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MembranasExcitaveis2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA GERAL
BIO 200 – Biofísica
Membranas Excitáveis
Membranas Biológicas
A membrana celular é uma camada com aproximadamente 5,0 nm de espessura, constituída por lipídios intercalados com proteínas que define os limites de cada célula. Funciona como uma barreira de permeabilidade que permite à célula:
Manter um meio químico apropriado para os seus processos metabólicos,
Regular o volume citoplasmático, e
Transferir informação sob a forma de sinais químicos e elétricos. 
As membranas que revestem as várias organelas (núcleo, mitocôndria, retículo endoplasmático, lisossomos e aparelho de Golgi) permitem a compartimentalização funcional da célula, com possibilidade de limitar processos bioquímicos a certos locais. 
Apesar das particularidades individuais, todas as membranas biológicas são formadas por uma dupla camada de fosfolipídios e por proteínas, que são capazes de selecionar, por mecanismos de transportes passivos e ativos, as substâncias que podem passar para dentro ou para fora das células.
O modelo mais aceito para a estrutura da membrana é do Mosaico Fluido (figura 1), segundo o qual a membrana é formada por uma bicamada de lipídios (impermeáveis a íons), onde as proteínas se encontram mergulhadas. O termo mosaico se deve ao aspecto da membrana na microscopia eletrônica.
Figura 1: Modelo do Mosaico Fluido para a estrutura da membrana plasmática animal.
Enquanto que a bicamada lipídica determina a estrutura básica das membranas biológicas, as proteínas são responsáveis pela maioria das funções da membrana celular. As proteínas de membrana dividem-se, com base na força de interação com os fosfolipídios, em intrínsecas e extrínsecas. As proteínas extrínsecas ou periféricas ligam-se às superfícies interna ou externa por forças eletrostáticas. As proteínas intrínsecas ou integrais interagem com os lipídios por ligações hidrofóbicas.
As classes principais de proteínas transportadoras são:
Proteínas formadoras de poros ou canais, também chamadas de poros hidrofílicos, onde ocorre somente transporte passivo, e 
Proteínas transportadoras ou carreadoras, que podem realizar tanto transporte passivo quanto ativo. 
As membranas plasmáticas de eucariotos também contêm quantidades particularmente grandes de colesterol. As moléculas de colesterol aumentam as propriedades da barreira da bicamada lipídica e, devido a seus rígidos anéis planos de esteróides, diminuem a mobilidade e torna a bicamada lipídica menos fluida.
Trabalho realizado no transporte
Se a molécula transportada não tem carga, é simplesmente a diferença de concentração entre os dois lados da membrana (seu gradiente de concentração) que impulsiona o transporte passivo e determina a sua direção. Se a molécula possui carga elétrica, tanto o seu gradiente de concentração quanto a diferença de potencial elétrico através da membrana (potencial de membrana que define um gradiente elétrico) influenciará o seu transporte. Assim, o gradiente de concentração e o gradiente elétrico podem ser combinados para calcular a força impulsora resultante, ou seja, o seu gradiente eletroquímico.
As membranas plasmáticas apresentam uma diferença de potencial elétrico (potencial de membrana) através delas, com o interior negativo em relação ao exterior. Essa diferença de voltagem favorece a passagem de íons positivamente carregados para o interior celular, mas opõe-se à entrada de íons carregados negativamente.
As células também bombeiam ativamente certos solutos através da membrana contra seus gradientes eletroquímicos: processo conhecido como transporte ativo e é sempre mediado por proteínas transportadoras. No transporte ativo, a atividade de bombeamento das proteínas transportadoras tem sempre uma direção determinada, porque este transporte está acoplado a uma fonte de energia metabólica, como a hidrólise de ATP ou um gradiente iônico. 
Resumindo, o transporte ativo ocorre contra um gradiente eletroquímico, é unidirecional, depende de energia metabólica, é sempre mediado por proteínas transportadoras, é específico para uma dada substância ou grupo de substâncias análogas.
