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relatorio da visita tecnica a veracel

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CURSO: Engenharia ambiental 
ALUNO: Carlos Ernani Brito Borges 
INTRODUÇÃO
Este relatório tem como objetivo discorrer a cerca da visita técnica realizada na Veracel Celulose, no dia 23 de agosto de 2017, com os alunos da disciplina de solos II do curso de engenharia ambiental do IFBA, campus Vitoria da Conquista, sob orientação da professora da disciplina Joseane Oliveira.
A Veracel é uma indústria multinacional, destaque na produção de celulose, atua na área de produção de celulose e opera desde o plantio do eucalipto até a entrega da celulose. O eucalipto é a principal matéria prima de toda a produção de celulose, pois a sua madeira tem um tipo de fibra curta que permite fazer vários tipos de papal nobres, além de outros produtos feitos a partir da celulose.
Sua trajetória iniciou a 26 anos quando a empresa Veracruz Florestal começou a comprar terras na região, atualmente detém de uma área de 83 mil hectares de plantação de eucalipto e 96 mil de mata atlântica, os restantes 11 mil são destinados a projetos sociais que beneficiam as comunidades circunvizinhas.
A Veracel está localizada no sul da Bahia, ocupando parte do bioma da Mata Atlântica e está presente em 10 municípios da região. Seu núcleo florestal e industrial fica na cidade de Eunápolis- BA já seu núcleo logístico fica na cidade de Belmonte. Com operações industriais, florestais e de logística (modal marinho). A produção é exportada pelo porto de Belmonte que fica a 60 km do núcleo industrial, de lá a produção segue para o Portocel, no Espirito Santo (porto especializado em logística de celulose). Toda a produção é vendida pelas duas empresas acionárias, a Fibria e a Stora Enso, detidas, cada uma de 50% das ações da empresa, e é vendida para empresas da China, Europa e Estados Unidos, como a Tetra Parque, a Cig e a Ciberiparque, segundo a funcionaria da empresa nenhuma parte da produção é vendida para o Brasil. Esse empresas fazem papeis absorventes e macios como papeis de fraudas, os chamados papeis nobres. 
OBJETIVO
O objetivo da visita foi conhecer a infraestrutura tecnológica da fábrica, bem com, controles realizados pela empresa que cuida da parte de gestão de resíduo, diante disso pode se afirmar que a visita teve como objetivo principal fazer um parâmetro relacionando à contribuição do aprendizado absorvido na visita, com o aprendizado absorvido durante a disciplina de solos II, aprendizado este que diz respeito a parte química da produção da celulose e principalmente da parte de gestão de resíduos, os quais produzem adubos e fertilizantes
DESENVOLVIMENTO
 Com produção diária da ordem de 3300 toneladas de celulose branqueada, operando 24 horas por dia, a Veracel está instalada em Eunápolis desde 1991, atualmente possui cerca de 2500 funcionários de empresas terceirizadas e 400 funcionários próprios, atuando em vários setores de produção. A Veracel possui um ramo de negócio voltado especificamente para geração celulose, que vai do plantio do eucalipto até a venda da celulose, entretanto varias atividades provenientes da sua produção e da sua implantação são desenvolvidas dentro e fora do perímetro da empresa, atividades como: desenvolvimento sustentável, desenvolvimento social, gestão de resíduos, além do manejo e reciclagem das águas utilizada no processo de fabricação, por isso é necessário a contratação de outras empresa de setores específicos, como empresas de transporte, empresa de gestão de resíduos, dentre outros.
Os alunos do curso de engenharia ambiental do IFBA –Campus Vitoria da Conquista chegaram na fabrica por volta das 09h50min, formaram um único grupo composto por onze pessoas e foram recebidos pelos funcionários da empresa, na recepção onde foi distribuído os EPI’s, como capacetes e mascaras necessários para se adentrar ao local, a funcionaria da empresa explicou a necessidade da utilização da mascara, que serve para casos de acidentes de vazamentos de gás, em seguida os alunos visitaram vários setores da fabrica, vale salientar que durante o deslocamento entre os setores citados a seguir, pode-se observar alguns setores que não foram visitados, entretanto foram explicados de forma breve pelos funcionários da empresa que acompanhava turma.
