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A Lei Orgânica da Assistencia Social

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A Lei Orgânica da Assistencia Social (LOAS) como ação afirmativa a garantir o direito a diferença
» Heleno Florindo da Silva
PALAVRAS CHAVES: Previdência Social, Seguridade Social, Idosos, Portadores de Necessidades Especiais, Constituição Federal, Lei Orgânica da Assistência Social, Direito a Diferença, Princípios, Dignidade Humana, Patamar Mínimo, Isonomia.
RESUMO: O presente trabalho tem por objetivo demonstrar a evolução histórica das políticas de assistência social até a criação da Lei 8.742/93 (Lei Orgânica da Assistência Social), enfocando o referido dispositivo legal e evidenciando a afirmação do direito a diferença através da aplicabilidade da LOAS, tendo em vista sua tentativa de proporcionar as pessoas que se encontram em estado de miserabilidade a oportunidade de deixar de compor o quadro dos indivíduos que estão a margem da sociedade.   
INTRODUÇÃO
            Os seres humanos estão vivendo a cada dia mais pressionados por seus resultados, por seu trabalho, que deve ser sempre, o melhor e o mais eficiente possível.
            Neste contexto, às pessoas que não conseguem ou não podem, por uma ocasião qualquer, se inserir na “normalidade” em que se vive, são excluídas, marginalizadas pelo restante da sociedade, bem como pelo Estado, este que um dia garantiu a todos os brasileiros, através da promulgação da conhecida Constituição Cidadã, os direitos básicos para que vivessem de forma digna.
            Contudo, como tais disposições nem sempre se colocam efetivamente na vida das pessoas que participam deste país-continente, a Lei 8.742/93 (Lei Orgânica da Assistência Social) trouxe formas de afirmar os direitos destes excluídos, possibilitando-se, em determinados casos, a concessão de benefícios, cujo objetivo nada mais é do que lhes garantir o mínimo necessário para poderem conquistar um lugar ao sol, ou seja, para viverem socialmente.
            Portanto, são com essas e outras discussões que a LOAS instalou-se no mundo jurídico dos brasileiros, buscado reafirmá-los no contexto que a Constituição de 1988 resguardou-lhes.  
            Desta feita, para se compreender melhor o tema em destaque, será analisado os princípios constitucionais acerca da dignidade das pessoas humanas, a legislação existente que resguarda às pessoas benefícios assistenciais para viverem dignamente, o pensamento que hoje existe em nossos Tribunais e, por fim, o que é feito efetivamente na vida das pessoas de que fala a LOAS.
Considerações Históricas Sobre a Seguridade Social.
            A Seguridade Social no Brasil consiste num conjunto de políticas sociais cujo objetivo visa amparar e assistir os cidadãos que se encontram em situações de necessidade.
            Posto isso, pode-se dizer que os indícios de direito de natureza securitária já pairavam na primeira Constituição do Brasil (1824), como era previsto em seu inciso XXXI do artigo 179 que assegurava o socorro público em determinados casos, como, por exemplo, calamidades públicas, epidemias entre outras.
Desta feita, as demais Constituições Brasileiras também trouxeram resquícios da seguridade social em seu texto, como pode ser percebido pelas disposições da Constituição de 1891, que apresentou pela primeira vez a palavra aposentadoria, ressaltando-se que, para a concessão da mesma não era necessário nenhum tipo de contribuição pelo beneficiário, uma vez que o custeio era integralmente do Estado.
Já a Constituição de 1934 trazia mais detalhes sobre a proteção social, como, por exemplo, na alínea c, inciso XIX, do artigo 5º, que atribuía à União competência para legislar sobre a assistência social. 
Com a promulgação da Constituição de 1937, com forte incidência dos dogmas do Estado Social, viu-se explícito a proteção do Estado ao direito das crianças, adolescentes e pais miseráveis, que em seu artigo 137 resguardava a proteção à velhice, vida, invalidez e acidentes de trabalho, uma prova clara da evolução da seguridade social. Não bastante, nesse mesmo ano, houve, também, a criação do Conselho Nacional de Seguridade Social (CNSS).
Com o passar dos anos, a assistência social foi se fortalecendo, sendo que em 1974 foi criada a renda mensal vitalícia, reconhecida como “amparo previdenciário”, instituído pela Lei 6.179, custeado pela Previdência Social que oferecia aos beneficiários uma quantia correspondente à metade do salário mínimo. Com o avento da Carta Magna de 1988, conhecida como a Constituição Cidadã, seu valor passou a ser o equivalente a um salário mínimo.
Diante disso, às pessoas que faziam jus ao benefício seriam aquelas que apresentassem idade superior a 70 anos ou deficientes que não exercessem atividades remuneradas, não auferindo qualquer rendimento superior ao valor de sua renda mensal, nem fossem subsidiados por pessoas de quem dependessem obrigatoriamente, não tendo, portanto, outro meio de prover a própria subsistência, conforme percebe-se pela leitura do art. 1º, da lei 6.179/74 “in verbis”.  
“Os maiores de 70 (setenta) anos de idade e os inválidos, definitivamente incapacitados para o trabalho, que, num ou noutro caso, não exerçam atividade remunerada, não aufiram rendimento, sob qualquer forma, superior ao valor da renda mensal fixada no artigo 2º, não sejam mantidos por pessoa de quem dependam obrigatoriamente e não tenham outro meio de prover ao próprio sustento, passam a ser amparados pela Previdência Social, urbana ou rural, conforme o caso, desde que:
I - tenham sido filiados ao regime do INPS, em qualquer época, no mínimo por 12(doze) meses, consecutivos ou não, vindo a perder a qualidade de segurado; ou
II - tenham exercido atividade remunerada atualmente Incluída no regime do INPS ou do FUNRURAL, mesmo sem filiação à Previdência Social, no o mínimo por 5 (cinco) anos, consecutivos ou não, ou ainda:
III - tenham ingressado no regime do INPS, após complementar 60 (sessenta) anos de idade sem direito aos benefícios regulamentares.”
 A Constituição de 1988 também trouxe uma grande novidade ao apresentar e solidificar de vez a Seguridade Social em seu artigo 194, assegurando os direitos relativos à saúde, à previdência social e à assistência social, tendo em vista que, até então, havia somente resquícios do instituto da seguridade social no Brasil, basicamente regulamentado por legislação extravagante.
Na esteira das novidades apresentadas pela Constituição, a refletir na esfera previdenciária, esteve também a nova concepção de família apresentada pela Carta magna que ampliou a abrangência do conceito possibilitando que os benefícios da Previdência social atingissem maior número de pessoas.
Neste passo torna-se relevante considerar alguns aspectos relativos à família uma vez que o benefício estabelecido pela LOAS traz em seu bojo a análise do grupo e renda familiares. 
A partir de uma breve análise da evolução histórica da organização das famílias identifica-se que no século XIX grandes alterações se fizeram sentir com a revolução industrial, quando fenômenos como a instalação de uma massa populacional nas cidades, alterações no consumo, nas relações de trabalho desaguaram em forçosa modificação de paradigmas.
O espaço doméstico se reduz; o casal mediano é obrigado a compartilhar o mesmo leito, o mesmo cubículo conjugal. A indissolubilidade do casamento, talvez mesmo por esta causa, começa a ser posta em xeque. A mulher se vê na contingência de trabalhar para sustentar o lar, assumindo esta nova postura com orgulho e obstinação. Começa a libertação feminina, fazendo ruir o patriarcalismo. (FIUZA, 2003, p.34)  
Dando sequência às transformações sociais, a nova situação da mulher dentro da família foi terreno fértil para a revolução sexual ocorrida no século XX que pôs à prova outros paradigmas como o heterossexualismo, o patriarcalismo e a posição do homem como chefe da família.
Todas estas alterações permitiram um alargamento do conceito de família para além daquele que a concebia como núcleo composto por pai, mãe e filhos, sendo a união dos pais baseada no casamento.
Faz-se necessário teruma visão pluralista do conceito de família, abrigando os mais diversos arranjos familiares, devendo-se buscar a identificação do elemento que permita enlaçar no conceito de entidade familiar todos os relacionamentos que têm origem em um elo de afetividade, independente de sua conformação. (DIAS, 2005, p.40)
A Constituição formalizou uma realidade que já não era mais possível conter. Apresentou no exemplificativo e aberto artigo 226, três tipos diversos de entidades familiares: a família decorrente do casamento, a decorrente das uniões estáveis e as monoparentais.
Dentro deste contexto histórico o giro paradigmático teve reflexos no Direito previdenciário. O artigo 241 da Lei 8.112 de 1990 apresenta o seguinte conceito de família:
Art. 241.  Consideram-se da família do servidor, além do cônjuge e filhos, quaisquer pessoas que vivam às suas expensas e constem do seu assentamento individual.
Parágrafo único.  Equipara-se ao cônjuge a companheira ou companheiro, que comprove união estável como entidade familiar.
Para fins de cálculo do Benefício de prestação continuada o mesmo conceito se aplica, considerando-se componentes do grupo familiar  todos aqules que vivam sob dependência econômica de uma pessoa ou casal. Esta concepção está em consonância com a moderna conceituação de família e proporciona o alcance da proposta assistencial de favorecer e atingir com o benefício governamental o maior número de pessoas, que não tenham assegurado um mínimo de dignidade em suas vidas.
