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93 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a administração financeira Unidade III 5 INDICADORES DE DESEMPENHO Vamos, nesta unidade, reunir e apresentar medidas preventivas no que se refere à área financeira das organizações. Como se fosse possível apresentá‑las a título de exemplo elucidativo do “como não fazer”, ou do “como fazer melhor”, a unidade dimensionará situações reais de empreendimentos de sucesso e de aparente fracasso. Iremos demonstrar quais os padrões (parâmetros do setor ou indústria) que existem no mercado financeiro brasileiro para efeito de comparações, no intuito de que tais indicadores possam balizar as ações gerenciais de forma direta e eficiente. Dessa forma, nosso estudo será encaminhado a um tripé extremamente importante nas finanças: o risco, o retorno e o hedge (proteção). 5.1 Risco e retorno Todos os empreendimentos estão sujeitos a algum tipo de risco. Sendo assim, é um bom conselho que todas as projeções devam conter sua relação de risco, que é o perigo a que estão sujeitas nossas atitudes, especialmente aquelas tomadas no campo financeiro mais específico, ou gerencial no campo mais abrangente. Estudiosos no assunto definiram dois tipos de riscos: o risco sistemático, ou comum, ou inerente a qualquer negócio, cujo melhor exemplo é o das condições econômicas do país, que tanto afetam as decisões empresariais; o outro tipo é risco específico, ou próprio, cujo melhor exemplo é o do setor de serviços, quando se vê afetado por reclamações trabalhistas inerentes aos defeitos ou situações próprias que têm na relação com seus empregados. O risco pode e deve ser gerenciado, pode ser previsto, quantificado e, portanto, minimizado. Na gestão do risco, devemos separá‑los nos riscos de característica operacional, e aqueles com característica financeira. Os riscos operacionais são aqueles típicos de cada operação. Por exemplo, se uma empresa só consegue sobreviver em suas vendas se praticar o prazo, correrá o risco de ter problemas ou não, dependendo de suas políticas próprias de crédito. A propósito, comecemos por delinear os riscos inerentes à conta Duplicatas a Receber – ou Clientes –, nas empresas que vendem a prazo. Os riscos variam de acordo com as características de cada cliente ou tomador do crédito. Os mais conhecidos e pertinentes são: 94 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade III Risco do negócio Está ligado à incerteza que uma empresa tem de obter determinado resultado em seu negócio, uma vez que o ponto de equilíbrio operacional deve ser meta constante a ser alcançada e a margem de contribuição deve ser suficiente para cobrir os custos e despesas operacionais fixas. Lembrete Há uma variedade quase infinita de empresas e de situações competitivas que deverão ser enfrentadas, nas quais se evidenciam os controles dos custos fixos, harmonização de um faturamento ideal, e obtenção de um lucro que satisfaça as necessidades dos investidores e também da própria empresa. Assim, o administrador que desejar quantificar seus riscos terá que analisar sistematicamente a força e a fraqueza de sua empresa, procurando antecipar os futuros problemas. Em se tratando de crédito, terá que fazê‑lo também junto a seus clientes. Dentre os diversos tipos de riscos do negócio, destacamos: • Risco inicial O risco que envolve o início das atividades, por meio de um dimensionamento ideal do capital social necessário ao negócio, e os próprios limites relativos ao talento dos gestores ou administradores. • Risco de caixa Que se traduz na falta de dinheiro, ou dimensionamento inadequado ao pagamento dos compromissos assumidos, sejam eles internos ou externos. • Risco de autoridade Ocorre quando os limites pessoais de delegação de autoridade não são aceitos ou inexistem, criando confusões administrativas e desobediência generalizada a ordens. • Risco de liderança Ocorre quando a empresa não tem comando ou quando este comando não é percebido pelos participantes do processo organizacional. • Risco da sucessão Ocorre quando o fundador da empresa não sabe a quem “passar o bastão” em termos familiares e, ao mesmo tempo, quando estes fazem parte da administração. 