Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
6/22/2017 1 CARNES UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA CAMPUS GOVERNADOR VALADARES DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO NUT040– COMPOSIÇÃO DE ALIMENTOS Profa. Maria Cristina de Albuquerque Barbosa07/06/2017 CARNES – COMPOSIÇÃO DE ALIMENTOS 1. CONCEITO 2. CLASSIFICAÇÃO DE CARNES 3. ESTRUTURA DA CARNE 4. PIGMENTO DA CARNE 5. CONVERSÃO DO MÚSCULO EM CARNE 6.VALOR NUTRITIVO 7.FATORES QUE INFLUENCIAM A MACIEZ DA CARNE 6/22/2017 2 CARNES 1. CONCEITO: Denomina-se carne o conjunto de tecidos de cor e consistência características, que recobre o esqueleto dos animais. Um corte de carne apresenta tecido muscular, tecido conjuntivo, gordura, e, às vezes, ossos. Os órgãos internos conhecidos como “miúdos”, usados na alimentação, também são classificados como carne. CARNES 2. CLASSIFICAÇÃO: Tradicionalmente é utilizada a divisão das carnes em vermelhas (bovina, suína, carneiro, cabrito, coelho) e brancas (aves e peixes). Os principais tipos de carne são: carne bovina, de porco, de carneiro, de aves, de cabrito, pescado e caça. 6/22/2017 3 CARNES 3. ESTRUTRA DA CARNE: o Tecido muscular: A carne do músculo é composta de feixes de fibras microscópicas, de forma tubular, que se afinam nas extremidades. Essas fibras variam em tamanho e são revestidas por uma membrana de tecido conjuntivo. O tamanho das fibras musculares e a quantidade de tecido conjuntivo que as mantêm ligadas, determinam a textura da carne. Quando as fibras são pequenas em diâmetro, a textura da carne é fina. A textura da carne de animais novos é mais fina do que a de animais mais velhos. CARNES 6/22/2017 4 CARNES No músculo, os feixes de fibras musculares estão envolvidos por uma membrana externa de tecido conjuntivo denominada epimísio. Do epimísio saem septos muito finos de tecido conjuntivo que se dirigem para o interior do músculo, dividindo-o em fascículos. Estes septos são chamados de perimísio. Cada fibra muscular é envolvida por uma camada muito fina de fibras reticulares chamada endomísio. As principais proteínas das fibras musculares são a actina e miosina. CARNES oTecido Conjuntivo: O tecido conjuntivo pode ser de dois tipos: branco ou amarelo. O tecido conjuntivo branco, embora endureça a carne, transforma-se em gelatina quando cozido em calor úmido, tornando-se macio. Semitransparente é composto , principalmente por colágeno encontrado em grandes proporções nos tendões. O tecido conjuntivo amarelo, composto por elastina, é muito flexível e tem aspecto brilhante. Encontrado em abundância nos ligamentos que unem os ossos e os órgãos e não é amaciado pela cocção. 6/22/2017 5 CARNES o Gordura: Os principais depósitos estão situados ao redor dos órgãos internos, entre os músculos e em volta destes, subcutânea e, por último, a de marmorização. A gordura melhora o sabor, a suculência e a maciez da carne cozida, reduz o tempo de cocção e diminui perdas de sucos por evaporação. O tecido adiposo exerce funções como reservatório de energia, modelação do corpo, preenchimento de espaço entre os tecidos, proteção a choque mecânico, e é uma fonte de calor. Geralmente é encontrado entre os outros tecidos, caracterizando o que se chama de carne marmorizada. CARNES o Gordura: Gordura de marmorização Marmoreio 6/22/2017 6 CARNES o Ossos: Os ossos de animais adultos sãos duros, quebradiços e brancos, enquanto os de animais novos são mais maleáveis, menos quebradiços e apresentam um tom róseo. o Cartilagem: É uma variedade de tecido conjuntivo, de cor cinzenta ou branca, que forra as extremidades dos ossos. Com o desenvolvimento dos ossos, ela desaparece. Pouco encontrada em animais velhos, a cartilagem é flexível e macia em animais novos, e mais dura nos animais adultos. Ex: orelha de porco e peito de aves. CARNES mioglobina oximioglobina metamioglobina 4. PIGMENTO DA CARNE 6/22/2017 7 CARNES 4. PIGMENTO DA CARNE: Ao cortar a carne proveniente de um bovino recém abatido, observa-se a cor vermelho púrpura, devido principalmente à mioglobina. Quando a carne fica em contato com o