Com isso, restou claro o reconhecimento da assistência social como dever do Estado no campo da seguridade social e não mais política isolada a complementar à Previdência, decorrente apenas do acompanhamento do direito aos anseios da sociedade.
Hoje, a seguridade social aparece como uma das fontes de garantia aos direitos fundamentais, dentre eles, em especial, a dignidade da pessoa humana, princípio reitor das relações humanas, que se afirma desde o Preâmbulo da Constituição Federal, esculpindo-se como um dos objetivos do Estado Brasileiro (inciso III, artigo 1º, CF/88), e reafirmando-se, no tocante à assistência social, no artigo 203 da Constituição Federal de 1988, que assegura a prestação de auxílio às pessoas, mesmo que nunca tenham contribuído para os quadros orçamentários da Previdência Social.
Ademias, a Constituição Cidadã de 1988 elevou a seguridade social ao nível de Direitos Fundamentais, conforme se extrai de seu artigo 6º, por onde se asseverou que:
“São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.”
Aspectos Legislativos da LEI 8.742/93- Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS)
Tendo como fonte principal o inciso V, do artigo 203, da Carta Maior, a LOAS foi de forma específica, promulgada para disciplinar o referido comando legal que assegura a assistência social para quem dela necessitar, independente de qualquer tipo de contribuição ou filiação à Previdência Social, garantido, assim, a quantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprove não possuir meio de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, o que extinguiu, contudo, a renda mensal vitalícia.
Sendo assim, os requisitos para sua concessão de forma administrativa, se restringem, tão somente a comprovação da deficiência ou da idade mínima de 65 anos para o idoso não-deficiente; renda mensal familiar per capita inferior a ¼ do salário mínimo; não estar vinculado a nenhum regime da previdência social e, por fim, não receber nenhuma espécie de benefício.
Durante algum tempo, a redação da Lei 8.742/93, mais especificamente de Janeiro de 1996 a 31 de Dezembro de 1997, trazia em seu bojo que a idade mínima para o idoso receber o benefício era de 70 (setenta) anos, o que foi mudado posteriormente pela Lei 9.720/98, esta que estabeleceu em seu artigo 34, 65 anos como idade mínima para se pleitear o benefício, em caso de idoso, senão veja-se:
“Aos idosos, a partir de 65 anos (sessenta e cinco) anos, que não possuam meios para prover sua subsistência, nem de tê-la provida por alguém de sua família, é assegurado o benefício mensal de 1(um) salário mínimo, nos termos da Leio Orgânica da Assistência Social – LOAS.” 
Não obstante, o Estatuto do Idoso (Lei 10.741/03) em seu artigo 34 reafirma que a idade mínima para a concessão do benefício, ao qual se refere o inciso V do artigo 203 da Constituição Federal de 1988, deverá corresponder a 65 anos de idade.
A comprovação desta idade será realizada através de documentos, como Carteira de Identidade, Certidão de Nascimento, Carteira de Trabalho, dentre outros documentos, que possam assegurar a real idade do pretendente.
Por outro lado, em se tratando de requerente enquadrado nos casos de deficiência física (necessidades especiais), considera-se possível o benefício para aquelas pessoas que se apresentarem de alguma forma incapacitada para exercer qualquer tipo de atividade laborativa e, por sua vez, incapacitada para a vida independente, ou seja, com os frutos advindo de seu próprio trabalho.
O pretendente poderá se sujeitar a exame médico pericial realizado pela perícia médica do Instituto Nacional da Seguridade Social (INSS), como se prescreve no parágrafo 6º, do artigo 20, da Lei 8.742/93.
Contudo, insta salientar que caso o exame médico venha a indicar a possibilidade de reabilitação da pessoa, ou seja, caso a pessoa se mostre apta a laborar, o benefício deverá ser concedido enquanto durar o processo de reabilitação, podendo ser cancelado caso haja interrupção do mesmo ou quando findado, seja atingida sua finalidade. 
Em casos de menores de dezesseis anos, a avaliação do médico pericial será apenas e tão somente para verificar a existência de deficiência física, tendo em vista a pouca idade, presume-se a incapacidade para a vida independente e para o trabalho.
O benefício assistencial trazido no contexto legal da LOAS poderá ser concedido a mais de um membro da mesma família, desde que não ultrapasse a renda per capta de ¼ do salário mínimo para cada integrante do contexto familiar, visto que o benefício passará a compor a renda familiar.
Entretanto, conforme se dispõe o parágrafo único, do artigo 34, do Estatuto do Idoso, o benefício concedido a qualquer membro da família não será computado para fins de cálculo da renda familiar per capta a que se refere a LOAS.
Assim, tem-se um conflito aparente de normas, que deverá ser resolvido, nos termos da Lei de Introdução ao Código, no tocante à posterioridade do Estatuto do Idoso, pois ambas as Leis possuem natureza Especial, sendo o critério da posterioridade quem definirá a legislação competente, que neste caso, será as disposições da Lei 10.741/03 que além de posterior, ainda trata de matéria específica no que tange ao idoso.  
No entanto, vele ressaltar que de acordo com os entendimentos jurisprudenciais e doutrinários a comprovação da miserabilidade será flexibilizado, ou seja, não se restringe única e exclusivamente a comprovação da renda per capta inferior a ¼ do salário mínimo, tendo em vista que o Fórum Nacional dos Juizados Especiais Federais, quando da aprovação do Enunciado nº.50, objetivou que:
 “A comprovação da condição sócio-econômica do autor pode ser feira por laudo técnico confeccionado por assistente social, por auto de constatação lavrado por oficial de Justiça ou através da oitiva de testemunhas.”
   Ademais, tendo em vista que o benefício trazido pela LOAS possui natureza de um prestação continuada, cumpre destacar que o mesmo é revisto a cada dois anos, ou seja, poderá ser revogado nos casos onde fique comprovado que o beneficiário superou as condições que deram origem a concessão do mesmo. Assim, vê-se que a característica de prestação continuada não tem muito sentido, visto que a possibilidade de sua revogação tira a característica da sua continuidade.
Contudo, ressalta-se que, conforme o entendimentojurisprudencial dos Tribunais brasileiros, os requisitos dispostos na redação da Lei Orgânica da Assistência Social não são taxativos, tendo em vista que o benefício tem o intuito de preservar a dignidade da pessoa humana, devendo ater-se ao casos onde realmente a pessoa careça, pois um benefício dado a alguém de forma equivocada, poderá prejudicar a outras pessoas, que realmente necessitem de tal assistência estatal. 
O Benefício trazido pela Lei Orgânica da Assistência Social na Busca da Efetivação do Principio da Dignidade Humana para as Pessoas que dele Necessitam
O princípio da Dignidade da Pessoa Humana, trazido pela Constituição da Federal de 1988 como um de seus objetivos, está intrinsecamente ligado a efetivação dos direitos sociais, dentre os quais, mais especificamente, o segurado pela Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), tendo em vista que a referida legislação, resguarda um mínimo de dignidade para as pessoas que sobrevivem em estado de miserabilidade e aquelas que não tiveram a possibilidade de se inserir na sociedade, ficando, portanto a sua margem. 
Assim, mesmo tendo a LOAS ter suas bases na busca de efetivação do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, dentro de seu contexto ainda existem algumas incongruências, estas que só serão passíveis de solução ao se aplicar, caso a caso, os dogmas e preceitos que norteiam o referido princípio.
Desta feita, pode-se perceber que a busca da Seguridade Social em efetivar, para os que necessitam de seus benefícios, as melhores e mais eficazes políticas assistenciais, ainda carece de muito estudo e pesquisa, pois a Dignidade Humana ainda carece, e muito, de concretização no contexto daqueles que necessitam de apoio para se afirmarem realmente como pessoas humanas.
Atualmente tem-se caminhado para posicionamentos mais adequados à sociedade, visando o bem estar dos que necessitam, como pode ser percebido em algumas publicações doutrinárias acerca da concessão do benefício trazido pela LOAS, como por exemplo, entendimento da juíza federal Maria Divina Vitória, que assim se posiciona, frente à necessidade daqueles que possuem algum tipo de necessidade especial: “a deficiência não deve ser encarada só do ponto de vista médico, mas também social. A maior intolerância é negar as diferenças. O preconceito existe”.[1]
 Infelizmente pela realidade dos dias atuais, as pessoas que são incapacitadas, por sua idade, ou por terem alguma tipo de deficiência, de prover o próprio sustento, estão cada dia mais esquecidas pela sociedade, que não se preocupa mais com o próximo, querendo-o somente enquanto possuir os meios laborais suficientes para ajudar no crescimento econômico do Estado.
É válido lembrar inclusive, que as pessoas que sofrem de doenças como, por exemplo, a AIDS ainda sofrem com preconceitos o que as impossibilita de conseguir um trabalho, e que, consequentemente, retiram-nas do contexto ativo dos quadros laborais, marginalizando estas pessoas.
