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51 Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 06 /1 2 Contabilidade intermediária Unidade III 5 Passivo São classificadas no passivo as obrigações da empresa para com terceiros em geral (fornecedores, bancos, governos, funcionários). O passivo compreende as origens de recursos, representadas por obrigações. As contas que compõem o passivo deverão ser apresentadas no balanço patrimonial, em ordem crescente dos vencimentos estabelecidos ou esperados, ou seja, as contas deverão ser apresentadas em ordem decrescente de exigibilidades, conforme se demonstra na figura a seguir. Figura 7 – Ordem decrescente de exigibilidades O passivo se subdivide em circulante e não circulante. 5.1 Circulante Objetivando a sua classificação contábil dos elementos patrimoniais nos respectivos grupos de contas do passivo, foi estabelecido o conceito de curto prazo. Incluem-se no curto prazo todas as obrigações para com terceiros em geral (passivos) exigíveis, com vencimentos, até o término do exercício social seguinte. observação Uma simples compra de café para ser distribuído aos funcionários da empresa, com prazo de pagamento já é um ótimo exemplo de uma obrigação classificável no passivo circulante. Na empresa em que o ciclo operacional tiver duração superior ao exercício social, a classificação no passivo circulante terá por base o prazo desse ciclo. 52 Unidade III Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 06 /1 2 Podemos subdividir o passivo circulante em sete grandes grupos, com suas respectivas contas componentes: Lembrete É no passivo circulante onde estão as operações de rotina da empresa. A partir da análise do ativo circulante é possível saber quais são as principais práticas da empresa no mercado. a – Obrigações com fornecedores: duplicatas a pagar; fornecedores. b – Obrigações financeiras: promissórias a pagar; empréstimos bancários. c– Obrigações trabalhistas: salários a pagar, encargos sociais a pagar; encargos sociais a recolher. d – Obrigações fiscais: ICMS a recolher; IPI a recolher; ISS a recolher; imposto de renda a recolher; imposto de renda a pagar; ICMS a pagar; IPI a pagar; ISS a pagar etc. e – Obrigações com sócios e participantes do lucro: dividendo a pagar; participações de empregados a pagar; participações de debenturistas a pagar; participações de partes beneficiárias a pagar. f – Provisões: provisão para 13° salário; provisão para férias; provisão para imposto de renda; provisão para contingências; provisão para contribuição social sobre o lucro. g – Outras obrigações: adiantamento de clientes; aluguéis a pagar; multas a pagar; contas a pagar. Observações 1. As provisões, quer sejam contas de ativo ou do passivo, representam estimativas que envolvem incertezas de grau variáveis. Assim sendo, por exemplo, as provisões do passivo, representam obrigações de valores incertos, ou seja, quando se calcula o imposto de renda sobre o lucro, dada a complexidade do seu fato gerador, não há certeza sobre a exatidão do seu valor. Por este motivo, usa-se a conta provisão para imposto de renda, e não a conta imposto de renda a pagar, que só deverá ser usada quando a empresa tiver certeza do valor a ser pago. observação Antes das leis 11.638/07 e 11.941/09, provisões eram formadas para o passivo e também para o ativo. Após essas leis, entende-se que “provisões” são formadas apenas para o passivo. É o caso, por exemplo, das Estimativas para Créditos de Liquidação Duvidosa, que antes eram denominadas de Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa (PCLD) e antes, ainda, de Provisão para Devedores Duvidosos (PDD). É bem possível que você ouça contadores comentando que irão constituir “provisões” no ativo em alusão ao que se fazia no passado. Mas o correto agora é dizer que irão constituir “estimativas”. 53 Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 06 /1 2 Contabilidade intermediária A conta Imposto Retido na Fonte a Pagar representa o Imposto de Renda descontado do salário bruto dos funcionários, o qual, deverá ser recolhido (pago) pela empresa à Receita Federal. 5.2 Passivo não circulante Objetivando a sua classificação contábil dos elementos patrimoniais nos respectivos grupos de contas do passivo, foi estabelecido o conceito de longo prazo. Incluem-se no longo prazo todas as obrigações para com terceiros em geral (passivos), exigíveis, com vencimento após o término do exercício social seguinte, ou em prazo superior ao ciclo operacional da empresa. Destacamos neste grupo dentre outras contas os financiamentos obtidos junto a instituições financeiras, emissão de debêntures, imposto de renda retido, provisão para previdência complementar e outras obrigações a longo prazo. No passivo não circulante, classificam-se como resultados de exercícios futuros as contas representativas de receitas futuras, diminuídas dos custos e despesas a elas correspondentes. Teremos então como contas deste grupo por exemplo: Receitas recebidas antecipadamente ( - ) Encargos a vencer sobre receitas antecipadas. O grupo resultados de exercícios futuros é muito restrito, dele devendo constar apenas valores recebidos e que não serão, em hipóteses alguma, devolvidos pela empresa, nem representam obrigações quaisquer de sua parte de entregar bens ou prestar serviços. Além disso, esses recebimentos devem referir-se a operações que afetarão o patrimônio nos exercícios seguintes após transitarem pelo resultado. observação Antes das Leis 11.638/07 e 11.941/09, o Resultado de Exercícios Futuros era evidenciado em um grupo específico no passivo e entendeu-se que isso seria desnecessário em prol da simplificação. Assim, por exemplo, se a Cia “A” alugar um imóvel para Cia “B”, e esta pagar antecipadamente o aluguel de 1 ano no valor de $ 12.000, teremos, para a Cia “A”, uma receita antecipada de aluguéis (que é semelhante a uma obrigação de deixar a Cia “B” utilizar o imóvel alugado), daí a classificação da conta aluguéis a vencer no grupo resultados de exercícios futuros. 