Primeiro setor
A turma seguiu para o escritório da VIDA, empresa terceirizada responsável pela gestão de resíduos, e foi bem recebida pelo representante de empresa, cujo nome é Álvaro, no caminho se pode observar algumas das etapas do processo de reutilização da agua.
Álvaro iniciou a conversa falando sobre a história da empresa, que tem mais de trinta anos e começou no Rio Grande do Sul, a parceria com a Veracel começou em 2005. A VIDA foi fundada pelo engenheiro agrônomo José Antônio Lutzenberg, que era um ambientalista conhecido no exterior e no Brasil, foi secretário de meio ambiente no governo Collor, além de ter sido um dos representantes do Rio-92. Com especialização em fertilizantes, trabalhou em diversos países, veio para o Brasil e começou a trabalhar no grupo Boulegart, indústria de celulose que tinha todo efluente gerado jogado no rio sem nenhum tratamento. A partir daí junto com outros ambientalistas ele fez um movimento contra a indústria e o órgão ambiental responsável os obrigou a utilizarem filtros para tratamento primário, secundário e terciário, a indústria por falta de recursos demitiu os funcionários e fechou as portas. Em seguida o estado comprou a instalação da indústria readmitiu os funcionários e cumpriu todas as exigências do órgão, a partir dai o Lutzenberger, começou a estuda a parte de gestão de resíduos, durante quatro anos ele foi pra Alemanha realizar estudos na área. 
Álvaro também falou sobre a crise enfrentada pela empresa no ano de 2011, esta crise se deu pelo fato de que a fabrica atingiu o pasci de produção o que gerou um acumulo de resíduos nos pátios de secagem e nas valas de efluentes, obrigando-os a adotar uma novo protocolo de funcionamento, traçando metas para um novo sistema de produção. A situação foi resolvida nos anos posteriores e a política adotada vigora até hoje. 
Durante o processo de fabricação da celulose é produzido uma enorme quantidade de resíduos, a responsabilidade de cuidar e tratar os efluentes e resíduos do processo de fabricação da indústria fica para VIDA. Álvaro explicou como é feita o processo de tratamento de resíduos e mostrou dados estatísticos sobre os resíduos gerados, além da quantidade reciclada pela empresa durante os últimos anos.
Ficou evidentemente que a preocupação da VIDA é reciclar a baixo custo a maior quantidade de resíduos, reduzindo a geração de passivos ambientais, lidando com as problemáticas, economia e ambiente. A otimização econômica está associada ao baixo custo e a lucratividade de tratar os resíduos, transformando– os em produtos comercializáveis, considerando que uma central de tratamentos tem um custo benefício melhor do que a implementação de um aterro sanitário, ou seja, por ser mais barato e lucrativo tratar os resíduos gerados e transformá-los em produtos para comercialização. A problemática ambiental está associada a redução e compensação da degradação gerada pela empresa que trata e reaproveitar resíduos.
As atividades da empresa gira em torno do tratamento dos resíduos advindos da produção de celulose, tendo como principais resíduos partes da madeira, o óxido de Cálcio, o efluentes, dentre outros resíduos tratados e reaproveitados pela empresa. Os resíduos advindos da madeira diz respeito as cascas do eucalipto e parte das toras que não, esses resíduos são destinadas a um pátio formando enormes leiras (figura 1) que são revolvidas periodicamente até sofrerem fermentação anaeróbia e originarem um substrato orgânico. Este substrato será utilizado como material para compostagem feita no processo de recuperação de áreas degradadas pela empresa durante o processo de extração do Eucalipto. Vale lembrar que as leiras com cascas utilizadas na compostagem são revolvidas em media uma vez por mês a dependera umidade presente no ar, quando a umidade estiver baixa é preciso ter muito cuidado na hora do revolvimento, pois o oxigênio ao entrar em contato com a parte interna das leiras, que por sua vez possui temperatura elevada, pode entrar em combustão.
