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A IMPORTÂNCIA DA HABITAÇÃO NA CRIAÇÃO DE CIDADES SUSTANTÁVEIS ATRAVÉS DO SELO CASA AZUL CAIXA THE IMPORTANCE OF HOUSING IN THE CREATION OF SUSTAINABLE CITIES THROUGH THE SEAL CASA AZUL CAIXA Jessica Bosquetti Mateus, Arquiteta e Urbanista (UDESC), acadêmica do MBA em Gestão de Obras e Projetos (UNISUL) PALAVRAS CHAVE Habitação Sustentável; Selo Casa Azul; Sustentabilidade KEY WORDS Sustainable Housing; Seal Casa Azul; Sustainability RESUMO O desenvolvimento promovido nos últimos 250 anos pela humanidade permitiu enormes ganhos em termos de qualidade e expectativa de vida para os seres humanos (CAIXA, 2010). Embora a urbanização traga benefícios à sociedade, há também diversas e graves questões ambientes e sociais. Segundo as Nações Unidades, a população mundial tem se concentrado cada vez mais nas cidades, o que significa que elas reúnem tanto a causa quanto a solução de grande parte dos atuais problemas mundiais (CIDADES SUSTENTAVEIS, 2014). O Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU- HABITAT) constatou que as cidades são responsáveis por 75% do consumo total de energia mundial e pela emissão de 80% dos gases que causam o aquecimento global. Há que se pensar então no papel que a habitação apresenta para a construção/desenvolvimento de cidades sustentáveis. Segundo Jonathan Reckford (CEO da Organização não Governamental Habitat for Humanity International) uma habitação decente é crucial para uma sociedade mais justa e próspera e devem ser o foco de qualquer meta de desenvolvimento de cidades sustentáveis. Nesse contexto se insere o Selo Casa Azul da Caixa Econômica Federal que pretende incentivar o uso racional de recursos naturais na construção de empreendimentos habitacionais, além de promover a conscientização de empreendedores e moradores sobre as vantagens das construções sustentáveis. ABSTRACT The development promoted in the last 250 years by humanity has allowed gains in terms of quality and life expectancy for humans (CAIXA, 2010). Although urbanization brings benefits to society, there are also a number of serious environmental and social issues. According to the United Nations, the world’s population has been increasingly concentrated in citites, which means they have both the cause and the solutions to most of the world’s current problems (SUSTAINABLE CITIES, 2014). The United Human Settlements Program (UN-HABITAT) found that cities are responsible for 75% of total global energy consumption and the emission of 80% of the gases that cause global warming. We must think then, about the importance that housing has in the construction/development of sustainable citites. According to Jonathan Reckford (CEO of Habitat for Humanity International), decent housing is crucial to a fairer and more prosperous society and should be the focus of any sustanaible urban development goal. In this context, the Seal Casa Azul of the Caixa Econômica Federal aims to encourage the rational use of natural resources in the construction of housing developments, and to promote the awareness of entrepreneurs and residents about the advantages of sustainable buldings. 1. INTRODUÇÃO As cidades tendem a crescer de maneira desordenada, em muito devido à ausência de políticas públicas, ou até mesmo não aplicação e/ou fiscalização das mesmas. Parte desse crescimento se da ao déficit habitacional presente nas cidades brasileiras. Dados preliminares da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) realizada em 2015 apontam que entre os anos de 2013 e 2015 houve redução de quase 400 mil unidades na produção de novos domicílios, após mais de cinco anos de avanço. Diante desse panorama é preciso ter atenção especial para a demanda por habitação e pensar formas de reduzir o déficit. Neste sentido a habitação é tratada neste artigo como fator de sustentabilidade dentro do contexto geral de cidade. Compreende-se que a habitação não é somente a casa ou edifício habitacional, mas o conjunto que estes formam como o ambiente urbano através de sua localização, suas conexões e articulações. A Caixa Econômica Federal (CEF) possui grande importância estratégica para o desenvolvimento da construção civil, por ser o maior financiador do setor, através do programa “Minha Casa Minha Vida”. Diante de uma sociedade mais consciente e com acesso a informações sobre a realidade do nosso meio ambiente e também sendo a indústria da construção civil uma das mais poluidoras, pois além de explorar a matéria prima, gera resíduos, se fazem necessárias campanhas que estimulem ações sustentáveis. O Selo Casa Azul, segundo a Caixa Econômica vem de encontro a essas ideias trazendo um certificado que tem como principal objetivo auxiliar no desenvolvimento do setor, fornecendo parâmetros para auxiliar na tomada de decisões dos profissionais envolvidos, melhorando assim de forma progressiva e continua os projetos e construções. 