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1 Introdução à Bioquímica Profa. Dra. Daniela Luz Ambrósio Bioquímica = química da vida - Quais são as estruturas químicas e tridimensionais das moléculas biológicas? - Como as moléculas biológicas interagem? - Como as células sintetizam e degradam as moléculas biológicas? - Como a energia é conservada e usada pela célula? - Quais são os mecanismos de organização das moléculas biológicas e de coordenação das atividades? - Como a informação genética é armazenada, transmitida e expressa? 2 Origem da Vida - Há 15-20 bilhões de anos – surgimento do universo - Há ~4 bilhões de anos – surgimento da vida - Organismos descendem de um ancestral comum: base genética e bioquímica - C, N, O, H, Ca, P, K e S: 98% peso seco dos seres vivos - Anos 30 – Oparin & Aldane – radiações do sol ou descargas elétricas dos raios simples geraram compostos orgânicos a partir metano, amônia e H2O. - Miller & Urey (1953): H2O, CH4, NH3 e H2 - descargas elétricas geram aa e compostos bioquímicos (hidroxiácidos, aldeídos e HCN). - HCN e aldeído fórmico (CH2O) – bases ác. nucléicos e açúcares - O que veio primeiro, o DNA ou a proteína? Nenhum. Pode ser o RNA ou algo semelhante - Evolução química: condensação de moléculas (moléculas complexas e polímeros) – maior versatilidade química - Moléculas que se ligam a moléculas complementares - DNA 3 - As primeiras células foram quase certamente químio-heterotróficas - Em seguida os heterotróficos começaram a utilizar a energia obtida para a síntese de compostos (fotossintetizadores). Filogenia clássica: baseada em estruturas macroscópicas – Linnaeus (séc. XVIII) e Darwin (séc. XIX) Filogenia molecular: Séc. XX Darwin Linnaeus Arquitetura Celular - Vesículas membranosas: primeiras células - Compartimentação: proteção e possibilidade de manter diferentes concentrações de determinados componentes - Membrana plasmática: define a periferia da cél, é composta por lipídeos e proteínas e permite a passagem de vários compostos. 4 - O conteúdo celular é composto basicamente por proteínas, ácidos núcleicos, polissacarídeos e lipídeos - Material genético (DNA): no núcleo ou nucleóide (bactérias). - Células primitivas: suprimento presente no meio-ambiente – seleção natural de células capazes de sintetizar compostos - Reações biossintéticas requerem energia: desenvolvimento de rotas metabólicas produtoras de energia (Ex: fotossíntese) - Citoplasma: composto por solução aquosa (citosol) e várias partículas suspensas, é organizado pelo citoesqueleto Procariotos - Organismos mais numerosos espalhados por todos os tipos de habitats - não possuem núcleo (estruturas simples e unicelulares) - 1-10 μm: coco, bacilo ou espirilo - Possuem membrana celular externa, mas não possui internas 5 Eucariotos - Núcleo delimitado por membrana que encapsula o DNA (mais complexos e podem ser uni ou multicelulares) - 10-100 μm - Organelas delimitadas por membranas: núcleo, nucléolo, retículo endoplasmático, aparelho de Golgi, mitocôndria, cloroplastos, lisossomos, peroxissomos, vacúolos Evolução dos organismos - Taxonomia: classificação dos organismos pela morfologia - Filogenia: DNA, RNA e proteínas 6 Carl Woese: agrupados após análise de RNA -Evolução x Mutação: a mutação pode ser benéfica ao organismo, tornando-o melhor adaptado e essa informação é passada para as gerações seguintes, gerando organismos mais evoluídos 7 - O desenvolvimento evolutivo se deu pelo surgimento dos mecanismos para a reprodução sexual, troca de material genético, presença de cromossomos múltiplos - Mitocôndria e cloroplasto: evoluíram de bactérias anaeróbicas - simbiose Como a energia é armazenada e manipulada na célula? - Os organismos mantêm a composição intracelular constante, independente do meio ambiente – estado