O óxido de Cálcio, resíduo proveniente da atividade industrial, será misturado com outros materiais e colocado em um posto de secagem para a formulação em diversos tipos de corretivo para solos. Após sua formulação, os produtos serão estocados já secos e prontos para a comercialização. Os corretivos produzidos pela VIDA são as Cinzas Cálcio-Magnésio e Cinza Calcítica. As cinzas são uma mistura de carbonato de cálcio com cinzas de madeira, enriquecidos com outros nutrientes vegetais como o fósforo. As Cinzas Cálcio-Magnésio está disponível em duas versões uma com 40% de óxido de Cálcio e 4% de óxido de Magnésio (ideal para culturas que demandam muito cálcio em solos sem deficiência de magnésio) e outra com 38% de óxido de Cálcio e 8% de óxido de Magnésio (ideais para áreas que apresentam deficiência de magnésio mais acentuada). A Cinza Calcítica é um corretivo de acidez com 50% de óxido de cálcio, ideal para solos com deficiência de cálcio mais acentuada.
 Por último, mas não menos importante, o efluente gerado durante o processo de fabricação da celulose é armazenado em um sistema de quatro valas (figura 2 e 3) onde irá haver um acúmulo de lodo no fundo das valas. O lodo será transferido para outra vala para passar por um processo de fermentação anaeróbia onde ele será transformado em fertilizante. Após a fermentação, o fertilizante orgânico será levado para um conjunto de estufas plásticas para secagem, dando origem assim ao Humoativo e ao Humosolo. O efluente já sem o lodo (figura 4) passa por um tratamento adequado para voltar a ser água utilizável. Uma curiosidade é que o Humoativo foi o primeiro produto comercializado pela VIDA. O Humoativo é o fertilizante gerado após a fermentação e a secagem do lodo tratado, já o Humosolo é uma mistura entre o Humoativo e a casca do Eucalipto.
Segundo setor
Retornando para recepção para uma breve apresentação da empresa, no auditório, através de uma palestra realizada pela funcionaria Karina, onde foi possível coletar dados qualitativos, quantitativos e históricos sobre a Veracel. Além de saber sobre os projetos sociais que são realizados pela empresa, pode-se entender o processo de plantio, colheita e transporte do eucalipto, as florestas plantadas de eucalipto estão presentes em todo o território da Veracel exceto nos corredores ecológicos, ordenados por lei para minimizar o isolamento geográfico da faúla e flor e também com exceção das áreas de declívio, pois a extração é feita com maquinas e as maquinas não vão em áreas declivosas. O transporte das toras de eucalipto é realizado por caminhões tiritem, que as levam pra a fabrica, onde são trituradas em pedaços chamados de cavacos que são depositados em uma enorme pilha (figura 5).
Terceiro setor
Dando seguimento a visita, os alunos seguiram para o setor de controle, onde é monitorado através de painéis digitais toda o processo de fabricação e foram recebidos pelos funcionários que explicaram respectivamente sobre o processo de produção da celulose e sobre a geração de energia da fabrica. No primeiro painel de controle, estavam presentes os comandos da primeira etapa da produção, onde acontece a seleção dos cavacos, através de uma peneira, que no momento da visita não estava em funcionamento, pois estava em manutenção, estes cavacos são selecionados por tamanhos, essa seleção é feita pois na etapa seguinte o licor adicionado não consegue chegar ao núcleo dos cavacos grandes e pode alterar propriedades dos cavacos pequenos, desta forma os cavacos indesejados seguem para as caldeiras de geração de energia. Após a adição do licor branco que é composto de soda e de sulfeto, inicia-se o possesso de designificação, feito em um digestor com temperatura em torno de 150°, que dura em torno de 4:30 a 5:00 horas, este processo é realizado para acontecer a separação da lignina e extrativos da celulose, é nesta parte que gera o licor escuro, pois ao absorver a lignina ele fica com a cor mais escura. Vale lembrar que o processo de designificação acontece duas vezes para uma melhor seletividade, entretanto a segunda é realizada com temperaturas mais brandas. Depois de todo o processo de deslignificação, ainda há indícios de partículas não desejadas de ligninas, chamadas de ”incozidos“ (figura 6) estas partículas são responsáveis por unir as fibras da madeira e mantê-la rígida nos nós, portanto a etapa seguinte, chamada de depuração, consiste em separar os incozidos da celulose, devolvendo os incozidos para a pilha de cavacos parar ser integrada novamente no sistema. Após a depuração é gerados uma poupa de celulose pura, esta poupa tem coloração escura e para branqueá-la e utilizado o dióxido de coloro e o peroxido de hidrogênio, também é adicionado soda e acido sulfúrico para controle de PH, este processo dura em media de 6 a 8 horas. Em seguida a poupa segue para secagem.