2. HABITAÇÃO SUSTENTÁVEL Hoje falar em sustentabilidade se tornou parte do nosso cotidiano, a uma preocupação e busca sobre seus benefícios e sua importância para a preservação do planeta par as futuras gerações. Entretanto a popularização do termo acabou por reduzir seu significado a um aspecto relacionado quase que somente a preservação ambiental, quando na verdade representa muito mais que isso. É impossível discutir sustentabilidade sem discutir questões relacionadas a aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade humana (LOTUFO, 2011). Nesse contexto esta inserida a habitação, que contribui de maneira significativa no desenvolvimento desses aspectos, sendo um dos pilares mais importantes da nossa existência. Ela deve representar o abrigo seguro e estar inserida de maneira harmônica no espaço contextual e na vizinhança, permitindo o acesso aos locais de exercício de funções básicas não só a sobrevivência, mas também a evolução, além de conviver sem conflito com o meio ambiente, respeitando-o e preservando-o. (SÃO PAULO, 2010). Uma habitação pode ser considera sustentável quando a adequação ambiental, a viabilidade econômica e a justiça social são incorporadas em todas as etapas do seu ciclo de vida desde a construção até a possível demolição. A adoção de uma habitação mais sustentável traz uma serie de benefícios, como a minimização do uso de recursos naturais e da geração de poluição, o desenvolvimento da economia local e a formalidade nas relações de trabalho, além do aumento da eficiência no uso de recursos financeiros na construção e valorização do imóvel pelo mercado (SÃO PAULO, 2011). Infelizmente hoje no país uma construção sustentável é vista como investimento de alto custo, sendo construída em sua maioria em condomínios residenciais de alto padrão e poder aquisitivo. Uma moradia viável para uma população com renda inferior a três salários mínimos é um desafio, cujas soluções não se resumem somente ao projeto, pois a população que se enquadra nessa faixa necessita também de condições mínimas para se manter em áreas urbanizadas (SÃO PAULO, 2011). Diante de tais desafios, cabe ao Poder Público, na condição de grande consumidor de obras e serviços de engenharia, fomentar a indústria da construção civil sustentável por meio da regulação do setor, seja agindo de forma pioneira e inovadora ou mediante a celebração de contratos em que os critérios socioambientais são aplicáveis as obras públicas, incluindo as habitações com finalidade social (SÃO PAULO, 2011). O Selo Casa Azul se mostra entãouma importante ferramenta para o desenvolvimento da Construção Civil no Brasil e também para a melhoria na qualidade das Habitações de Interesse Social. 3. SELO CASA AZUL Criado no ano de 2010 o Selo Casa Azul é uma classificação socioambiental dos projetos habitacionais financiados pela Caixa. A principal missão do selo é reconhecer projetos que adotam soluções eficientes na construção, uso, ocupação e manutenção dos edifícios (CAIXA, 2010), sendo o primeiro sistema de classificação da sustentabilidade de projetos ofertado no Brasil, desenvolvido para a realidade da construção habitacional brasileira. A metodologia do Selo foi desenvolvida por uma equipe técnica da CAIXA com experiência em projetos habitacionais e em gestão para a sustentabilidade, juntamente a um grupo multidisciplinar de professores da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Universidade Federal de Santa Catarina e Universidade Estadual de Campinas. Para receber o Selo Casa Azul o empreendimento deve obedecer a 19 critérios obrigatórios, e de acordo com o número de critérios opcionais atendidos, o projeto ganha o selo novel bronze, prata ou ouro. São 53 critérios de avaliação, divididos em 6 categorias: Qualidade Urbana Projeto e Conforto Eficiência Energética Conservação de Recursos Materiais Gestão da Água Práticas Sociais O guia Selo Casa Azul disponível no site da Caixa Econômica Federal apresenta os critérios de avaliação e recomendações técnicas a serem seguidos nas referentes categorias sendo eles: 1. Qualidade Urbana A forma de um empreendimento, isto é seu padrão, layout e escala, define uma série de implicações socioambientais. O resultado esperado com a produção de empreendimentos habitacionais bem sucedidos é essencialmente a criação de comunidades ajustadas às necessidades de seus moradores hoje e no futuro, bem servida com a provisão de