54 Unidade III Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 06 /1 2 Caso o aluguel seja intermediado por uma administradora que cobre por exemplo 10% de comissão, teremos no balanço da Cia “A”: • aluguéis a vencer 12.000 • custo de aluguéis a vencer (1.200) 10.800 Observa-se que, no contrato de ligação do imóvel entre a Cia “A” e Cia “B”, deve constar expressamente que não haverá reembolso, devolução, mesmo que a Cia “B” devolva o imóvel antes do prazo contratual. Exemplo de aplicação Um exemplo muito interessante de resultados de exercícios futuros para o nosso estudo são as operações que envolvem Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da empresa Embraer. Segundo Embraer (2011), nas Demonstrações Financeiras ITR (Informações Trimestrais) de 30/06/11: Como parte desse acordo de fornecimento, essas contribuições estão atreladas ao cumprimento pela Companhia de algumas etapas e eventos importantes do desenvolvimento, incluindo certificação da aeronave, primeira entrega e número mínimo de aeronaves entregues. A companhia registra essas contribuições quando recebidas como passivo não circulante, as quais não serão exigidas caso os objetivos contratuais sejam alcançados. À medida que essas etapas e eventos sejam alcançados e, portanto, não mais passíveis de devolução, esses valores são abatidos dos gastos de desenvolvimento das aeronaves registrados no intangível, no ativo não circulante. saiba mais Para um melhor entendimento do exigível a longo prazo, pesquise balanços patrimoniais de empresas que costumam realizar grandese demonstrados investimentos, como é o caso das empresas geradoras e distribuidoras de energia elétrica como a Eletropaulo, CEMIG, Furnas, Itaipu e outras. 6 Patrimônio Líquido Compreende o patrimônio líquido, os recursos próprios de entidade, da empresa, ou seja, a diferença maior do valor do ativo, sobre o valor do passivo. O patrimônio líquido será dividido em: 55 Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 06 /1 2 Contabilidade intermediária • capital social; • reservas de capital; • ajustes de avaliação patrimonial; • reservas de lucros; • ações em tesouraria; • prejuízos acumulados. A seguir, demonstra-se graficamente o local onde o Patrimônio Líquido é disposto no Balanço Patrimonial: Passivo Patrimônio líquido Figura 8 – Lado direito do balanço patrimonial = Passivo + Patrimônio Líquido 6.1 Capital social 6.1.1 Capital É o investimento feito pelos proprietários (acionistas/cotistas) na empresa. Compreende a parte do patrimônio líquido formada pelas ações subscritas na constituição ou no aumento do capital de uma empresa. 6.1.2 Capital a realizar Também denominado capital a integralizar, corresponde ao capital social subscrito pelos proprietários e ainda não realizado, ainda não integralizado. É a dívida dos proprietários perante a própria empresa. É uma conta redutora do capital social, ou seja, representada por saldo devedor. 6.1.3 Capital realizado (integralizado) É a diferença entre o capital subscrito e o capital a integralizar. 56 Unidade III Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 06 /1 2 6.2 reservas de capital São constituídas por valores recebidos dos proprietários ou de terceiros. Trata-se de recursos entregues à empresa para suas operações, de acordo com os interesses dos proprietários e/ou terceiros (por exemplo, os acionistas). Podemos ter as seguintes reservas de capital: • reserva de ágio recebido na emissão de ações; • reserva de alienação de partes beneficiárias; • reserva de alienação de bônus de subscrição. 6.2.1 Reserva de ágio na emissão de ações Devemos entender como ações os títulos representativos do capital social de uma sociedade anônima. O estatuto da sociedade anônima fixará o número de ações em que se divide o capital social, e indicará se as ações terão ou não valor nominal, sendo este o valor indicado em moeda na cautela de ações (certificado de propriedade de acionista). No caso de as ações terem valor nominal, o ágio é o excesso do preço de emissão (preço de venda) pago sobre o valor nominal, e comporá uma reserva de capital de mesma denominação. 6.2.2 Reserva de alienação de partes beneficiárias As partes beneficiárias são valores mobiliários que normalmente são dados gratuitamente como prêmio a pessoas que de alguma forma tiveram papel importante para a companhia (fundadores, acionistas ou terceiros). Neste caso, não darão origem à reserva de capital. As partes beneficiárias garantem uma participação no lucro da empresa. Entretanto, algumas vezes as partes beneficiárias podem ser vendidas, como por exemplo aos empregados. O valor dessa venda comporá uma reserva de capital. 