O trabalho realizado no transporte de um determinado soluto através da membrana pode ser determinado pelo gradiente eletroquímico ((µT) para esse soluto, que representa uma combinação de dois fatores: o gradiente elétrico ((µE) e o gradiente químico ((µo):
(µT = (µE + (µo
 
Como:		
(µE = z(EF
(µo = RTlnC2/C1
Logo:		
(µT = z(EF + RTlnC2/C1
Onde:
(E = Diferença de potencial elétrico entre os 2 compartimentos (potencial do compartimento final menos o potencial do compartimento inicial), mV 
R = Constante universal dos gases, 8,314 J.K-1.mol-1
T = Temperatura, K
z = Valência (carga) do íon (sempre considerar o sinal da carga)
F = Constante de Faraday, 96,49 J.mol-1.mV-1
C2 = Concentração final do íon, M
C1 = Concentração inicial do íon, M
Se (µT < 0, o transporte é passivo.
Se (µT > 0, o transporte é ativo.
Se (µT = 0, não existe fluxo líquido para que esse íon atravesse a membrana.
Exemplo 1: Para uma célula com um potencial de membrana de -85 mV, concentração de Na+ externa de 140 mM e interna de 12 mM, concentração de K+ externa de 4 mM e interna de 160 mM, a energia gasta pela bomba de Na+ e K+, ou seja, a energia necessária para o transporte de 3 moles de Na+ para o exterior celular e 2 moles de K+ para o interior celular será de:
Para o Na+:
Para 3 moles: 3 x 14533,5 J = 43600,5 J ou 43,6 kJ
Para o K+:
Para 2 moles: 2 x 1305,8 J = 2611,7 J ou 2,61 kJ
	Então, para o transporte de 3 moles de Na+ para o exterior celular e 2 moles de K+ para o interior celular serão gasto:
∆µT = (43,6 + 2,61) kJ = 46,21 kJ
Observe que o potencial de membrana se refere ao potencial do lado interno da membrana. Como o Na+ está sendo transportado para o exterior, o ΔE corresponde à diferença de potencial entre o lado externo e o interno e passa a ser +85 mV. O ΔE para o K+ que está entrando na célula é negativo, -85 mV.
A célula gasta mais energia para transportar o Na+ para fora que para transportar o K+ para dentro, visto que a membrana é carregada negativamente do lado interno. O transporte de Na+ ocorre contra gradiente elétrico e contra o gradiente químico, e o transporte de K+ ocorre somente contra gradiente químico. Assim, a célula realiza intenso trabalho para manter o Na+ bem distante de seu potencial de equilíbrio.
Potencial de equilíbrio iônico: Equação de Nernst
A equação de Nernst fornece o potencial de membrana em condições de equilíbrio para um determinado íon. Assim, o potencial de Nernst é o potencial de membrana no qual o potencial eletroquímico do íon é zero.
O fluxo de qualquer íon através de um canal protéico é impulsionado pelo gradiente eletroquímico para esse íon. Esse gradiente representa a combinação dos dois fatores: o gradiente de concentração e o gradiente elétrico. Quando esses dois fatores se igualam, ou seja, ΔµE = Δµ0, então, o gradiente eletroquímico é zero para o íon e não existe fluxo líquido desse íon através do canal. O potencial de membrana no qual esse equilíbrio é atingido é chamado potencial de equilíbrio para o íon ou potencial de Nernst (E):
ΔE= diferença de potencial entre os dois lados da membrana. Se a medida for feita no interior celular e der -85 mV, então, o exterior terá 0 mV. Se a medida fosse feita no lado externo para essa mesma célula, então daria uma voltagem de +85 mV e o lado interno teria 0 mV.
Exemplo 2: Considerando a célula do exemplo anterior:
Observa-se que i íon K+, positivo, é atraído para o lado interno com uma energia elétrica, ou seja, um gradiente elétrico (ΔµE):
 
Esta é a força elétrica que atrai o K+ para o interior celular.
Por outro lado, o gradiente de concentração é favorável à saída do K+ e, assim, empurra o K+ para o exterior celular com uma energia
química ou gradiente de concentração (Δµ0):
A 37ºC para o K+: 
No equilíbrio: o potencial eletroquímico é igual a zero (∆μT = 0), não ocorre fluxo líquido de K+. A força que atrai o K+ para o interior se iguala à força que empurra o K+ para o exterior, ou seja, o gradiente elétrico é contrabalançado pelo gradiente de concentração (∆μE = ∆μ0​).
O potencial de membrana onde ocorre este equilíbrio é chamado de potencial de equilíbrio para o íon ou potencial de Nernst.