de equilíbrio dinâmico - Balanço entre síntese e degradação, consumo ou conversão - A energia é obtida pela extração de alimentos ou absorção pela luz solar - A energia obtida é convertida em ATP - A transdução de energia é direcionada pelos elétrons – reações de oxidação-redução 8 ÁGUA - Substância mais abundante nos sistemas vivos (70% ou mais do peso) - Natureza incolor, inodora e insípida - Os primeiros organismos sem dúvida surgiram em meio aquoso - Importância da água para a bioquímica: 1) Moléculas bioquímicas adotam suas formas em reposta às propriedades físicas e químicas da água circundante 2) Meio para a maioria das reações bioquímicas 3) Participa ativamente de muitas reações químicas 4) Sua oxidação produz O2 ÁGUA 9 - O O2 (eletronegativo) atrai os e- mais fortemente, gerando um desequilíbrio elétrico que resulta em 2 dipolos elétricos (molécula polar) O H H Interações fracas em sistemas aquosos: 1) Ligações de H 2) Van der Waals 3) Interações iônicas 4) Interações hidrofóbicas 1) Ligações de Hidrogênio - Ocorre quando o H está ligado ao O, F ou N - Ligações de H – coordenam as moléculas, forma líquida e sólida - Na água líquida, as moléculas formam agrupamentos oscilantes 10 - No gelo, moléculas estão fixas e fazendo pontes de H com outras 4 moléculas 2) Interações de van der Waals - Dipolo: presença de distribuição desigual de cargas positivas e negativas – moléculas polares e apolares Dipolo-dipolo Dipolo-dipolo induzido - As forças de van der Waals podem ser dipolo-dipolo (moléculas polares) ou dipolo-dipolo induzido (moléculas apolares) - Pontes de H > dipolo-dipolo > dipolo-dipolo induzido 11 3) Interações Iônicas - Interações entre íons positivos e negativos, por ex. Na+ Cl- 4) Interações hidrofóbicas - Interações entre uma molécula polar e uma molécula apolar 1) Água e solutos polares - A água é capaz de formar ligações de H com solutos polares A água como solvente - Substâncias polares são solúveis em água e as apolares não 12 2) Água e solutos carregados - Hidratação (cátions e ânions atraídos pela H2O) promove a quebra do retículo cristalino - dissolução 3) Compostos anfipáticos - Possuem uma porção hidrofílica (polar) e uma porção hidrofóbica (apolar) – interações hidrofóbicas (fracas) 13 4) Gases - Os gases CO2, O2 e N2 são apolares - A soma de interações fracas maximiza a interação (Ex: enovelamento de uma proteína, ligação Ag-Ac, ligação enzima-substrato, etc) Propriedades coligativas da água - pressão de vapor, ponto de evaporação, ponto de fusão e pressão osmótica - O soluto afeta as propriedades coligativas e está relacionado ao número de partículas do soluto. 14 - A água tende a se mover de uma região com maior concentração de água para uma de menor concentração por uma membrana semi- permeável (osmose), para a produção de uma solução homogênea – pressão osmótica - Membranas plasmáticas são mais permeáveis à água do que a outras moléculas pequenas, íons e macromoléculas Soluções isotônicas, hipertônicas ou hipotônicas Isotônico hipertônico hipotônico 15 - As células geralmente encontram-se em meios hipotônicos – pressão osmótica direciona para a entrada de água Mecanismos de prevenção: - parede celular não expansível (bactérias e plantas) - vacúolo contrátil (certos protistas de água fresca) - plasma sanguíneo e líquido intersticial com osmolaridade próxima (organismos multicelulares) - As plantas utilizam a osmolaridade para a obtenção de água – alta concentração de soluto nos vacúolos Ionização da água, ácidos e bases fracas - Apesar das propriedades de solvente da água, precisamos considerar também o pequeno grau de ionização em íons H+ e OH- - Os íons H+ são imediatamente hidratados gerando íons hidroxônio H3O+ 16 - A ionizaçãoda água pode ser medida pela condutividade elétrica – mais