6.2.3 Reserva de alienação de bônus de subscrição Bônus de subscrição são títulos de crédito emitidos pela companhia no limite do capital autorizado pelo estatuto, os quais dão a seus titulares o direito de subscreverem ações de companhia, mediante a apresentação do título e pagamento do preço da emissão das ações. Caso esses bônus sejam vendidos, o valor recebido pela empresa deverá compor uma reserva de capital. 6.2.4 Ajustes de avaliação patrimonial Serão classificados como ajustes de avaliação patrimonial, enquanto não computados no resultado do exercício em obediência ao regime de competência, as contrapartidas de aumento ou diminuição de valor atribuído a elementos do ativo e do passivo, em decorrência de sua avaliação a preço de mercado. 57 Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 06 /1 2 Contabilidade intermediária observação Normalmente, as contas de capital não sofrem alterações nas empresas. É muito comum que permaneçam anos e anos completamente intactas. Observe esse aspecto no balanço que estiver analisando. 6.3 reservas de lucro As reservas de lucro são compostas por contas que fazem parte do patrimônio líquido e que têm origem no lucro líquido da empresa. Constituem pois, uma das partes de lucro líquido, quando de sua distribuição. Como uma analogia, reproduz-se a seguir uma figura com um barril de “lucro” que é distribuído! Figura 9 – Distribuição de lucros As reservas de lucro podem ser de dois tipos, conforme veremos a seguir. 6.3.1 Reserva de lucro obrigatória A reserva legal é a única reserva de lucro obrigatória, daí o termo legal, considerando a obrigatoriedade da lei societária. Essa reserva tem por finalidade dar proteção ao credor da empresa. Daí, 5% do lucro líquido do exercício deve ser destinado para tal reserva, que não poderá superar 20% de capital social corrigido. 6.3.2 Reservas de lucros facultativas ou estatutárias O estatuto de uma empresa pode criar reservas para destinação do lucro líquido desde que indique a sua finalidade, indique a parcela anual de lucro líquido que será destinado à sua constituição e estabeleça o seu limite máximo. Observando esses critérios gerais, tratemos a seguir das principais reservas facultativas. 58 Unidade III Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 06 /1 2 Reserva para contingências Objetiva esta reserva compensar, em exercício futuro, a diminuição de lucro decorrente de perda julgada provável, cujo valor possa ser estimado. Como exemplo dessas perdas, podemos citar, greve, seca, redução das vendas no próximo exercício em virtude da entrada no mercado de uma nova empresa concorrente etc. Reserva para expansão Também denominada reserva orçamentária, destina-se à realização de projetos de investimento na empresa. Observe-se que, para a criação desta reserva, deverá haver previsão orçamentária previamente aprovada pela Assembleia Geral de Acionistas. Reserva de lucros a realizar Objetiva a constituição dessa reserva o adiamento do pagamento de dividendos sobre os lucros ainda não realizados principalmente no próximo exercício. Desta forma, a empresa, que, apesar de ter um resultado positivo, não dispõe de caixa para pagar dividendos reteria através dessa reserva de lucros a realizar parte do lucro para evitar o desembolso com a distribuição de dividendos. 6.4 Prejuízos acumulados É a conta que recebe o prejuízo do exercício (se houver). observação Observe que a conta de lucros ou prejuízos acumulados é a que “se comunica” com o balanço patrimonial. Ou seja, do confronto entre receitas e despesas (contas de resultado) surge uma conta patrimonial, que é “transportada” para o balanço patrimonial”. Ao final da apuração do resultado das operações da empresa em um exercício social, é possível que surja um saldo remanescente de prejuízo que irá compor o patrimônio líquido no balanço patrimonial. Se o resultado for lucro, não se deve constituir uma conta de lucros acumulados. Antes das leis 11.638/07 e 11.941/09, essa conta recebia a denominação de “Lucro ou Prejuízo Acumulado”, de onde saiam os valores para a constituição das reservas de lucros e para a distribuição de dividendos. Ou seja, admitia-se que a conta informasse o resultado da empresa, tanto o lucro como prejuízo. No entanto, as normas internacionais de contabilidade trouxeram uma novidade no tratamento do resultado de uma empresa em que se entende que não é razoávelque uma empresa constitua um “lucro acumulado”. Entende-se que, se a empresa obteve um lucro, deve ser algo real e que, por isso mesmo, deve ser distribuído aos proprietários e/ou acionistas ou devidamente destinado a reservas, de acordo com a legislação local. Acumular lucros seria um artificialismo que não é bem-vindo para o usuário da contabilidade. Portanto, atualmente admite-se apenas que prejuízos sejam acumulados. 59 Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 06 /1 2 Contabilidade intermediária saiba mais O conceito de “Prejuízos Acumulados” na Lei nº 11.638/07 (em que se enfatiza: atualmente só se admitem prejuízos acumulados e não mais lucros acumulados) gerou discussões doutrinárias na contabilidade. Por exemplo, em um artigo publicado em sua página pessoal, o eminente contador Antônio Lopes de Sá teceu críticas a esse conceito e suas consequências: <http://www2.masterdirect.com.br/448892/index.asp?opcao=7&cliente=4 48892&avulsa=5927>. Trata-se de outro exemplo do esforço brasileiro para a convergência contábil internacional. 