Ressalta-se, que o Estado, por sua vez, aquele que pelas disposições Constitucionais deveria assegurar a essas pessoas uma vida digna, não o faz, fato que a cada dia mais transforma o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana “letra morta” para aqueles que, impossibilitados de auferir seu próprio sustento, necessitam de amparo estatal.
Por fim, tem-se que na busca pela proteção da dignidade humana, ou seja, dos meios necessários para garantir-se o mínimo necessário àqueles que por um “golpe” do destino não forma agraciados com a possibilidade de sozinhos auferir as condições necessárias para o seus sustento e o de sua família, a LOAS e apresenta como uma forma de dar-se àqueles esquecidos pela sociedade moderna, uma chance de viver dignamente.
A Busca pela Afirmação das Diferenças pela Concessão dos Benéficos trazidos pela LOAS: Como Transformar as Diferenças.
            Em um mundo onde as pessoas a cada dia que passa pensam nos outros, querendo sempre o melhor só para si, doa a quem doer, princípios como o da dignidade humana, são as armas para que se possa, efetivamente, acabar com algo que é intrínseco aos seres humanos, as diferenças, algo que deveria ater-se apenas nas esferas de sua personalidade, e não da qualidade de suas vidas.
            Ser diferente em um mundo onde todos buscam a mesma coisa, qual seja, a sua felicidade, é algo que poderá restringir o contexto social onde a pessoa vive, colocando-a no patamar da marginalização, pois aqueles que não se adequam ao ciclo que a sociedade pós-moderna tem como o necessário à essência humana (nascer, crescer, constituir família, trabalhar para construir um patrimônio e morrer), poderá diferenciar socialmente (objetivamente) pessoas que são iguais em direitos (formalmente).
            Neste contexto, a Lei Orgânica da Assistência Social, visando inserir aqueles a quem a sociedade deu um jeito de apartar de seu núcleo produtivo, trouxe a figura de um benefício, ainda pouco conhecido pela população brasileira, mais que visa resgatar naquele desestimulado, a vontade de viver, resgatando-lhe a dignidade.
            Ser diferente da maioria das pessoas que compõem o meio de que faz parte, é algo que além de indignificar a pessoa, estigmatizando-a, poderá transformar a sua vida em algo nefasto, afastando as pessoas da felicidade que um dia almejaram.
            Assim, a LOAS, ao se fazer um paralelo entre as ações afirmativas que visam reinserir àqueles marginalizados, apresenta-se como uma das formas destas políticas afirmativas, tendo em vista que atuará no contexto de pessoas que culturalmente ainda são discriminadas como diferentes.
            Desta feita, desde as épocas de Aristóteles por onde o referido filósofo já definia a busca pela igualdade no tratamento desigual dos desiguais na medida em que se desigualam, hoje está ainda é a forma mais encontrada para garantir àqueles que a vida “diferenciou”, o mínimo para que retomem a igualdade de oportunidades, de direitos, objetivando, com criações normativas, meios para que as pessoas possam de alguma forma, retomar a vontade pela vida.
            Desse modo, a LOAS trouxe um benefício assistencial à determinadas pessoas, visando a mantença de um mínimo necessário para que vivam de forma digna.
            A isonomia entre as pessoas de um Estado de Direito Democrático, deve ser algo a embasar os atos dos Três Poderes, ou seja, o Judiciário deve atuar para garantir a todos, sem distinção, a verdadeira justiça ao caso; o Legislativo deve ater-se em projetos de Lei que tragam às pessoas melhorias em suas vidas e, por fim, o Executivo deve tomar os meios mais eficazes a garantir a concretização dos direitos das pessoas.
            Neste diapasão, caberá a cada pessoa buscar seus direitos, lutar por eles, fazer com que, mesmo não possuindo os meios necessários a garantir seu próprio sustento por sua força, não sejam excluídas no meio em que vivem, marginalizadas, indignificadas.
            Desta feita, essa luta, A luta pelo direito, que é título de uma das maiores obras literárias acerca do direito como um fato sócio-cultural, que necessita ser protegido, ser conquistado, de Rudolf Von Ihering,[2] é fato que deve ser buscado a cada instante por essas pessoas, que não querem nada mais do que a garantia de que poderão viver, e não simplesmente, passar pela vida, sem preconceitos por serem como são, e sem limitações em seus direitos.
            Em uma importante passagem da referida obra, Ihering diz como as pessoas devem e portar frente à busca por seus direitos, ou a proteção daqueles que já lhes são garantidos. O mencionado autor, narrando um possível questionamento interior da pessoa, sobre “brigar” ou não por seu direito, assenta o seguinte entendimento:
“Diz-lhe uma voz interior que não deve recuar, que se trata para ele, não de qualquer ninharia sem valor, mais de sua personalidade, de sua honra, de seu sentimento do direito, do respeito a si próprio; em resumo, o processo deixa de ser para ele uma simples questão de interesse, para se transformar numa questão dedignidade e de caráter: a afirmação ou o abandono de sua personalidade.”[3]
            Assim, a LOAS se apresenta como uma das formas de buscar as pessoas com necessidades especiais, os idosos, que não possuem meios para angariar o seus próprios sustentos e os de sua família, para um novo mundo, donde apenas não tem um dinheiro no final do mês, mas por onde podem efetivamente dizer que vivem de forma digna, que estão e são merecedores de direitos, que o Estado, que um dia lhes garantiu uma vida digna, efetivamente trouxe às suas realidades uma forma de se tornarem independentes e iguais.
Conclusão
            Tendo visto todas as discussões trazidas pelas disposições da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), percebe-se que a concessão de benefícios financeiros àqueles que se acham sobre as perspectivas elencadas na referida legislação tornou-se uma forma de ação afirmativa, que transformará, a partir das desigualdades das pessoas, o direito à dignidade, tendo em vista, que o tratamento a estas pessoas, diferente, às possibilita alcançar o mínimo necessário para viver dignamente.
            Conceder ou não, os benefícios trazidos tanto pela LOAS, quanto pelo Estatuto do Idoso, não é algo a se colocar empecilhos, burocracias, pois as pessoas que deles necessitam muitas vezes não suportariam a cansativa espera, que tanto no contexto administrativo, quanto no judicial, pode tomar contornos de “eternidade”.
            Assim, deve-se buscar além de tais benefícios outras formas de garantir a essas pessoas os meios necessários para terem afirmados os direitos que lhes são garantidos pela Constituição Cidadã, de forma a transformar suas vidas, garantindo-lhes uma vida com um mínimo, o patamar necessário para conseguir viver socialmente.
BIBLIOGRAFIA
CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 11 ed. Santa Catarina: Conceito Editoral, 2009.
CRUZ, Álvaro Ricardo Souza. O Direito à Diferença: as ações afirmativas como mecanismo de inclusão social de mulheres, negros, homossexuais e portadores de deficiência. 2ªed. Belo Horizonte: Del Rey, 2005.
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005.
FIÚZA, César. Mudanças de paradigmas: do tradicional ao contemporâneo. In: PEREIRA, Rodrigo da Cunha(coord.) A família na travessia do milênio. Anais do II Congresso Brasileiro de Direito de Família. IBDFAM. Belo Horizonte: Del Rey, 2003. p.27-38
MARQUES, Rosa Maria. A Previdência Social no Brasil. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2003.
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 15. ed. Atual. São Paulo: Atlas, 2004.
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 16. ed. São Paulo: Malheiros, 1999.
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Rio  de Janeiro: Forense, 1999, v. I.
Notas:
[1] Disponível em: www.jf.gov.br. Acessado em 25 de novembro de 2009.
[2] IHERING, Rudolf Von. A Luta Pelo Direito. trad. por João de Vasconcelos. São Paulo: Martin Claret, 2009.
[3] Ibdem, pág. 36.
Resumo
A presente pesquisa tem o escopo de analisar lei nº. 8.742/1993 – Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS) – que regulamenta os artigos 203 e 204 da Constituição Federal de 1988. O principal ponto da LOAS a ser debatido é o benefício de Assistência Continuada, cujo valor corresponde a um salário mínimo, pago a idosos e deficientes, independentemente de contribuição para a Seguridade Social, desde que sejam considerados incapazes de sobreviver sem o auxílio do Estado. Este benefício tem fundamento na dignidade da pessoa humana e no princípio da solidariedade, previstos respectivamente nos artigos 1º, inciso III e 3º, inciso I da Constituição Federal de 1988. Ocorre que a LOAS em seu artigo 20 determina critérios de concessão que ferem a dignidade humana. O critério da miserabilidade, previsto no § 2º foi objeto de ADIN, julgada improcedente, porém o controle de constitucionalidade foi feito pela via concentrada, nada impedindo que os idosos com 65 anos ou mais e aqueles que tenham sua capacidade reduzida, cuja renda familiar supere ¼ do salário mínimo, tenham deferido benefício assistencial. Além disso, o conceito de deficiente adotado no §3º é extremamente excludente, pois para ser considerado deficiente o assistido não deve ter condições mínimas de vida independente. A jurisprudência tem se manifestado no sentido de que a simples incapacidade para o trabalho já caracteriza o direito ao benefício de assistência continuada, pois se tal pessoa fosse segurada pela previdência social, estaria coberto pela aposentadoria por invalidez. Dessa feita, ainda que pelo controle concentrado, a norma em comento seja considerada constitucional, nada impede que sejam adotados outros critérios de avaliação mais benéficos ao assistido na via difusa, uma vez que, no caso concreto, os critérios previstos no artigo 20 da LOAS podem ofender os princípios da solidariedade e da dignidade humana, entre outros direitos fundamentais.
