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Clarice Menezes e Daniella Gandra Linguística 03 Sumário CAPÍTULO 2 – Linguagem e Sociedade ............................................................................05 Introdução ....................................................................................................................05 2.1 A língua como fenômeno sociocultural .......................................................................05 2.1.1 A língua e a sociedade ....................................................................................06 2.1.2 A importância da língua para o desenvolvimento da cultura .................................06 2.1.3 A importância da língua para o desenvolvimento do indivíduo ..............................07 2.2 Relações da linguagem e sociedade ...........................................................................08 2.2.1 A sociolinguística, psicolinguística e outras ciências ............................................08 2.2.2 As variações regionais .....................................................................................10 2.2.3 A variação social .............................................................................................10 2.2.4 O preconceito linguístico .................................................................................10 2.2.5 A variação de registros ....................................................................................11 2.3 O funcionamento da língua.......................................................................................12 2.3.1 Contexto linguístico e situação extralinguística ....................................................12 2.3.2 Níveis da língua ..............................................................................................12 2.3.3 O ensino da língua materna .............................................................................13 2.4 Funções sociais da linguagem ...................................................................................14 2.4.1 As funções da linguagem .................................................................................14 2.4.2 Funções de Halliday: ideacional, interpessoal e textual ........................................16 2.4.3 A teoria dos atos da fala ..................................................................................17 Síntese ..........................................................................................................................19 Referências Bibliográficas ................................................................................................20 05 Capítulo 2 Introdução Além de ser um sistema de regras e princípios, a língua pode ser considerada como um fenômeno sociocultural e, como tal, sofre mudanças, tanto através do tempo quanto na diversidade socio- cultural. Através do tempo, porque a língua é viva e está sempre em transformação, justamente pelo emprego que os usuários fazem dela. A língua é usada desde o cotidiano, entre os seus usuários, até nas artes, na literatura, nos meios de comunicação e é elemento fundamental para se manter e desenvolver a cultura. O seu uso é ainda mais acentuado quando o indivíduo vai para a escola. Lá, ele aprende o uso formal da língua, o que antes não acontecia. Como a língua, a sociedade, o indivíduo e a cultura se relacionam? O homem é o único ser social ligado à comunicação. Ele não nasce sabendo: é preciso que lhe ensinem como se construir. É a sociedade em que vive que vai lhe transmitir todo o conhecimento produzido por ela, o que chamamos de cultura, que é tudo aquilo que o homem cria e transforma para poder viver em sociedade, inclusive a linguagem. A língua existe em função de um povo e de uma cultura. É viva e está constantemente em trans- formação. De tempos em tempos, novos teóricos se debruçam sobre o estudo da linguagem, simplesmente porque ela significa comunicação, e comunicação, por sua vez, significa compar- tilhamento de elementos tendo em vista a existência de um conjunto de normas. Este capítulo está dividido em quatro tópicos, os quais discorrem sobre a relação entre língua e sociedade. Primeiramente, abordaremos as questões sobre a língua como fenômeno socio- cultural e ressaltaremos a importância dela para o desenvolvimento da cultura e do indivíduo. Em seguida, apresentaremos as relações entre linguagem e sociedade e a importância das di- versas disciplinas para a compreensão dessa relação. Veremos também o tema do preconceito linguístico. Na sequência, buscaremos compreender o funcionamento da língua considerando suas variações linguísticas, os níveis da língua no que tange às variações sociais, regionais e estilísticas. E, por fim, veremos as diferentes funções sociais da linguagem explorando os seus diferentes contextos. Bom estudo! 