No terceiro painel de controle pode-se observara produção de energia da fabrica, todos os resíduos transferidos para as caldeiras de força, são queimadas gerando em torno de 70 toneladas/vapor, este vapor chega até as pás das turbinas, que faz a mesma girarem, gerando energia potencial mecânica. O eixo da turbina é conectado no eixo do gerador, este gerador é quem transforma a energia rotacional mecânica em energia elétrica. No momento da visita a fabrica estava gerando 122 Mega Watts. Para operar toda a fabrica é necessário 70 Mega Watts, o resto da energia produzida no momento estava sendo enviada, 30 Mega Watts pra EC Bahia, e o restante estava sendo vendida para a Chesf.
Quarto setor
Neste setor (figura7) foi possível observar com funciona o processo final da celulose. Após a secagem a poupa de celulose já branqueada segue para um sistema industrial de máquinas altamente tecnológicas que deixa a poupa no formato de placas de tamanhos iguais e as embalam em caixas para seguir para a exportação.
CONCLUSÕES
A empresa recebeu os alunos com todo cuidado, desde a segurança até a o cuidado com a explicação dos comandos e funções de cada setor, durante a visita surgiram varias duvidas dos estudantes, tais dividas foram bem explicadas pelos funcionários da empresa, isso contribuiu para atingir os objetivos da visita, as explicações iam desde a parte técnica até a parte química do processo.
Alguns pontos negativos foram observados, pode-se perceber o quanto a empresa desmata para plantação de uma monocultura de eucalipto, por mais que siga todas as leis, os prejuízos ainda são grandes, prejudicando principalmente a fauna a e flora da mata atalanca, além de prejudicar as comunidades circunvizinhas de diversas formas.
A visita foi proveitosa e atingiu os objetivos esperados, os alunos conseguiram observar e entender como funciona a estação de atamento de água, além de entender parte física e química da gestão de resíduos, entenderam como se fabrica compostos orgânicos como humativo, substratos de casca de eucalipto, humosolo dentre outros produtos, os quais são gerados pelos resíduos produzidos pelo processo de fabricação da celulose. Os alunos demonstraram interesse pela visita, o sistema de gestão de resíduos promoveu um grande potencial de estímulo à cidadania sustentável nos alunos, é necessário voltar todo este potencial de estimulo para a melhoria da sustentabilidade dos seus respectivos espaços de convivência, neste sentido, ações cotidianas mesmo em escalas reduzidas passam a ter uma enorme importância para o meio ambiente, principalmente por seus aspectos pedagógicos e educativos, capazes de gerarem consciências, ações, atitudes e capacidades que motivem, estimulem e fortaleçam a construção de um futuro sustentável.
AGRADECIMENTOS
Agradecer primeiramente a Deus por ter nos proporcionado o dom da vida.
Agradecer a atençãoda funcionaria Karina, também ao representante da VIDA, sr. Álvaro e a todos os colaboradores da empresa que nos receberam com muita atenção.
Agradecer em especial a professora de solos II, Joseane por ter proporcionado a visita, contribuindo para um aprendizado técnico cientifico dos alunos.
ANEXOS 
FIGURA 1
 
FIGURA 2:
FIGURA 3:
FIGURA 4:
FIGURA 5:
FIGURA 6:
FIGURA 7:
FIGURA 8:
Central de tratamento de resíduos em Belmonte: 1 Pátio de secagem das cascas de eucalipto/2 Pátio de secagem dos corretivos de acidez do solo/3 Armazenamento dos corretivos já prontos/4 Valas de tratamento de lodo/5 Estufas de secagem dos fertilizantes/6 Galpão de beneficiamento)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Jorge, Debora. Veracel noticias. julho de 2917; n° 75: Eunápolis. A Veracel noticia é uma publicação interna da Veracel dirigida aos seus colaboradores e familiares.
Comitê de Apuração. Relatório de Sustentabilidade Veracel Celulose. Eunápolis: Veracel; 2013.

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