E como: 
(Einterno-Eexterno) = E = Potencial de Nernst ou potencial de equilíbrio iônico.
Então o potencial de equilíbrio para um íon é dado pela equação de Nernst:
Onde E corresponde ao potencial de membrana do lado interno.
Considerando a célula adotada como exemplo, temos:
Para o Na+:
	
Para o Cl-:
Bases iônicas da excitabilidade da membrana
Grande atenção deve ser dada às funções dos canais iônicos nas células nervosas, porque são nessas células que os canais protéicos atuam em seu nível mais alto de sofisticação, capacitando as redes de células nervosas a executarem todos os surpreendentes feitos de que o cérebro humano é capaz. Apesar da variedade de significados dos sinais transportados por diferentes classes de neurônios, a forma do sinal é sempre a mesma, consistindo de mudanças no potencial elétrico através da membrana plasmática do neurônio.
Os canais protéicos formam poros hidrofílicos que se estendem através da bicamada lipídica. Quando esses poros estão abertos, eles permitem a passagem de solutos específicos (geralmente íons inorgânicos de carga e tamanho apropriados) através da membrana, numa velocidade muito maior do que o transporte mediado por proteínas carreadoras. Assim, a função dos canais iônicos é permitir a difusão rápida de íons inorgânicos através da membrana, a favor de seus gradientes eletroquímicos. Os canais não podem ser acoplados a uma fonte de energia, logo não realizam transporte ativo.
As células nervosas utilizam uma variedade de tais canais para receber, conduzir e transmitir sinais. Os canais iônicos são seletivos e oscilam entre os estados aberto e fechado. Abrem em resposta a um estímulo específico: mudança de voltagem através da membrana, tensão mecânica ou devido a presença de um ligante como um neurotransmissor (mediador extracelular) ou um íon (mediador intracelular).
Os canais iônicos também são responsáveis pela excitabilidade elétrica das células musculares, e atuam mediando a maioria das formas de sinalização elétrica de sistema nervoso central (SNC). Os mais comuns são os canais permeáveis ao K+, encontrados na membrana plasmática das células animais. Um subconjunto de canais de K+ encontram-se abertos mesmo em uma célula não estimulada ou em repouso, e são chamados de canais vazantes de K+. Esses canais têm a função de tornar a membrana plasmática muito mais permeável ao K+ do que a outros íons e, por isso, desempenham um papel fundamental na manutenção do potencial de membrana (diferença de voltagem que está presente através de todas as membranas plasmáticas).
O número de íons que deve se mover através da membrana para estabelecer o potencial de membrana é muito pequeno. Também, os movimentos de carga são muito rápidos, durando milissegundos ou menos. Assim, as concentrações iônicas permanecem praticamente inalteradas nos dois lados da membrana.
Potenciais Bioelétricos
. Potencial de repouso
Potencial de repouso é potencial de membrana ou a diferença de voltagem existente entre os dois lados da membrana não excitada ou em repouso. Esta diferença de potencial elétrico está presente em todas as membranas plasmáticas e, em animais, resulta da difusão iônica passiva, enquanto, em vegetais e fungos, resulta do bombeamento eletrogênico ativo.
O potencial de repouso da membrana plasmática de células animais varia de -20 mV a -200 mV, dependendo do organismo e do tipo celular. Normalmente, o potencial de repouso da membrana é próximo do potencial de equilíbrio do K+. O gradiente de K+ sempre tem uma influência principal nesse potencial, entretanto, os gradientes de outros íons e o efeito desequilibrante das bombas iônicas também exercem algum efeito. Assim, quanto mais permeável a membrana for a um dado íon, mais fortemente o potencial de membrana tenderá a ser levado em direção ao valor de equilíbrio para esse íon. O potencial de membrana de células animais depende principalmente dos canais vazantes de K+ e do gradiente de K+ através da membrana plasmática.
O potencial de membrana decai apenas lentamente quando a bomba de Na+K+ é inativada subitamente. Primeiro, ocorre uma pequena queda no potencial, devido a contribuição direta de 10% dessa bomba na formação do potencial de membrana, bombeando 3 Na+ para fora e 2 K+ para dentro. A membrana plasmática, contudo, é permeável a todos íons inorgânicos pequenos, e, portanto, sem a Na+K+ ATPase, os gradientes iônicos formados pelo bombeamento diminuirão progressivamente, rompendo o equilíbrio osmótico pela entrada de Na+ e de água na célula, e, se a célula não arrebentar, ela atingirá um novo estado de equilíbrio, onde os íons estarão todos em um novo equilíbrio nos dois lados da membrana, resultando num potencial de repouso muito menor que na célula normal com a bomba de Na+K+ ativa.