95 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a administração financeira Observação Observe que o risco de negócio refere‑se estritamente às condições em que a empresa se encontra e, neste aspecto, cabem análises do ambiente interno e externo à empresa. Risco financeiro É ressaltado pela utilização excessiva de empréstimos, quer em curto prazo – para a manutenção das atividades operacionais –, quer em longo prazo – para investimentos em Ativos Permanentes. Essas atitudes são primordiais para a manutenção das atividades financeiras dentro de parâmetros suportáveis. A cobertura dos custos financeiros é uma tarefa que requer planejamento adequado. Se assim não se proceder, há o risco de atraso nos compromissos e mesmo a impossibilidade de alcance da necessária lucratividade. Risco político Que se traduz na influência considerável que a condução política do Estado traz às empresas e aos negócios. A dinâmica nas regras econômicas e tributárias promovidas pelos governos federal, estaduais e municipais é de tal ordem que acabam por inibir a atuação empreendedora, causando instabilidade e influência, por vezes negativa, nos negócios e transações de médio e longo prazo. Com todas as consequências de ordem social e econômica que tal fato acarreta. Observação Observe que o risco político é um condicionante externo à empresa, mas que deve ser considerado: daí a importância de se conhecer o ambiente da política econômica governamental. Riscos contingentes Devemos reconhecer que os negócios convivem com incertezas e inseguranças. Incêndios, alagamentos e enchentes são fatores muitas vezes incontroláveis. Há situações, entretanto, que podem ser previstas e mantidas como Passivos contingenciais. Dentre elas se destacam as ações trabalhistas, imposição de multas, autuações etc. Risco do prazo O ideal, numa economia, é que todas as transações se realizem à vista, ou seja, sem necessidade de financiamento a prazo. Todavia, não é o que ocorre. A cada dia o crédito aos clientes é mais e mais importante. E também a necessidade de buscar idêntica aliança junto aos fornecedores. Este ciclo precisa 96 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade III ser favorável – um adequado ciclo de caixa –, sob pena de estabelecer‑se um desequilíbrio financeiro na relação Ativo Circulante versus Passivo Circulante. Risco da insolvência Trata‑se de um risco permanente em situações de crédito determinadas pelo mercado de atuação da empresa. A formação de uma provisão para devedores duvidosos é de vital importância para a “saúde” financeira do negócio. A Administração Financeira deve reconhecer tal risco em toda sua magnitude e estabelecer normas e políticas que venham a equacionar e, sobretudo, diminuir o impacto deste risco na rentabilidade do negócio. Como riscos com característica financeira, destacamos aqueles que possam causar prejuízos diretamente nos resultados ou na condução de uma política financeira saudável, tais como a) mudança inesperada no custo das mercadorias ou insumos, movidos por problemas econômicos nacionais; b) redução dos preços de venda por problemas econômicos ou específicos do setor; c) mudança inesperadae representativa na taxa de câmbio; d) mudança inesperada e significativa nas taxas de juros. Saiba mais O assunto risco é bastante interessante. Aqui, o que se apresentou, foi o tratamento empresarial do risco. Você poderá efetuar a leitura prazerosa do livro de Charles P. Kindleberger, intitulado Manias, pânicos e crashes: uma história das crises financeiras (Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2000). Nesta obra, o autor chama atenção para as crises financeiras que podem ser geradas a partir do momento em que investidores de todos os tipos avaliam de forma incorreta os riscos que são assumidos diante algum investimento. Fica a dica! Retorno Retorno é todo ganho ou perda de um proprietário ou aplicador de recursos sobre os investimentos realizados. É, portanto, uma expectativa pessoal, subjetiva ou objetiva, de quanto renderá um valor aplicado em ações, fundos de investimento ou outro Ativo. Por que expectativa pessoal? Porque todo investimento apresenta um determinado risco. Pode dar certo ou não. Pode se concretizar ou não. Pode depender de terceiros ou não. Pode apresentar situações inusitadas e desconhecidas que frustrem as expectativas iniciais, ou até mesmo promessas contratuais. Vejamos estes aspectos de forma detalhada. Em Administração Financeira, o Retorno sobre o Patrimônio Líquido (RsPL) é a fórmula mais importante para se analisar uma aplicação em ações ou cotas de uma sociedade. Quando as aplicações