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Mercado Financeiro e de Capitais

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1 
 
 
 
 
 
 
Análise de Cenários Econômicos 
 
 
 
 
Aula 5 
 
 
 
Prof. Joaquim Israel Ribas Pereira 
 
 
 
 
 
 
 
2 
Conversa Inicial 
Olá! O objetivo desta aula será apresentar uma visão geral do mercado 
financeiro e de capitais, abordando principalmente o funcionamento dos 
principais produtos financeiros e seus mercados. 
Essencialmente, apresentaremos o funcionamento básico dos mercados 
(títulos, renda fixa, ações), permitindo que você se familiarize com a 
nomenclatura. Além disso, o conhecimento do mercado financeiro permite que 
tanto você quanto a empresa em que você trabalha façam escolhas mais 
racionais de alocação de investimentos. 
Além disso, pode-se acrescentar que o mercado financeiro, por sua 
grande importância, utiliza-se de metodologias e análises que são 
extremamente úteis para uma análise de cenários econômicos. 
 
Contextualizando 
O objetivo desta aula é levar o aluno a conhecer o funcionamento básico 
de várias subdivisões do mercado financeiro, como os mercados de câmbio, 
monetário, de crédito, de capitais e derivativos. Veremos, inicialmente, como o 
mercado financeiro surgiu, e como essas subdivisões passaram a existir. 
Posteriormente, ele será apresentado à famosa taxa Selic, e saberá 
como esta funciona como referência para as demais taxas. Vamos explicar 
também as taxas Cetip e DI, que são base para os rendimentos em renda fixa. 
Em seguida, vamos adentrar o mercado de títulos públicos e explicar que não 
existe somente um tipo de título. 
Explicaremos, também, o mercado de renda fixa e seus principais 
produtos, como o Certificado de Depósito Bancário (CDB), a Letra de Crédito 
(LC) e a Letra do Crédito Agropecuário (LCA), entre outros. Por fim, vamos 
estudar o mercado primário e secundário de ações, e os indicadores que é 
necessário estudar para saber quais ações apresentam melhores rendimentos. 
 
 
 
3 
 
Pesquise 
Antes de começarmos nossos estudos, pesquise sobre índices de 
confiança, projeções econômicas e análises setoriais. Leia sobre as perspectivas 
apontadas e como elas interagem com o mercado doméstico e externo. 
 
Tema 1 – Estrutura do Mercado Financeiro 
Originalmente, os mercados de negociação, geralmente localizados em 
pontos centrais das cidades, transacionavam somente os excedentes de 
produção, de modo que produtores e consumidores realizavam trocas de 
produtos. Posteriormente, a evolução do sistema comercial permitiu o 
surgimento de um sistema bancário. 
A presença do sistema bancário deu origem à intermediação financeira, 
ou seja, trocas de valores entre os indivíduos, principalmente entre os 
detentores de reservas monetárias e os deficitários, isto é, aqueles sem 
liquidez para consumo e investimento. Segundo Lopes e Rossetti (2005, p. 
407), houve três importantes motivos que impulsionaram a intermediação 
financeira: 
 Superação de uma economia baseada no escambo; 
 Criação de bases institucionais para o funcionamento do mercado de 
intermediação financeira; 
 Existência de agentes econômicos (famílias, empresas) deficitários e 
superavitários, dispostos a buscar segurança e rentabilidade para sua 
poupança e financiar seus investimentos. 
Em síntese, o terceiro fator é o mais importante, pois demonstra que os 
intermediários financeiros, principalmente os bancos, só existem porque 
encontram agentes que desejam gastar mais do que seus rendimentos, 
concomitantemente com outros que possuem poupanças. 
 
 
 
4 
O crescimento da intermediação financeira foi possível graças às suas 
vantagens. A primeira delas é que instituições financeiras tendem a se 
especializar, fornecendo melhores informações e produtos aos que tomam 
empréstimos e aos que investem. A segunda, que os bancos e outros agentes 
podem abranger diferentes setores e regiões, fornecendo, portanto, mais 
opções e diluição dos riscos. A terceira vantagem é que um agente deficitário 
tem maiores chances de encontrar um financiamento via intermediários do que 
teria via financiamento direto. Por exemplo, pedir emprestado 100 mil reais em 
um banco, que capta dinheiro de várias pessoas, é mais fácil do que emprestá-
los diretamente de um indivíduo só. 
A evolução da intermediação financeira e a oferta de produtos 
financeiros deram origem aos mercados financeiros. Estes, como o nome já 
indica, são locais — não propriamente físicos — em que se negocia ativos 
financeiros, como moedas estrangeiras, títulos públicos, debêntures, 
certificados de depósitos, entre outros. 
Para facilitar o entendimento, o mercado financeiro pode ser dividido em 
segmentos. Neste caso, vamos utilizar a classificação proposta por Kerr (2011), 
ressalvando, porém, que esta é uma divisão didática, e que muitas vezes as 
instituições financeiras operam em vários mercados ao mesmo tempo. 
 