. Potencial de ação
O potencial de ação (PA) pode ser definido como uma onda de alterações consecutivas do potencial de membrana de células de tecido excitáveis, que ocorre após a aplicação de um estímulo. É disparado por uma despolarização de membrana (potencial zero), passando para uma polarização invertida (potencial positivo) e, em seguida, uma repolarização (potencial negativo, ou seja, retorno ao potencial de repouso normal). Assim, as três fases de potencial de ação são: Despolarização (D), Polarização invertida (I) e Repolarização (R) da membrana.
Após a aplicação de um estímulo, ocorre uma mudança na permeabilidade da membrana, a qual se torna transitoriamente mais permeável ao Na+, causando abertura dos canais de Na+ controlados por voltagem e um influxo de Na+, gerando uma despolarização, seguida por uma polarização invertida no local de membrana que recebeu o estímulo. Então, desaparece a força que impulsiona a entrada de Na+, fecham os canais de Na+ controlados por voltagem e abrem os canais de saída de K+ controlados por voltagem, o que causa uma repolarização neste local de membrana. Esta onda de alterações do potencial se propaga por toda a membrana.
Qualquer mudança na permeabilidade da membrana a íons causa uma mudança no potencial de membrana. Esse é o princípio chave que relaciona a excitabilidade elétrica das células às atividades dos canais iônicos. No repouso a membrana é mais permeável ao K+. Durante o potencial de ação a membrana se torna transitoriamente mais permeável ao Na+. A membrana plasmática de todas as células eletricamente excitáveis – neurônios, células musculares, endócrinas e do óvulo – contém canais de cátions com portões controlados por voltagem, os quais são responsáveis pela geração do PA.
Em células nervosas, um estímulo que cause despolarização suficiente faz abrir imediatamente canais de Na+ controlados por voltagem, permitindo que uma pequena quantidade de íons Na+ entre na célula a favor de seu gradiente eletroquímico. O influxo de cargas positivas despolariza a membrana adicionalmente, abrindo mais canais de Na+, causando mais entrada de Na+ e maior despolarização. Esse processo continua de forma auto amplificada até que o potencial elétrico naquela parte localizada da membrana tenha mudado de seu valor de repouso, de cerca de -70 mV, para quase o valor do potencial de equilíbrio do Na+, de aproximadamente +50 mV, levando a uma polarização invertida. Nesse ponto, quando a força impulsora para o influxo de Na+ é quase nula, a célula atinge um novo estado de equilíbrio, visto que a conformação do canal de Na+ não é estável da forma aberta. Os canais
de Na+ têm um mecanismo automático de inativação, fechando-se os canais rapidamente e mantendo-os inativados até alguns poucos milissegundos após o potencial de membrana ter retornado ao valor negativo inicial, que corresponde à fase de repolarização da membrana. 
Além da inativação dos canais de Na+, também ocorre a abertura de canais de K+ controlados por voltagem, causando um efluxo de K+, auxiliando a membrana a retornar mais rapidamente ao seu estado inicial. A despolarização auto amplificada dessa porção de membrana, entretanto, é suficiente para abrir canais de Na+ controlados por voltagem na vizinhança e despolarizar regiões vizinhas de membrana, as quais realizam, então, o mesmo ciclo. Desse modo, o potencial de ação se propaga como uma onda até percorrer toda a membrana plasmática. Ocorre uma despolarização auto propagada por toda a membrana.
. Propagação do potencial de ação
Um potencial de ação só pode se propagar para diante do sítio inicial de despolarização porque a inativação dos canais de Na+ impede a despolarização de se propagar no sentido contrário. 
A mielinização aumenta a velocidade e a eficiência da propagação do potencial da ação em células nervosas. Nos nervos mielínicos ou mielinados, a membrana do axônio é envolvida pela célula de Schwan, cuja membrana é rica em uma substância chamada mielina. As partes descobertas são os nódulos de Ranvier.
