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FACULDADE NACIONAL DE DIREITO – UFRJ Economia Política – Profª.: Carolina Miranda Cavalcante Felipe Santos Resumo Inflação Conceito de inflação: Aumento contínuo e generalizado dos preços. Não deve ser confundido com um aumento esporádico. A inflação tem caráter geral ascendente. Distorções provocadas por altas taxas de inflação: 1. Efeito sobre a distribuição de renda: os mais afetados são os mais pobres e trabalhadores de renda fixa com reajuste legal. Ao longo do processo inflacionário perdem poder de compra até o próximo reajuste. Proprietários de imóveis também perdem renda, mas compensam com a valorização dos imóveis. O Governo pode reajustar impostos para neutralizar a desvalorização da moeda, os empresários podem repassar os valores para se proteger. 2. Efeito sobre balanço de pagamento: Altas taxas de inflação que aumentem o preço para além dos níveis internacionais, encarecem o produto nacional, estimulando as importações e desestimulando exportações. 3. Efeitos sobre investimentos empresariais: o cenário de incertezas desestimula o investimento empresarial pela falta de segurança no futuro. Essa cautela e até mesmo falta de investimento na ampliação da capacidade produtiva tem repercussão na geração de empregos e na produção. 4. Efeitos sobre o mercado de capitais: com a deterioração do valor da moeda, aplicações financeiras são menos atrativas. Por outro lado, é estimulada a aplicação em imóveis e bens de raiz, que sofrem valorização no processo inflacionário. Causas da inflação: A literatura divide em duas causas: 1. Inflação de demanda: Considerada a mais "clássica", estpa vinculada ao excesso de demanda agregada em relação aos bens e serviços disponíveis. Pode ser definida como "dinheiro demais à procura de poucos bens". Quanto mais próxima do pleno emprego de recursos está a economia, maior a probabilidade dessa inflação. A forma de combate é diminuir a demanda agregada restringindo crédito, diminuindo gasto do Estado, elevando taxas de juros. 2. Inflação de custos: Tipicamente inflação de oferta. Acontece quando os insumos encarecem e a diferença é repassada no preço. A explicação mais frequente está no choque de oferta - aumento do preço de matérias primas, choques agrícolas, etc - ex: Crise do Petróleo na década de 70. A política usual para combate, nesse caso, é o que se chama política de rendas: o controle direto dos preços, o que pode acontecer por uma política salarial rígida ou tabelamento de preços. Também é possível utilizar políticas contracionistas para reduzir a demanda agregada. 3. Visão Inercialista: argumenta que os preços formalmente (contratos, aluguéis, salários) e informalmente indexados (reajuste de preços do comércio, indústria, tarifas públicas) carregam a inflação de um período para o outro. O congelamento de preços e salários foi adotado para deter essa memória inflacionaria (desindexar a economia). Outro recurso foram as novas moedas. 4. Inflação de expectativas: seria causada pela expectativa de aumento de uma inflação já alta, nesse caso o empresariado aumenta os preços para resguardar o lucro. 5. Corrente estruturalista (cepalina): a inflação estaria associada a deficiências estruturais da economia, como a presença de latifúndios poucos preocupados com a produtividade, mercado oligopolizado, etc. A estrutura agrícola seria responsável por encarecer os alimentos e os mercados oligopolizados tem mais poder de manter suas taxas de lucro repassando todos os aumentos de custos. A inflação seria provocada pela desvalorização cambial que os subdesenvolvidos são obrigados a promover para compensar o déficit crônico da balança comercial. Política monetária e inflação: duas abordagens diferentes 1. Sistema de Metas de Inflação: Autoridades monetárias fixam limites de variação para os próximos dois anos. Após fixada, o BACEN através do COPOM em reuniões a cada 45 dias controla a SELIC de acordo com as expectativas do mercado, anunciando a tendência da taxa de juros até a próxima reunião, que pode ser de alta, baixa ou netro (significa que o BACEN pode alterar a taxa antes da próxima reunião. 2. Núcleo da Inflação: índice de preços que são expurgados, do índice geral, variações transitórias, sazonais ou acidentais. Essas variações estão geralmente associadas aos choques de oferta. Após cessado o choque de oferta, os preços tendem a retornar aos níveis anteriores. Nesse caso, o BC não deve atuar alterando sua política monetária. Só será alterada caso o núcleo se alterar, o que só ocorre em caso de excesso persistente de demanda agregada (inflação de demanda). Inflação no Brasil: 1. Estruturalistas: Inflação relacionada a tensões de custo, causadas por deficiências nas estruturas econômicas, como estrutura agrária, estrutura de mercado oligopolizado, estrutura de comércio internacional. Hoje é colocada a questão do conflito distributivo: vários setores brigando pela sua fatia do bolo, gerando pressão na economia: os capitalistas querem lucro, o governo aumentando a arrecadação de impostos e os trabalhadores reivindicando mais salário. Para resolução do problema, apontam reformas das estruturas produtivas, controle dos preços de oligopólio e controle cambial. 2. Monetaristas: Aponta um desequilíbrio crônico do setor público, pois a necessidade de financiar a dívida leva ao aumento de emissões e excesso de moeda, acima da real necessidade da economia. Defendem a menor intervenção estatal possível e a privatização das empresas estatais, ajuste fiscal (reduzir déficit e dívida pública via reformas fiscais e previdenciárias). 3. Inercialistas: A inflação estaria associada a mecanismos de indexação, que acabam perpetuando a inflação passada numa espécie de inércia inflacionária. Congelamento de preços e troca de moeda são mecanismo usados nesse caso. A maioria dos inercialistas são keynesianos. O Plano Real: i) ajuste fiscal; ii) indexação completa da economia; iii) reforma monetária.
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