rápida que íons Na+, K+ e Cl- - Algumas moléculas de água que interagem com a estrutura de proteínas, DNA ou RNA possuem propriedades distintas das moléculas presentes como solvente (Ex: citocromo f). A água como reagente 17 hidrólise condensação - A hidrólise tb é responsável pela despolimerização enzimática de proteínas, CHs e ác nucléicos - hidrolases - Além de participar como substrato, a água também pode ser responsável pela transferência de prótons (reações de oxidação-redução) - fotossíntese - Os organismos utilizam a água como um tampão de calor, para a liberação de suor, transporte de nutrientes através de transpiração nas plantas Estrutura e Função dos Carboidratos 18 Carboidratos - Base da dieta na maior parte do mundo - Oxidação de CH é a principal via metabólica fornecedora de energia na maioria das células não-fotossintetizantes - Alguns polímeros insolúveis de CH funcionam como elementos estruturais e de proteção nas paredes de bactérias e vegetais e nos tecidos conjuntivos de animais - Outros polímeros agem como lubrificantes em articulações esqueléticas e estão envolvidos no reconhecimento e coesão entre as células - De forma geral desempenham as funções de fonte e reserva de energia, função estrutural e matéria prima para a biossíntese de outras moléculas - Carboidratos são compostos contendo um grupo aldeído ou um grupo cetona e 2 ou + grupos OH - Muitos CH possuem a fórmula empírica (CH2O)n – CH ou hidratos de C - Alguns CH contém N, P e S - 3 classes principais, de acordo com o tamanho: monossacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos – sacarídeo = açúcar (grego sakcharon) - Polímeros mais complexos podem estar ligados covalentemente a proteínas e lipídeos, com função sinalizadora - glicoconjugados 19 1) Monossacarídeos - Açúcares simples que contém uma única molécula de poliidroxialdeído ou cetona, com no mínimo 3C e grupos OH - Na nomenclatura de monossacarídeos e dissacarídeos, os nomes terminam em “ose” - Os átomos de C ligados a grupos OH são centros quirais - estereoisômeros - São compostos incolores, sólidos cristalinos, solúveis em água e insolúveis em solventes apolares - A maior parte possui sabor doce gliceraldeído aldose diidroxicetona cetose 3C: triose (aldotriose ou cetotriose) 4C: tetrose 5C: pentose 6C: hexose 7C: heptose - As hexoses D-glicose e D-frutose são os mais abundantes na natureza D-glicose D-frutose 20 - As pentoses D-ribose e 2-desoxi-D-ribose são componentes dos nt e ác nucléicos D-ribose 2-desoxi-D-ribose Centros Assimétricos - Todos os monossacarídeo, com exceção da diidroxiacetona, possuem 1 ou mais centros quirais gliceraldeído - Em geral uma molécula com n centros quirais pode ter 2n estereoisômeros 21 - A configuração do átomo de C referência (mais distante da carbonila) é utilizada para a comparação com a estrutura do gliceraldeído (D e L- isômeros) - Alguns açúcares ocorrem naturalmente na forma L, como a L- arabinose 22 - epímeros: dois açúcares que diferem na configuração de um único C - Na realidade, em soluções aquosas, as aldotetroses e os monossacarídeos de 5 ou + C ocorrem como estruturas cíclicas 23 - Os anéis de 6 membros são chamados de piranoses pela semelhança com o pirano e os de 5 membros de furanose pela semelhança com o furano 24 - O anel piranosídico de 6 átomos não é plano, ocorre na conformação de “cadeira” Derivados das Hexoses 25 - N-acetilglicosamina e N-acetilmurâmico (derivados da glicosamina) - polímeros estruturais, incluindo os presentes nas paredes celulares bacterianas - L-fucose (derivado da L-galactose) e a L-ramnose (derivado da L-manose) - polissacarídeos de plantas e oligossacarídeos complexos de glicoproteínas e glicolipídeos - Quando o C da carbonila é oxidado até ác carboxílico, são produzidos ácidos aldônicos. Ex: glicose ác glicônico - A oxidação do C6 forma os ácidos urônicos. Ex: glicose ác glicurônico D-glicose - Os monossacarideos podem ser oxidados pelos íons Fe3+ ou Cu2+ - açúcares redutores 26 2) Oligossacarídeos - Cadeias curtas de unidades monossacarídicas, unidas por ligações glicosídicas - Os mais abundantes são os dissacarídeos (2 unidades de mono) - sacarose D-glicose + D-frutose - Os monossacarídeos são unidos covalentemente por uma ligação O- glicosídica - A ligação pode ser hidrolisada por ácido, mas resistem à clivagem por base 27 - Com a ligação glicosídica – açúcar deixa de ser redutor – extremidade redutora Nomenclatura dos dissacarídeos - A patir do terminal não-redutor (esquerda): 1) Configuração ou da primeira unidade do monossacarídeo 2) Nome da unidade da extremidade não-redutora, adicionando o termo “furano” ou “pirano” 3) Os átomos de carbono unidos na ligação glicosídica, com os números indicados entre parênteses 4) Nome da segunda unidade -D-galactopiranosil-(14)--D-glicopiranose 28 Sacarose Trealose - Os dissacarídeos não-redutores são chamados de glicosídios (não-redutor) (não-redutor) -D-galactopiranosil-(14)--D-glicopiranose 3) Polissacarídeos - Contém mais de 20 unidades de monossacarídeos, podendo chegar a centenas ou milhares - Os polissacarídeos, também chamados de glicanos, diferem entre as unidades que os compõem, nos tipos de ligação, na comprimento da cadeia e no grau de ramificação Homopolissacarídios Não-ramificado ramificado Heteropolissacarídios Não-ramificado ramificado 29 - Ex. homopolissacarídios: amido e glicogênio (combustíveis celulares), celulose e quitina (estrutura de parede celular em plantas e exoesqueleto de animais) - Ex. heteropolissacarídios: peptidioglicano (parede bacteriana), polissacarídeos envolvidos na proteção, forma e suporte para células, tecidos e órgãos Amido - Molécula altamente hidratada - Composto por 2 polímeros de glicose: amilose e amilopectina - Vegetais sintetizam amido – tubérculos (batata) e sementes (grão de milho) Amilose: cadeias longas não-ramificadas de D-glicose (14), que variam de milhares até um milhão de unidades 30 Amilopectina: cadeias longas ramificadas (a cada 24-30 unidades) de D- glicose (14), nos pontos de ramificação a ligação é 16 Glicogênio - Molécula altamente hidratada - Principal polissacarídeo de armazenamento nos animais – fígado e músculo esquelético - Polímero de subunidades de D-glicose (14), bastante ramificado (16), a cada 8 a 12 unidades, massa de milhões - Para a liberação de energia, cada glicose vai sendo liberada, uma a uma - Porque a glicose não é estocada na forma monomérica? 31 Dextranas - poli-D-glicose unidas por ligações 16, com ramificações 13 (alguns possuem 12 ou 14) - presentes em bactérias e fungos, placa bacteriana, sephadex Celulose - fibrosa, resistente, insolúvel em água - encontrada na parede celular dos vegetais - homopolissacarídeo linear de D-glicose na configuração (10.000-15.000 unid), unidas por ligações 14 32 - o glicogênio e o amido da dieta é hidrolisado por -amilases (saliva e pâncreas) - 14, mas a celulose não é usada como fonte de energia pela maioria dos animais pela ausência de uma enzima que hidrolise 14 - os cupins digerem a celulose pela presença de um microorganismo simbiótico (Trichonympha). Alguns fungos e bactérias também são capazes Quitina - homopolissacarídeo linear de N-acetilglicosamina em ligação - forma fibras estendidas semelhantes à celulose e tambem nao pode ser digerida - presente no exoesqueleto duro de uma série de artrópodes 33 Influência no dobramento de homopolissacarídeos - subunidades com estruturamais ou menos rígida - presença de grupos OH – ligações de H - existe rotação ao redor das ligações C – O que unem 2 monossacarídeos, com limitações - ligações