 A condução do potencial de ação ocorre de forma saltatória e não de forma contínua, ou seja, as trocas iônicas ocorrem apenas nos nódulos de Ranvier e o impulso salta sobre as bainhas de mielina. Nos nervos amielínicos ou amielinados, a membrana do axônio está em contato direto com os tecidos vizinhos, ou seja, não está envolvida pela mielina e, então, a condução do potencial de ação ocorre de forma contínua.
Na esclerose múltipla, ocorre a destruição da bainha de mielina em algumas regiões do SNC por um mecanismo desconhecido, resultando numa propagação dos impulsos nervosos muito mais lenta, com conseqüências neurológicas devastadoras.
. Variações dos potenciais de repouso e de ação em função das condições do sistema
Tanto no potencial de repouso como o potencial da ação são mecanismos muito sensíveis as condições intra e extracelulares. Variações nas concentrações iônicas refletem na magnitude e duração desses potenciais. O aumento da concentração extracelular de K+ altera o potencial de repouso para um valor menos negativo. A célula não sobrevive muito tempo nestas condições. Isto ocorre porque o aumento na [K+] externa resulta em redução do gradiente [K+]e /[K+]i, e, consequentemente, redução do efluxo de K+.
A diminuição da concentração extracelular de Na+ altera o potencial de ação, porque há menor concentração de Na+ para entrar rapidamente na célula durante as fases de despolarização e polarização invertida do potencial de ação. Entretanto, alteração da [Na+] externa não influencia diretamente o potencial de repouso, pois na membrana não excitada esse íon é lentamente transportado.
	Variação nas concentrações iônicas intra e extracelulares refletem na magnitude e duração desses potenciais. 
	
↑ [K+]e ↓ Potencial de repouso de –70mV até 0 ou +10 mV
↓ o gradiente [K+] ext e ↓ transporte passivo de K+ para o exterior da membrana 
 [K+] int 
↓ [Na+]ext ↓ Potencial de ação e não influencia diretamente potencial de repouso
	
Neurônio
	A tarefa fundamental do neurônio é receber, conduzir e transmitir impulsos elétricos ou sinais. Para realizar essas funções, em geral, os neurônios são estruturas alongadas.
	Neurônio → estende-se da medula espinhal a um músculo no pé → 1 metro de comprimento para uma única célula
O neurônio consiste de: 
Corpo celular ou soma, que contém o núcleo e possui numerosas projeções, os dendritos e um axônio;
Axônio, o qual conduz sinais que se afastam do corpo celular em direção a alvos distantes; e
Dendritos, curtos e ramificados, os quais se estendem do corpo celular como antenas e fornecem uma área de superfície celular aumentada para receber sinais dos axônios de outras células nervosas. Os sinais são também recebidos pelo próprio corpo celular.
A extremidade terminal do axônio geralmente se divide em várias ramificações, e assim, um único axônio pode passar a sua mensagem simultaneamente a muitas células alvo. De modo similar, o grau de ramificação dos dendritos pode ser muito grande – em alguns casos o suficiente para receber tantos quantos 100.000 sinais em um único neurônio.
Apesar da variedade de significados dos sinais transportados por diferentes classes de neurônios, a forma do sinal é sempre a mesma, consistindo de mudanças no potencial da membrana plasmática do neurônio. A comunicação ocorre porque uma perturbação elétrica produzida em uma parte da célula propaga-se a outras partes.
Sinapses
Os sinais neuronais são transmitidos, de uma célula para outra, através de conexões especiais conhecidas como sinapses. Na sinapse há uma junção da parte terminal de um axônio de uma célula pré-sináptica, com os dendritos ou o corpo celular de uma célula pós-sináptica. A célula pré-sináptica é eletricamente isolada da pós-sináptica pela fenda sináptica. Nas sinapses, a transmissão do impulso nervoso entre dois nervos, ou entre um nervo e um efetor, como o músculo (junção neuromuscular), é feita através de um mediador químico (neurotransmissor) ou de um contato elétrico (sinapses especiais).
A transmissão do sinal elétrico pode ser esquematizada pelo seguinte mecanismo: inicialmente uma mudança no potencial elétrico da célula pré-sináptica provoca a liberação de uma molécula sinalizadora, o neurotransmissor. O neurotransmissor se difunde através da fenda sináptica e provoca mudança elétrica na célula pós-sináptica por se ligar em canais de iônicos controlados por transmissor. Imediatamente, o neurotransmissor é recapturado garantindo precisão espacial e temporal da sinalização em uma sinapse. 