 Mercado Monetário: boa parte desse mercado é operado pelo Banco 
Central. Nele são realizadas operações de negociação de títulos 
públicos, de redesconto e depósitos compulsórios, que visam 
essencialmente a controlar a liquidez da moeda na economia; 
 Mercado de Crédito: operado por instituições financeiras bancárias, 
destina-se basicamente a suprir as necessidades de capital de giro das 
empresas, abrangendo empréstimos, financiamento e depósitos à vista. 
 Mercado Cambial: onde se realiza a compra e venda de moeda 
estrangeira. 
 Mercado de Capitais: nele são realizadas operações de longo prazo, 
 
 
 
5 
geralmente por bancos de investimentos. Aplicação em ações e 
debêntures são exemplos da atuação desse mercado. 
 Mercado de derivativos: são operações com ativos cujos valores 
representam uma parcela de outro ativo, daí o nome de derivativos. 
Destina-se, principalmente, à administração de risco. 
 
A existência e a importância relativa de cada segmento do mercado 
financeiro dependem do grau de desenvolvimento econômico do país, 
podemos citar como exemplo o mercado secundário de imóveis ou hipotecas 
nos Estados Unidos, que movimenta bilhões de dólares lá, enquanto no Brasil 
ainda estamos evoluindo nesse setor. 
Qual a importância desse conhecimento para a análise de cenários 
econômicos? É de suma importância para qualquer analista observar as 
contrações e expansões de mercado de crédito, acionário e de títulos e, assim, 
entender o que essas variações indicam. Por exemplo, se observarmos as 
ações das siderúrgicas no ano de 2015, veremos uma queda brusca das ações 
dessas empresas negociadas na bolsa de valores. Pesquisando mais a fundo, 
vemos que esse fato revela-se um indicativo da queda do patrimônio líquido e 
de uma crise no mercado de aço nacional. 
O mercado de ações, o de títulos públicos e o de renda fixa, e como eles 
auxiliam na análise de mercado, serão objeto de estudo dos próximos temas. 
 
Tema 2 – Mercado Monetário: Títulos Públicos Federais 
O mercado monetário diz respeito à circulação de moeda ou dinheiro em 
um país. Estão compreendidas nesse mercado as operações de compra e 
venda de títulos públicos e privados. Título é uma forma de tomar dinheiro 
emprestado, mediante a emissão de um certificado de direito a pagamento 
futuro, com juros. Os títulos, se emitidos pelo governo, permitem financiar a 
dívida pública, gerar receitas para gastos públicos e também controlar a 
 
 
 
6 
liquidez da economia. 
Como exemplos de títulos privados podemos citar os certificados de 
depósitos interfinanceiros (CDI), o certificado de depósito bancário (CDB) e os 
debêntures. 
Os títulos são controlados e custodiados por dois sistemas eletrônicos: 
Selic e Cetip. 
 Selic – Sistema Especial de Liquidação e Custódia– Foi desenvolvido 
pelo Banco Central em 1979, com o propósito de operar os títulos 
emitidos pelo Tesouro Nacional. O sistema tem por finalidade gerenciar 
as operações de compra e venda e manter sua custódia. 
 Cetip – Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos – teve 
início em 1986 como um sistema semelhante ao Selic, só que 
gerenciando os títulos privados — CDB, CDI etc. — e providenciando 
sua custódia. 
Ambos os sistemas de liquidação e custódia (Selic e Cetip) têm como 
objetivo promover o gerenciamento, a segurança e a autenticidade dos títulos 
negociados. Tanto a Selic quanto a Cetip divulgam de maneira periódica taxas 
de juros que funcionam como referência para os agentes econômicos: a taxa 
Cetip e a famosa taxa Selic. 
A taxa Selic funciona como principal referência para taxas de juros no 
mercado, pois indica os juros aplicados aos títulos públicos federais, e como 
não existe um investimento em larga escala com risco mais baixo que o dos 
títulos federais, estes funcionam como referência aos demais títulos públicos e 
privados. 
A Taxa Cetip, naturalmente, apresenta-se levemente mais elevada que a 
Selic, devido principalmente ao risco teoricamente um pouco maior, por se 
tratar de títulos privados. 
Os títulos federais, emitidos pelo Tesouro Nacional, não são 
homogêneos, ou seja, eles apresentam características de negociação 
 