serviços públicos, privados, comunitários e voluntários de boa qualidade, apropriados às necessidades das pessoas e acessível a todos. A Caixa recomenda então que na etapa de estudo de viabilidade sejam considerados: o mapeamento da infraestrutura básica; serviços; equipamentos e transporte público regular; mapeamento de eventuais fatores de risco na seleção de área definitiva, sendo os mesmos incluídos no planejamento do empreendimento. Além dessas avaliações iniciais, recomenda- se também a previsão de melhorias urbanas executadas pelo preponente no entorno do empreendimento. Recuperação de área degradada igual ou superior a 20% da área total do empreendimento, além de caracterizar o nível de degradação social e/ou ambiental, mapear estratégias a serem implantadas na recuperação. Por fim realizar mapeamento de vazios urbanos em ares centrais e caracterização de potencial de recuperação de edificações existentes em áreas centrais. Figura 01: Níveis de Graduação do Selo Casa Azul CAIXA, 2010. Figura 02: Logomarcas do Selo CAIXA, 2010. 2. Projeto e Conforto Esta categoria trata dos aspectos relacionados ao planejamento e a concepção do projeto do empreendimento, considerando-se as ações relativas à adaptação da edificação as condições climáticas, as características físicas e geográficas, bem como a previsão de espaços na edificação a usos e fins específicos (CAIXA, 2010). Recomenda-se então a utilização do paisagismo como forma de solucionar problemas relacionados ao resfriamento ou ao aquecimento passivo a arquitetura ocasionando redução de gastos de energia e favorecer a sustentabilidade econômica do edifício por exemplo. Permitir o aumento da versatilidade da edificação, por meio de modificação de projeto e futuras ampliações, adaptando-se as necessidades do usuário, evitando o desperdício de materiais de construção e aumento da quantidade de resíduos de construção e demolição ocasionada por reformas. Deve-se prever também medidas que propiciem a vizinhança condições adequadas de insolação, luminosidade, ventilação e vistas panorâmicas, respeitando as condições atuais em relação a vizinhança, mantendo-as e melhorando- as, nos seus diversos aspectos existentes. Incentivar o uso de meios de transporte menos poluentes, visando reduzir o impacto produzido pelo uso de veículos automotores além de possibilitar a realização da separação dos recicláveis nos empreendimentos. Proporcionar aos usuários melhores condições de conforto térmico através das vedações, orientação de sol e ventos iluminação de áreas comuns e ventilação e iluminação natural dos banheiros. Minimizar o impacto causado pela implantação do empreendimento na topografia e em relação aos elementos naturais do terreno. 3. Eficiência Energética Para o desenvolvimento de projetos mais sustentáveis no Brasil, dentro do setor residencial, deve-se buscar uma redução no consumo de eletricidade, lenha e gás, e um aumento do uso de fontes renováveis de energia (CAIXA, 2010). A CAIXA recomenda então reduzir o consumo de energia elétrica, mediante o uso de lâmpadas eficientes, conformo a utilização de cada ambiente além da utilização de dispositivos economizadores nas áreas comuns. Dar preferência ao sistema de aquecimento a gás em relação ao elétrico, além de proporcionar aos moradores o gerenciamento do consumo de gás da sua unidade habitacional, conscientizando sobre seus gastos e possibilitando a redução do consumo. Utilização de sistemas operacionais eficientes na edificação, no caso dos elevadores, e também de eletrodomésticos eficientes. Proporcionar menor consumo de energia por meio da geração e conservação por fontes renováveis. Figura 03: Requisitos Obrigatórios Qualidade Urbana CAIXA, 2010. Figura 04: Requisitos Obrigatórios Projeto e Conforto CAIXA, 2010. 4. Conservação de Recursos Materiais O exercício da construção depende de um fluxo constante de materiais, da atividade de preparação do terreno, de uso, limpeza e manutenção, correção de patologias, até o afim da vida útil do edifício ou de suas partes, onde grande quantidade de resíduos é gerada. Atualmente não existem materiais que não tenham impacto ambiental ao longo de todo o seu ciclo de vida, e infelizmente grande parte dos materiais contribuem significativamente para as mudanças climáticas já que dependem de processos térmicos na sua fabricação, liberando CO2. Nesse contexto recomenda-se reduzir as perdas de matérias pela necessidade de cortes, ajustes de componentes e uso, reduzindo o volume de resíduos da construção e demolição, através da coordenação modular. Evitar o uso de produtos de baixa qualidade, melhorando o desempenho e reduzindo o desperdício de recursos naturais