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Análise de Cenários Econômicos Passo a Passo

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Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
1 
 
 
 
 
 
 
 
Análise de Cenários Econômicos 
 
 
 
 
Aula 6 
 
 
 
Prof. Joaquim Israel Ribas Pereira 
 
 
 
 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
2 
Conversa Inicial 
Chegamos à etapa final da disciplina de Análise de Cenários 
Econômicos. Vamos agora aglutinar os conhecimentos já adquiridos e 
percorrer os últimos passos para ajustar nossa análise. 
Essencialmente, como já mencionamos em aula anterior, esta é uma 
disciplina que exige ampla gama de conhecimentos. Além disso, cabe ao 
analista manter-se o mais atento possível aos acontecimentos. 
Esperamos que esta disciplina, bem como toda a literatura apresentada 
nestas aulas, seja apenas o primeiro passo para o aprofundamento dos seus 
estudos sobre o tema. 
Contextualizando 
Nesta aula, os últimos cinco temas da nossa disciplina irão enfocar a 
montagem no planejamento por cenários. Veremos como montar uma análise 
de cenários em cinco passos: primeiramente, definiremos nosso propósito; 
depois, passaremos pela identificação das variáveis; efetuaremos, então, a 
análise dessas variáveis; e, por fim, procederemos à apresentação dos 
cenários e suas consequências. 
Posteriormente, teremos que calibrar as análises a partir dos riscos 
encontrados. Para tanto, eles deverão ser qualificados, listados e medidos com 
base na exposição da empresa. 
No Tema 3, listaremos as principais fontes de dados para pesquisa em 
economia, enfocando o lado prático. O conhecimento dessas bases é bastante 
útil para quem segue a carreira de gestor. 
Passaremos, então, no Tema 4, para uma análise de cenários. 
Consideraremos as influências do entorno, mostrando a importância de não 
ignorar as interferências advindas de outros municípios, estados etc. 
Por fim, no Tema 5, apresentaremos um exemplo prático simplificado de 
como é feita a análise por um grande banco investidor. 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
3 
 
Pesquise 
Pesquise sobre os relatórios anuais do Banco Central, enumere todos 
os grupos de variáveis apresentadas no relatório e, por fim, reflita sobre como 
esse relatório pode ser útil para análises econômicas. 
 
Tema 1 – Montagem de um Cenário Econômico Passo a Passo 
Nesta aula, vamos montar passo a passo uma análise de cenários, 
seguindo as recomendações de Aswath Damodaran (2009). Para tanto, vamos 
usar um esquema dividido em cinco partes: 
1) identificação do objetivo; 
2) identificação dos fatores-chaves; 
3) análise dos fatores; 
4) geração dos cenários; 
5) levantamento das consequências. 
 