 
 
 
 
Palavras-chave: Direito Previdenciário. Seguridade Social. Lei Orgânica de Assistência Social. Benefício Assistencial.
SUMÁRIO
 
INTRODUÇÃO        ....................................................................................          9
II – DIREITO PREVIDENCIÁRIO ...............................................................        14
2.1.        CONCEITO        ..........................................................................        14
2.2.        HISTÓRICO       ..........................................................................        16
2.2.1.   Surgimento e evolução dos direitos sociais                       .....................   16
2.2.2.   Surgimento do direito a seguridade social             .....................   19
III – SEGURIDADE SOCIAL NO BRASIL          ..........................................     21
3.1. Histórico e Evolução   ..........................................................................        21
IV – ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL         ..........................................     24
4.1.        Conceito ....................................................................................          24
4.2.        Histórico  ....................................................................................          24
4.3.        Princípios           .........................................................................         27
4.3.1.   Dignidade da Pessoa Humana         .........................................      27
4.3.2.   Solidariedade    .........................................................................         28      
4.3.3.   Outros Princípios          ..............................................................         29
V – LEI ORGÂNICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL        ..............................     30
5.1.        Benefício de Assistência Continuada         ..............................     31
5.2.        Benefício assistencial ao deficiente            ..............................     32
5.3.        Benefício assistencial ao idoso         .........................................      33
5.4.        Critérios de concessão e sua inconstitucionalidade        ........    33
5.4.1.   Conceito de deficiente      ....................................................       34
5.4.2.   Critério da miserabilidade ...................................................        37
5.5.        Inconstitucionalidade dos Critérios de Concessão          ...................     39
CONCLUSÃO          ...................................................................................           41
BIBLIOGRAFIA        ...................................................................................           44
INTRODUÇÃO
 
No fim do século XIX e início do século XX, ocorreram diversas conquistas sociais, dentre os quais o direito a seguridade social, juntamente com esta importante conquista surgiu um importante ramo do direito público,a saber, o direito previdenciário, que passou a se ocupar do estudo da regulamentação do instituto da seguridade social. Antes do instituto da seguridade social, os trabalhadores não tinham acesso a qualquer tipo de assistência se sofressem acidente de trabalho, se adoecessem, ou quando envelheciam.
Afinal a força de trabalho operária não se diferenciava tanto assim da força de trabalho escravo, no tocante às condições de trabalho, aliás, fazendo-se um paralelo entre as duas formas desumanas de tratamento dispensadas aos escravos e aos trabalhadores no século XIX e início do século XX, veremos que assim como existia no regime de escravatura uma tendência em livrar o “dono” de escravos de quaisquer despesas (pão, farinha e panos para vestimentas) com o escravo que se tornava improdutivo ou incapacitado para o trabalho – neste caso era dada a possibilidade de alforriar o escravo inválido ou idoso, surgindo a seguir a lei do Sexagenário, na qual ficavam livres os escravos com 60 anos ou mais, idade em que a força de trabalho já é deficiente.
Já no capitalismo praticado no século XIX e início do século XX, não existiam garantias ao trabalhador, aliás, sequer existiam vínculos empregatícios, sendo que, a natureza do trabalho, a jornada, a remuneração e o tratamento eram desumanos, na medida em que, caso um trabalhador se acidentasse, adoecesse ou envelhecesse estaria entregue a miséria, pois não existiam quaisquer benefícios ou garantias.
Por isso, surgiram as lutas pela melhoria de condições de trabalho, de forma a surgirem regimes que se contrapunham ao capitalismo, como o comunismo e o socialismo, forçando os Estados a intervir nas relações de trabalho, caindo por terra parte da Teoria Liberal do Estado Mínimo, a intervenção estatal obrigara aos capitalistas oferecerem melhores condições de trabalho, e principalmente a criação por parte do Estado de um regime de previdência e seguridade social.
De início, a seguridade social consistia em oferecer benefícios e garantias para quem contribuísse por determinado lapso de tempo, porém, especialmente no Brasil, surgiu um benefício a ser concedido de forma assistencial e continuado, mesmo para aqueles que nunca contribuíram para a previdência social, este benefício tem sua previsão no artigo 203, V da Constituição Federal.
Existem características do benefício de prestação continuada, que o diferenciam dos demais benefícios do Regime Geral de Previdência Social, dente estas características está o fato de ao benefício assistencial não estar vinculado à existência de contribuição a Previdência Social, não ser devido o abono de 13º salário e não gerar direito a pensão por morte.
Os grandes problemas surgem quando da aplicação prática da lei, principalmente em aspectos relativos ao grau e natureza da deficiência e na composição da renda familiar, por exemplo, no momento da análise do pedido de benefício por deficiência, entendida na lei como incapacidade de vida independente e de falta de condições ao labor, existe uma tendência a analisar a deficiência que faz jus ao benefício, aquelas que impedem inclusive as atividades mínimas do dia-a-dia.
Dessa forma, muitas pessoas acometidas por enfermidades “comuns”, como diabetes, pressão alta, epilepsia, entre outras, cuja frequência de manifestação a torna ineficaz e incapaz para o trabalho, acabam não conseguindo pelas vias administrativas o acesso ao benefício assistencial, doutra sorte, aquelas que são acometidas pelas mesmas enfermidades e que contribuíram para a previdência Social tem direito à aposentadoria por invalidez. Daí surge as questões:
Essas pessoas, cuja enfermidade não as incapacita para as atividades corriqueiras do dia-a-dia, mas a incapacitam para o trabalho e que nunca contribuíram para a previdência Social ou perderam a condição de segurado, podem receber o benefício assistencial?
Os critérios de miserabilidade e o conceito utilizado para deficiência, adotados para análise de concessão do benefício assistencial ferem ou não o princípio da dignidade da pessoa humana?
Desse questionamento; surgem outras duas questões, a saber, se a análise e concessão do benefício assistencial devem ser realizadas por via administrativa no mesmo órgão que o faz para os benefícios previdenciários?
O perfil adequado do profissional apto a proceder à análise e concessão do beneficio assistencial estaria voltado às ciências humanas e sociais ou simplesmente a qualquer área do conhecimento?
Por isso, ainda que de forma geral, é necessário analisar a evolução histórica das conquistas sociais ao longo dos séculos, bem como o surgimento da seguridade social, quais fatores foram decisivos para o surgimento do benefício assistencial, quais os impactos gerados para a seguridade social e para o regime de previdência. Não obstante, identificar a intervenção do Estado na subsistência das pessoas e a partir de que ponto a burocracia estatal passa a não ser eficiente. Não obstante também são objetivos genéricos do presente trabalho:
         Verificar quais são os princípios gerais do direito previdenciário;
         Verificar quais são os princípios gerais da assistência social;
         Identificar quais os princípios gerais do direito previdenciário se aplica ao benefício assistencial e quais não se aplicam;
         Identificar quais são os princípios específicos a serem observados na concessão do benefício assistencial;
         Verificar os requisitos para concessão do benefício assistencial;
         Verificar de forma geral, as diferenças entre benefício assistencial e benefício previdenciário.
De forma mais específica o trabalho aqui projetado, tem o escopo de identificar os fatores que levaram a expansão do assistencialismo no Brasil e os problemas enfrentados para administrar os recursos necessários para cumprir a incumbência que a legislação impõe a maquina estatal.
Ainda no mesmo sentido, identificar as diferenças aplicadas na análise do pedido de benefício assistencial frente ao benefício previdenciário, tendo em vista concluir qual seria o órgão adequado a proceder a essa análise.
Além disso, será necessário identificar as dificuldades enfrentadas pelas pessoas portadoras de doenças incapacitantes para o trabalho, mas que não são consideradas deficiências, e que nunca contribuíram para a previdência ou que já perderam a qualidade de segurado em conseguir receber ao benefício assistencial.
Faz parte dos objetivos do trabalho em comento caracterizar os conceitos de direito previdenciário, seguridade social, previdência social e de assistência assistencial, bem como caracterizar o conceito das diversas espécies de benefício previdenciário e do benefício assistencial.
Identificar as características do órgão responsável pela análise e concessão dos pedidos de benefício assistencial, bem como a formação e o perfil dos profissionais que desempenham as funções de análise e concessão do benefício assistencial.
Identificar as vantagens da delegação dessas competências a outro órgão mais sensível ao caráter social do benefício assistencial, de forma que a análise e concessão desse benefício seriam de competência de profissionais com formação acadêmica em serviço ou assistência social.
Conhecer qual é o posicionamento assente da jurisprudência sobre a concessão de benefício assistencial para pessoas com doenças que incapacitam para o trabalho, mas que não são consideradas deficiências.