ar, os pigmentos reagem com o oxigênio molecular e formam um pigmento relativamente estável denominado oximioglobina . Este pigmento é responsável pela cor vermelha brilhante, que proporciona um aspecto atraente. A oximioglobina se forma em 30-40 minutos de exposição ao ar, e esta reação é denominada oxigenação, que ocorre rapidamente porque a mioglobina tem grande afinidade pelo oxigênio. A reação é reversível e denomina-se desoxigenação causada pela dissociação do oxigênio devido ao baixo pH, aumento da temperatura. CARNES 4. PIGMENTO DA CARNE: A desoxigenação da oximioglobina resulta na mioglobina reduzida que é muito instável. As condições que causam desoxigenação também são responsáveis pela oxidação formando a metamioglobina, de coloração marrom, indesejável. A redução da metamioglobina pode ocorrer pelo sistema redutor da carne, por enzimas presentes no músculo, onde a forma trivalente do ferro passa para a forma divalente. 6/22/2017 8 CARNES 5. CONVERSÃO DO MÚSCULO EM CARNE CARNES 6/22/2017 9 CARNES CARNES 6/22/2017 10 CARNES CARNES 6/22/2017 11 CARNES CARNES 6/22/2017 12 CARNES CARNES 6/22/2017 13 CARNES CARNES 6/22/2017 14 CARNES CARNES 6/22/2017 15 CARNES CARNES 6/22/2017 16 CARNES CARNES 6/22/2017 17 CARNES 5. CONVERSAO DO MUSCULO EM CARNE: Após a morte do animal, há a interrupção do fluxo sanguíneo, com interrupção do aporte de oxigênio. O tecido muscular assim como os outros tecidos continua a exercer suas funções metabólicas na tentativa de manter sua homeostase. Com a interrupção do aporte de oxigênio, a síntese de ATP se realiza exclusivamente por via anaeróbica. Em condições anaeróbicas, o ácido pirúvico é reduzido a ácido láctico ao invés de ser metabolizado a acetil-coenzima A e entrar na cadeia respiratória como acontece por via aeróbica. Desta forma, ácido láctico formado se acumula no músculo, causando um declínio de pH no músculo post mortem, essencialmente ligado à quantidade de glicogênio presente no músculo no momento do abate. CARNES 5. CONVERSAO DO MUSCULO EM CARNE A grande rigidez da carne, provocada pelo rigor mortis a torna imprópria para o consumo. O desaparecimento desse estado ocorre com a maturação da carne estocada por vários dias a baixas temperaturas. O amaciamento da carne durante a maturação, após o rigor mortis, deve-se à ação de enzimas lisossomais e de enzimas sarcoplasmáticas, que degradam o complexo actomiosina e parte do colágeno. 6/22/2017 18 CARNES 6. COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA CARNE: São fontes de proteínas de alto valor biológico (10 a 30%), gorduras ( 4,5 a 31,8%), vitaminas do complexo B(B1, B2, B12 e niacina), Vitaminas A, D, E, e K, minerais (1%) como ferro, fósforo, cobre zinco, magnésio, sódio, potássio e iodo em pescados marinhos; O ferro presente na mioglobina e hemoglobina dos alimentos de origem animal é bem absorvido (15 a 35%), enquanto o ferro presente em alimentos de origem vegetal é menos absorvido ( 2 a 20%). Trigliceridios da carne composto de ácidos graxos saturados (ácido palmítico e esteárico) e, de pequenas quantidades de ácidos graxos insaturados (oléico, linoléico e araquidônico); Colesterol está presente na gordura animal; Cerca de 70% do músculo é água. Essa proporção é maior nos animais jovens e menor emmúsculos com maior teor de gordura. CARNE ENERGIA (kcal) PROTEÍNA (g) LIPÍDIO (g) FERRO (mg) ZINCO (mg) TIAMINA(mg) NIACINA (mg) Atum fresco 118 25,7 0,9 1,3 0,4 Tr - Bacalhau salgado 136 29,0 1,3 0,9 0,7 Tr - Camarão 47 10,0 0,5 0,7 0,7 Tr Tr Pescada,file 107 16,7 4,0 0,2 0,3 Tr - Sardinha 114 21,1 2,7 1,3 1,3 Tr - Capa de file 217 19,2 15,0 1,5 3,5 0,09 1,55 Contrafilé c/ gordura 206 21,2 12,8 1,3 6,7 Tr 2,75 Costela bovina 358 16,7 31,8 1,2 2,7 0,12 5,99 Coxão duro s/ gordura 148 21,5 6,2 1,9 2,8 0,12 - Coxão mole 169 21,2 8,7 1,9 2,6 0,12 - File mignon s/ gordura 143 21,6 5,6 1,9 2,8 0,12 1,78 Fraldinha 221 17,6 16,1 1,5 4,2 0,08 3,56 Lagarto 135 20,5 5,2 1,3 2,4 0,10 - Maminha 153 20,9 7,0 1,1 3,5 0,12 4,27 Músculo 142 21,6 5,5 1,9 3,7 0,09 - Patinho 133 21,7 4,5 1,8 4,5 0,11 3,61 Fígado bovino 141 20,7 