O primeiro passo em qualquer análise de cenário consiste em definir 
precisamente o propósito com o qual os cenários serão desenvolvidos. 
Perguntas tais como “de qual setor da economia estamos tratando?”, “a 
empresa está preocupada com o setor externo?”, “como é a relação da 
empresa com o setor público?”, “a análise está calibrada com a realidade?” 
auxiliam-nos a iniciar o processo de construção de cenários. 
No começo dos estudos, será natural definir os limites da análise, 
considerando qual será o objeto de que ela se ocupará. Por exemplo, a 
abertura de uma empresa de importação de produtos eletrônicos não pode 
deixar de lado considerações sobre fatores relacionados ao setor externo, 
como câmbio, regulação do governo, tarifas de importação, acordos 
comerciais. 
Outra faceta importante, que diz respeito às delimitações que devem ser 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
4 
feitas: se estivermos tratando de uma empresa que está inserida num setor 
muito dinâmico, devemos trabalhar com períodos mais curtos. Por exemplo, se 
estivermos produzindo cenários econômicos para o mercado de software, estes 
devem conter previsões para 6 meses, 1 ano ou, no máximo, 5 anos. O mesmo 
não acontecerá se estivermos tratando do mercado de petróleo, muito mais 
estável e tradicional do ponto de vista econômico. 
O segundo passo é a identificação das variáveis-chave, que são fatores 
importantes, capazes de influenciar os resultados de uma empresa. Ao longo 
do curso, apresentamos os principais fatores da economia, como a taxa Selic, 
a inflação, o desemprego, a oferta agregada, a demanda agregada, o câmbio 
etc. Serão estes os fatores que integrarão a análise, a qual requer 
conhecimento da sua natureza e de como eles interagem. 
Claramente, para escolher as variáveis a serem analisadas, é 
necessária uma base teórica. Entretanto, podemos afirmar que parte dessa 
escolha irá depender de intuição. Recorrendo à sua experiência e à sua 
capacidade de observação, você pode ir além do usual e incluir uma variável 
diferente. Um exemplo importante a ser citado foi o caso da petroleira Shell, 
nos anos 1970, que desenvolveu cenários para a empresa caso acontecesse o 
fim da União Soviética, um evento que afetaria a oferta total de petróleo. O 
risco do fim da União Soviética partiu de uma observação diferenciada de um 
analista da Shell. 
O terceiro passo é a análise das variáveis escolhidas. Será nessa fase 
que, após definidas as variáveis, serão traçadas hipóteses fundamentadas nos 
riscos e incertezas. Para deixar mais claro, vamos recorrer a um exemplo: você 
quer descrever os possíveis cenários do crescimento do PIB. O mais provável 
é um crescimento de 2%; entretanto, existem riscos que podem deslocar esse 
crescimento para cima ou para baixo. Portanto, será o risco de causar um 
crescimento do PIB abaixo ou acima do previsto o determinante para a criação 
dos cenários. 
Deverá ser levada em consideração ainda, a incerteza que permeia os 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
5 
choques externos, como as decorrentes de mudanças bruscas no governo, 
impactos ambientais, guerras etc. 
Nessa etapa do processo, o analista deverá ter um bom conhecimento 
de fontes estatísticas. Há centenas de dados espalhadas por diferentes fontes 
de informação. Um bom analista deve conhecer mais do que somente o 
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 
O quarto passo é a própria geração de cenário. Não existem regras que 
determinem como ele deve ser apresentado, o que confere liberdade ao 
analista para procurar o meio mais intuitivo de apresentar cenários. O que 
vamos fazer aqui é apresentar uma maneira básica, mas ainda assim de 
qualidade, que permita condensar formalmente os cenários apresentados. 
Uma dúvida natural que irá surgir é qual a quantidade ideal de cenários? 
Facilmente, podemos mencionar três (mais provável, riscos positivos, riscos 
negativos). Entretanto, uma análise que se ampara em somente três cenários 
pode se revelar demasiadamente simples. Por outro lado, um número 
excessivo de cenários pode levar a erros e dificuldades de entendimento. 
Recomenda-se a utilização de seis cenários, ou seja, um cenário mais 
provável, dois cenários para hipóteses positivas na economia, dois para 
hipóteses negativas, e um que leve em consideração um choque externo, que 
possa causar grandes danos. 
Por fim, o quinto passo é a apresentação das consequências para a 
empresa. Uma vez que estabelecemos que há uma possibilidade de 
crescimento acima do esperado, devemos apresentar qual é a consequência 
disso para a empresa. Nessa fase, estamos percorrendo o caminho do 
ambiente macroeconômico para dentro da empresa. Por exemplo, se uma 
empresa trabalha com a venda de móveis, provavelmente um crescimento 
econômico irá induzir maior demanda para os seus produtos. 
Devemos lembrar que a análise de cenários econômicos não prescreve 
qual deve ser a tomada de decisão da empresa, mas sim quais são os 
possíveis futuros pelos qual a empresa poderá passar. Caberá aos gestores 
 
Pró-reitoriade EaD e CCDD 
 
6 
utilizar as informações fornecidas na análise para suas tomadas de decisão. 
Vejamos o Quadro 1, que indica um formato base para a apresentação 
de cenários econômicos. 
 
Quadro 1 – Modelo base para apresentação de cenários 
 
 Expansão 
robusta da 
economia 
Melhor 
que o 
esperado 
Cenário-
base – 
mais 
provável 
Pior que o 
esperado 
Queda 
brusca da 
economia 
Choque 
externo 
PIB Muito 
acima 
Acima de 
2% 
2% Abaixo de 
2% 
Muito 
Abaixo 
Choque 
negativo 
imprevisto 
Consequências 
 
Após entender, passo a passo, a construção da análise de cenários, 
teremos que calibrar essa análise para as hipóteses ou riscos. Veremos, no 
próximo tema, como analisar os riscos. 
 