covalentes que formam estruturas macromoleculares tridimensionais, estabilizadas por interações fracas - Amido e glicogênio: hélice é forma mais estável, estabilizada por ligações de H - celulose: estrutura estabilizada por ligações de H inter e intracadeia 34 Heteropolissacarídeos estruturais - Paredes de bactérias: resíduos alternantes de N-acetilglicosamina e ác N-acetilmurâmico (ligação 14) - Polímeros lineares são interligados por peptídeos pequenos - Lisozima: clivagem da ligação 14 (lágrima e alguns vírus) - Penicilina e seus derivados: impedem a síntese das ligações cruzadas da parede – lise por osmose - Algumas algas possuem paredes que contém ágar, heteropolissacarídeos sulfatados compostos por D-galactose e um derivado de L-galactose unidos por ligações éter entre C-3 e C-6 - ágar: agarose (polímero não ramificado) + agaropectina (ramificado) 35 Heteropolissacarídeos da matriz extracelular - Matriz extracelular: material gelificado presente no espaço extracelular dos tecidos de animais multicelulares - Composta por rede de heteropolissacarídeos e proteínas fibrosas interconectadas (colágeno, elastina, fibronectina e laminina) - glicosaminoglicanos: polímeros lineares compostos por unidades repetitivas de dissacarídeos, sendo sempre uma N-acetilglicosamina ou N- acetilgalactosamina e o outro um ácido urônico (exclusivo em animais e bactérias) - Presença de de grupos sulfato e grupos carboxilato – carga negativa – conformação estendida e ligação a proteínas (proteoglicanos) -Ácido hialurônico (articulacoes e humor vitreo) -sulfato de condroitina (a resistência à tensão das cartilagens, tendões, ligamentos e das paredes da aorta) -dermatan-sulfato (flexibilidade da pele e também está presente nos vasos sanguíneos e válvulas do coração) -queratan-sulfato (córnea, cartilagens, ossos e estruturas formadas por células mortas (chifres, cabelos, cascos, unhas e garras) Garantem a matriz extracelular viscosidade, adesão e resistencia a compressão. 36 Glicoconjugados - Além das funções de reserva de combustível e estruturais, os CHs agem como portadores de informações (reconhecimento, mediadores de interações específicas, endereçamento de proteínas) - glicoconjugado: ligação de um CH a uma proteína ou lipídeo - proteoglicanos, glicoproteínas e glicolipídeos 37 1) Proteoglicanos - Uma ou mais cadeias de glicosaminoglicanos ligadas covalentemente a uma proteína de membrana ou a uma proteína a ser secretada - Presentes na superfície celular ou matriz extracelular, como pontos de adesão, reconhecimento e transferência de informações - Maior componente dos tecidos conjuntivos, nas quais múltiplas interações não-covalentes com outros proteoglicanos, proteínas e glicosaminoglicanos produzem resistência e elasticidade - O ponto de ligação do proteoglicano com a proteína geralmente é um resíduo de Ser (-Ser-Gly-X-Gly) e ele está ligado através de uma ponte feita por um trissacarídeo 38 - Agregados de proteoglicanos: conjuntos de proteínas centrais, todas ligadas a uma única molécula de hialuronato - várias agrecanas, que possui cadeias múltiplas de condroitina sulfato e queratana sulfato, se unem ao hialuronato - as agrecanas interagem fortemente com o colágeno na matriz extracelular das cartilagens, contribuindo para o desenvolvimento e resistência à tensão deste tecido conjuntivo 2) Glicoproteínas - Têm ligados covalentemente à porção protéica, um ou vários oligossacarídeos de complexidades variadas, menores e estruturalmente mais variados que os glicosaminoglicanos nos proteoglicanos - Encontrados no lado externo da membrana plasmática, na matriz extracelular e no sangue - No interior das células são encontrados no CG, grânulos secretores e lisossomos - A porção carboidrato pode constituir 1 a 70% ou ainda mais da massa da