5,4 5,6 3,5 0,14 - Asa de frango c/ pele 213 18,1 15,1 0,6 1,2 0,11 - Frango inteiro c/ pele 226 16,4 17,3 0,6 1,1 0,08 - Frango inteiro s/pele 129 20,6 4,6 0,5 1,2 0,12 - Coxa de frango c/ pele 161 17,1 9,8 0,7 2,0 0,16 - Peito de frango c/ pele 149 20,8 6,7 0,4 0,6 0,09 - Peito de frango s/ pele 119 21,5 3,0 0,4 0,7 0,10 - Porco, lombo 176 22,6 8,8 0,5 0,9 0,95 13,83 Porco, pernil 186 20,1 11,1 0,9 1,7 1,06 5,67 Costela de porco 256 18,0 19,8 0,9 2,3 0,62 8,27 Lingüiça de porco 227 16,1 17,6 0,4 1,4 0,49 2,60 Quadro 1 Composição de alimentos por 100 g de parte comestível: centesimal, minerais e vitaminas Tr = traço. Adaptado da Tabela Brasileira de composição de Alimentos. TACO. 2006 6/22/2017 19 CARNES 7. FATORES QUE INFLUENCIAM A MACIEZ DA CARNE: Genética (espécie, raça do animal) – -Tamanho dos feixes de fibras; -Quantidade de tecido conjuntivo; -Gordura de marmoreio; -Enzimas associadas a resolução do rigor mortis; Alimentação e manejo pré-abate (confinamento ou pasto); Idade e sexo do animal – -Formação de ligações inter e intramoleculares das fibras colágeno; CARNES Posição de resfriamento da carcaça – -Manter a carcaça dependurada evita o encurtamento e respectivo endurecimento, estiramento da fibra; Encurtamento pelo frio - -Resfriar a carcaça abaixo de 12 0C antes da instalação do rigor mortis promove enrijecimento da carne; Estado de maturação Processo de cocção – -Recomenda-se cozimento prolongado a baixas temperaturas para carnes ricas em tecido conjuntivo e, o contrario, para aquelas pobres em colágeno. 6/22/2017 20 CARNES 7.1. AGENTES AMACIADORES: Alguns procedimentos podem ser utilizados com a finalidade de amaciar a carne. O processo de amaciamento pode se dar por ação mecânica, enzimática, química ou por maturação a vácuo. Ação mecânica: No uso doméstico, pode-se usar o batedor de bifes para amaciar a carne. Em cozinhas industriais o amaciamento é realizado com um equipamento que contém várias lâminas que seccionam as fibras da carne, tornando-as mais macia. CARNES Ação enzimática: utiliza-se enzimas naturais como a papaína (mamão) e bromelina (abacaxi) ou industrializadas, que promovem uma desorganização estrutural da fibra, fazendo com que haja o aumento da acidez, resultando em uma consistência gelatinosa. Deve-se, no entanto, tomar cuidado com a quantidade de produto enzimático adicionado em relação à quantidade de carne, pois o amaciamento em excesso resulta em uma carne de textura friável, semelhante ao fígado. O tempo para amaciar a carne é de 30 minutos a 1 hora. A temperatura mais adequada para a atuação da enzima é de 60°C a 80°C, de modo que esta ação terá mais efeito no princípio do processo de cocção, cessando assim que o calor atinge cerca de 85°C. 6/22/2017 21 CARNES Ação química: um dos processos comuns de amaciamento é deixar a carne em vinha d’ alhos( temperos e vinagre ou vinho)por algum tempo. O pH ácido da vinha d’alhos hidrolisa as proteínas, continuando a maturação natural conferida pelo ácido láctico. Maturação: comercialmente, a carne é submetida à maturação em câmara a 3°C durante dez dias ou mais. Sob a ação das enzimas, o glicogênio presente nos músculos é transformado em ácido láctico, que modifica parte do colágeno transformando-o em gelatina o que torna a carne mais macia e saborosa. Estudos recentes indicam que bastam três dias de maturação quando se usa raios ultravioletas (a fim de esterilizar sua superfície e evitar o desenvolvimento de microrganismos), armazenando-a a uma temperatura de 15°C. BIBIOGRAFIA CONSULTADA CAMARGO, E.B. & BOTELHO, R.A. Técnica Dietética: seleção e preparo de alimentos – manual de laboratório. São Paulo: Atheneu, 2005. 167 p. DOMENE, S.M.A. Técnica dietética – teoria e aplicações. 1ª Edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. 350 p. ORNELLAS, L.H. Técnica dietética: seleção e preparo de alimentos. 8ª Edição. São Paulo: Atheneu, 2007. 330 p. GÓIS, L. Carnes. In: Dietética aplicada na produção de refeições. Japur, C.C.; Vieira, M.N.C.M. (Org.). 1a Edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012. 236p.
Compartilhar