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II SIMPÓSIO SOBRE ALTERNATIVAS PARA ALIMENTAÇÃO DO GADO NA SECA 
Barreiras - BA, 25/08/2017 
1 
 
 
Passo a passo para fazer uma silagem com máxima qualidade e o mínimo 
de perdas 
 
Thiago Carvalho da Silva1, Leandro Diego da Silva2 
 
1Professor Adjunto, Departamento de Zootecnia, Universidade Federal de Goiás, Goiânia-GO. E-mail: 
thiagoc@ufg.br 
2Pós-doutor em Zootecnia, Departamento de Zootecnia, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha 
e Mucuri, Diamantina-MG. E-mail: leandro.diego@bol.com.br 
 
Introdução 
 
Comumente os produtores vivenciam a delicada situação de não ter 
alimento para fornecer aos seus animais, pois as pastagens encontram-se secas 
e não há forragem disponível. Sendo assim, o produtor encontra-se diante de 
uma situação complicada, na qual as opções não são muito favoráveis: é 
possível comprar um alimento conservado (feno ou silagem) a um preço 
relativamente alto, fornecer suplemento concentrado aos animais, alugar um 
pasto diferido em outra propriedade, deixar os animais se alimentarem de todo 
o capim disponível no pasto, ou vender alguns animais por um preço que pode 
ser menor do que aquele pago no momento da aquisição. Apesar de implicar em 
aumento de custos ou até prejuízos, a curto ou a longo prazo, essas opções 
fazem parte de um cenário comum nas propriedades rurais, onde, em situações 
extremas, há perda de animais por morte quando nenhuma medida é tomada. 
Nesse contexto, o planejamento alimentar de uma propriedade rural é uma 
etapa de grande importância, resultando no desempenho de todo o rebanho. 
Conhecer a demanda do rebanho e o período de estiagem definem a quantidade 
de alimento que deverá ser produzida para que os animais mantenham o 
crescimento durante todo o ano, inclusive no período seco. Atualmente, a 
intensificação da produção animal tem permitido que algumas propriedades não 
só mantenham o suprimento alimentar dos animais, más mantenham ou 
aumentem o desempenho com o fornecimento de suplementação volumosa e 
concentrada. Isto dependerá da característica e do objetivo de cada propriedade. 
A produção de silagem tem como objetivo o suprimento alimentar do 
rebanho, pelas razões citadas anteriormente. Existem relatos de práticas 
relacionadas à ensilagem dos anos antes de cristo. Apesar de antiga, a 
ensilagem é um processo complexo e deve ser bem executada em todas as 
etapas, visando o mínimo de perdas e a máxima qualidade. Nesse contexto, um 
dos principais objetivos da ensilagem é preservar o valor nutritivo da planta 
forrageira, com o mínimo de perdas. Essa preservação é possível devido às 
condições de anaerobiose (baixa concentração de oxigênio) e da acidez (baixo 
pH), que inibem o crescimento de microrganismos indesejáveis, preservando os 
nutrientes da planta forrageira. 
O processo de ensilagem é uma forma de conservação de alimentos onde 
a forragem é armazenada em silos e submetida a um ambiente anaeróbio (sem 
a presença de oxigênio). Neste ambiente, desenvolvem-se microrganismos, 
sendo que a principal finalidade é a produção de ácidos orgânicos que reduzam 
o pH do material. O baixo pH (3,8-4,2) inibe o desenvolvimento de organismos 
deterioradores e, assim, o alimento é preservado. Para a produção destes 
ácidos, os microrganismos utilizam carboidratos solúveis presentes na planta. 
II SIMPÓSIO SOBRE ALTERNATIVAS PARA ALIMENTAÇÃO DO GADO NA SECA 
Barreiras - BA, 25/08/2017 
2 
 
Denomina-se silagem, o produto de uma fermentação anaeróbia controlada 
de determinada forragem verde, armazenada em uma estrutura chamada silo, 
enquanto que ensilagem se refere ao termo utilizado para definir o conjunto de 
operações destinadas ao enchimento do silo (corte, trituração, transporte, 
compactação etc.), vedação e fornecimento. Para produzir uma silagem de alta 
qualidade é necessário que todas as etapas sejam realizadas adequadamente. 
Qualquer falha em uma dessas etapas pode comprometer a qualidade da 
silagem. Isso significa que as perdas serão maiores e o valor nutritivo será 
comprometido, aumentando o custo da silagem produzida e diminuindo o 
desempenho animal. 
Objetiva-se com esse texto discutir as etapas da produção de silagem, 
ressaltando a sua importância para a obtenção de um alimento com máxima 
qualidade. 
 