glicoproteína 39 - Os CHs estão unidos ao grupo OH de resíduos de Ser ou Thr, por ligação glicosídica (O-ligados) ou por ligação glicosídica com o N de uma Asn (N- ligado) - A superfície externa da membrana plasmática possui muitas glicoproteínas. Ex: glicoforina da membrana da He (16 oligossacarídeos, 15 O-ligados e 1 N- ligado) - Glicoproteínas secretadas pelas células: Ig, hormônio folículo-estimulante, luteinizante e estimulante da tireóide, proteínas do leite, secretadas pelo pâncreas e proteínas contidas nos lisossomos - Uma mesma proteína produzida por 2 tecidos diferentes com vários padrões de glicosilação. Ex: IFN-1 (células do ovário e glândula mamária) - marcador - A vantagem biológica da adição de CH às proteínas não estão completamente entendidas – enovelamento protéico, proteção ataque de enzimas proteolíticas (carga negativa) 40 3) Glicolipídios - Lipídios de membrana nos quais a cabeça hidrofílica é um oligossacarídeo - Encontrados na face externa da membrana plasmática - Ex. gangliosídio – lipídeo de membrana das células eucarióticas no qual o grupo-cabeça polar (porção externa) é um oligossacarídeo complexo contendo ác siálico, relacionados com a determinação dos grupos sanguíneos - Os lipopolissacarídeos estão presentes na membrana externa de bactérias gram- negativas como E. coli e S. typhimurium - Alvos primários do sistema imune – sorotipo de linhagens - S. typhimurium: 6 ác graxos ligados a 2 resíduos de glicosamina, sendo um ligado a um oligossacarídeo complexo porção central cadeia específica O 41 CHs como moléculas de informação - As células utilizam determinados oligossacarídeos para codificar informações sobre o endereçamento intracelular de proteínas, interações célula-célula, crescimento dos tecidos e sinais extracelulares - Riqueza de informações: ligações variadas e configurações e Lectinas - Proteínas encontradas em todos os organismos que se ligam a CHs com alta afinidade e especificidade - Atuam em ampla variedade de processos intercelulares de reconhecimento, adesão e sinalização, como também no endereçamento intracelular de proteínas recém-sintetizadas - Em plantas, as lectinas sao abundantes em sementes e provavelmente atuam como restringentes para insetos e outros pedradores - Vários vírus se ligam à célula hospedeira por meio de interações com oligossacarídeos expostos na superfície dessa célula. Ex: vírus influenza – proteína HA (lectina) é essencial 42 Selectinas - Família de lectinas (membrana plasmática) que medeiam o reconhecimento e a adesão célula-célula em vários processos celulares. Ex: movimento de células T para locais de infecção ou inflamação - Alguns patógenos microbianos possuem selectinas que fazem a adesão da célula bacteriana à célula hospedeira ou que medeiam a entrada de toxinas nas células - Ex: Helicobacter pylori – adere na superfície do estômago pelas interações entre selectinas na superfície da bactéria e CHs das glicoproteínas da membrana celular - Toxinas colérica e pertússis (lectinas) se ligam à célula alvo por meio de um oligossacarídeo presente na membrana da célula – toxinas análogas para vacinas ou oligossacarídeos sintéticos - No complexo de golgi lectinas são responsáveis pelo endereçamento de proteínas recém-sintetizadas para o lisossomo. Ex: resíduo de manose-6- fosfato 43 - A análise de CH é mais complexa que a das proteínas e ác nucléicos por possuírem uma estrutura ramificada e união por vários tipos de ligações - Para serem analisados, os CHs são separados das proteínas ou lipídeos que estão conjugados e submetidos a etapas de degradação em posições de ligações específicas ou estereoquímicas - Uso de espectrometria de massa e espectroscopia por ressonância nuclear magnética(RNM) Análise dos CHs
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