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Título: ASPECTOS METODOLÓGICOS DA PRÁTICA DA CLÍNICA JUNGUIANA: PROPOSTA DE UMA PRÁTICA TRANSDISCIPLINAR Tema: 2 – Saúde Autor responsável por apresentar o Trabalho: MADDI DAMIÃO JUNIOR Autor(es) adicionais: ELIZABETH CHRISTINA COTTA MELLO Financiador: PÓS-GRADUAÇÃO EM TEORIA E PRÁTICA JUNGUIANA DA UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA Resumo: C. G. Jung apontou que deveriam haver quatro etapas no processo da psicoterapia junguiana. A primeira delas seria uma etapa de esclarecimento, a "catarse". A neurose e a crise em geral podem ser associadas a um segredo, um segredo de um sentimento doloroso que não está sendo vivido. Esse segredo seria uma espécie de desvio no caminho do indivíduo. E produziria uma sensação de culpa, incômodo e inadequação. Jung afirma que "se o destino lhe der uma chance, você ficará neurótico". Com essa enigmática frase, Jung aponta para o fato de que sofrer por algo que está lhe roubando vida é uma espécie de possibilidade criativa que o seu mundo interior e o mundo externo lhe oferece. Esse "escrever certo por linhas tortas", ou esses sinais de incômodo, ou mesmo "estados de destruição" das crises que passamos são um convite, muitas vezes compulsório; tentativas de nossa totalidade psíquica se reencontrar. Ser neurótico é uma chance de rever o mundo com olhos mais cuidadosos. E essa nova percepção - ou melhor consciência - surge, em geral, somente após um conflito, após o sofrimento. A consciência é, em parte, contrária à natureza, ainda que a vida necessite dela para continuar a existir. O rompimento com a inconsciência natural costuma acontecer após uma necessidade de lidar com aspectos reprimidos do indivíduo, da sua família ou conflitos inerentes a ele desconhecidos. Nossa história e nosso sofrimento podem ser um fardo ou um lastro que se tem; um fortalecimento estrutural, uma herança conquistada que pode ser arma - e pode também se tornar armadura - para novos embates. Este trabalho é uma proposta de apresentar a abordagem metodológica da prática clínica junguiana, assim como o modelo de ensino no qual esta é apresentada aos alunos que dela se aproximam. Basicamente o método divide-se em três perspectivas: a) abordagem simbólica, b) método clínico e c) imaginação ativa ou hermenêutica. Cada uma dessas metodologias possui uma série de técnicas que podem ser aplicadas com o objetivo de instrumentalizar o que o método implica, ou seja, a partir de uma determinada perspectiva epistemológica e clínica os recursos serão usados. Estes recursos, técnicos, encontram-se implicados na abordagem da qual se utiliza. Esta abordagem, ou método, corresponde a cada etapa através da qual Jung descreve o processo terapêutico: a) catarse, b) analítico, c) pedagógico e, d) dialético. Cada etapa desta implica uma compreensão do adoecer e da saúde, assim como uma metodologia de intervenção na clínica. Porém, a perspectiva metodológica de Jung encontra-se descrita de forma sintética através das metáforas alquímicas; ou seja, com o simbolismo alquímico, seus métodos e procedimentos, haverá uma linguagem capaz de apreender e descrever tanto os objetivos quanto os procedimentos de forma ampla e abrangente. Com a linguagem mítica, simbólica, temos uma maneira de construção de conhecimento transdisciplinar e a possibilidade de levarmos esta forma de conhecer para a clínica. Podemos dizer, com isto, que os mitos e as imagens, símbolos, são uma forma originária de linguagem que nos conduz a um saber transdisciplinar. Para tal veremos a implicação dos mitos e das imagens na prática da clínica junguiana. Este saber transdisciplinar impõe uma série de dificuldades - que serão apontadas - para o ensino da Psicologia junguiana e de sua prática, pois esta se fundamenta no que podemos nomear como "olhar simbólico". Uma ênfase que é dada, assim, na mudança de perspectiva tanto do educador quanto do educando, como condição para se dar o processo de aprendizagem.
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