e financeiros em reparos, colaborando para a redução do consumo de recursos naturais pelo emprego de componentes industrializados. Reduzir o emprego de madeira em aplicações de baixa durabilidade, que constituem desperdício e incentivar o uso de materiais reutilizáveis. Reduzir a quantidade de resíduos de construção e demolição e seus impactos no meio ambiente urbano e nas finanças municipais, pormeio da promoção ao respeito das diretrizes estabelecidas nas Resoluções n.301 e n.348 do CONAMA. Otimizar o uso do cimento na produção de concretos estruturais, por meio de processos de dosagem e produção controlados e de baixa variabilidade, sem redução de segurança estrutural, preservando recursos naturais escassos e reduzindo as emissões de CO2. Reduzir a pressão sobre recursos naturais não renováveis por meio do uso de materiais reciclados e pela promoção de mercado de agregados reciclados. Minimizar a demanda por madeiras nativas de florestas não manejadas pela promoção do uso de madeira de espécies exóticas plantadas ou madeira nativa certificada. Reduzir as atividades de manutenção e os impactos ambientais associados a pintura frequente da fachada. Contratar apenas fornecedores e empresas que operam exclusivamente de maneira formal, maximar a vida útil do edifício e planejar as atividades de manutenção, que devem estar de acordo com a capacidade técnica e econômica dos usuários, são fatores que também auxiliam na conservação de recursos Materiais. 5. Gestão da Água A gestão da água em edifícios é indispensável para um uso mais sustentável deste insumo, pois contribui para mitigar os problemas de escassez, amenizar a poluição em águas superficiais e profundas e, ainda, reduzir os riscos de inundação em centros urbanos. Uma das maneiras para contribuir com a gestão da água nos edifícios é possibilitar aos usuários o gerenciamento do consumo de água Figura 05: Requisitos Obrigatórios Eficiência Energética CAIXA, 2010. Figura 06: Requisitos Obrigatórios Conservação de Recursos Materiais CAIXA, 2010. de sua unidade habitacional, de forma a facilitar a redução de consumo, através de medidores individuais de água e dispositivos economizadores na bacia sanitária, arejadores nas torneiras e registros reguladores de vazão. Possibilitar o aproveitamento de águas pluviais, reduzindo o consumo de água potável para determinados usos como em bacias sanitárias e irrigação de áreas verdes por exemplo. Permitir o escoamento e infiltração das águas pluviais de modo controlado, com vistas a prevenir o risco de inundações em regiões com alta impermeabilização do solo e desonerar as redes públicas de drenagem, além de reduzir a poluição difusa e propiciar a recarga do lençol freático, através de áreas permeáveis. 6. Práticas Sociais Essa categoria busca promover a sustentabilidade do empreendimento por meio de ações que abrangem os diversos agentes envolvidos na elaboração, construção e ocupação das edificações, já que estas tem grande responsabilidade quanto a sua sustentabilidade. Para isso recomenda-se realizar com os empregados envolvidos na construção do empreendimento, atividades educativas e de mobilização das diretrizes do Plano de Gestão de Resíduos da Construção e Demolição, além de prestar informações e orienta-los sobre a utilização dos itens de sustentabilidade sobre os aspectos ambientais. Outro fator importante é prover educação e capacitação profissional aos trabalhadores, visando à melhoria de suas condições de vida, socioeconômicas e inserção social. Promover a participação e o envolvimento da população na implementação do empreendimento e na consolidação deste como sustentável, como forma de estimular a permanência dos moradores no imóvel e a valorização da benfeitoria. Prestar informações e orientar os moradores quanto ao uso e manutenção adequada do imóvel considerando os aspectos de sustentabilidade, através de educação ambiental, além de fomentar a organização social dos moradores e capacita- los para a gestão do empreendimento. Desenvolver ações socioeducativas a fim de reduzir o impacto do empreendimento no entorno através de ações para a mitigação de riscos sociais. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Em março de 2010 um relatório da ONU sobre habitação apontou que apesar do aumento mundial no número de habitantes de moradias precárias, no Brasil o processo está se revertendo, e que nos últimos 10 anos, 10,4 milhões de pessoas saíram das favelas. Isto significa que a porcentagem de pessoas nestas condições caiu de 31% para 26,4% da população. O relatório atribui o avanço a políticas econômicas, terrenos e serviços de construção, a uma emenda constitucional que garante o direto da moradia e a criação do Ministério das Cidades (LOTUFO, 2011). Dados preliminares da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) mais recente, de Figura 07: Requisitos Obrigatórios Gestão da Água CAIXA, 2010. Figura 08: Requisitos Obrigatórios Práticas Sociais CAIXA, 2010. 