2.1 A língua como fenômeno sociocultural Toda comunicação depende praticamente do uso da língua. Ela é um fenômeno social e está constantemente em uso. Sem a língua, não teríamos cultura. A cultura implica todo o fazer hu- mano, que pode ser transmitido de geração para geração. A cultura é a soma de todas as reali- zações do homem e é por meio da linguagem que a cultura se perpetua. Foi a partir da invenção da escrita que a civilização deu um grande salto. A seguir, veremos a relação da língua e da sociedade e o desenvolvimento da cultura por meio da linguagem. Linguagem e Sociedade 06 Laureate- International Universities Linguística 2.1.1 A língua e a sociedade Como vimos anteriormente, a linguagem é todo sistema organizado de signos que serve como meio de comunicação entre os indivíduos. Já língua é a linguagem verbal utilizada por um grupo de indivíduos que constituem uma comunidade – como qualquer outro código, ela é formada por um conjunto de sinais combinados de determinada maneira, de modo a possibilitar a transmissão de uma mensagem, na modalidade falada ou escrita. Entre a sociedade e a língua, há uma relação estreita, pois, desde que nascemos, estamos ro- deados por signos linguísticos. Utilizamos vários canais para expressar os nossos pensamentos e sentimentos, inventamos a televisão, o rádio, os jornais, o telefone, o cinema e outras mídias em que a língua se faz essencial. Figura 1 – A linguagem permite diversos os tipos de interações sociais. Fonte: Shutterstock, 2015. Realizamos todas essas atividades para manter o fluxo comunicativo e para estabelecer as rela- ções diárias entre os indivíduos, pois a base da nossa vida em sociedade é o intercâmbio que preservamos por meio da língua. Como podemos perceber, língua e sociedade estão inteiramente ligadas, e é possível dizer que uma não sobreviveria sem a outra. 2.1.2 A importância da língua para o desenvolvimento da cultura Se cultura é tudo aquilo que o homem cria e transforma, é certo que a partir da invenção da escrita ela proporciona ao homem acumular conhecimentos e passá-los adiante. A escrita foi um dos elementos que permitiu ao homem imprimir as suas histórias no tempo. Os povos antigos que não tinham a escrita também passavam seus conhecimentos para as gerações seguintes, só que de forma oral, o que não ajudava a perpetuar o conhecimento de forma prática e dinâmica, tampouco dava margem para ele ser descoberto, redescoberto e aperfeiçoado pelas gerações seguintes. É como se disséssemos que a roda precisasse ser novamente inventada a cada novo indivíduo ou a cada nova geração. É possível descobrir o que os outros já fizeram e continuar avançando por meio dos registros escritos. Por exemplo, para um estudante de História que ainda não saiba o que aconteceu na Segunda Guerra Mundial, basta uma breve pesquisa para ter acesso aos fatos históricos. Uma pessoa que queira fazer uma receita tradicional do seu país pode consultar os sites de busca para alcançar 07 a informação desejada.Todo e qualquer registro permitirá ao homem continuar aprendendo e ensinando a sua cultura por meio das experiências passadas. A linguagem é tão presente em nossas vidas que nem nos damos conta de que, sem ela, a nossa sociedade, assim como a gente a conhece, nem mesmo existiria. 2.1.3 A importância da língua para o desenvolvimento do indivíduo Agora, vejamos qual é a importância da língua para o desenvolvimento do indivíduo. Saber ler e escrever aumenta de forma significativa a participação do indivíduo na sociedade, além de con- tribuir para o seu desenvolvimento pessoal. Uma pessoa que não sabe ler ou escrever consegue conviver em sociedade, só que com mais limitações. A globalização e a aceleração da tecnologia que vimos nas últimas décadas exige cada vez mais que o homem possua condições diversas de comunicação, e saber falar e escrever bem, compre- endendo conceitos mais complexos dentro da comunicação, é imprescindível. Figura 2 – Comunicar-se bem é imprescindível no mundo globalizado. Fonte: Shutterstock, 2015. Por meio do domínio da língua escrita, é possível dar passos maiores no caminho da aprendiza- gem. O conhecimento e o desenvolvimento intelectual são adquiridos mediante a interação entre indivíduo e sociedade, ou seja, o meio em que o indivíduo vive influenciará diretamente a ideia que ele tem do mundo. Saber ler e escrever não pode ser considerado um aprendizado comum, e sim um passo para se conquistar a autonomia, que permitirá o crescimento contínuo do indivíduo. Saber ler e escrever, portanto, é entender melhor o universo em que se está inserido e ter condições de modificá-lo. Roman Jakobson (1896-1982) foi um linguista russo que aplicou os seus estudos, entre outros assuntos, nas funções da linguagem. Mostrou interesse particular pela função poética, analisando obras de autores como Edgar Allan Poe, Fernando Pessoa e Bertolt Brecht. Estudou a linguagem a partir do fazer cinematográfico. VOCÊ O CONHECE? 