Passo a passo para a confecção da silagem 
 
Planejamento da ensilagem – escolha do tipo de silo e 
dimensionamento 
 
O primeiro passo para a produção de silagem é calcular a demanda dos 
animais para o período seco. Para tal, é preciso saber o consumo diário de 
matéria seca (MS) para cada categoria animal, de acordo com a sua exigência 
nutricional (considerando o nível produtivo). Sabendo a quantidade que cada 
animal consome diariamente e o número de dias que se pretende alimentar 
esses animais, é possível calcular a demanda total de silagem para o período 
seco. À demanda dos animais é necessário acrescentar as perdas no processo, 
que poderão variar de 5 a 50% da MS. O valor assumido dependerá de como 
serão conduzidas todas as etapas do processo. Geralmente esses valores 
variam de 15 a 30% (Adesogan, 2013). Outro ponto a ser considerado no 
dimensionamento do silo é que no momento da utilização da silagem deve ser 
retirada diariamente uma camada uniforme de toda a face do silo, visando 
diminuir a proliferação de microrganismos indesejáveis devido a exposição ao 
ar. 
Uma vez que a quantidade de silagem a ser produzida foi definida, 
passamos para a escolha do tipo do silo, os quais podem ser: trincheira, 
superfície, bag, torre, bombonas, sacos plásticos, dentre outros. 
 
Momento de colheita e escolha da espécie forrageira 
 
Independentemente da espécie forrageira os cuidados agronômicos devem 
ser seguidos rigorosamente de acordo com a necessidade da cultura para não 
comprometer a qualidade da forrageira. 
O momento de colheita da forrageira define a qualidade final da silagem. 
Se a planta for colhida muito cedo ou tardiamente haverá problemas com a 
fermentação e com o valor nutritivo, respectivamente. Para milho, sorgo e capins 
tropicais (capim-elefante, Tanzânia etc.) à medida que a produtividade aumenta, 
o valor nutritivo diminui. Portanto, se a colheita for tardia, a forragem não 
apresentará qualidade nutricional. O estádio de maturidade reflete a composição 
química da cultura, como por exemplo teor de carboidratos solúveis em água, 
proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN) etc. As características 
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químicas das culturas com maior probabilidade de produzir silagens 
aerobiamente estáveis são o oposto daquelas para produzir uma fermentação 
eficiente, com mínima perda de MS e valor nutritivo durante o armazenamento. 
Além disso, o material muito seco apresentará dificuldade para ser compactado 
e prejudicará a fermentação devido à maior presença de oxigênio dentro do silo. 
Se a forragem for colhida muito cedo, haverá menor produção e maior valor 
nutritivo, porém, a fermentação será comprometida e haverá uma grande 
quantidade de efluente (chorume), o que aumentará as perdas no processo e 
comprometerá a qualidade. 
Nesse contexto, existem dois aspectos a serem considerados 
independentemente da silagem: a) a cultura e seu estádio de maturidade e b) o 
manejo tecnológico empregado pelo produtor de silagem. Logo, uma decisão 
importante a ser tomada por ocasião da ensilagem é o conhecimento do teor de 
MS da cultura a ser ensilada, uma vez que este pode afetar adversamente a 
fermentação, além da possibilidade de desenvolvimento de clostrídios 
resultando em uma silagem de baixa qualidade, bem como em grandes perdas 
de nutrientes devido à lixiviação naquelas culturas ensiladas com teores de MS 
seca abaixo de 25 – 30% (McDonald, 1991). 
Milho e sorgo devem ser ensilados quando asplantas apresentarem 28 a 
38% de MS. A observação do estágio dos grãos dá uma boa indicação do 
momento de fazer a ensilagem. O milho deve ser ensilado quando, após abrir 
algumas espigas, for verificado que os grãos se encontram farináceos ou com 
1/3 da linha do leite. 
Já o capim-elefante deve ser cortado quando a planta estiver com 1,5 m de 
altura ou entre 60 a 90 dias. Nesse caso, devemos ter o cuidado de fazer o 
emurchecimento do capim-elefante, por um período de 6 a 8 horas, para reduzir 
o alto teor de umidade, ou então, adicionar aditivos com alto teor de MS. 
A cana-de-açúcar está pronta para ser colhida na época seca, pois é 
quando apresenta o máximo valor nutritivo (maior concentração de açúcares) e 
teor de matéria seca em torno de 30%. Entretanto, devido à elevada 
concentração de açúcares, faz-se necessário utilizar algum aditivo para diminuir 
a produção de etanol. Os principais aditivos recomendados para a cana-de-
açúcar são o inoculante microbiano Lactobacillus buchneri, a uréia, a cal virgem 
e o benzoato de sódio. 
A escolha da espécie a ser utilizada dependerá de uma série de fatores 
como a categoria animal que será alimentada, a disponibilidade de recursos e a 
adaptação da espécie forrageira à região de cultivo. Nesse caso, o sucesso da 
ensilagem inicia-se com a escolha da cultura e, ou, híbrido de alta qualidade e 
adaptado à região. Observa-se comumente a utilização de materiais que 
apresentaram bons resultados em regiões próximas, mas com condições 
edafoclimáticas totalmente diferentes daquela onde se pretende realizar o 
cultivo. Essas extrapolações podem comprometer a produtividade e a qualidade 
final da silagem. 
 