são feitas no mercado de capitais, existem dois modelos específicos que podem ser aplicados para otimização dos retornos nestes investimentos: o Capital Asset Pricing Model – CAPM 97 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a administração financeira (Modelo de Preços de Ativos) e o Arbitrage Pricing Theory – APT (Teoria de Preços de Arbitragem) que, por sua natureza, fogem ao escopo da presente unidade. Tratemos, portanto, de analisar o Retorno sobre o Patrimônio Líquido, objetivo maior deste tópico, uma vez que, como gestor financeiro, o profissional da área é por vezes instado a opinar sobre tal medição pelos acionistas ou cotistas, interessados diretos na rentabilidade do patrimônio (riqueza) da organização. Como tal, o percentual de retorno sobre o Patrimônio Líquido pode até ser subjetivo, mas pode ser estabelecido nas metas da organização, objetivando o seu cumprimento ao longo de um período de tempo predeterminado. No entanto, o que não se pode admitir é um trabalho de gestão financeira que não tenha esse percentual definido e aceito entre as partes. Lembrete Lembre‑se de que nesta disciplina estamos tratando de finanças empresariais e, portanto, da atividade sobre o uso e retorno do Patrimônio Líquido. 6 HEDgE (PROtEçãO) Hedge é um instrumento de proteção financeira, praticado com o objetivo de reduzir ou eliminar riscos. Literalmente, podemos traduzi‑lo como “cerca”, ou seja, é o ato de “cercar” um risco com uma proteção de idêntica força. Consiste no ato de tomar‑se uma providência financeira cujos resultados econômico‑financeiros sejam do mesmo valor absoluto, minimizando eventuais variações. É muito praticado nos casos em que as empresas tomem empréstimos em moeda estrangeira, acarretando um risco em relação à sua variação no período em consideração. Saiba mais Para melhor entender tanto a questão do retorno quanto a questão da proteção do investimento de forma estratégica, a leitura do livro de Armando Mellagi Filho e Sérgio Ishikawa, Mercado financeiro e de capitais (São Paulo: Editora Atlas, 2000) apresenta‑se como excelente opção. O capítulo 13 trata da projeção de preço e risco de ativos financeiros, relacionado a ações e o capítulo 15 trata das estratégias no mercado de opções de compra e venda de ações. O hedge pode ser feito por intermédio de aplicações financeiras, derivativos originados de ações, contas a receber, contas a pagar, operações no mercado futuro, compra de opções e swap. Examinemos um caso em que o hedge é imediatamente possível – dada a disponibilidade de recursos financeiros –, e outro caso em que o hedge deve ser efetuado por meio de operações no mercado futuro. 98 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade III Quadro 32 Hedge imediatamente possível Ativo 6.000 Passivo 6.000 Disponibilidades 1.000 Empréstimos bancários 800 Contas a receber 3.000 Fornecedores 2.000 Estoques 2.000 Patrimônio Líquido 3.200 É possível o hedge por meio de aplicações com opção de variação monetária, no mesmo valor dos empréstimos existentes. Quadro 33 Hedge possível no mercado de futuros Ativo 6.000 Passivo 6.000 Disponibilidades 1.000 Empréstimos bancários 3.000 Contas a receber 3.000 Fornecedores 2.000 Estoques 2.000 Patrimônio Líquido 1.000 É impossível proteger a conta de empréstimos bancários, cujo saldo é de $3.000 com disponibilidades de $1.000. Além do mais, as demais contas não se prestariam a uma conversão em moeda tão rápida que permitisse proteger a diferença de $2.000, existente entre o volume de disponibilidades e o de empréstimos bancários. Neste caso, são recomendadas operações no mercado de futuros, com opções de compra e venda e swap de moeda e/ou de taxa de juros. Resumo A partir do momento que se decide pelo investimento, em qualquer que seja o empreendimento, há necessidade de avaliar possibilidades de retorno e riscos a ele associados. Acerca do assunto, a unidade tratou então do risco, do retorno e do hedge. Foram apresentadas considerações sobre risco sistêmico e risco específico, observando que qualquer um dos casos é passível de administração, desde que bem identificado. Quanto ao retorno, ele é esperado por qualquer administrador de finanças, afinal lá está sua maior atividade. É todo ganho ou perda de um proprietário ou aplicador de recursos sobre os investimentos realizados. Veja que se utilizam aqui investimentos realizados e, desta forma, cabe a qualquer tipo de investimento, desde aquele em máquinas e equipamentos empresariais como os financeiros efetuados por qualquer tipo de agente, não somente as empresas. 