08 Laureate- International Universities Linguística 2.2 Relações da linguagem e sociedade Você sabe a que ciências pertencem as relações da linguagem e da sociedade como objeto de estudo? Muitas são as áreas de conhecimento que tentam apurar essa relação. Neste tópico, ve- remos a importância das diversas disciplinas na compreensão da relação da linguagem e socie- dade (sociolinguística, psicolinguística, etc.), evidenciando o contexto e a situação de comunica- ção, a comunidade de fala, a identidade social e as competências comunicativas. Abordaremos também a questão do preconceito linguístico. 2.2.1 A sociolinguística, psicolinguística e outras ciências A sociolinguística estuda a relação entre língua e sociedade e como o comportamento linguístico dos membros de uma comunidade é determinado pelas suas relações sociais e culturais. Não podemos dissociar, como já foi dito, a língua de sua função social e, portanto, a sociolinguística faz uma investigação que correlaciona aspectos da língua, da cultura e da sociedade. A língua, segundo Saussure (1991), é o lado social da linguagem e a fala é o lado individual, como cada indivíduo ou grupo de indivíduos utiliza a língua, mas que é aprendida na interação com os outros. Em seu uso pelos falantes, temos que destacar as seguintes variações da língua: as variações regionais, que constituem os dialetos regionais e suas características, como o carioca, o mineiro ou o baiano; a variação social, na qual se consideram os dialetos sociais, culto e inculto; e ainda a variação de registros ou os chamados dialetos de registros (diferenciação entre registro formal e informal). Além disso, não podemos deixar de destacar o uso da gíria, que se encaixa no uso informal da língua. O linguista Nicholas Marr afirmava que todas as línguas do mundo têm uma mesma origem. São instrumentos de poder e refletem a luta de classes sociais. Sob a ótica marxista, afirmava ainda que as línguas são parte de uma superestrutura, passando por estágios de desenvolvimento con- forme a base econômica da sociedade (COELHO et al., 2012). Bakhtin e os teóricos do Círculo de Bakhtin se opunham ao estruturalismo abstrato, ou seja, à perspectiva de Saussure, já que o enfoque da língua na interação verbal é historicamente contex- tualizado. As palavras não são neutras nem imutáveis, mas é o seu contexto que possui o valor do falante. Todo signo é variável e flexível (COELHO et al., 2012). William Labov, figura importante no campo da sociolinguística, criticava os gerativistas e estru- turalistas por estes não abordarem as influências externas (históricas, sociais, ideológicas, etc.) sobre a estrutura linguística. Na década de 1960, lançou uma nova proposta: a teoria da varia- ção e mudança linguística. Para ele, não existe uma comunidade de fala homogênea, nem um falante ou ouvinte ideal. Há sim a variação, e as estruturas heterogêneas nas comunidades de fala é um fato comprovado. Existe variação inerente à comunidade de fala – não há dois falantes que se expressam do mesmo modo, nem mesmo um falante que se expresse da mesma maneira em diferentes situações de comunicação. O detalhe mais importante dessa proposta de Labov é a concepção da presença do componente social na análise linguística. Dessa forma, a sociolinguística possui foco na re- lação entre língua e sociedade e do estudo da estrutura e da evolução da linguagem, dentro do contexto social da comunidade de fala (COELHO et al., 2012). 09 Leia a obra de William Labov, Padrões sociolinguísticos (Parábola, 2008) em que o autor apresenta a teoria e a metodologia do seu trabalho empírico com a linguagem. Um clássico da sociolinguística! NÃO DEIXE DE LER... A psicolinguística é outra ciência que se preocupa em apresentar elucidação sobre o estudo das relações entre linguagem e sociedade. O termo psicolinguística surgiu pela primeira vez em um artigo de Proncko, em 1946, que abordava o relacionamento entre o pensamento (comporta- mento) e a linguagem. Contudo, foi somente em 1951 que se deu a publicação de um livro para tratar especialmente das relações entre linguística (os fatos linguísticos) e psicologia (problemas de comunicação) (ENGELKAMP, 1981). Desde o princípio, tratou-se de um campo interdisciplinar na aproximação das duas disciplinas. Na psicologia, busca-se compreender o funcionamento da linguagem como um meio para se compreender melhor o homem, pois se acreditava que a mente se organizava de forma análoga à linguagem e por meio dela. No início, buscou-se verificar a questão a partir de duas corren- tes: a mentalista, que explorava o pensamento por meio da linguagem; e a comportamentalista, que buscava entender o comportamento linguístico, reduzindo-o a uma série de mecanismos de estímulo-resposta (ENGELKAMP, 1981). Contudo, a linguística chomskyana apresentou uma evolução significativa, juntamente com o reconhecimento dos fatores semânticos e pragmáticos, que ampliaram ainda mais a psicolin- guística. A psicolinguística compreende que as estruturas linguísticas não são adquiridas