6.5 ações em tesouraria São as ações da empresa adquirida pela própria empresa. É uma conta devedora, retificadora de patrimônio líquido. A empresa adquire suas próprias ações, objetivando adequar o seu capital social a uma nova realidade, por exemplo. observação Ações em tesouraria são uma operação bastante sofisticada, mas utilizadas em algumas situações. Os americanos costumam dizer que há momentos onde investidores praticam a “compra hostil”, onde uma empresa que não está a venda passa para as mãos de um investidor a contragosto porque esse investidor consegue comprar grandes lotes de ações dessa empresa. É um exemplo de situação onde a empresa decide comprar suas próprias ações, protegendo-se de uma “compra hostil”. 6.6 Exemplo de um balanço patrimonial de empresas existentes saiba mais Observe que o balanço abaixo é da empresa de cosméticos Natura S.A., que é uma empresa que demonstra forte preocupação com o meio ambiente e com a qualidade de vida das pessoas e de seus funcionários. Pesquise como os contadores e administradores da Natura demonstram essa preocupação nas demonstrações contábeis. Acesse: <http://scf.natura.net/Conteudo/Default.aspx?MenuStructure= 5&MenuItem=12>. 60 Unidade III Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 06 /1 2 Fi gu ra 1 0 – Ba la nç o Pa tr im on ia l d a Em pr es a N at ur a 20 10 /2 01 1 61 Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 06 /1 2 Contabilidade intermediária 6.7 relatórios contábil‑financeiros de propósito geral, análise e uso das demonstrações contábeis/financeiras Como discutimos nos tópicos anteriores, a estrutura das demonstrações contábeis/financeiras é concebida de uma forma a facilitar a análise, intepretação, gerência ou tomada de decisões (sejam elas decisões mais simples que exijam pequeno volume de recursos ou decisões complexas que exijam grande volume de recursos). O intuito é o de atender as necessidades dos usuários externos, embora a estrutura das demonstrações contábeis/financeiras facilite também a comunicação entre contadores, auditores e com demais profissionais dentro da empresa (usuários internos). Antes das Normas Contábeis Internacionais, os contadores já tinham uma preocupação sobre como devem apresentar as demonstrações contábeis financeiras de forma a facilitar a análise do investidor, mas com a entrada das normas internacionais, essa orientação ficou ainda mais evidente. Mais do que isso, até há bem pouco tempo, na ânsia ou na necessidade de tomar decisões, não raramente, os usuários da contabilidade solicitavam para as empresas (e contadores) que preparassem demonstrações específicas para propósitos especiais (o que alguns denominam de demonstrações ad hoc), mas isso é prejudicial, porque cria enormes dificuldades operacionais e resulta em uma queda na credibilidade da contabilidade como um todo. Para resolver essa inconveniente situação, criou-se uma estrutura que atendesse a todos, com informações básicas e imprescindíveis, de forma a que os usuários não solicitem dados e/ou informações adicionais. Surgiu, então, o conceito de “Relatórios contábil-financeiros de propósito geral”, exposto da seguinte forma no Pronunciamento Conceitual Básico, CPC (2013: OB5 e OB6): OB5. Muitos investidores, credores por empréstimo e outros credores, existentes e em potencial, não podem requerer que as entidades que reportam a informação prestem a eles diretamente as informações de que necessitam, devendo, desse modo, confiar nos relatórios contábil-financeiros de propósito geral, para grande parte da informação contábil-financeira que buscam. Consequentemente, eles são os usuários primários para quem relatórios contábil-financeiros de propósito geral são direcionados. OB6. Entretanto, relatórios contábil-financeiros de propósito geral não atendem e não podem atender a todas as informações de que investidores, credores por empréstimo e outros credores, existentes e em potencial, necessitam. Esses usuários precisam considerar informação pertinente de outras fontes, como, por exemplo, condições econômicas gerais e expectativas, eventos políticos e clima político, e perspectivas e panorama para a indústria e para a entidade. Dessa forma, entende-se que cada usuário da contabilidade irá utilizar as demonstrações contábeis/ financeiras disponibilizadas a todos, mas as analizará utilizando técnicas consagradas e particulares, 62 Unidade III Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 06 /1 2 de acordo com as informações complementares de que dispõem, crenças, expectativas, clima político, intuição para os negócios, panoramas etc., que formarão uma base para tomar suas próprias decisões. Exemplos de como os usuários utilizam as demonstrações contábeis/financeiras, analisam os dados, tomam decisões com base em suas análises são difíceis de conhecer, porque muitas vezes os usuários não revelam essas práticas. observação As técnicas consagradas de análise de demonstrações serão estudadas na disciplina Análise de Balanços. Há um ramo avançado da contabilidade que estuda o processo de tomada de decisões dos usuários, a Behavioral Accounting – Contabilidade Comportamental. Em algumas situações, nem os próprios usuários sabem explicar com facilidade ou mesmo descrever como analisam as demonstrações e tomam as suas decisões. A