 
 
7 
diferentes. Os principais papéis ofertados são: Letras do Tesouro Nacional 
(LTN), Notas do Tesouro Nacional (NTN) e Letras Financeiras do Tesouro 
(LFT). Vejamos cada uma delas em mais detalhes: 
 LTN – são títulos prefixados, ou seja, sua rentabilidade é conhecida no 
momento da compra. Possuem um fluxo de pagamento simples, isto é, o 
investidor faz uma aplicação e irá receber o valor do investimento 
somado à rentabilidade na data de vencimento do título. 
 NTN – são títulos pós-fixados, ou seja, sua rentabilidade é estimada, 
mas sofre variações com o tempo. São, na sua maioria, indexados a 
uma taxa de inflação (IPCA), acrescida de juros definidos no momento 
da compra. Geralmente, possuem retornos a cada seis meses. 
 LFT – são títulos pós-fixados, cuja rentabilidade está atrelada à taxa 
Selic, definida pelo Banco Central. Possui fluxo de pagamento simples, 
isto é, o investidor faz a aplicação e recebe o valor da rentabilidade no 
vencimento do título. 
Vejamos um quadro disponível no site do Banco do Brasil em abril de 
2016, que indica os retornos de cada tipo de título público. 
 
 
 
 
 
 
8 
Quadro 1 – Títulos e retornos dos títulos públicos federais 
 
 
Fonte: Banco do Brasil, 2016. 
 
Podemos observar no quadro três tipos de títulos: indexados ao IPCA, 
prefixados e indexados à taxa Selic. Os títulos indexados ao IPCA, apresentam 
um retorno (taxa) acima de 6%, mais o IPCA do respectivo ano até o 
vencimento. Note que esse tipo de investimento protege a empresa ou o 
indivíduo da perda de poder de compra causada pela inflação, além de 
apresentar um retorno real acima de 6%. 
Os títulos prefixados já revelam qual será o retorno do título até o 
vencimento, variando entre 12,71% e 13,01%. Esse título irá apresentar uma 
vantagem sobre o título indexado ao IPCA, caso a inflação, somada aos juros 
de 6%, fique abaixo dos 12%. Por fim, temos o título indexado à Selic, cujo 
retorno, portanto, irá variar conforme as decisões do Conselho de Política 
Monetária (COPOM). Esse título terá certo risco, caso o COPOM seja leniente 
com a inflação, isto é, caso ele não suba os juros para conter um processo 
inflacionário, que levará a uma deterioração dos ganhos. 
Para finalizar o tema, qual a necessidade de conhecer os títulos públicos 
federais para a análise de cenários econômicos? Note que os títulos públicos 
são considerados os investimentos mais seguros oferecidos no mercado, e 
 
 
 
9 
portanto, funcionam como uma base mínima de rentabilidade. Numa tomada de 
decisão de investimento, a taxa Selic deverá ser observada. Por exemplo, se 
um investimento projeta um retorno de 10% ao ano e a taxa Selic está definida 
como 14% ao ano, não haverá lógica econômica para o investimento, tendo em 
vista que o retorno em títulos públicos será maior. 
 