sepa- radamente dos conceitos semânticos e das funções discursivas, além de estarem submetidas aos princípios cognitivos. Dessa forma, a aquisição da linguagem deve considerar vários fatores. Um deles é a rejeição da centralidade e independência da gramática. Estes são os objetivos da psicolinguística (Scliar-Cabral, 1991): • abordar as relações entre pensamento e linguagem; • compreender a aquisição da linguagem; • entender como ocorre o processamento textual; • abordar os fatores inatos, o desenvolvimento e as experiências; • definir como ocorre a memória semântica; • compreender o processamento dos sinais linguísticos; • verificar os distúrbios de aquisição e processamento da linguagem. Outras disciplinas também buscam compreender a relação da linguagem e da sociedade. A antropologia, por exemplo,percebe a linguagem como condição obrigatória para que haja cul- tura e interação social. Além da antropologia, a sociologia, a filosofia da linguagem, as teorias da informação e da aprendizagem, entre outras, sempre mantiveram o seu interesse pelo modo como o homem existe e interage com o meio por intermédio da linguagem. 10 Laureate- International Universities Linguística 2.2.2 As variações regionais Nós, brasileiros, temos a língua portuguesa como aquela que nos identifica. Ela é unificada e uti- lizada em todo o território nacional. A língua é de natureza homogênea. Já a fala é de natureza heterogênea, pois cada falante fará um uso individual da língua, principalmente no que tange às variações regionais, em que há os chamados dialetos, que constituem as diferentes formas de se utilizar a língua dependendo da região do país. No Brasil, país de dimensões continentais, há os conhecidos dialetos regionais como o mineiro, o carioca ou o baiano, por exemplo. Quando se escuta “Uai, sô! Pra onde vai esse trem?”, é possível afirmar que se trata de algum mineiro falando. No sul do país, em outro exemplo, há o emprego do “tu” como pronome de tratamento preferido. É impossível separar o uso que o indivíduo faz da língua da sua identidade regional, já que é isso que faz dele um autêntico usuário de sua língua, pois, ao mesmo tempo em que ele a utiliza, ele também a modifica. 2.2.3 A variação social A variação social considera o grupo social de que faz parte o indivíduo, sua faixa etária, seu nível socioeconômico e sua atividade profissional. Cada um desses elementos evidenciará um uso particular da língua. • Faixa etária – O falar dos jovens é bem diferente do uso que as crianças e os idosos fazem da língua, por exemplo. • Nível socioeconômico – O baixo grau de escolaridade ou o alto grau de escolaridade determinarão o uso da língua. • Atividade profissional – Cada profissão utilizará vocábulos ou expressões próprias daquela atividade. Um engenheiro dificilmente utiliza o mesmo repertório de palavras que um médico. A partir desses exemplos, é possível compreender que há uma série de fatores que determinarão a identidade do falante. 2.2.4 O preconceito linguístico Em nossa história, ainda há o que chamamos de preconceito linguístico. Uma pessoa normal- mente é julgada pela forma que fala, mas também por sua classe social. Os atuais estudos linguísticos, porém, preferem não rotular o que é certo ou errado, apenas considerar o que é diferente. Não é porque um falante tem escolaridade e classe social elevadas que ele é melhor usuário de sua língua do que outro falante que não possui as mesmas características. Não se pode acreditar que uma das variantes é certa e a outra errada. Isso seria um equívoco. Principalmente porque as variedades sociolinguísticas decorrem das condições em que o indiví- duo, enquanto criança, internaliza a língua materna. O profissional de educação nos níveis es- colares deve ter consciência de que poderá haver uma diversidade de alunos, oriundos das mais diversas partes do país e classes sociais praticando as diversas variedades linguísticas, sejam elas a socioeconômica, a sociocultural ou a etária. 11 O respeito pela diversidade linguística deve estar presente em sala de aula, assim como em todo o ambiente escolar, para que os alunos possam entender que não há variedade inferior ou superior. Além do preconceito linguístico dentro da própria língua, há o preconceito linguístico relativo às outras línguas, conforme Maia (2006, p. 40): Embora, obviamente, haja diferenças estruturais entre as línguas, não existe base científica para se afirmar que uma língua é intrinsecamente mais desenvolvida ou mais completa do que qualquer outra. Todas as línguas têm uma gramática complexa que permite que seus falantes as utilizem com diferentes finalidades, satisfazendo suas necessidades psicológicas e sociais eficientemente. Se uma língua ou uma variante de uma mesma língua se torna mais ‘prestigiada’ por uma comunidade do que outra, isso não decorre de diferenças entre suas propriedades gramaticais, mas de fatores políticos, econômicos ou sociais. Como você atuaria em uma questão de preconceito linguístico em sala de aula? Esta é uma questão prevista nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e deve ser de- batida com os alunos, mostrando exemplos de uso da língua em diferentes contextos. NÓS QUEREMOS SABER! 