seguir, convido-o(a) a conhecer um exemplo muito interessante de uso das demonstrações contábeis/financeiras por um usuário: Exemplo de aplicação Mary Buffett, ex-nora do milionário e filantropo Norte Americano Warrem Buffet admira os métodos utilizados por Buffett nos negócios e propôs ao “buffettologista” (generalização de algum profissional que dedicou um estudo de alguns aspectos da vida desse homem que desperta curiosidade) a preparar um livro que revelasse os métodos que ele utiliza ao analisar negócios. Esse livro foi publicado em 2008, nos Estados Unidos e em 2010, no Brasil, e mostra que Buffett é um entusiasta do uso das demonstrações contábeis/financeiras. Lembrete A Contabilidade nos Estados Unidos, ou a chamada “escola norte-americana” tem forte preocupação com o mercado de capitais e foi uma influência para a contabilidade brasileira. Os autores Buffet e Clarck (2010, p. 12) reproduziram o seguinte pensamento de Buffett: Você precisa entender de contabilidade e deve compreender as nuances dessa ciência. Esse é o idioma dos negócios, um idioma imperfeito, porém, a menosque esteja disposto a fazer o esforço de aprender contabilidade – como ler e analisar demonstrações financeiras –, não deveria escolher ações por conta própria. 63 Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 06 /1 2 Contabilidade intermediária Buffet e Clarck (2010) comentam que, normalmente, nos Estados Unidos, os investidores não costumavam (ou não costumam) analisar demonstrações contábeis/financeiras, baseando suas decisões em análises com base na flutuação das ações na bolsa de valores em curto prazo ou curtíssimo prazo. Muitos negócios, envolvendo altos riscos, são analisados e realizados da noite para o dia! observação Ressalta-se que o método de análise descrito no livro de Buffet e Clarck (2010) é particular, não deve ser entendido como recomendável para uso geral, mas pode servir como inspiração e é muito interessante para o nosso estudo. Muitos investidores não se importam com uma análise de longo prazo. Buffett, ao contrário, percebeu que a análise de longo prazo traria informações muito úteis ao investidor. Buffet e Clarck (2010) revelaram que Warren Buffett observou que grande parte das empresas de sucesso a longo prazo teriam algum tipo de vantagem competitiva, o que as tornava atraentes para investimento. Em particular, ele se preocupava em encontrar empresas que conseguissem manter a sua vantagem competitiva a longo prazo. Se uma empresa com características que a mantêm competitiva por um período longo estivesse com um preço das ações e/ou um valor no mercado abaixo do que considerava o valor que essa empresa deveria ter, Buffett comprava essa empresa. Com isso, desenvolveu um método que combinava modelos básicos de negócios com o posicionamento da empresa no mercado e análise das demonstrações. Buffet identificava três modelos de negócios: • vendem um produto exclusivo; • prestam um serviço exclusivo; • vendem a preço baixo custo um produto ou serviço de que o público sempre precisa. A análise que Warrem Buffet costuma fazer é bastante extensa. Ele considera todas as contas e os grupos de contas no balanço patrimonial importantes para sua análise, mas nota-se que olha com atenção para o grupo de Ativo Não Circulante, conta “Investimentos de Longo Prazo”. A esse respeito, Buffet e Clarck (2010) descreveram que: Os investimentos de longo prazo podem nos informar muito acerca da tendência de investimentos da direção da empresa. Ela investe em outras companhias que possuem vantagens competitivas duráveis ou que estão em mercados altamente competitivos? Às vezes, vemos a equipe de gestão de uma empresa maravilhosa fazendo investimentos em negócios medíocres simplesmente porque acham que maior é melhor. Em algumas ocasiões, vemos algum gestor iluminado de uma empresa 64 Unidade III Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 06 /1 2 medíocre fazendo investimentos em organizações que têm uma vantagem competitiva durável. O livro de Buffet e Clarck (2010) traz nos apêndices dois exemplos de Balanços Patrimoniais e DRE´s, de uma empresa que Buffett considera “que possui uma vantagem competitiva durável” e de outra empresa que ele considera “medíocre”. Nesta unidade, analisaremos o Balanço Patrimonial e na próxima unidade retomaremos este exemplo de aplicação com a DRE. A seguir, reproduz-se o Modelo de Balanço Patrimonial de uma empresa que possui uma vantagem competitiva durável. Quadro 14 – Modelo de Balanço Patrimonial de uma empresa que possui uma vantagem competitiva durável, segundo Buffet e Clarck (2010): Balanço Patrimonial (em milhões de R$) Ativo Passivo Ativo disponível e investimentos de curto prazo 4.208 Contas a pagar 1.380 Estoque total 2.220 Despesas provisionadas 5.535 Contas a receber, saldo líquido 3.317 Dívida de curto prazo 5.919 Despesas pagas antecipadamente 2.260 Dívida de longo prazo a vencer 133 Demais ativos circulantes 0 Demais passivos circulantes 258 Ativo circulante total 12.005 Passivo circulante total 13.225 Ativo Imobilizado 8.493 Dívida de longo prazo 3.277 Fundo de comércio, valor líquido 4.246 Imposto de renda diferido 1.890 Ativos intangíveis, valor líquido 7.863 Participação minoritária 0 Investimentos de longo prazo 7.777 Demais passivos 3.133 Demais ativos de longo prazo 2.675 Passivo não circulante 8.300 Demais ativos Passivo Total 21.525 Ativo não circulante total 31.054 Patrimônio líquido Ativo total 43.059 Ações preferenciais 0 Ações ordinárias 1.296 Reserva de capital (emissão de ações) 7.378 Lucro acumulado 36.235 Ações em tesouraria – ordinárias -23.375 Patrimônio líquido total 21.534 Passivo total e patrimônio Líquido 43.059 Fonte: Buffet e Clarck (2010 – Apêndice). 