Tema 2 – Analisando os Riscos 
Além de identificar o comportamento das variáveis que apresentamos ao 
longo das aulas, devemos sempre calibrar a análise de cenários para os riscos 
a que a empresa estará exposta. O processo de desenvolver uma qualificação 
dos riscos necessita de um exame dos riscos imediatos, gerados pela 
competição entre os concorrentes, e daqueles determinados pelas alterações 
macroeconômicos. Devemos ter cuidado metodológico para não misturar as 
consequências de cada risco. 
Vamos apresentar três passos para qualificar os riscos que podem ser 
encontrados no caminho de uma empresa, seguindo a metodologia de 
Damodaran (2009). 
 
 Liste os riscos: vamos considerar que você trabalhe em uma empresa 
de importação de café colombiano de alta qualidade, que embala e 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
7 
vende o café para diferentes franquias em todo o Brasil. Esse tipo de 
processo expõe a uma diversidade de riscos. Há o risco de instabilidade 
política na Colômbia, ou o risco ambiental na produção. Há o risco da 
volatilidade da taxa de câmbio. Dependendo da quantidade e dos tipos 
de trabalhadores contratados, estaremos expostos a questões 
trabalhistas. Como vamos trabalhar com distribuição de produtos para 
diferentes estados brasileiros, teremos problemas de variações 
tributárias, como alterações na regra do ICMS, por exemplo. Por fim e 
não menos importante, temos de considerar as possíveis oscilações na 
demanda do produto. Você deve ter notado que quanto maior o tamanho 
do negócio, maiores serão os riscos que a empresa enfrentará. 
 
 Classifique os riscos: como existe uma ampla gama de riscos, o próximo 
passo é separá-los em categorias. A tendência é que a resposta aos 
riscos dentro da mesma categoria seja similar, tornando-os mais 
administráveis. Há quatro formas de classificar os riscos: 
a) Risco de mercado versus risco específico: devemos diferenciar 
os riscos que afetam somente a empresa e os riscos que afetam 
uma parcela ou a totalidade do mercado. No primeiro caso, a 
empresa pode optar por alterações no capital, permitindo minorar 
os riscos. Entretanto, um risco que assole o mercado afetará o 
investimento como um todo, diminuindo os retornos. 
b) Risco operacional versus risco financeiro: há diferenças entre 
os riscos derivados das escolhas financeiras. Por exemplo, os 
decorrentes de uma opção incorreta por linha de financiamento ou 
de operações fracassadas no mercado financeiro são diferentes 
dos riscos relacionados às operações da empresa, como o atraso 
no recebimento da matéria-prima. 
c) Riscos contínuos versus riscos de evento: riscos contínuos são 
aqueles que apresentam um histórico de ocorrência mais 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
8 
frequente, e diferem bastante de riscos como terremotos, guerras, 
epidemias, que afetam os negócios de maneira sazonal. 
d) Riscos catastróficos versus riscos menores: Alguns riscos são 
pequenos e afetam de maneira diminuta o lucro; outros exercem 
impacto muito maior. Exemplo: uma companhia de distribuição de 
energia sofre com riscos constantes de famílias lançarem mão de 
roubo de energia. Trata-se, portanto, de um risco diferente do de 
ocorrer uma explosão numa subestação, por falta de manutenção. 
 Meça a exposição ao risco: Uma vez identificados e classificados os 
riscos, a sequência lógica será a mensuração da exposição aos riscos. 
A pergunta natural que se apresentará aqui é o que será afetado pelo 
risco? Basicamente, podemos medir as consequências dos riscos sobre 
os lucros da empresa, ou a própria receita. Podem-se discutir também 
os efeitos sobre o patrimônio de uma empresa. Para encontrar a 
sensibilidade do lucro ou o valor da empresa para cada variável 
econômica é necessário que a empresa tenha registros históricos de sua 
contabilidade. Por meio desses registros é possível, utilizando métodos 
estatísticos, mensurar a sensibilidade do lucro sobre as variáveis. 
Naturalmente, em empresas de maior porte e de capital aberto, será 
mais fácil capturar essas informações. 
 Após seguir esses passos, caberá a você transformar os resultados 
encontrados em um relatório conciso. Competirá ao tomador de decisão da 
empresa encontrar alternativas para protegê-la contra os riscos identificados, e 
calcular os custos dessa proteção, analisando sempre a relação custos-
benefícios. 
 