2.2.5 A variação de registros Não podemos deixar de mencionar a variação de registros ou os chamados dialetos de registros. Esses estudos fazem a diferenciação entre estilo formal e informal, por exemplo, quando uma pessoa está falando em situações formais como uma conferência ou congresso ou quando uma pessoa está falando no dia a dia. Essa diferenciação formal e informal também aparece na escri- ta, como, por exemplo, quando se escreve: “está” e “tá” (— Olá, você está aí? – formal — Oi, cara, você taí? – informal). A gíria é usada geralmente por jovens, o que não significa que outras faixas etárias não possam utilizá-la. É a prova de que a língua é dinâmica e está constantemente se transformando. Como escreveu Luft (originalmente em 1974) a respeito da gíria, ela tem um caráter positivo, criativo e inteligente. Vejamos: O que ela (a gíria) tem de positivo é a criatividade, a malícia inteligente, o poder de conotação que serve em tantos momentos para os quais a língua comum se desgastou demais. Gíria é renovação e espontaneidade. O mal, se houver, não estará na gíria, mas no seu uso inadequado. Já escrevi certa vez que não vamos em roupas de baixo a uma festa, assim como não devemos usar linguagem informal em ocasiões solenes, quando se espera do falante um tom mais sério, uma linguagem mais formal. Esse é o problema da linguagem na escola: não proibir gíria, mas também não a cultivar. Exigir, isso sim, que os alunos saibam escrever num nível culto, usando as metalinguagens apropriadas a cada disciplina: essa é uma das importantes funções do professor de qualquer disciplina, não só de português. (Luft, 1974, p. 15). A obra Preconceito linguístico (2002), de Marcos Bagno, propõe a discussão sobre a ruptura do preconceito linguístico em diferentes contextos. O autor afirma que a norma culta é reservada a poucas pessoas no Brasil. No entanto, é o papel da escola incenti- var o uso adequado da língua, valorizando as variações dos alunos. NÃO DEIXE DE LER... 12 Laureate- International Universities Linguística 2.3 O funcionamento da língua A língua é a “soma de sinais depositados em cada cérebro, mais ou menos como um dicionário, cujos exemplares todos idênticos, fossem repartidos entre os indivíduos” (SAUSSURE, 1991, p. 27). Diante dessa afirmação, entendemos que a fala é diferente da escrita no sentido de que a escrita é uma convenção e a fala é o modo como cada um utiliza essa convenção. Portanto, há vários níveis de língua, ou, como é chamado pela sociolinguística, de registros linguísticos. Esses registros variam na modalidade escrita e na oral. É essa variedade de registros da língua o que vamos estudar neste tópico. 2.3.1 Contexto linguístico e situação extralinguística A língua, quando está em uso, pode ser influenciada por fatores internos estritamente linguísti- cos, como, por exemplo, a influência de um som. Em vez de pronunciar “menino”, o falante fala “minino”. O que ocorre, nesse caso, é que o fonema /i/ exerce influência sobre o fonema /e/. As situações extralinguísticas podem ser influenciadas por fatores sociais, emocionais, regionais. Além desses, outro fator diz respeito à diferenciação entre o dialeto culto e o dialeto inculto. O dialeto inculto é consequência da pouca escolaridade do indivíduo ou exposição diferenciada do indivíduo a esses formatos. Muitas vezes, esse fator vai acarretar a pronúncia errada de pa- lavras de acordocom a norma culta (“tauba”, “pobrema”, “Framengo”). No que tange ao fator emocional, por exemplo, uma voz hesitante pode provocar paradas no meio da fala. Em situação de nervosismo, as ideias podem aparecer embaralhadas. Para concluir, as variações do contexto linguístico se resumem às questões linguísticas internas, e a situação extralinguística está relacio- nada a tudo o que está fora do alcance linguístico. 2.3.2 Níveis da língua O uso da língua vai se adequar às situações em que o falante ou escritor se encontram no con- texto de comunicação. Geralmente, a língua escrita consegue ser mais cuidada, pois ela pode ser reescrita, e quanto à sua construção, é possível fazer escolha de palavras para a organização das ideias, o que, muitas vezes, não acontece com a língua falada. É normal que, nesse caso, apareçam erros de concordância, quebra de ideias, etc. Vamos observar que o uso da língua estará sempre atrelado ao espaço, ao tempo e ao social, e esses elementos influenciarão a utilização efetiva da língua. Podemos conferir essa diversificação nas divisões a seguir: • Registro literário – Caracteriza-se por um emprego mais complexo da língua, nos romances; os escritores exploram os valores semânticos dos vocábulos – as rimas, as figuras de linguagem, as