65 Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 06 /1 2 Contabilidade intermediária E a seguir, reproduz-se o Modelo de Balanço patrimonial de uma empresa medíocre não que possui uma vantagem competitiva durável: Quadro 15 – Modelo de Balanço Patrimonial de uma empresa medíocre, que não possui uma vantagem competitiva durável, segundo Buffet e Clarck (2010): Balanço Patrimonial (em milhões de R$) Ativo Passivo Ativo disponível e investimentos de curto prazo 28.000 Contas a pagar 22.468 Estoque total 10.190 Despesas provisionadas 5.758 Contas a receber, saldo líquido 69.787 Dívida de curto prazo 32.919 Despesas pagas antecipadamente 260 Dívida de longo prazo a vencer 920 Demais ativos circulantes 5 Demais passivos circulantes 258 Ativo circulante 108.242 Passivo circulante total 62.323 Ativo Imobilizado 40.012 Dívida de longo prazo 133.277 Fundo de comércio, valor líquido 736 Imposto de renda diferido 5.890 Ativos intangíveis, valor líquido 333 Participação minoritária 0 Investimentos de longo prazo 43.778 Demais passivos 3.133 Demais ativos de longo prazo 22.675 Passivo não circulante 142.300 Demais ativos 5.076 Passivo Total 204.623 Ativo não circulante total 112.610 Patrimônio líquido Ativo total 220.852 Ações preferenciais 150 Ações ordinárias 880 Reserva de capital (emissão de ações) 7.378 Lucro acumulado 7.821 Ações em tesouraria – ordinárias 0 Patrimônio líquido total 16.229 Passivo total e patrimônio líquido 220.852 Fonte: Buffet e Clarck (2010 – Apêndice). Observe que os dois balanços patrimoniais estão dispostos na estrutura exigida com as normas contábeis internacionais. E observe também que as contas contábeis são iguais e os valores diferentes. Logo, duas perguntas surgem: • O que isso quer dizer? • O que faz Warren Buffet classificar o primeiro balanço patrimonial como de uma empresa com vantagem competitiva durável e o outro de uma empresa medíocre? 66 Unidade III Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 06 /1 2 Vamos analisar em primeiro lugar o Ativo. Para isso, vamos colocar os dois ativos das empresas lado a lado para facilitar a análise: Quadro 16 Ativo Com vantagem competitiva durável Medíocre Ativo disponível e investimentos 4.208 28.000 de curto prazo Estoque total 2.220 10.190 Contas a receber, saldo líquido 3.317 69.787 Despesas pagas antecipadamente 2.260 260 Demais ativos circulantes 0 5 Ativo circulante 12.005 108.242 Ativo Imobilizado 8.493 40.012 Fundo de comércio, valor líquido 4.246 736 Ativos intangíveis, valor líquido 7.863 333 Investimentos de longo prazo 7.777 43.778 Demais ativos de longo prazo 2.675 22.675 Demais ativos 5.076 Ativo não circulante total 31.054 112.610 Ativo total 43.059 220.852 Observe que o Ativo da empresa “Medíocre” é bem maior que o da empresacom “vantagem competitiva durável”. Sabe-se também que o valor do capital próprio (patrimônio líquido) das duas empresas é muito próximo. Lembrete O Ativo são as aplicações de recursos, ou seja, onde está ou onde o dinheiro da empresa foi aplicado. Ou ainda, qual é a estrutura que a empresa montou para prestar serviços à sociedade. Ao mesmo tempo, se calcularmos o percentual de participação apenas dos principais grupos, ou seja, do ativo circulante e do não circulante descobriremos a seguinte situação: 67 Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 06 /1 2 Contabilidade intermediária Quadro 17 Com vantagem competitiva durável Medíocre Ativo circulante 12.005 108.242 Ativo não circulante total 31.054 112.610 Total 43.059 220.852 Ativo circulante 28% 49% Ativo não circulante total 72% 51% O que descobrimos? Que a empresa “com vantagem competitiva durável” tem um Ativo não Circulante maior do que a empresa “medíocre” (72%) que tem 51% de Ativo Não Circulante. Essa rápida análise já nos mostra informações preciosas de como a administração dessas empresas gerem o negócio. Todavia, vamos realizar a mesma análise para o Passivo. De acordo com os conceitos que estudamos até agora, é natural que o Passivo da empresa “medíocre” também seja maior do que o da empresa “com vantagem competitiva durável”. Quadro 18 Com vantagem competitiva durável Medíocre Passivo Contas a pagar 1.380 22.468 Despesas provisionadas 5.535 5.758 Dívida de curto prazo 5.919 32.919 Dívida de longo prazo a vencer 133 920 Demais passivos circulantes 258 258 Passivo circulante total 13.225 62.323 Dívida de longo prazo 3.277 133.277 Imposto de renda diferido 1.890 5.890 Participação minoritária 0 0 Demais passivos 3.133 3.133 Passivo não circulante 8.300 142.300 Passivo Total 21.525 204.623 Patrimônio líquido Ações preferenciais 0 150 Ações ordinárias 1.296 880 68 Unidade III Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 06 /1 2 Reserva de capital (emissão de ações) 7.378 7.378 Lucro acumulado 36.235 7.821 Ações em tesouraria – ordinárias -23.375 0 Patrimônio líquido total 21.534 16.229 Passivo total e patrimônio líquido 43.059 220.852 Como já adiantado anteriormente, a conta Capital (ou seja, os recursos próprios) das duas