Tema 3 – Obtendo os Dados para a Análise 
Veremos neste tema uma fase importante para qualquer análise: a 
obtenção de dados. Esta etapa será mais exaustiva, considerando a 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
9 
quantidade de fontes, mas deve servir como um apanhado bibliográfico, que 
certamente será útil na sua carreira. Vamos enumerar a seguir diversas fontes 
para diferentes dados socioeconômicos. 
1) Banco Central do Brasil (Bacen): será a principal fonte de dados para 
tudo que se relacione com Balanço de Pagamentos, moeda, câmbio, 
dados sobre dívida externa e dívida interna, dados sobre emissão de 
títulos públicos, dados sobre taxas de juros e poupança e operações de 
crédito. 
2) Banco Mundial/World Development Indicators (WDI): o site do Banco 
Mundial fornece dados sobre economia internacional, PIB e outros 
indicadores de diferentes países. 
3) Confederação Nacional da Indústria (CNI): além de fornecer dados sobre 
comércio internacional, emprego e produção, a CNI calcula dados 
também sobre percepção e as expectativas da indústria e do governo. 
4) Fundação Getúlio Vargas (FGV)/Conjuntura Econômica: calcula alguns 
índices de inflação e da capacidade instalada da indústria. 
5) Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos 
(Dieese): acompanha dados sobre o índice de preços da cesta básica de 
consumo da população. 
6) Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea): certamente umas das 
mais completas bases de dados em economia, fornece informações 
sobre emprego, câmbio, comércio exterior, contas nacionais, indicadores 
sociais, renda, segurança pública e investimentos. 
7) Agências reguladoras (Anac, Antaq, Anatel, ANP): compilam dados 
sobre transporte (aéreo e aquaviário), produção de petróleo, e informam 
a quantidade de telefones fixos e móveis no Brasil. 
8) Datasus (site do Sistema Único de Saúde, SUS): fornece dados sobre 
segurança pública, número de homicídios, atendimento hospitalar, 
número de UTIs. 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
10 
9) Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio): calcula o 
Índice Firjan de Desenvolvimento de Municipal (IFDM), que acompanha 
anualmente o desenvolvimento socioeconômico dos municípios 
brasileiros. É importante como uma proxy para a qualidade institucional. 
10) Fundação Instituto de Pesquisa Econômicas (Fipe): calcula o Índice de 
Preços ao Consumidor (IPC) e fornece um dos principais índices de 
preços de imóveis no País, o Índice Fipezap para imóveis alugados evendidos. 
11) Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): sem dúvida, a 
principal fonte de dados no Brasil. Fornece informações sobre 
agropecuária; consumo e vendas; contas (PIB), tanto nacionais quanto 
estaduais; mercado de trabalho; inflação (IPCA); dados populacionais; 
produção industrial; dados sobre o setor de serviços e comércio; e 
disponibiliza projeções para as taxas de população, fecundidade e 
mortalidade. 
Há uma dezena de fontes de dados econômicos, como as assembleias 
estaduais, o Ipardes, as demais federações estaduais da indústria etc. 
Entretanto, cabe nesse primeiro momento fazer uma apresentação das mais 
importantes. 
 Essencialmente, a gestão e o conhecimento dessas bases de dados 
são passos importantes para obter informações estratégicas, permitindo uma 
gestão eficiente da empresa. A partir da filtragem das informações importantes 
para a sua análise, é possível extrair inferências mais precisas. 
Por outro lado, assim como precisamos selecionar as melhores 
informações sobre o ambiente econômico, é necessário que as informações 
internas da empresa estejam disponíveis e corretas, apresentadas da melhor 
maneira possível. Por exemplo, sabemos que a inflação tende a diminuir o 
consumo, mas com informações sobre a demanda dos produtos da empresa, é 
possível estimar de forma mais precisa os seus efeitos. 
 A ciência evoluiu de forma razoável para possibilitar uma análise sólida 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
11 
dos efeitos do ambiente sobre a empresa. Esses efeitos podem ser calculados 
por meio de instrumentos contábeis e/ou estatísticos, estimando-se os seus 
impactos sobre o resultado financeiro ou os coeficientes de correlação. 
 