2015, aponta crescimento anual de cerca de 30% dos lares afetados pelo alto comprometimento da renda com pagamento de aluguel. No total 3,8 milhões de moradias tem esse problema, dado que agrava o déficit habitacional. Além disso, entre 2013 e 2015 houve redução de quase 400mil unidades na produção de novos domicílios, após mais de cinco anos de avanço. Para especialistas, essa dinâmica, que continuara em 2017, tem o poder de reverter a estabilidade dos últimos anos do déficit habitacional, que girou em torno de 5,5 a 6 milhões de moradias (FJP, 2017). Nesse contexto é de suma importância que profissionais ligados à construção civil junto ao Estado assumam seu papel social de prover a qualificação de moradia e espaço urbano, através de políticas públicas e programas sociais, além de definir ações que levem a uma prática sustentável de projeto, sugerindo que antes de tudo é necessário uma redefinição do habitar dentro de uma perspectiva que integre a ecologia e nossos modelos de produção consumo (LOTUFO, 2011). A criação de habitações sustentáveis e de qualidade deve oferecer qualidade de vida para as populações, pois quando bem inserida e planejada integra-se a cidade e a sociedade, diminuindo a diferença socioespacial. Conclui-se através da análise do Selo Casa Azul que realizar habitações sustentáveis não é algo impraticável, já que muitas das obrigatoriedades para aquisição do Selo já são praticadas em diversos edifícios pelo território nacional. Percebeu-se também a preocupação do Selo em trabalhar a sustentabilidade em diferentes escalas e etapas, desde o projeto do empreendimento, passando pela escolha de materiais e tecnologias, cuidado com os resíduos e manutenção do edifício, envolvendo os moradores e a população no processo. Esse processo facilita que o empreendimento se torne parte do ambiente urbano inserido, de forma a proporcionar qualidade de vida não somente aos moradores, mas trazendo também melhorias no entorno, e consequentemente a população. Propor soluções sustentáveis requer planejar em conjunto, com visão ampla que integre as partes como um todo, desde questões ambientais, culturais, políticas, sociais até questões ambientais. Por fim entende-se que edifício e cidade são interdependentes, juntos formam o espaço em que habitamos e regulam nossas atividades cotidianas, refletindo nossa condição social, econômica, política e cultural. REFERÊNCIAS 1. CAIXA – Caixa Econômica Federal. [Site oficial]. 2010. Selo Casa Azul. Disponível em: <http://www.caixa.gov.br/sustentabilidade/prod utos-servicos/selo-casa-azul/Paginas/default.aspx>. Acesso em: 23 abr. 2017. 2. CIDADES SUSTENTAVEIS. Programa Cidades Sustentáveis. [Site oficial]. 2014. ONU: Não há desenvolvimento sustentável sem urbanização sustentável. Disponível em: <http://www.cidadessustentaveis.org.br/noticia s/onu-nao-ha-desenvolvimento-sustentavel- sem-urbanizacao-sustentavel>. Acesso em: 4 mai. 2017. 3. FJP – Fundação João Pinheiro. [Site oficial]. 2017. FJP na mídia. Déficit habitacional aumenta com a recessão. 2017. Disponível em: <http://www.fjp.mg.gov.br/index.php/fjp-na- midia/3785-1-3-2017-deficit-habitacional- aumenta-com-a-recessao>. Acesso em: 1 mai. 2017. 4. LOTUFO, José Otávio. Habitação Social para a Cidade Sustentável. 2011. 157 f. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. 2011. Disponível em: <http://webcache.googleusercontent.com/sear ch?q=cache:Yu0XDmLDRiUJ:www.teses.usp. br/teses/disponiveis/16/16138/tde-20012012- 160900/+&cd=2&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br>. Acesso em: 25 abr. 2017. 5. SÃO PAULO – Secretaria de Estado de Habitação. 2010. Sustentabilidade e Inovação na Habitação Popular: O desafio de propor modelos eficientes de moradia. Disponível em: <http://www.iabsp.org.br/sustentabilidade_inov acao_na_habitacao_popular.pdf>. Acesso em: 25 abr. 2017. 6. SÃO PAULO – Secretaria do Meio Ambiente. 2011. Habitação Sustentável. Disponível em: <http://arquivos.ambiente.sp.gov.br/cpla/2013/ 03/Habitacao-Sustentavel- p_INTERNET4969.pdf>. Acesso em: 4 mai. 2017. 7. TEM SUSTENTAVEL. [Portal de Construção]. Habitação Social: A sustentabilidade aplicada em construções populares. 2016. Disponível em: <http://www.temsustentavel.com.br/habitacao- social-sustentabilidade-aplicada-em- construcoes-populares/>. Acesso em: 28 abr. 2017.
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