Canais iônicos controlados por transmissor são especializados na conversão de sinais químicos extracelulares em sinais elétricos nas sinapses químicas. Esses canais estão concentrados na região sináptica da membrana plasmática da célula pós-sináptica e abrem transitoriamente em resposta a ligação de um neurotransmissor, produzindo uma mudança na permeabilidade da membrana. A natureza do neurotransmissor determina se o impulso que chega a fibra pré-sináptica vai passar para a fibra pós-sináptica (sinapse excitatória) ou se vai ser bloqueado (sinapse inibitória).
A transmissão neuromuscular envolve a ativação sequencial de diferentes canais iônicos. Quando o impulso nervoso atinge o terminal nervoso e despolariza a membrana do terminal, a despolarização abre canais de Ca++ controlados por voltagem nessa membrana. O aumento da [Ca++] no citosol dispara a liberação da acetilcolina na fenda sináptica, que se liga aos receptores de acetilcolina na membrana plasmática da célula muscular, abrindo os canais cátions associados a esse receptor. O excesso de acetilcolina é hidrolisado pela acetilcolinesterase presente no interior da fenda sináptica. O influxo de Na+ causa despolarização da membrana e abre canais de Na+ controlados por voltagem, causando maior despolarização que ativa canais de Ca++ controlados por voltagem em regiões especializadas da membrana. Isso por sua vez causa a abertura de canais de Ca++ em uma região adjacente da membrana do retículo sarcoplasmático e, consequentemente, causa a liberação de Ca++ do retículo sarcoplasmático para o citosol, levando a contração das miofibrilas da célula muscular.
Os íons Ca++ concentrados nas cisternas do retículo sarcoplasmático são liberados passivamente e atingem os filamentos finos e grossos da vizinhança, ligando-se à troponina e permitindo a formação de pontes entre actina e miosina. Quando cessa a despolarização, o retículo sarcoplasmático, por processo de transporte ativo, transporta novamente o Ca++
para dentro das cisternas, o que interrompe a atividade contrátil.
	Na miastenia (doença auto-imune, caracterizada por fraqueza muscular progressiva), o organismo produz anticorpos contra os receptores musculares da acetilcolina das dobras juncionais e inibem a comunicação normal entre o nervo e o músculo. 
. Sinapses Excitatórias
Na sinapse excitatória, o potencial de ação chega à extremidade pré-sináptica e libera o neurotransmissor das vesículas. Esse mediador liberado atravessa a fenda sináptica e se liga em receptores específicos, resultando em aumento da permeabilidade da membrana a pequenos íons, especialmente ao Na+. A penetração dos íons Na+ DESPOLARIZA a membrana pós-sináptica e quando suficientemente intensa, inicia um potencial de ação.
Neurotransmissores excitatórios, tais como a acetilcolina, glutamato e serotonina, abrem canais de Na+, causando um influxo de Na+ que despolariza a membrana na direção do potencial de limiar para o disparo de um PA.
. Sinapses Inibitórias
Na sinapse inibitória o processo é semelhante, mas o neurotransmissor liberado aumenta a permeabilidade aos íons K+ que saem da célula, deixando carga negativa não contrabalanceada e, especialmente aos íons Cl-, que penetram na membrana pós-sináptica provocando uma HIPERPOLARIZAÇÃO, bloqueando a passagem do potencial de ação que chega.
Neurotransmissores inibitórios, tais como a glicina e o ácido (-aminobutírico (GABA), abrem canais de Cl-, causando um influxo de Cl- que hiperpolariza a membrana, tornando mais difícil excitar a célula pós-sináptica, bloqueando, dessa forma, a passagem do impulso nervoso. 
A estriquinina (toxina) se liga aos receptores de glicina, bloqueando a ação da glicina, o que causa espasmos musculares, convulsões e morte.
A maioria das drogas usadas no tratamento da insônia, ansiedade, depressão e esquizofrenia exerce seus efeitos nas sinapses químicas e, muitas dessas drogas, agem ligando-se a canais controlados por neurotransmissores. Os barbitúricos, por exemplo, se ligam a receptores GABA, potencializando a ação inibitória do GABA, por permitir que concentrações mais baixas desse neurotransmissor abram canais de Cl-.
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