estruturas sintáticas elaboradas. Nesse tipo de emprego da língua, a forma e o conteúdo têm praticamente pesos idênticos. • Registro cuidado – Caracteriza-se por se preocupar com a forma e o conteúdo da mensagem. Utilizada em cursos, seminários, conferências, de um modo geral, em situações mais formais. Isso no que tange à oralidade. Em relação à forma escrita, é usado em livros, teses e em tudo o que se apresentar formalidade. Tanto o vocabulário quanto as estruturas formais do texto são mais cuidados e mais elaborados, o que vale igualmente para a comunicação oral. 13 Figura 3 – O registro cuidado tange à oralidade e pode ser exemplificado pelos seminários. Fonte: Shutterstock, 2015. • Registro comum – Aparece nas conversações do dia a dia, nos meios de comunicação, como o rádio e a TV, com uma linguagem mais despojada. Geralmente, este é o tipo de linguagem que utilizamos com nossos amigos e pessoas com as quais nos relacionamos (“me passa” em vez de “passe-me” ou “né?” em vez de “não é?”). A gíria, mais uma vez, será utilizada no registro comum. • Registro familiar – Caracteriza-se por uma conversação informal, não “elaborada”. Quando estamos em família ou entre amigos, tendemos a relaxar; o que vale mais nesses momentos são as emoções e os sentimentos. Na forma escrita, é empregada em cartas, e-mails ou mensagens telefônicas informais. Há esse tipo de registro também na linguagem literária, mas, nesse caso, é para caracterizar um personagem ou para imitar a língua falada. 2.3.3 O ensino da língua materna Há algumas questões de relevância acerca do ensino da língua materna nas escolas, pois é nela que o indivíduo entrará em contato com as regras gramaticais e as estruturas mais elaboradas da língua. Portanto, é lá que também acontecem os maiores problemas relacionados ao ensino da língua. Em Marque (1995), encontramos um resumo das propostas do britânico Michael Halliday, um dos linguistas mais influentes a partir da metade do século XX, que apresenta três modalidades de ensino para a língua materna. • Primeiramente, ele aborda o ensino prescritivo, que tem o objetivo de evitar que o aluno cometa erros de linguagem. O ensino prescritivo caracteriza-se por valorizar a visão maniqueísta do certo e do errado. • A segunda modalidade é a do ensino descritivo, que se baseia em descrever o funcionamento da língua e caracteriza-se por mostrar como os padrões podem ser utilizados. • A terceira e última trata do ensino produtivo, o qual procura “desenvolver nos falantes nativos novos hábitos linguísticos ou facilitar o desenvolvimento daqueles já anteriormente adquiridos.” (SOUZA, 1995, p. 59). 14 Laureate- International Universities Linguística Qual a gramática mais adequada para ser ensinada em sala de aula? De acordo com essas três modalidades de ensino apresentadas por Halliday, é possível concluir que nenhuma modalidade deve ser mais relevante que outra. Abandonar de vez a gramáti- ca normativa em detrimento das outras formas de ensinar não seria a solução. O que se espera do ensino da língua é que se ofereça ao aprendiz uma combinação dos três tipos de ensino, para uma compreensão mais assertiva, referindo-se inclusive ao con- texto em que serão usadas pelo aluno. NÓS QUEREMOS SABER! 2.4 Funções sociais da linguagem Toda comunicação tem o objetivo de transmitir uma mensagem e, para isso, é preciso que o falante conheça os códigos de um sistema de linguagem, seja para transmitir um pensamento, um sentimento ou para representar o mundo. Alguns autores já desenvolveram vários estudos sobre a função da linguagem. Neste tópico, iremos nos concentrar em Jakobson e em Halliday. O linguista Jakobson apresentou o esquema que engloba os elementos responsáveis pela comu- nicação, e cada elemento caracteriza-se por possuir uma função. Halliday apresentou três fun- ções para a linguagem, sendo que as três ocorreriam ao mesmo tempo. São elas: a ideacional, a interpessoal e a textual. Vejamos mais detalhadamente as apresentações dos estudiosos. 2.4.1 As funções da linguagem Para Jakobson (MAIA, 2006), são seis os elementos da comunicação: o emissor, o receptor, a mensagem, o código, o canal e o referente. Esses elementos devem relacionar-se entre si e, de- pendendo do foco que se dá a cada um deles, as funções da linguagem serão, respectivamente, as seguintes: funções emotiva, conativa, poética, metalinguística, fática, e referencial. Veja- mos como Maia explica o circuito de comunicação de Jakobson: A mensagem deve referir-se a um contexto ou referente para ser recebida pelo destinatário ou receptor. Estes devem, também, conhecer, ao menos parcialmente, o código usado para cifrar a mensagem, que precisa ainda trafegar por um canal físico, estabelecendo uma conexão psicológica entre o remetente e o destinatário, facultando a ambos entrar e permanecer em comunicação. (MAIA, 2006. p. 46). Portanto, como você pode ver no esquema a seguir, a relação fica no seguinte formato. 