Analisar se os critérios de miserabilidade e o conceito utilizado para deficiência, adotados para análise de concessão do benefício assistencial ferem ou não o princípio da dignidade da pessoa humana.
Com base nos objetivos da pesquisa, foi eleito como método de investigação predominante o método dedutivo, isso porque para se conhecer da importância do benefício assistencial de prestação continuada se faz necessário conhecer os princípios gerais de direito previdenciário, o histórico dos direitos e conquistas sociais, em seguida identificar as peculiaridades da seguridade social brasileira.
Porém, ressalte-se que nãoforam ignorados outros métodos como os sociológicos e históricos, que são necessários para entender a importância da seguridade social para a sociedade, bem como sua evolução e os problemas que sugiram no decorrer do tempo, afinal, é necessário conhecer a origem dos problemas para poder resolvê-los. Além disso, foi necessário utilizar algumas vezes do método comparativo, para comparar a seguridade social brasileira com outros modelos alienígenas.
O método hipotético dedutivo foi utilizado conjuntamente com o método lógico, para defender a ideia de que se os critérios utilizados na concessão do benefício assistencial se mostram muitas vezes equivocados, principalmente no que diz respeito ao conceito de deficiência e os critérios de afeição da condição de miserabilidade.
 Ainda de forma subsidiária, foi necessário recorrer aos métodos estatísticos, consultando dados como o melhor desenvolvimento e inclusão social dos beneficiados pelo benefício de prestação continuada, com o fim de identificar os benefícios para toda a sociedade, como queda na taxa de criminalidade, de marginalidade, e violência, de analfabetismo, de trabalho infantil, de mortalidade infantil e aumento da expectativa de vida.
A pesquisa mais utilizada foi a bibliográfica, analisando doutrinas e jurisprudências e subsidiariamente a documental, como no caso da legislação nacional, constitucional e infraconstitucional, bem como legislações alienígenas e a coleta de dados na pesquisa bibliográfica foi predominante seletiva e interpretativa, além disso, foram consultados na internet revistas eletrônicas e sites voltados à seguridade social, governamentais e não governamentais, bem como sites do judiciário.
II – DIREITO PREVIDENCIÁRIO
2.1.         CONCEITO
Direito Previdenciário é ramo do Direito público que objetiva o estudo e disciplina da seguridade social, em geral, regula e normatiza o que conhecemos como Previdência, seja a Social ou Privada. Por sua vez, Previdência é “derivado do verbo prever, previdência é a qualidade de quem consegue ver com antecipação, antever” (VIEIRA, 2005: p. 2); em se tratando de Previdência Social, sua principal fonte é Constituição Federal de 1988, que estabelece em seu artigo 201:
Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a:
I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada;
II - proteção à maternidade, especialmente à gestante;
III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;
IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda;
V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no § 2º.
Sobre o termo seguridade social, assim ensina CORREA:
Conjunto integrado de medidas públicas de ordenação de um sistema de solidariedade para a prevenção e remédio de riscos pessoais, mediante prestações individualizadas e economicamente avaliáveis, agregando a ideia de que, tendencialmente, tais medidas se encaminhem para a proteção geral de todos os residentes, contra as situações de necessidade, garantindo um nível mínimo de renda. (OLEA E PLAZA, Alonso. Instituciones de seguridad social. Madrid: Civitas, 1995. p. 38 apud CORREA, CORREA; 2007: p. 17).
Pode-se afirmar que a Previdência Social Brasileira busca consolidar o que dispõe a Declaração Universal dos Direitos do Homem, que dispõe na 1ª parte de seu artigo XXV:
1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar-lhe, e a sua família, saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle.
Por isso, alguns autores conceituam Previdência Social como:
Sistema de proteção social, de caráter contributivo e em regra de filiação obrigatória, constituído por um conjunto de normas principiológicas, regras, instituições e medidas destinadas à cobertura de contingências ou riscos sociais previstos em lei, proporcionando ao segurado e aos seus dependentes benefícios e serviços que lhes garantam subsistência e bem-estar. (MIRANDA, 2007: p. 137).
Em uma sociedade capitalista o comum é que as pessoas se mantenham por suas próprias condições e força de trabalho. No entanto, podem ocorrer circunstâncias que impeçam a continuidade da capacidade laborativa. De forma que, ocorrendo qualquer circunstância que impeça ou limite a capacidade de trabalho, caberá ao Estado garantir a dignidade e a subsistência dessas pessoas. Pois, o Estado Democrático e Social de Direito deve prover as pessoas sempre que elas não disporem de recursos para tal, como forma de se efetivar os direitos humanos, garantindo assim a Dignidade Humana.
Assim, o Estado tem interesse direto em regular e intervir na seguridade social; criando assim a previdência social, conforme lição de Marisa Ferreira dos Santos:
A previdência social protege  necessidades decorrentes de contingências expressamente previstas na Constituição e na legislação infra-constitucional, mediante o pagamento de contribuições. Somente aquele que contribui tem direito subjetivo à prestação na hipótese de a ocorrência da contingência prevista em lei gerar a necessidade juridicamente protegida. (SANTOS, 2003: p. 169).
 Neste mesmo sentido temos a seguinte definição para Previdência Social:
... um instrumento estatal, específico de proteção das necessidades sociais, individuais e coletivas, sejam elas preventivas, reparadoras e recuperadoras, na medida e nas condições dispostas pelas normas e nos limites de sua capacidade financeira. (CORREA, CORREA; 2007: p. 17).
Desta feita, o Direito Previdenciário é o ramo do Direito Público que visa normatizar, regular e estudar a seguridade social, a previdência pública e privada e a assistência social; como forma de efetivar o Estado de Bem Estar Social.
Pois no sistema capitalista, a Democracia tende a ser confundida com liberdade de consumo que pertence a poucos, razão pela qual a instituição do Estado de Bem Estar Social visa corrigir as injustiças do capitalismo e oferecer a universalidade de direitos aos menos favorecidos.
2.2. HISTÓRICO
2.2.1. Surgimento e evolução dos direitos sociais
A Revolução Industrial do século XVIII trouxe em seu bojo o desenvolvimento dos meios de produção, o surgimento das indústrias, o uso das máquinas, trazendo crescimento e desenvolvimento de cidades e regiões metropolitanas, entre outros fatores de desenvolvimento.
Porém, trouxe também diversos problemas como a exploração de mão de obra em massa, que causou o êxodo rural, crescimento desordenado de megalópoles, falta de saneamento básico e injustiças sociais advindas do surgimento de uma nova classe: o proletariado.
As relações trabalhistas do século XVII e XIX careciam de normatização, eram relações pautadas no capitalismo selvagem, as condições de trabalho eram as piores possíveis, se assemelhavam a exploração de mão de obra escrava, pois os salários eram baixos, as jornadas de trabalho eram longas, as condições de segurança não existiam e a higiene era ignorada.
A mão de obra das mulheres e das crianças eram as que mais sofriam exploração, pois os salários eram ainda mais baixos e os trabalhos os piores possíveis, o modelo de Estado que se desenvolvia era o Liberal, com influencia da Revolução Francesa, dessa forma o Estado tinha mínima intervenção nas relações particulares e na economia, de forma que, não existiam leis ou garantias trabalhistas, não existiam também direitos sociais como educação, saúde ou seguridade social.
Assim, o trabalhador tinha prazo de validade, se conseguisse envelhecer (pois poderia morrer de fome, peste, doenças ou sofrer acidentes de trabalho) não teria como se sustentar quando suasforças não fossem suficientes para o labor. Já se morresse precocemente (coisa muito comum à época) deixaria viúva e filhos à miséria, já que não existia qualquer garantia social ou trabalhista.
Os iluministas da Revolução Francesa já haviam previsto as injustiças sociais determinando no artigo 21 da Declaração dos Direitos do Homem (1789) o auxílio aos necessitados:
A sociedade deve a subsistência aos cidadãos infelizes, seja fornecendo-lhes trabalho, seja assegurando os meios de existência àqueles que não estão em condições de trabalho.
Com base nessa previsão, em 1791, com o advento da Constituição Francesa, houve a previsão de criação de uma entidade pública de assistência social aos necessitados ao final do Título I:
... será criado e organizado um estabelecimento geral de assistência pública, para educar as crianças abandonadas, ajudar os enfermos pobres e fornecer trabalho aos pobres válidos que não tenham podido encontrá-lo.
Ocorre que se tratava do Estado Liberal, portanto, Estado Mínimo, razão pela qual, não havia esforço para que o Estado efetivasse de maneira satisfatória as previsões legais, o que só agravava a situação miserável dos proletários:
... os excessos individualistas do capitalismo levaram as massas proletárias a um grau de miséria incompatível com a dignidade humana. (AZEVEDO, 1999: p.81).
Em contraposição ao modelo de Estado mínimo idealizado e realizado pelos liberais, surgem os ideais socialistas, verdadeiros percursores dos direitos sociais, conforme leciona Fábio Konder Comparato:
...os Direitos sociais surgiram... como criações do movimento socialista, que sempre colocou no pináculo da hierarquia de valores a igualdade de todos os grupo ou classes sociais, no acesso a condições de vida digna. (COMPARATO, 2003: p. 335).