Tema 3 – O Mercado de Renda Fixa 
Vamos apresentar neste tema os produtos financeiros que oferecem 
rendimentos fixos, ofertados por instituições financeiras (bancos comerciais, 
bancos de investimento, bancos de desenvolvimento e bancos múltiplos). 
Nesse grupo de produtos financeiros estão incluídos os Certificados de 
Depósitos Bancários (CDB), os Recibos de Depósitos Bancários (RDB), o 
Depósito Interbancário (DI), as Letras de Câmbio (LC), a Letra de Crédito do 
Agronegócio (LCA), entre outros. 
Todos os produtos financeiros têm basicamente o mesmo objetivo: 
captar recursos para as instituições financeiras, podendo estas oferecer crédito 
para diferentes fins (crédito para a casa própria, crédito para a agricultura etc.). 
O lucro dessas instituições virá pela diferença entre o custo do dinheiro 
captado entre os investidores em renda fixa e a receita auferida a partir do 
dinheiro emprestado. 
Como explica Fortuna (2007), o CDB é um título de crédito e o RDB é 
um recibo, sendo o que último não terá rendimento algum, caso o investidor 
queira retirar o recurso aplicado antes do prazo estipulado. Nos dois casos, as 
características são determinadas no momento da contratação: prazo final e 
taxa de rendimento são previamente definidos. A remuneração pode ser 
prefixada ou pós-fixada, indexada a algum índice, mas geralmente pela taxa DI 
definida pela Cetip. 
O Depósito Interfinanceiro (DI) é um título privado que visa a fornecer 
recursos aos bancos. É negociado somente entre os bancos, portanto não 
 
 
 
10 
pode ser vendido a outros investidores. As negociações entre os bancos têm 
como base a Taxa DI, geralmente muito próxima da Taxa Selic e referência 
para os demais produtos de renda fixa. 
A Letra de Câmbio (LC) é um instrumento de captação de recursos 
específico das sociedades de crédito e financeiras, e é sempre emitida com 
base numa transação comercial; ou seja, quando uma financeira empresa 
algum valor a alguém, essa pessoa saca uma LC contra a financeira, que a 
aceita e lança no mercado. 
Também pode ser emitida com taxa prefixada, flutuante ou pós-fixada, 
pelo prazo mínimo de 60 dias e máximo de 180 dias. 
A LCA é um título emitido por uma instituição financeira que visa a 
captar recursos para crédito na cadeia de produção do agronegócio. Uma das 
vantagens desse investimento é a isenção do imposto de renda. Apresenta 
baixo risco, dado que boa parte do investimento é garantida pelo Fundo 
Garantidor de Crédito. 
Quando uma empresa necessita de recursos, uma das suas opções é a 
emissão de debêntures, que somente podem ser emitidas por sociedades por 
ação, isto é, companhias de capital aberto com prévio registro na Comissão de 
Valores Mobiliários (CVM). A debênture dá ao credor da empresa direito a 
rentabilidade sobre o montante emprestado, em dado prazo e em condições 
preestabelecidas. 
Entre as vantagens para a empresa que emite as debêntures, podemos 
citar o maior prazo para pagamento; a possibilidade de captar recursos 
maiores; um menor custo de captação, visto que o risco é passado ao 
investidor e não a uma instituição financeira; maior liberdade sobre os prazos e 
formas de pagamento. 
Claramente, a pessoa que adquire uma debênture corre o risco de 
inadimplência da empresa emissora. Por isso, o mercado criou as empresas de 
rating ou análise de risco, que classificam os títulos com base no risco de 
calote. 
 
 
 
11Existe ainda a Nota Comercial ou commercial paper, que funciona de 
maneira muito semelhante à das debêntures: é emitida por empresas de capital 
aberto ou fechado, mas com prazos inferiores a 360 dias. 
Podemos citar diversas outros produtos financeiros de renda fixa, mas 
os que foram aqui apresentados são os principais. Qual é a utilidade de 
conhecer esses investimentos? A primeira, sem dúvida, é a de uso pessoal, 
para a gestão do seu próprio dinheiro. A segunda é que, numa gestão 
financeira sólida, a empresa deve saber optar por seus investimentos e 
também conhecer outras fontes de recursos. 
 
Tema 4 – O Mercado de Ações 
Ações são, como explica Kerr (2011), a menor fração em que se divide o 
capital de uma empresa. O acionista é, portanto, participante ou proprietário de 
uma companhia, proporcionalmente à quantidade de ações que possui em 
relação ao total. 
Atualmente, as ações são escriturais, funcionando por meio de um 
registro eletrônico, no qual os valores são lançados a débito ou a crédito na 
conta dos acionistas, sem a necessidade de movimentação física de papéis. 
As empresas registradas como sociedades anônimas podem ser de 
capital fechado ou capital aberto. As de capital fechado, geralmente, são 
empresas familiares e com número restrito de sócios. Por outro lado, as 
empresas de capital aberto são necessariamente registradas na Comissão de 
Valores Mobiliários (CVM), sendo obrigadas a fornecer uma série de 
informações contábeis e de governança. 
As ações são classificadas em dois tipos: ordinárias e preferencias, 
conforme os direitos dos acionistas. 
 Ações preferenciais – não atribuem a seu titular direito de voto nas 
assembleias, porém conferem duas preferências: prioridade no 
recebimento de dividendos e prioridade no reembolso do capital da 
 