15 MENSAGEM CONTATO (função referencial) (função poética) (função fática) (função metalinguística) DESTINADOR DESTINATÁRIO (função espressiva) (função conativa) REFERENTE CÓDIGO Figura 4 – Esquema de comunicação completo com certo número de ele- mentos com o objetivo de transmitir a mensagem. Fonte: Vanoye, 1981. O enfoque de Jakobson segue da seguinte maneira: • o emissor é aquele que emite a mensagem, e predominará a função emotiva (ou expressiva), pois ela estará centrada no emissor, revelando seus traços emocionais, sentimentais e de pensamento; Exemplo: Eu não acredito que hoje está chovendo! Veja como é possível obter informações sobre o emissor lendo a frase anterior. Uma delas é que o emissor possivelmente não está gostando do fato de estar chovendo, seja por não acreditar, seja pela forma enfática com que diz isso, com o uso da exclamação. E, além disso, a exclamação utilizada está enfatizando esse sentimento. • o receptor é quem recebe a mensagem, logo, predominará a função conativa. O foco da mensagem estará no emissor com alguma vontade de influenciá-lo. Geralmente, o uso de verbos no imperativo e o uso do vocativo marcam essa ação de comunicação; Exemplos: Não perca a oportunidade e venha conhecer as nossas lojas! (uso do imperativo) João, não perca a promoção. (uso do vocativo) • a mensagem é o objeto da comunicação, ou seja, o conteúdo da informação transmitida, logo, predominará a função poética. Haverá uma preocupação com as propriedades estéticas da linguagem, em que podemos observara presença de ritmo, rima, sonoridade, etc., como ocorre nos poemas; Exemplo: Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá. (Gonçalves Dias) 16 Laureate- International Universities Linguística • o código é um conjunto de signos e de regras para a combinação desses signos, logo, predominará a função metalinguística. Basicamente, explica-se pelo que estamos fazendo aqui: elaborar o código e verificar se ele será compreendido tanto pelo emissor quanto pelo receptor, pois o código precisa ser de conhecimento de ambos, caso contrário, a comunicação não se estabelece; Exemplo: O que é Linguística? Linguística é a ciência que estuda a linguagem. • o canal de comunicação é o espaço de circulação da mensagem, logo, predominará a função fática. O canal pode ser mesmo o ar quando estamos falando, pois será pelo ar que a mensagem chegará aos ouvidos do receptor. Pode ser ainda qualquer outro meio, como rádio, TV, telefone, chamada por vídeo, etc. Exemplo: (chamada por vídeo): — Oi, está me ouvindo? — Sim. E você? Está me vendo? • o referente diz respeito ao contexto em que a mensagem está sendo transmitida, logo, predominará a função referencial. A informação será objetiva, sem comentários ou juízos. É o que ocorre com as notícias de jornais. As informações emitidas por jornalistas são imparciais e são marcadas pela terceira pessoa do discurso, e não pela primeira, como ocorre na função emotiva. Exemplo: A mulher foi morta a facadas na saída do metrô. Um fator que pode vir a atrapalhar ou impedir a comunicação é o ruído. Ruído é tudo aquilo que afeta a comunicação, a transmissão da mensagem, seja em qualquer grau. Se estamos falando ao telefone e a ligação cai, ocorreu um ruído que impediu a mensagem de ser transmitida. Um canal televisivo que sai do ar, uma voz baixa, um barulho contínuo durante uma conferência, uma página de revista em que falta uma parte do texto ou com falhas de impressão, tudo isso constituirá um ruído na comunicação. De acordo com o esquema estudado, percebe-se que a comunicação plena só se estabelece com a integração de todos os elementos. Comunicação significa compartilhar ideias, sentimentos, fatos. A linguagem, nesse caso, oportunizará todo o processo. 2.4.2 Funções de Halliday: ideacional, interpessoal e textual Halliday, diferentemente de Jakobson, tem uma visão sistêmico-funcional das funções da lingua- gem. Para ele, as funções são de ordem ideacional, interpessoal e textual, ocorrem simultanea- mente e estão inter-relacionadas (MAIA, 2006). 17 IDEACIONAL INTERPESSOAL TEXTUAL Figura 5 – Funções da linguagem pela perspectiva de Halliday. Fonte: Cabral apud Halliday, 2005. A linguagem é utilizada para “representar o mundo, ser um instrumento de interação e organizar a informação” (SCLIAR-CABRAL, 2005, p. 79). O que seriam essas três funções da linguagem para Halliday? Na visão do autor, função da linguagem está relacionada ao uso que se faz dela. • A função ideacional é responsável pelos participantes e pelas circunstâncias que são selecionados pelo emissor (escritor ou falante). Ambos, tanto o escritor como o falante, organizarão as mensagens de acordo com suas experiências e conhecimento de mundo. • A função interpessoal diz respeito ao papel que as palavras exercem em um ato de comunicação. As palavras exercerão função importante no processo de comunicação. São as condições do falante, como sexo, classe social, profissão ou