Pseudomonas aeruginosa Determinando o espectro de ação de um desinfetante 69 1 3 2 4 1 3 2 4 1 3 2 4 Staphylococcus aureus Escherichia coli Pseudomonas aeruginosa = Disco impregnado com desinfetante 70 Determinando o espectro de ação de um desinfetante 71 Determinando o espectro de ação de um desinfetante Mensagens principais • Qual a diferença entre esterilização e desinfecção? • Quais são as fases do crescimento bacteriano? • Qual é o objetivo das pasteurização? • Qual a diferença entre a autoclave e o forno de Pasteur? • Por que em alguns casos devemos utilizar a filtração? 72 Mensagens principais • O que ocorre durante o processo de congelamento? • Qual o modo de ação da radiação não ionizante? • Qual a diferença entre desinfetante e anti- séptico? • Qual a concentração adequada do álcool? • Qual a vantagem do álcool-iodado? 73 Sugestões de leitura 74 Fonte: http://www.google.com/imghp Sugestões de leitura 75 • Livros: – MADIGAN, M.T.; MARTINKO, J.M.; PARKER, J. 2004. Microbiologia de Brook, 10a ed. São Paulo, Brasil: Prentice Hall, 608p. – ROSENTHAL, K.S., PFALLER, M.A., MURRAY, P.R. 2009. Microbiologia Médica - 6ª Ed Rio de Janeiro: Editora Elsevier, 960p. – RUTALA, W.A., WEBER, D.J. 2008. Guideline for Disinfection and Sterilization in Healthcare Facilities. Healthcare Infection Control Practices Advisory Committee, CDC, 158p – TORTORA, G.J. FUNKE, B.R., CASE.C.L. Microbiologia, 10ºed. 2012. 967p. – VERMELHO, A.B.; BASTOS, M.C.F., BRANQUINHA DE SÁ, M.H. 2008. Bacteriologia Geral. Guanabara Koogan, 604p. • Artigos: – GRAZIANO, M.U., GRAZIANO, K.U., PINTO, F.M.G., BRUNA, C.Q.M., SOUZA, R.Q., LASCALA, C.A. 2013. Effectiveness of disinfection with alcohol 70% (w/v) of contaminated surfaces not previously cleaned. Revista Latino-Americana de Enfermagem, 21(2), 618-623. • Sites: – http://www.sciencemuseum.org.uk/broughttolife/people/josephlister – http://www.microbiologybook.org Grato pela atenção!!! camposvet@unb.br 76
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