A Revolução Francesa de 1789, não colocou fim à monarquia francesa, que continuou até o ano de 1848, quando, sob a influência do Manifesto Comunista (Marx e Engels), ocorreu uma nova Revolução que pôs fim à monarquia, estabeleceu a República e criou uma nova Constituição, na qual estabeleceu obrigações sociais ao Estado, que serviria de inspiração ao Estado de Bem Estar Social, conforme se observa na leitura de seu artigo 13:
Artigo 13: A Constituição garante aos cidadãos a liberdade de trabalho e de indústria. A sociedade favorece e encoraja o desenvolvimento do trabalho...
[...]
... ela fornece assistência às crianças abandonadas, aos doentes e idosos sem recursos e que não podem ser socorridos por suas famílias.
Outro marco importante foi a Revolução Russa de 1917, que instituiu um Estado que se contrapunha ao Estado Liberal, porém o Estado Russo era Totalitário e Comunista, não respeitando direitos fundamentais como a igualdade, por exemplo.
Ainda em 1917 surgiu a Constituição Mexicana e em 1919 a Constituição Alemã de Weimar, ambas consagravam os direitos sociais, como os direitos trabalhistas, à educação, á seguridade social e previdência, proteção à maternidade, limitação da jornada de trabalho, direito a terra, à assistência social, entre muitos outros. Por essa razão, tal movimento ficou conhecido como Constitucionalismo social, pois a partir de então cresceu e frutificou a ideia de que as Constituições deveriam consagrar e prever os direitos sociais:
... considerando uma das principais funções do Estado a realização da Justiça Social, propõe a inclusão de direitos trabalhistas e sociais fundamentais nos textos das Constituições dos países. (NASCIMENTO, 2006: p. 31)
A partir destes marcos outros países adotaram esse modelo de Constituição Social, no Brasil a Constituição de 1934(e seguintes), passou também a se dedicar a regulação da Ordem Econômica e Social.
A Constituição da República de 1988 consolidou o Brasil como Estado de Bem Estar Social, pois tem como fundamentos da República: a Dignidade da pessoa humana e o valor social do trabalho; tem como objetivos: erradicar a pobreza e criar uma sociedade justa, solidária e pluralista; além de reconhecer e estabelecer muitos direitos sociais, como: o trabalho, a saúde, a seguridade social, a educação, etc.
Os direitos sociais são elencados no artigo 6º Constituição Federal, dentre os quais destacamos o direito à previdência social. Porém, é de considerar que o mesmo Diploma Constitucional traz em seu bojo, objetivos fundamentais da República, entre o quais, destacamos a construção de uma sociedade livre, justa e solidária. Portanto, a Previdência Social se funda nos direitos sociais, considerada inclusive como direito fundamental, quando se pauta no princípio de solidariedade e justiça social. A Seguridade Social deve ser instrumento de política social, com o escopo de garantir um desenvolvimento socioeconômico equilibrado e uma justa distribuição de renda para a população.
Em consequência, os programas de Seguridade Social devem ser integrados na política econômica do Estado com o fim de destinar a estes programas o máximo de recursos financeiros, compatíveis com a capacidade econômica de cada país, as palavras de William Henry Beveridge[1], a Seguridade social é:
...apenas uma parte da luta contra os cinco gigantes do mal: contra a miséria física, que o interessa diretamente; contra a doença, que é, muitas vezes, causadora da miséria e que produz ainda muitos males; contra a ignorância, que nenhuma democracia pode tolerar nos seus cidadãos; contra a imundície, que decorre principalmente da distribuição irracional das indústrias e da população; e contra a ociosidade, que destrói a riqueza e corrompe os homens, estejam eles bem ou mal nutridos... Mostrando que a seguridade, pode combinar-se com a liberdade, a iniciativa e a responsabilidade do indivíduo pela sua própria vida.
A doutrina considera o direito previdenciário como direito público subjetivo, pois, em regra, sua natureza permite ao sujeito de direito o exercício do direito de ação, sempre que a relação trilateral entre o titular, o destinatário e o objeto do direito se fizerem presentes.
2.2.2. Surgimento do direito a seguridade social
O direito a seguridade social ou previdenciário é um direito de 2ª geração e tem como fundamento a solidariedade, a primeira previsão sobre previdência social estava contida no artigo 123, inciso XI, alínea a da Constituição Mexicana de 1917:
Artigo 123
[...]
 Inciso XI
[...]
alínea a: La seguridad social se organizará conforme a las siguientes bases mínimas: Cubrirá los accidentes y enfermedades profesionales; las enfermedades no profesionales y maternidad; y la jubilación, la invalidez, vejez y muerte.
Ainda sobre a seguridade social como direito de segunda geração no magistério de Albino Zavascki (2004):
O direito previdenciário é direito fundamental do Homem. Adotando-se a classificação geracional dos direitos fundamentais, o direito previdenciário enquadrar-se-ia como direito de segunda geração. Os principais marcos dos direitos fundamentais de segunda geração foram a Constituição Mexicana de 1917 e a Constituição Alemã de 1919. Os direitos de segunda geração abarcam os direitos econômicos e sociais.
Modelado à base dessa segunda geração de direitos fundamentais, nasce o chamado Estado do Bem-Estar Social que imperou durante todo o século XX.
Conquanto o direito social seja um direito de segunda geração, deve buscar sua evolução como forma de garantir os valores da solidariedade.
Neste aspecto ganha força e valorização a ideia de que o verdadeiro Estado de Direito – de liberdade e de igualdade – somente poderá ser construído com reformas não apenas das leis ou das estruturas de poder (...). O século XXI há de ser marcado, necessariamente, pelo signo da fraternidade. O Estado do futuro não deverá ser apenas um Estado liberal, nem apenas Estado Social, precisará ser um Estado da solidariedade entre os homens. O direito previdenciário hodiernamente está inserido dentro da técnica de proteção social denominada Seguridade Social. (Zavascki, 2004: p. 230-231).
Desta feita, a seguridade social surgiu como forma de corrigir erros do capitalismo, que teve de ser reformulado,para que não sucumbisse a ascensão dos ideais socialistas, dando assim, garantia aos trabalhadores de que serão amparados, caso se acidentassem, adoecessem ou envelhecessem de forma a impossibilitar a continuidade das atividades laborativas, da mesma sorte, que sua família será amparada caso ocorra sua morte.
A necessidade de o Estado intervir e organizar a seguridade social surge simplesmente do fato de que o capitalista, por primar pelo lucro, pode incompatibilizar com o próprio espírito da seguridade social, que é oferecer amparo a quem dela necessite desde que esteja nela inscrito e segurado, excetuados os casos em que a seguridade social engloba a assistência social.
III – SEGURIDADE SOCIAL NO BRASIL
3.1. Histórico e Evolução
No Brasil, os primeiro traços do que viria a ser a previdência era baseada nos sistemas de socorros mútuos, a Constituição de 1824 previa a criação de socorros públicos chamados Montepios (assemelhados a pensão por morte) e surgiu também a 1ª entidade de previdência privada chamada de Mongeral. Em 1860 o imperador editou o decreto 2.711/1860, regulamentando o financiamento de Montepios e de Sociedades de Socorros Mútuos; e em 1888 pelo Decreto 3.397/1988 o Montepio passou a ser obrigatório para os empregados dos Correios.
A aposentadoria teve sua primeira previsão legal na Constituição de 1891, na qual mencionava que “os funcionários públicos que ficassem inválidos no “serviço da nação” tenham direito à aposentadoria” totalmente custeada pelo Estado e sem qualquer participação ou contribuição por parte do funcionário público.
Em 1923 o Decreto 4.682/23 que ficou conhecido como Lei Eloy Chaves estabelece a criação da primeira Caixa de Aposentadoria e Pensão (CAP) para os Ferroviários de todo país, estas CAP’s eram organizadas pelas empresas, sendo considerada a partir de então o surgimento da previdência social no Brasil, pois estabelecia a aposentadoria por invalidez, por tempo de serviço, pensão por morte e assistência médica.
Esses benefícios foram aos poucos sendo estendidos para funcionários de outras categorias. Até que em 1933 devido ao grande número de CAP’s surgidos e a dificuldade em se manter e fiscalizar cada um deles, foi realizada uma fusão destas, surgindo os Institutos de Aposentadoria e pensão (IAP’s), que em resumo eram os institutos de seguro social organizados por categoria profissional (marítimos, comerciários, bancários, etc.).
A Constituição de 1934 instituiu a criação da Previdência (sem o Social) o custeio era realizado pela União, empregador e empregado, a contribuição era obrigatória, instituiu a licença maternidade (custeada totalmente pelo empregador), aposentadoria compulsória aos 68 anos de idade, etc. Já a Constituição de 1937 representou um retrocesso previdenciário, passou a instituir o seguro social (seguro velhice, de invalidez, de vida e de acidente de trabalho).
Na Constituição de 1946 surge pela primeira vez a Previdência Social, fundada no princípio da precedência de custeio, ou seja, não poderia haver criação de benefícios ou qualquer majoração sem uma fonte de custeio. Mas o principal avanço foi a uniformização das normas sobre Previdência Social, com a Criação do Regulamento Geral dos Institutos de Aposentadorias e Pensões e a Lei Orgânica da Seguridade Social.