outras que determinarão as condições peculiares da comunicação. • A função textual é a relação do texto com o contexto, ou seja, a comunicação se dá não só por meio das construções linguísticas, mas também a partir de um conhecimento anterior de mundo e posterior no que, na dinâmica discursiva, pretende-se saber os sentidos que esses textos veiculam. Como vimos, além da fala, a leitura e a escrita são uma atividade social, que apresentam um nível de discurso. Para Halliday (SCLIAR-CABRAL, 2005, p. 80), há três variáveis que estão pre- sentes no nível do discurso: o campo discursivo (discurso e atividade social), o campo expe- riencial (discurso e distância entre os participantes) e o campo intercomunicativo (canal que se estabelece entre o discurso e o participante por meio do texto). É fundamental compreender que toda e qualquer mensagem sofrerá a influência de inúmeras variáveis. O teor da comunicação será o resultado da combinação entre esses elementos. 18 Laureate- International Universities Linguística NÃO DEIXE DE VER... O vídeo Princípios Gerais da Linguística, apresentado por Cristina Altman (USP), dá um panorama sobre a ciência linguística, de modo muito claro e objetivo. 2.4.3 A teoria dos atos da fala Como você deve saber, a função fundamental da linguagem não é descrever reflexivamente o mundo que o cerca, mas permitir a interação e a comunicação de modo assertivo. Você já ouviu sobre a teoria dos atos da fala? Trata-se de uma teoria que parte da ideia de que, sempre que dizemos alguma coisa, estamos procedendo em três atos: um ato locucionário, um ilocucionário e um perlocucionário. • Ato locucionário – Refere-se ao ato de proferir uma sentença com sentido. • Ato ilocucionário – Quando é preferida uma sentença como “Semana que vem estarei aqui” e, nesse ato, a pessoa pode informar, ameaçar ou prometer. • Ato perlocucionário – Trata-se do que realizamos ao dizer algo. Esse ato está informando os sentimentos, pensamentos ou ações das pessoas. Para Costa (2002, p. 34), “os três atos descritos são abstrações que analisam um fato único: o fato de que o falante, ao dizer alguma coisa, o faz com uma certa ‘força ilocucionária’ e com a intenção de produzir no ouvinte um certo efeito”. A teoria dos atos de fala foi elaborada por John L. Austin (1911-1960) e desenvolvida poste- riormente por J. R. Searle. Austin se inspirou na teoria pragmática de Wittgenstein, que afirmava que é o uso das palavras em diferentes interações linguísticas que determina o seu sentido, mas sendo que este não se reduz apenas a declarações como “o peixe é pintado”. Austin afirma que algumas sentenças são, na verdade, ações. Ou seja, ele acredita que dizer é fazer, na medida em que, ao proferir algo, se está simultaneamente realizando uma ação. 19 Síntese Neste capítulo, você pôde: • compreender as relações entre língua e sociedade pelo prisma de alguns autores, entendendo que a língua modifica a sociedade e é modificada por ela; • perceber que há muitas ciências interessadas no estudo da linguagem, da língua e das relações sociais – como a sociolinguística, psicolinguística, antropologia, etc.; • observar as variedades linguísticas e compreender que, muitas vezes, essas variedades são percebidas de modo preconceituoso – é o chamado preconceito linguístico; • entender que as variações se dividem em variações sociais, regionais e estilísticas – bem como a variação linguística e o ensino da língua materna; • compreender o funcionamento da língua, o contexto linguístico e a situação extralinguística – a língua sempre está inserida em um contexto e é relativa a ele; • verificar as funções da linguagem por meio das teorias de Halliday e Jakobson; • por fim, compreender a teoria dos atos de fala, originada por Austin, mas adaptada por Searle, que afirma que o uso das palavras em diferentes interações linguísticas é o que determina o seu sentido. Síntese 20 Laureate- International Universities Referências BAGNO, M. Preconceito Linguístico: o que é, como se faz. São. Paulo: Edições Loyola, 2002. COELHO, I. L. et al. Sociolinguística. Florianópolis: LLV/CCE/UFSC, 2012. COSTA, C. F. Filosofia da linguagem. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2002. ENGELKAMP, J. Psicolinguística. Madrid: Gredos, 1981. HALLIDAY,M. A. K. As ciências linguísticas e o ensino de línguas. Lisboa: Estampa, 1975. LUFT, L. Gírias e Gírias. In: Correio do Povo, Caderno de Sábado. Porto Alegre, 1 jun. 1974, p. 15. MAIA, M. Manual de linguística: subsídios para a formação de professores indígenas na área de linguagem. Brasília: MEC, 2006. SAUSSURE, F. Curso de Linguística Geral. São Paulo: Cultrix, 1991. SCLIAR-CABRAL, L. Gestão de política: o combate ao analfabetismo. In: Revista Letra, Rio de Janeiro, ano VI, vol. 1. jan./jul. 2005. ______. Introdução à Psicolinguística. São Paulo: Ática, 1991. SILVA, V. L. P. da. Gramática, uso da língua e ensino. 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