empresas se equivalem, não há uma variação muito alta. Quadro 19 Com vantagem competitiva durável Medíocre Patrimônio líquido total 21.534 16.229 E a empresa “com vantagem competitiva durável” consegue apresentar um lucro maior do que a “medíocre” que conta com uma estrutura bem maior. Quadro 20 Com vantagem competitiva durável Medíocre Lucro acumulado 36.235 7.821 Lembrete O Passivo são as origens de recursos, ou seja, o Patrimônio Líquido é o capital próprio dos sócios e/ou acionistas e o Passivo são os recursos de terceiros. A empresa “com vantagem competitiva durável” comprou ações dela mesma (o que é denominado de “ações em tesouraria”) enquanto a “medíocre” não fez isso. Agora, vamos realizar exatamente o mesmo procedimento que realizamos no Ativo, ou seja, apurar a porcentagem de cada grupo do Passivo: 69 Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 06 /1 2 Contabilidade intermediária Quadro 21 Com vantagem competitiva durável Medíocre Passivo circulante total 13.225 62.323 Passivo não circulante 8.300 142.300 Patrimônio líquido total 21.534 16.229 Passivo total e patrimônio líquido 43.059 220.852 Passivo circulante total 31% 28% Passivo não circulante 19% 64% Patrimônio líquido total 50% 7% Analisados os grupos do Passivo, vemos que na empresa “com vantagem competitiva durável” o Patrimônio Líquido, que é considerado o capital próprio da empresa, representa 50% da soma do Passivo total e Patrimônio Líquido e na empresa medíocre apenas 7%. Isso significa que a empresa medíocre usa capital de terceiros muito mais intensamente, o que para muitos analistas é algo muito desconfortável. E há 64% de obrigações a longo prazo (Passivo não Circulante), o que também é preocupante. Enfim, analisados todos esses dados, lembrando que existem várias outras possibilidades de análise que iremos estudar em outras disciplinas, chegamos à conclusão que a empresa “medíocre” não apresenta os fatores que o Warren Buffett utiliza para decidir por um bom investimento. É importante dizer que isso não significa de forma alguma que a empresa “medíocre” seja um mau investimento. Outro investidor que valorize outros critérios de análise e características poderá enxergar uma excelente oportunidade de negócio na empresa “medíocre”. O que é fundamental para o nosso estudo é que você observe que é possível obter uma série de conclusões a partir da análise dos dados que são publicados nas demonstrações contábeis/financeiras e que é imprescindível manter a estrutura e os grupos definidos internacionalmente para que os usuários da contabilidade consigam realizar suas análises de forma satisfatória. Os investidores realmente se baseiam nos dados apresentados nas demonstrações contábeis/ financeiras. Imaginemos, por hipótese, que esses dados não estivessem disponíveis ou ainda que não existissem. O investidor e/ou usuário da contabilidade não iria deixar de tomar a sua decisão e realizar negócios, mas faria isso utilizando outros procedimentos de análise (como a flutuação das ações, por exemplo). Com os dados da contabilidade, tem condições de tomar uma decisão mais racional. Esses dados são tão necessários que, como comentamos no subcapítulo 6.7 alguns usuários tinham por hábito solicitar às empresas dados e/ou demonstrações adicionais para 70 Unidade III Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 06 /1 2 uso particular para deixar sua análise ainda mais racional e/ou confiável. Com as normas internacionais o intuito é que todos utilizem o mesmo conjunto de demonstrações contábeis/ financeiras e confiem nelas! Eu o (a) convido a continuar essa análise na próxima unidade, onde estudaremos a DRE! Exemplos de Aplicação 1. Língua e Jargão Ao longo da unidade, você teve contato com termos da área contábil que correspondem a determinados conceitos e, em razão disso, propõe-se que você aprofunde sua compreensão em relação a esses termos. Assim, tente explicar a seguir com suas próprias palavras o que significa o termo em destaque (caso necessite, volte ao texto, releia-o e pesquise em livros e na internet não só o que o termo significa, mas como os profissionais da área contábil o utilizam). O termo é: Reservas ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ 71 Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 06 /1 2 Contabilidade intermediária 2. No espaço a seguir, tente montar um mapa mental ou um esquema com os principais conceitos estudados nesta unidade. resumo Nesta unidade, estudamos o lado direito do balanço, o ativo e patrimônio líquido. O que devemos demonstrar no passivo e PL e quais são as classificações internacionais que o contador deve seguir. 