99 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a administração financeira Por fim, a unidade tratou do hedge como um instrumento de proteção financeira e voltado ao mercado financeiro, notadamente o de capitais, onde se encontram as modalidades de derivativos. Exercícios Questão 1 (Cesgranrio 2006). Em uma aula sobre ativos financeiros, o professor iniciou um debate a respeito do prêmio de risco de um título. Assinale a alternativa que apresenta uma afirmação correta sobre o tema, feita por um dos alunos. A) É inversamente proporcional à taxa de juros livre de mercado. B) Independe da classificação de risco do emissor do título. C) É definido como a diferença entre o risco não sistemático e a taxa de juros livre de risco. D) É o retorno extraordinário que os investidores esperam receber por manter um ativo com risco ao invés de investir em ativos financeiros livres de risco. E) Se o risco sistemático de um título for de 5% e a taxa de juros livre de risco, de 2%, o prêmio de risco desse título será 7%. Resposta correta: alternativa D. Análise das alternativas A) Alternativa incorreta. Justificativa: não se pode afirmar que o prêmio de risco de um título seja proporcional à taxa de juros livre de mercado. São grandezas com movimentação inversa, em que diante subida de taxa de juros livre de mercado à queda de prêmio de risco, mas não proporcionalmente.B) Alternativa incorreta. Justificativa: a classificação de risco do emissor do título influencia fortemente o a aquisição do título e, portanto, seu retorno. C) Alternativa incorreta. Justificativa: é definido como a diferença entre a taxa de retorno médio de mercado e a taxa de juros de um ativo livre de risco. 100 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade III D) Alternativa correta. Justificativa: o prêmio de risco é um retorno financeiro excedente, correspondente à diferença entre a taxa de rentabilidade de um determinado ativo e a rentabilidade dos ativos sem risco associado. E) Alternativa incorreta. Justificativa: neste caso, o prêmio pelo risco de mercado será de 3%, ou seja, 5% do risco sistemático diminuído dos 2% referentes à taxa de juros de mercado livre de risco. Questão 2 (Enade 2012). Uma empresa importadora analisou seu fluxo de caixa e verificou uma posição futura (em 90 dias) na qual havia uma grande concentração de pagamentos assumidos com os fornecedores, em moeda estrangeira (US$), e as entradas de recursos destinadas para saldar essas obrigações (para o mesmo período) eram em moeda nacional (R$). Constatou‑se que não havia recursos disponíveis no caixa, pois a política de administração da empresa sempre objetivou uma situação superavitária, embora próxima de um equilíbrio entre as entradas e saídas. A análise do fluxo de caixa ainda mostrou que, nas condições atuais de conversibilidade de moedas entre o dólar americano (US$) e o real (R$), não havia motivos para se preocupar. No entanto, os analistas do setor financeiro alertaram para um cenário de instabilidade muito provável da economia internacional que poderia descapitalizar a empresa com a elevação do valor do US$ frente ao R$. A diretoria da empresa decidiu realizar uma estratégia de proteção cambial para diminuir o risco da oscilação nas cotações de conversibilidade entre as moedas. Na situação descrita acima, qual das seguintes estratégias deveria ser adotada pela empresa? A) Comprar imediatamente uma posição em US$ em valores suficientes para honrar seus compromissos futuros, aproveitando as condições atuais de conversibilidade de moedas entre o US$ e o R$. B) Vender contratos futuros de US$, com valores suficientes e vencimentos compatíveis para honrar seus compromissos futuros. C) Comprar contratos de opções de venda de US$ futuro, com valores suficientes e vencimentos compatíveis para honrar seus compromissos futuros. D) Vender contratos de opções de compra de US$ futuro, com valores suficientes e vencimentos compatíveis para honrar seus compromissos futuros. E) Realizar um contrato de SWAP, no qual trocaria sua posição futura em R$ por uma posição futura em US$, com valores suficientes e vencimentos compatíveis para honrar seus compromissos futuros. Resolução desta questão na plataforma.
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