Houve uma ampliação dos benefícios existentes e criação de novos benefícios como auxilio natalidade, auxílio reclusão, auxílio funeral, etc. A unificação dos IAP’s SASSE, IPASE e FUNRURAL resultou na centralização e organização da previdência surgindo o INPS.
O Dec. 564/1969 estendeu a previdência ao trabalhador rural através do Plano Básico de Previdência Social Rural. Este plano foi também estendido aos empregados das empresas produtoras e dos fornecedores de produto agrário in natura, bem como os empreiteiros que utilizassem mão-de-obra para a produção e fornecimento de produto agrário, desde que não constituídos sob a forma de empresa.
Este plano foi substituído pela lei complementar 11/1971 que instituiu o Programa de Assistência ao Trabalhador Rural (Pró-Rural), sua natureza era assistencial, os benefícios consistiam no recebimento de meio salário mínimo no caso aposentadoria por idade, invalidez, pesão por morte, etc. Somente em 1972 a previdência incluiu os empregados domésticos. A Constituição de 1988 dedicou-se ao social conforme se observam já nos fundamentos do artigo 1º, especialmente a Dignidade da pessoa Humana e o valor social do trabalho, porém o traço social mais marcante da nossa Carta maior está contido nos Objetivos fundamentais da República contidos o artigo 3º:
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Outra característica marcante são os direitos sociais elencados no artigo 6º:
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
Além disso, o artigo 170 traz os princípios gerais da ordem econômica, entre os quais destacamos a valoração do trabalho humano, a função social da propriedade e a defesa e preservação do meio ambiente, de forma que o objetivo do desenvolvimento nacional passa a ser visto como um objetivo de meio, ou seja, uma forma de se alcançar a justiça social.
No tocante à seguridade social, a Constituição de 1988 teve por base o princípio da solidariedade e criou um sistema de proteção que engloba a todos que estiverem em situação de necessidade, pois engloba a saúde, previdência e assistência social; pois de forma inteligente, o constituinte observou que a seguridade é uma das melhores formas de se alcançar o objetivos fundamentais de erradicação da pobreza e da marginalização além de ser eficiente ferramenta para reduzir as desigualdades regionais e sociais.
Segundo o texto constitucional, a seguridade social é o conjunto de ações integradas que visem assegurar os direitos à saúde, à previdência, e a assistência social, independentemente de a iniciativa partir dos poderes públicos ou da sociedade, conforme se observa no disposto no artigo 194 da CF:
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.
O financiamento da seguridade social está previsto no artigo 195 da CF.
IV – ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL
4.1. Conceito
A assistência social possui um conceito legal, previsto na Lei 8.212/91 (Lei do Plano de Custeio), que em seu artigo 4º assim a define:
... política social que provê o atendimento das necessidades básicas, traduzidas em proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência, à velhice, à pessoa portadora de deficiência, independentemente de contribuição à Seguridade Social.
Outras leis trazem outros conceitos de assistência social, que são em resumo, bastante parecidos com o anterior, porém para melhor ilustração do que é assistência social, recorremos ao conceito dado por Sérgio Pinto MARTINS:
A assistência social é, portanto, um conjunto de princípios, de regras e instituições destinado a estabelecer uma política social aos hipossuficientes, por meio de atividades particulares e estatais, visando à concessão de pequenos benefícios e serviços, independentemente de contribuição por parte do próprio interessado. (MARTINS, 2006; p. 472)
Apesar de a Constituição Federal de 1988 não trazer um conceito de Assistência Social, tratou do tema em seus artigos 203 e 204, nos quais assegura que ela será prestada por meio de ações governamentais a quem dela necessitar, independentemente de sua contribuiçãoà Seguridade Social, sendo financiada com recursos do orçamento de tal sistema, e organizada de forma descentralizada e com participação da população.
4.2. Histórico
A assistência social surgiu no mundo inteiro a partir de sentimentos e crenças religiosas tais como a caridade e solidariedade religiosa. Diversas culturas e religiões fazem menção ao amparo e assistência aos pobres, viúvas e órfãos.
Esse sentimento é tão forte que acabou por irradiar-se para setores não religiosos surgindo entidades filantrópicas sem vinculo religioso. No entanto, não é grande o reconhecimento dessa contribuição religiosa para a assistência social, segundo SIMÕES:
O tema da religião, vinculado ao Serviço Social, como profissão privilegiada da prestação de serviços sociais não tem sido abordado no Brasil. Mesmo os valores religiosos tendo servido, de forma explícita, para sustentar propostas profissionais até os anos de 1970, ao há registros na literatura nacional (a não ser por muito poucos trabalhos de pós-graduação – especialmente mestrado) de que o tema religião tenha sido enfocado como um objeto próprio de pesquisa. (SIMÕES, 2005; p. 17).
Entretanto, o Brasil a assistência social não era vista como um dever estatal, até que ainda sob o julgo da República velha, surgiu um pensamento revolucionário, que buscava inovar a ideia de assistência social no Brasil, esse pensamento era de Ataulpho Nápoles de Paiva (ex Ministro do Supremo Tribunal Federal), que em sua participação no Congresso Internacional de Assistência Pública e Privada passa a defender que a assistência social era dever do Estado. Essa ideia não prosperou de imediato, pois era muito avançada em relação aos ideais da época, segundo HEIN:
... incompatível com o ideário da época, no qual a assistência deveria se restringir à manifestação espontânea da caridade individual, esse campo permaneceu sem grandes alterações, baseado na iniciativa privada e no auxílio público, porém sem critérios definidos publicamente, dependendo da vontade do governador e da disponibilidade do recurso. (HEIN, 1997, p. 35).
No início do século XX os ideais socialistas ganham força, inclusive entre os democratas, passando a circular a ideia de mesmo que o país adote a economia capitalista, o Estado deveria ofertar assistência social de qualidade.
Curiosamente foi sob a ditadura de Vargas no Estado Novo que a assistência social estatal deu os primeiros passos, quando em 1938, Getúlio criou o Conselho Nacional de Seguro Social ao qual ofereceu a presidência ao já citado Ataulpho Paiva. Em 1942 Vargas criou a Legião Brasileira de Assistência, oferecendo a presidência a sua mulher Darcy Vargas, inicialmente a LBA atendia as famílias dos pracinhas das Forças Expedicionárias Brasileiras (combatentes na II Guerra); no entanto, suas ações acabaram se estendendo à população socialmente excluída.
 Em 1974, mais uma vez sob um regime ditatorial, a Assistência Social ganha importante reconhecimento, quando o então presidente Ernesto Geisel criou o Ministério da Previdência e Assistência Social, desmembrando-o do Ministério do trabalho e em 1977, instituiu o Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social.
No Brasil sempre foi assente a ausência de Estado, de forma a tornar as relações de trabalho precárias, falta de emprego, salários extremamente baixos, alta taxa de trabalhadores informais entre outros fatores, isso levava a certa parcela da população não ter condições para o sustento próprio, principalmente no campo, razão pela qual, foram concedidos benefícios previdenciários aos trabalhadores do campo, independentemente de contribuição previdenciária anterior ao evento que impossibilitava a continuidade das condições de trabalho, como é o caso do auxílio doença ao trabalhador rural e da aposentadoria rural.
Por outro lado, as pessoas que nasciam com deficiência enfrentavam muitas limitações para seu sustento, pois em geral, a renda das famílias era insuficiente para manter suas necessidades, fossem as básicas ou as especiais.
Da mesma forma, os trabalhadores urbanos, que se mantiveram durante toda a vida em trabalhos informais e que a renda era insuficiente para contribuírem para a previdência social sem comprometerem seu sustento e de sua família, e os trabalhadores que ficaram muito tempo desempregados, de forma a perderem sua condição de segurado, quando acometidos de enfermidades que os tornavam deficientes ou incapacitados para o trabalho, também se viam sem condições para se sustentar e de prove a subsistência das suas famílias.
Outrossim, os trabalhadores informais ao atingirem mais de 65 anos, idade em que a capacidade para o trabalho fica reduzida, de forma a comprometer a saúde, por não ter direto a aposentadoria, devido a ausência de contribuições, não conseguiam prover o próprio sustento.
Assim com a Constituição Federal de 1988 foi reconhecida a necessidade de o Estado intervir de forma benéfica na vida dessas pessoas, como forma de lhes garantir condições de subsistir, sendo no artigo 203, V da Constituição Federal prevista ao pagamento de benefício de assistência continuada instituído, como forma de garantir o mínimo de dignidade para essas pessoas.
Destarte, a Lei Orgânica de Assistência Social, veio regulamentar o disposto na CF/88, passando a ter o Estado, dever de conceder benefício assistencial nos caso previstos na lei, sob pena de cometer omissão inconstitucional, a LOAS ainda sofreu interferências do Estatuto do Idoso, reduzindo a idade de concessão do benefício assistencial ao idoso de 70 para 65 anos, a instituição desse benefício, segundo Simone B. Fortes (2005, p. 276), o primeiro dos benefícios assistenciais e o único com previsão constitucional.