Tema 4 – Análise de Cenários Regionais 
Até o momento, fizemos descrições metodológicas gerais que podem, 
em princípio, ser aplicadas a macrossistemas — mundo, país — cujo futuro se 
deseja antecipar como apoio à tomada de decisão dos gestores. Entretanto, 
devemos apresentar algumas orientações enquanto estivermos tratando de 
cenários regionais, estes entendidos como cortes territoriais de algum país. 
É claro que toda região tem uma relação de dependência com o seu 
entorno, da mesma forma que um país apresenta dependência, em maior ou 
menor grau, do exterior. De maneira geral, a região — município, estado — 
deve ser observada como um subsistema do nacional e do internacional. 
Convém lembrar, também, que a relação de influência entre grupos ocorre 
sempre do maior para o menor, ou seja, o ambiente internacional influencia a 
nação, que, por sua vez, influencia a região. 
Deve ter ficado claro que estamos partindo da hipótese de que existe 
uma hierarquia linear, na qual as macrorregiões exercem impacto sobre as 
microrregiões. Trata-se, obviamente, de uma simplificação bastante consistente 
com a realidade, quando se trata de regiões sem alguma forma de articulação. 
 
 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
12 
Figura 1 – Representação da estrutura de cenário internacionais e nacionais para regionais 
 
 
Fonte: Adaptado de Buarque, 2016. 
 
Você deve ter notado que, se quisermos uma análise com maiores 
detalhes, podemos construir alguns cenários internacionais e outros nacionais, 
para, aí sim, montar os cenários regionais. Entretanto, isso acaba por abrir 
excessivamente o leque de alternativas. Para solucionar isso de certa maneira, 
entendendo que as combinações têm diferentes graus de consistência e de 
sustentabilidade, devem-se utilizar três critérios, conforme recomendação de 
Buarque (2016): 
 Análise de consistência: descartar os cenários que não conversam de 
maneira lógica entre si. Exemplo: se os cenários internacionais e 
nacionais estão trabalhando, em sua maioria, com queda na 
arrecadação do governo, certamente isso irá influenciar as regiões, tanto 
estados quanto municípios. 
 Agrupamento das combinações com alto grau de semelhança qualitativa 
final, ou seja, cenários com consequências semelhantes podem ser 
agrupados em um só. Por exemplo, se o Congresso Nacional altera as 
regras do ICMS, isso afeta individualmente cada estado, mas de 
maneira muito similar. 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
13 
 Seleção das combinações que apresentam maior grau de sustentação 
política por parte dos atores sociais, isto é, podemos eliminar cenários 
que considerem um governo privatizando bancos públicos, caso não 
haja nenhum apoio político para tanto. 
 
Tema 5 – Um Exemplo Prático de Cenários Econômicos 
Prezado aluno, chegamos ao último tema desta disciplina. Você deve ter 
entendido as linhas mestras do planejamento com cenários, apesar de este 
envolver uma ampla gama de outras disciplinas. Esperamos que você esteja se 
sentindo estimulado a continuar explorando o planejamento com cenários, 
aprofundando-se ainda mais nas referências apresentadas durantes as aulas. 
Apesar de nos concentrarmos principalmente na análise econômica, 
podemos usar a mesma base de análise para outras interfaces, como 
marketing, gestão de projetos, demografia etc. 
O planejamento por cenários é uma disciplina que tem uma forte base 
teórica, dada a necessidade de entender as relações de efeito e causa na 
economia, mas com caráter essencialmente prático. Pensando nisso, vamos 
apresentar um resumo dos principais pontos da análise de cenários do banco 
Morgan Stanley, um dos maiores bancos de investimento do mundo. 
Vejamos, no Quadro 2, as projeções do Morgan Stanley, feitas em 
março de 2014, para ano de 2015. O banco projetou seis cenários, sendo um 
deles para choque externo, e considerou cinco variáveis econômicas para sua 
análise: crescimento econômico, ganhos da bolsa de valores, inflação, taxa de 
juros dos títulos americanos e crescimento médio do mundo. 
 