 
 
12 
empresa em caso de dissolução. 
 Ações ordinárias – atribuem ao seu possuidor os mesmos direitos e 
obrigações que os proprietários, ou seja, confere ao acionista o direito 
de voto, podendo ele participar das principais decisões da empresa. 
De acordo com Assaf Neto (2003), as ações podem ter seis valores 
diferentes, além daquele atribuído pelo mercado em determinado dia. Podemos 
reconhecer os seguintes valores monetários das ações: patrimonial, de 
mercado, de liquidação, nominal, intrínseco e de subscrição. 
O valor patrimonial da ação é entendido como o patrimônio líquido da 
empresa, dividido pelo número de ações. Por exemplo, se o patrimônio líquido 
de uma empresa for R$ 100 milhões e ela tiver 50 milhões de ações emitidas, 
determina-se um valor patrimonial de dois reais por ação. Essencialmente, 
essa é uma informação que indica valores acumulados no passado e não 
carrega expectativas sobre a empresa. 
Por outro lado, o valor de mercado representa o efetivo preço negociado 
da ação no mercado secundário. Não coincide, necessariamente, com seu 
valor patrimonial, pois é definido por percepções dos investidores e pelos ciclos 
de especulação na Bolsa de Valores, fato que explicaremos mais à frente. 
O valor de liquidação é, basicamente, quanto compete a cada ação no 
momento do encerramento da empresa. Um valor muito baixo indica excesso 
de passivos, como trabalhistas ou com fornecedores. Já o valor nominal, é 
aquele atribuído a cada ação, conforme previsto no estatuto social da empresa. 
Deve-se fazer a ressalva de que não existe obrigação de a empresa indicar 
esse valor no estatuto, sendo isso apenas uma opção. 
O valor intrínseco de uma ação é o valor presente dos retornos de caixa, 
descontado de uma taxa mínima de retorno, ou seja, o valor intrínseco indica o 
potencial de remuneração da ação. 
Por fim, o valor de subscrição, também chamado valor de emissão, é o 
preço definido no lançamento de ações em operações de expansão de capital 
 
 
 
13 
de uma empresa. Indica quanto cada ação está contribuindo para o capital 
social da empresa. 
Essencialmente, para o investidor, a ação de uma empresa oferece três 
formas de rendimentos: a própria valorização do preço de mercado da ação; os 
juros sobre o capital próprio, pagos aos acionistas com base nas reservas de 
lucros da empresa; os dividendos, que representam a distribuição de lucros 
auferidos pela empresa aos seus acionistas. 
O pagamento de juros sobre capital próprio apresenta benefícios fiscais 
para a empresa, quando comparado ao pagamento de dividendos. Por meio 
desse lançamento contábil, as empresas podem diminuir o valor pago em 
Imposto de Renda, repassando esse ônus ao investidor e também já 
descontando do pagamento mínimo obrigatório de dividendos. 
Outro fato importante que devemos comentar diz respeito aos dois 
momentos da negociação das ações: o mercado primário e o mercado 
secundário. O mercado primário, essencialmente, é quando as empresas 
lançam suas ações pela primeira vez, canalizando assim mais recursos para a 
empresa. O mercado secundário se resume às negociações entre os agentes 
econômicos das ações adquiridas no mercado primário. Os valores monetários 
negociados nesse mercado não são transferidos para a empresa, e ele 
funciona somente para dar liquidez ao mercado primário. 
O mercado de ações constitui-se num importante meio de fornecimento 
de recursos para empresas, e também numa importante opção de 
investimento. Conhecer essas opções é de extrema importância para qualquer 
agente econômico, principalmente para aqueles que desejam traçar a melhor 
estratégia possível. 
 