4.3. Princípios da Assistência Social
4.3.1.   Princípio da Dignidade da Pessoa Humana
O princípio da dignidade da pessoa humana é um princípio de princípios, ou seja, esse princípio é fundamento para os demais direitos e garantias fundamentais do ser humano, base para a inspiração de diversos pensadores que defendiam os direitos fundamentais do homem e responsável por mudanças históricas como a abolição da escravidão em diversos lugares do mundo. Segundo José Alfonso da SILVA:
Dignidade da pessoa humana é um valor supremo que atrai o conteúdo de todos os direitos fundamentais do homem, desde o direito à vida. “Concebido como referência constitucional unificadora de todos os direitos fundamentais [observam Gomes Canotilho e Vital Moreira], o conceito de dignidade da pessoa humana obriga a uma densificação valorativa que tenha em conta o seu amplo sentido normativo-constitucional e não uma qualquer ideia apriorística do homem, não podendo reduzir-se o sentido da dignidade humana à defesa dos direitos pessoais tradicionais, esquecendo-a nos casos de direitos sociais, ou invocá-la para construir ‘teoria do núcleo da personalidade’ individual, ignorando-a quando se trate de garantir as bases da existência humana”. Daí decorre que a ordem econômica há de ter por fim assegurar a todos exigência digna (art. 170), a ordem social visará a realização da justiça social (art. 193), a educação, o desenvolvimento da pessoa e seu preparo para o exercício da cidadania (art. 205) etc., não como meros enunciados formais, mas como indicadores do conteúdo normativo eficaz da dignidade da pessoa humana. (SILVA, 2000; p. 109).
 Percebe-se então que a dignidade da pessoa humana é um princípio no qual se fundamentam todos os demais direitos fundamentais, de forma que todas as leis que são editadas pelo ser humano devem respeitar este princípio, visto que não seria racional obedecer a leis que retirem do homem a sua dignidade; tal quais os pensamentos de Immanuel KANT; neste sentido, Fabio Konder COMPARATO assim conceituou a Dignidade humana:
A dignidade da pessoa não consiste apenas no fato de ser ela, diferentemente das coisas, um ser considerado e tratado como um fim em si e nunca como um meio para a consecução de determinado resultado. Ela resulta também do fato de que, pela sua vontade racional, isto é, como sercapaz de guiar-se pelas leis que ele próprio edita (COMPARATO, 2001, p. 48).
Neste mesmo sentido, temos a definição de dignidade da pessoa humana dada por SARLET:
A qualidade intrínseca e distintiva reconhecida em cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando, nesse sentido, um complexo de direitos e deveres fundamentais que assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante e desumano, como venham a lhe garantir as condições existenciais mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e promover sua participação ativa e corresponsável nos destinos da própria existência e da vida em comunhão com os demais seres humanos. (SARLET, 2006; p. 60).
4.3.2.   Princípio da Solidariedade
Um dos princípios fundamentais da assistência social é a Solidariedade, que segundo Fábio Konder COMPARATO:
Com base no princípio da solidariedade, passaram a ser reconhecidos como direitos humanos os chamados direitos sociais, que se realizam pela execução de políticas públicas, destinadas a garantir amparo e proteção aos mais fracos e mais pobres; ou seja, aqueles que não dispõem de recursos próprios para viver dignamente. (COMPARATO, 2003; p. 64)
Ademais, o princípio da Solidariedade é fundamental para se alcançar o mais importante objetivo da República Federativa do Brasil, conforme disposto no artigo 3º, inciso I da Constituição Federal de 1988, a saber, “Construir uma sociedade livre, justa e solidária”.
Desta feita, tem-se que a assistência social é o instrumento mais eficaz para o alcance deste objetivo, pois no capitalismo é muito difícil que as pessoas menos favorecidas sejam socialmente incluídas por ações de mercado. A solidariedade é nas palavras de COMPARATO:
A solidariedade prende-se à idéia de responsabilidade de todos pelas carências ou necessidades de qualquer indivíduo ou grupo social. É a transposição, no plano da sociedade política da obligatio in solidum do direito privado romano. O fundamento ético desse princípio encontra-se na idéia de justiça distributiva, entendida como a necessária compensação de bens e vantagens entre as classes sociais, com a socialização dos riscos normais à existência humana. (COMPARATO, 2003; p. 64)
4.3.3. Outros Princípios da Assistência Social[2]
Além dos princípios da dignidade da pessoa humana e da solidariedade, a assistência social também é regida pelos seguintes princípios:
    Gratuidade da prestação com supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre as exigências de rentabilidade econômica;
     Universalização dos direitos sociais, a fim de tornar o destinatário da ação assistencial alcançável pelas demais políticas públicas;
    Respeito à dignidade do cidadão, à sua autonomia e ao seu direito a benefícios e serviços de qualidade, bem como à convivência familiar e comunitária, vedando-se qualquer comprovação vexatória de necessidade;
    Igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem discriminação de qualquer natureza, garantindo-se equivalência às populações urbanas e rurais; divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e projetos assistenciais, bem como dos recursos oferecidos pelo Poder Público e dos critérios para sua concessão.
V – LEI ORGÂNICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
A lei 8.742/1993, também conhecida como Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS) e foi criada como forma de regulamentar o disposto nos artigos 203 e 204 da Constituição Federal de 1988, que dispõe sobre os princípios, diretrizes, organização e gestão, prestações e financiamento da Assistência Social. O principal ponto da LOAS a ser debatido é o benefício de Assistência Continuada, previsto na Constituição de 1988 e regulamentado pela LOAS.
A Constituição federal de 1988, que dedicou o Título VIII à ordem social e um capítulo inteiro à seguridade social da qual fazem parte a Saúde, previdência e assistência social. Em 1990 os Ministérios da Previdência e do Trabalho são novamente unificados, mas surge o Ministério da Ação Social. Em 1993 foi promulgada a Lei Orgânica da Assistência Social, Lei n° 8742/93, conhecida como LOAS, que criou o benefício assistencial de prestação continuada, extinguiu o Conselho Nacional do Serviço Social - CNSS e determinou a instalação do Conselho Nacional de assistência Social - CNAS.
O benefício assistencial em comento é devido; na forma de prestação continuada, cujo valor corresponde a um salário mínimo; para idosos e deficientes, com o escopo de beneficiá-los, independentemente de contribuição para a Seguridade Social, desde que sejam considerados incapazes de sobreviver sem o auxílio do Estado, nos termos do artigo 20 da Lei Orgânica de Assistência Social (lei 8.742/1993):
Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de um (um) salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso com 70 (setenta) anos ou mais e que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção e nem de tê-la provida por sua família.
§ 1 o  Para os efeitos do disposto no caput, entende-se como família o conjunto de pessoas elencadas no art. 16 da, desde que vivam sob o mesmo teto.
§ 2º Para efeito de concessão deste benefício, a pessoa portadora de deficiência é aquela incapacitada para a vida independente e para o trabalho.
§ 3º Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa portadora de deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo.
§ 4º O benefício de que trata este artigo não pode ser acumulado pelo beneficiário com qualquer outro no âmbito da seguridade social ou de outro regime, salvo o da assistência média.
§ 5º A situação de internado não prejudica o direito do Idoso ou do portador de deficiência ao benefício.
§ 6 o  A concessão do benefício ficará sujeita a exame médico pericial e laudo realizados pelos serviços de perícia médica do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS
§ 7 o  Na hipótese de não existirem serviços no município de residência do beneficiário, fica assegurado, na forma prevista em regulamento, o seu encaminhamento ao município mais próximo que contar com tal estrutura.
Existe ainda a considerar que, apesar das LOAS descrever como idoso a pessoa com 70 anos ou mais, a regra aplicada ao beneficio assistencial ao idoso respeita  limite de idade disposto no artigo 34 do Estatuto do Idoso (lei 10.741/2003), por ser norma de ordem pública, se impões sobre outras, assim a idade limite para que o idoso possa fazer jus a esse direito é de 65 anos, conforme vemos:
Art. 34. Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco) anos, que não possuam meios para prover sua subsistência, nem de tê-la provida por sua família, é assegurado o benefício mensal de um (um) salário-mínimo, nos termos da Lei Orgânica da Assistência Social – Loas.
Parágrafo único. O benefício já concedido a qualquer membro da família nos termos do caput não será computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita a que se refere a Loas.
5.1.        Benefício de Assistência Continuada
A assistência social é o principal instrumento para se concretizar a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice, bem como aos deficientes e a reintegração ao mercado de trabalho daqueles que necessitarem.
Pois, a assistência social visa garantir meios de subsistência às pessoas que não tenham condições de suprir o próprio sustento, dando especial atenção às crianças, velhos e deficientes, independentemente de contribuição à seguridade social; conforme dispõe a previsão Constitucional contida no artigo 203, inciso V, qual seja, a garantia de um salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não poder se sustentar por meios próprios ou de suas famílias.
Este benefício visa garantir a efetividade dos direitos fundamentais, em especial a dignidade da pessoa humana, a Constituição Federal de 1988 dispôs em seu artigo 203, inciso V:
Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente

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