72 Unidade III Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 06 /1 2 Utilizamos os seguintes tópicos: • Passivo; — Passivo circulante; — Passivo exigível a longo prazo; • Resultados de exercícios futuros; • Patrimônio Líquido ; — Capital social; — Capital; — Capital a realizar; — Capital realizado; — Reservas de capital; — Reserva de ágio na emissão de ações; — Reserva de alienação de partes beneficiárias; — Reserva de alienação de bônus de subscrição; — Ajustes de avaliação patrimonial; — Reservas de lucro; — Reserva de lucro obrigatória; — Reservas facultativas; — Reserva para contingência; — Reserva para expansão; — Reserva de lucro a realizar; — Lucros ou prejuízos acumulados; — Ações em tesouraria; — Exemplo de um balanço patrimonial de empresa existente. Depois de estudar o Ativo na Unidade II, agora você estudou o “lado direito” do balanço patrimonial: o Passivo e Patrimônio Líquido. Trata-se das origens dos recursos que foram aplicados no lado esquerdo, no Ativo. O Passivo nos mostra informações importantíssimas sobre a chamada “estrutura de capital”, ou seja, quanto de recursos é de terceiros e 73 Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 06 /1 2 Contabilidade intermediária quanto de recursos são próprios. Os analistas de mercado e os usuários da contabilidade normalmente consideram que uma empresa em uma situação financeira confortável tem poucos recursos externos. Todavia, isso pode não ser uma verdade! Há administradores que trabalham com recursos externos (“dinheiro dos outros”, como muitos falam) e com isso conseguem alavancar as atividades de uma empresa. De qualquer forma, o passivo mostra a qualidade da gestão da entidade. Nesta unidade você também teve a oportunidade de observar como um investidor (usuário externo) utiliza os dados presentes no Balanço Patrimonial para realizar suas análises. Na próxima unidade, você irá estudar a DRE (Demonstração do Resultado do Exercício), além do Pronunciamento do Comitê de Pronunciamentos Contábeis para Pequenas e Médias Empresas e Demonstração do Resultado Abrangente. Estudamos os complexos conceitos de “reservas”, que costumam ser de difícil compreensão para os usuários externos e até entre os próprios contadores. Agora que você já conheceu os conceitos de ativo, passivo e patrimônio líquido, você está preparado os desafios da unidade IV. Importante: agora o conteúdo está ficando mais complexo. Caso você não tenha entendido algum ponto nas Unidades I e II e nesta, recomenda-se que entre em contato com o seu tutor presencial ou a distância, antes de entrar no estudo da unidade IV. E vamos para a Unidade IV! Exercícios Questão 1. (CESGRANRIO, 2011). Considere as seguintes afirmativas atinentes ao Balanço Patrimonial. I – No passivo, não são lançadas somente obrigações definidas, certas e suportadas por documentação que não deixe dúvidas quanto ao valor e data prevista para pagamento. II – Existem passivos que também devem ser registrados, apesar de não terem data fixada de pagamento ou mesmo não conterem expressão exata de seus valores. III – No exigível, deve ser contabilizada a totalidade das obrigações, encargos e riscos conhecidos e calculáveis. 74 Unidade III Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 06 /1 2 As afirmativas acima estão relacionadas ao conceito de: A) Reservas de capital. B) Reservas de lucros. C) Provisões. D) Patrimônio Líquido. E) Reservas de Capital e Patrimônio Líquido. Resposta correta: alternativa C. Análise das alternativas A) Alternativa incorreta. Justificativa: as reservas de capital são constituídas por valores recebidos dos proprietários ou de terceiros. Tratam-se de recursos entregues à empresa para suas operações, de acordo com os interesses dos proprietários e/ou de terceiros. B) Alternativa incorreta. Justificativa: as reservas de lucros são compostas por contas que fazem parte do patrimônio líquido e que têm origem no lucro líquido da empresa. C) Alternativa correta. Justificativa: as provisões, quer sejam contas do ativo, quer sejam do passivo, representam estimativas que envolvem incertezas de graus variáveis. Assim sendo, as provisões do Passivo, por exemplo, representam obrigações de valores incertos. D) Alternativa incorreta. Justificativa: os recursos próprios da empresa compreendem o Patrimônio Líquido, ou seja, a diferença entre o valor do ativo e o valor do passivo. O Patrimônio Líquido é composto por capital social, reservas de capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados. E) Alternativa incorreta. Justificativa: as reservas de capital são constituídas por valores recebidos dos proprietários ou de terceiros. Tratam-se de recursos entregues à empresa para suas operações, de acordo com os interesses 75 Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 3/ 06 /1 2 Contabilidade intermediária dos proprietários e/ou de terceiros. Os recursos próprios da empresa compreendem o patrimônio líquido, ou seja, a diferença maior entre o valor do ativo e o valor do passivo. O Patrimônio Líquido é composto por capital social, reservas de capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados. Questão 2 (FCC, 2012, TCE-SP, adaptada). O lado direito do Balanço Patrimonial apresenta as contas do Passivo que compreende as origens de recursos, representadas por obrigações. Com relação às contas do Passivo, indique a alternativa correta: A) É impossível que o valor do patrimônio líquido de uma empresa com fins lucrativos seja negativo. B) As contas do passivo, na escrituração contábil regular, aumentam por débito e diminuem por crédito. C) O valor registrado no patrimônio líquido de uma empresa compreende, dentre demais recursos próprios, o capital a integralizar. D) Provisões para 13º salário bem como pagamentos de férias aos funcionários devem ser lançados no Passivo Não Circulante. Afinal, ocorrerão somente no futuro. E) Açõesem tesouraria que são lançadas em Patrimônio Líquido representam as ações que determinada empresa adquiriu de outra empresa. Resolução desta questão na plataforma.
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