Tema 5 – O Mercado Secundário de Ações 
O mercado secundário registra a transferência de titularidade das ações 
de empresas. Essas negociações ocorrem nas famosas bolsas de valores. As 
bolsas de valores têm como objetivo promover negociações seguras, 
 
 
 
14 
desenvolver um sistema de registro ágil e moderno e fiscalizar o cumprimento 
das regras entre seus membros. 
Atualmente, no Brasil, a única bolsa de valores é a BM&F-Bovespa, 
formada pela fusão, em 2007, da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e a 
Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F). 
O local onde são realizadas as diversas transações de compra e venda 
de ações, mesmo sendo eletrônico, é denominado de pregão. Todos os 
agentes econômicos que participam da Bolsa de Valores devem ter amplo 
acesso às informações e fatos relevantes que possam influir sobre os preços 
das ações; portanto, é crime um diretor de empresa vender ou usar para si 
informações privilegiadas. Tendo isso em vista, resta ao investidor utilizar-se de 
seus conhecimentos e análises para prever o comportamento das ações no 
mercado secundário. 
Por que conhecer o comportamento do mercado secundário é 
importante para a análise de cenários econômicos? Prezado aluno, uma dica 
de grande valia aqui é saber que o mercado de ações é o que melhor antecipa 
as informações. Essa antecipação, e sua resposta no preço da ação, é 
chamada precificação, ou seja, informações que impactam a economia 
geralmente são repassadas ao preço no momento que a informação vem à 
tona para o mercado. 
Em síntese, o preço de uma ação carrega as informações do mercado. 
Essa afirmação, como explica Kerr (2011), é baseada na hipótese de mercado 
eficiente (EMH), segundo a qual um mercado é eficiente quando os preços se 
ajustam de maneira rápida à chegada de novas informações. 
Claro que existe polêmica sobre a eficiência do mercado. Podemos citar 
como exemplo contrário a essa eficiência a formação de bolhas no mercado de 
ações, como aconteceu nos casos do mercado imobiliário americano, em 2008; 
do mercado japonês, em 1991; da bolha da internet, em 2000. Usualmente, 
esses grandes movimentos de alta ou baixa são chamados de efeito manada, 
poisindicam uma disparada irracional para uma determinada tendência. 
 
 
 
15 
Podemos citar duas ferramentas mais comuns para tentar estimar o 
comportamento futuro das ações, e que podem e devem ser usadas na análise 
de cenários: a análise gráfica e a análise fundamentalista. 
A análise fundamentalista parte do pressuposto de que o valor de 
mercado da ação irá se comportar conforme os fatores internos e externos à 
empresa. Toma como fundamentação para a análise as demonstrações 
financeiras, as decisões de agências reguladoras etc. Podemos citar alguns 
índices úteis a esse tipo de análise: 
 Lucro por ação (LPA) – índice que deriva do lucro total da empresa, 
dividido pelo número de ações. 
 Payout – percentual do lucro líquido que será dividido entre os acionistas 
a título de dividendos. 
 Dividend yield – razão entre os dividendos distribuídos por ação e o 
preço de mercado da ação. 
 Índice preço/lucro – método mais utilizado, resulta da divisão entre o 
preço de mercado da ação e o LPA. O índice mostra quantos anos são 
necessários para recuperar o investimento. Quanto maior o índice, maior 
é o tempo para essa recuperação. 
 
A análise técnica ou gráfica, por sua vez, concentra-se principalmente no 
comportamento dos preços no passado para prever esse comportamento no 
futuro. Os analistas que trabalham nesse mercado geralmente observam os 
gráficos dos preços das ações para traçar linhas de tendência e pontos de 
suporte e resistência, a fim de prever cenários e preços mais prováveis no futuro. 
 
Trocando ideias 
Leia a reportagem do link a seguir e discuta que motivos — além de um 
aumento dos juros — levam a uma mudança do mercado de ações para os 
títulos públicos. 
 
 
 
16 
http://exame.abril.com.br/mercados/noticias/investidores-vendem-acoes-na-
africa-e-compram-divida-publica 
1) O mercado de ações é mais rentável? 
2) Qual o papel da confiança no governo? 
3) Como funciona a nota de classificação dos títulos? 
 
Na Prática 
Vamos aumentar nosso conhecimento sobre investimentos. Procure 
dados dos últimos 12 meses acerca de três ações de setores diferentes: 
celulose, siderurgia e bancos. Apresente os dados de Lucro Por Ação (LPA), 
Dividend Yield, Preço sobre Lucro Por Ação (P/L) e explique o que cada um 
significa. Inclua também a alta das ações nos últimos 12 meses. Mostre, já no 
começo, a taxa Cetip e a inflação acumulada nos últimos 12 meses (IPCA). 
 Por fim, tire uma conclusão sobre qual das empresas apresentou o 
melhor resultado para o investidor. Mostre os dados comparativamente aos 
resultados médios da renda fixa (Cetip) e da inflação. 
 