 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
14 
Quadro 2 – Resumo da análise de cenários do banco Morgan Stanley 
 
Fonte: Adaptado de Darst, 2016. 
 
O banco projetou uma análise considerando toda a economia 
americana, com o objetivo de fornecer projeções para seus clientes, não 
sendo, portanto, uma análise específica de determinado setor industrial ou 
comercial. O banco fornece ainda, na mesma análise, um quadro informado as 
consequências de cada cenário. 
Os analistas do banco recomendam que esta análise seja tomada como 
conjunto de estimativas que podem ou não ocorrer, dada a incerteza no futuro, 
e que, portanto, caberá ao cliente adotar todas as precauções necessárias. 
Além desta, o banco faz outras quatro ressalvas: 
 
 O retorno dos investimentos será diferente para cada cenário, e irá 
depender fundamentalmente da forma como eles sejam alocados; 
 Apesar de o relatório apresentar somente seis cenários, os clientes 
devem considerar que há diversos pontos intermediários entre cada um 
 Cresciment
o 
econômico 
robusto 
Cresciment
o acima do 
esperado 
Crescendo, 
mas abaixo 
do 
desejado 
Crescendo
, mas 
lentamente 
Possível 
recessã
o 
Choque 
externo 
Probabilidade 
de ocorrência 
10% 15% 50% 10% 10% 5% 
PIB +3,2% +2,9% +2,7% +2,3% +1,9% +1,0% 
Inflação +2,1% +1,8% +1,6% 1,5% +1,2% +1,0% 
Bolsa de 
Valores 
+11% +9,0% +5,9% +5,0% +3,0% 0% 
Taxa de juros 
dos títulos 
+4,25% +3,85% +3,45% +3,10% +2,50% +2,00% 
Crescimento 
médio do 
mundo 
+4,0% +3,9% +3,7% +3,5% +3,0% +2,5% 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
15 
deles. 
 É possível que somente parte da projeção se realize, isto é, pode ser que 
somente quatro dos cinco fatores analisados fiquem dentro do estimado. 
 O cenário de choque externo é o de maior dificuldade de acerto, ou seja, 
a probabilidadeestimada de 5% também é a que requer mais atenção, 
visto que as incertezas inerentes aos choques não apresentam 
probabilidade direta de ocorrência. 
Por fim, as análises podem ser ajustadas ao longo do tempo para que se 
encontrem cenários mais prováveis. 
 
Trocando ideias 
Discuta no fórum quais as perspectivas para a economia no próximo 
ano, qual será o crescimento do PIB? Como ficará o câmbio? Como você 
baseou sua análise? 
Você recomendaria investimento em Bolsa de Valores? Quais as 
perspectivas? 
 
Na Prática 
Prezado aluno, sabemos que a tarefa de fazer previsão é algo 
relativamente difícil. Por isso, uma dica é tabular as previsões do relatório 
Focus. Lembramos que esse relatório é uma compilação das previsões das 
principais consultorias do país. 
Portanto, a partir do último relatório, apresente as principais previsões 
para o próximo ano. Por fim, faça uma explicação breve dessas previsões. 
 
Protocolo de resolução da situação proposta 
Basicamente, este exercício testa a sua capacidade de entendimento e 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
16 
explicação. Para isso, podemos resumir em três passos o que será necessário 
para esse trabalho: 
1) Encontrar o último relatório Focus, disponível no site do Banco Central. 
2) Compilar os dados de previsão para o próximo ano, apresentando-os, se 
possível, por meio de tabelas e quadros. 
3) Por fim, discutir as previsões. Não existe uma regra para esse ponto: 
aqui, vale o talento do analista. 
 