Passo a passo 
1) Devemos primeiramente encontrar os dados. A taxa Cetip pode ser 
encontrada no próprio site da Cetip. 
2) A inflação acumulada nos últimos 12 meses é possível encontrar em 
sites especializados de economia. 
3) Devemos selecionar três empresas, uma de casa setor. Neste exemplo, 
vou utilizar Suzano (celulose), Usiminas (siderurgia) e Bradesco 
(Bancos). 
4) Para encontrar os dados sobre aumento das ações nos últimos 12 
meses, e também os dados sobre LPA, Dividend Yield, e P/L, devemos 
procurar num site especializado como Exame, Infomoney, Bastter ou 
 
 
 
17 
Fundamentus. 
5) Por fim, devemos compilar e apresentar os resultados. 
 
Resolução do caso 
 
Taxa Cetip vigente 14,13% 
IPCA últimos 12 meses 9,38% 
 
 SUZANO (SUZB5) USIMINAS (USIM5) 
Bradesco (BBDC4) 
LPA -0,84 -3,10 3,10 
Dividend 
Yield 
1,9% 1,4% 4,4% 
P/L -16,18 -0,77 8,35 
Valorização 
Ação último 
ano 
-5,12% -58,76% -7,91% 
 
Lucro Por Ação (LPA) é, basicamente, o lucro líquido dividido pelo 
número de ações no mercado. Neste caso, somente o Bradesco apresentou 
lucro líquido e, portanto, LPA positivo. 
Dividend Yield representa o dividendo pago por ação sobre o preço da 
ação. Seria algo como uma renda obtida no investimento. Neste caso, o 
Bradesco apresentou o melhor retorno, 4,4%, embora bem abaixo dos juros 
pagos na renda fixa (14,13%). 
Preço por LPA (P/L) – Indica o número de anos necessários para que o 
LPA atinja o preço de mercado da ação. Somente o Bradesco apresentou 
resultado positivo, indicando 8,35 anos. 
Nenhuma dessas ações apresentou valorização positiva no último ano, 
 
 
 
18 
sendo o pior caso o das ações da Usiminas, devido principalmente à situação 
do mercado de aço. 
Nos casos analisados, o melhor cenário para manter o investimento foi 
na renda fixa, devido aos retornos negativos das ações analisadas. Outras 
análises devem ser feitas para ver se existe a possibilidade de alta dessas 
ações. 
 
Síntese 
Vimos, ao longo desta aula, como o mercado financeiro surgiu e como está 
dividido. As instituições financeiras geralmente operam em mais de um mercado; 
bancos operam tanto no mercado cambial quanto no de crédito e de capitais. 
Aprendemos que a taxa Selic, definida pelo Banco Central, funciona 
como a taxa básica da economia, e, portanto, como referência para todas as 
demais. Da mesma forma, vimos que a taxa Cetip funciona como referência 
para o mercado de renda fixa. 
Em relação ao mercado de renda fixa, aprendemos sobre CDB, LC e 
LCA. Na renda variável, fizemos a diferenciação entre mercado primário e 
mercado secundário, e vimos como analisar uma ação por meio do lucro por 
ação (LPA), do preço por LPA e do dividend yield. 
Esses conhecimentos são úteis para qualquer gestor de empresa, mas 
também serão úteis para as suas finanças pessoais. Além disso, as análises 
utilizadas dentro do mercado financeiro são extremamente válidas para uma 
análise profissional de cenários econômicos. 
 
Referências 
 
ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. São Paulo: Atlas, 2003. 
 
 
 
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FORTUNA, E. Mercado financeiro: produtos e serviços. Rio de Janeiro: 
Qualitymark, 2007. 
 
KERR, R. Mercado financeiro e de capitais. São Paulo: ABDR, 2011. 
 
LOPES, J. do C.; ROSSETTI, J. P. Economia monetária. 9. Ed. São Paulo: 
Atlas, 2005. 
 
POTELWA, X. Investidores vendem ações na África e compram dívida pública. 
Revista Exame. Disponível em: 
<http://exame.abril.com.br/mercados/noticias/investidores-vendem-acoes-na-
africa-e-compram-divida-publica> Acesso em: 5 set. 2016.

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