Resolução do caso 
Quadro 3 - Resumo do relatório Focus 
 
Variável Atual Previsão final de 2017 Tendência 
IPCA 9,38 5,72 Queda 
Taxa de câmbio 3,54 3,91 Alta 
Taxa Selic 14,25 11,75 Queda 
PIB -3,89 0,40 Alta 
Crescimento da 
produção industrial 
-5,8% 0,54 Alta 
Fonte: Brasil, 2016. 
 
Numa primeira observação, todos os fatores apresentam perspectivas 
de melhora para o ano de 2017. Observando os gráficos do histórico de 
inflação (Figura 2), podemos ver que após o pico da inflação, em dezembro de 
2015, os valores mostraram uma tendência de queda. 
 
 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
17 
Figura 2 – Principais índices de inflação 
 
Fonte: Brasil, 2016. 
 
O cenário mais esperando para a inflação ao final de 2017 é de 5,72, 
portanto, dentro do estabelecido pelo Regime de Metas de inflação. Note que o 
índice IPC-Fipe é o que apresenta a maior resistência à queda. Como o índice 
é medido somente na capital paulista, o esperado é que as famílias paulistas 
notem uma diminuição muito amena. 
Uma queda na inflação irá permitir uma redução na taxa Selic: a 
previsão é de uma diminuição de 2,5%. Espera-se, portanto, uma melhora no 
setor de crédito e bancário para 2017. 
O desempenho da indústria é o que mostra a maior fragilidade no nível 
de atividade. Ele exibe uma forte retração no ano de 2016, caminhando, apesar 
da melhora, para um baixo resultado também em 2017. 
O câmbio apresentou valorização em 2016, devido aos acontecimentos 
políticos que deram alento ao mercado. Entretanto, as expectativas do mercado 
são de que o câmbio permaneça acima dos R$ 3,90, favorecendo os setores 
exportadores e prejudicando os setores que precisam de insumos importados. 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
18 
Por fim, o PIB, que apresentou resultados negativos para 2015 e 2016, 
terá um pequeno resultado positivo, mostrando que a economia continua em 
marcha lenta. 
Síntese 
Vimos, inicialmente, como montar uma análise de cenários por meio de 
cinco passos, definindo primeiramente o propósito e o destinatário da nossa 
apresentação. O passo seguinte foi a identificação das variáveis importantes, 
procedendo, então, à análise e, por fim, à apresentação dos cenários e suas 
consequências. 
Mostramos, em seguida, como calibrar as análises com base nos riscos 
encontrados. Para isso, é necessário que os riscos sejam qualificados e 
listados. Posteriormente, é preciso medir qual será a exposição da empresa 
aos mesmos. 
No Tema 3, foram listadas as principais fontes de dados para pesquisa 
em economia, como o Banco Central, o IBGE, o Ipea, a CNI etc. O 
conhecimento dessas bases será essencial para uma análise mais precisa. 
Discutimos, no Tema 4, as influências do entorno, mostrando a 
importância de levar em consideração mudanças regulatórias ou tributários do 
município ou do estado. 
Por fim, no Tema 5, apresentamos um exemplo prático: a análise 
produzida pelo banco Morgan Stanley. Verificamos como se efetua uma análise 
que considera seis cenários e as variáveis econômicas selecionadas. 
 
Referências 
 
BRASIL. Banco Central do Brasil. Focus – relatório de mercado, abr. 2016. 
Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/?FOCUSRELMERC> Acesso em: 6 set. 
2016. 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
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BUARQUE, S. C. Metodologia e técnicas de construção de cenários 
globais e regionais. Texto para discussão n. 939. Brasília: Ipea, fev. 2003. 
Disponível em: 
<http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/2865/1/TD_939.pdf> Acesso em: 
6 set. 2016. 
 
DAMODARAN, A. Gestão estratégica do risco. Porto Alegre: Bookman, 2009. 
 
DARST, D. M. Hypothetical Economic and Financial Scenario Analysis for 
2014. Análise de cenários para o banco Morgan Stanley, mar. 2014. 
Disponível em: 
<http://www.morganstanleypwa.com/public/projectfiles/ad4a2de3-11f0-4b9f-
b7f0-d696174c34ab.pdf>. Acesso em: 6 set. 2016.

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