Colheita manual e mecânica da forragem 
 
A colheita manual da forragem pode ser realizada usando-se foice ou 
facão. Já a mecânica é realizada por máquinas puxadas por um trator. As 
colheitadeiras cortam as plantas, picam e descarregam esse material em uma 
carreta também puxada por um trator. Esta deve ser regulada com antecedência 
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e de acordo com as recomendações do fabricante para que triture a forragem 
adequadamente. 
Para evitar perdas de material triturado no campo, um funcionário deve 
trabalhar junto à colhedora, orientando a bica de descarga para dentro da 
carreta. As máquinas colhedoras lançadas recentemente apresentam controle 
automático da bica, o que representa maior segurança e também maior controle 
e diminuição das perdas, quando operada corretamente. 
 
Trituração e transporte da forragem 
 
O transporte é feito manualmente quando o triturador é do tipo móvel e 
estiver localizada no campo, acoplada a um trator; ou, então, pode ser feito por 
carretas quando a picadeira estiver distante. Depois, fazer a trituração, 
regulando a máquina conforme a instrução do fabricante. Precaução: Muitos 
acidentes são verificados por causa da falta de atenção e cuidado do operador 
nessa etapa. As facas giram a uma velocidade muito alta, ao mesmo tempo em 
que puxam o material que é colocado nelas. Portanto, todo cuidado é pouco. 
No caso de colheita mecanizada é necessário tomar cuidado com a 
segurança também, mas principalmente afiar as facas duas vezes ao dia, ou pelo 
menos diariamente durante o período de colheita. Observa-se, em algumas 
situações, um aumento no tamanho da partícula quando as facas são afiadas 
apenas no primeiro dia e o produtor demora oito dias para colher toda a área. 
O tamanho de partícula da forragem muito grande dificulta a compactação, 
aumentando as perdas de matéria seca. O tamanho de partícula muito pequeno 
pode aumentar as perdas por efluente e diminuir a efetividade da fibra, embora 
essas situações ocorram com menos frequência no Brasil. Como sabemos na 
prática, não conseguiremos obter todas as partículas com o mesmo tamanho 
especifico, por exemplo 2 cm. Por isso é importante observar se as partículas 
estão com tamanho uniforme, sem partículas muito grandes, ou seja, todas 
aproximadamente com o mesmo tamanho. No caso dos grãos é importante 
observar se os mesmos estão sendo quebrados e esmagados, caso contrário 
eles não serão digeridos pelo animal. Observa-se comumente a presença de 
grãos de milho inteiros nas fezes de animais alimentados com silagem, o que 
indica um processamento inadequado no momento da colheita. Isso 
compromete consideravelmente a qualidade da silagem, uma vez que o amido 
representa grande proporção dos nutrientes no caso do milho. 
Uma vez triturada, a forragem deve ser imediatamente transportada para o 
silo, onde será compactada. Tanto no momento da colheita, como no transporte 
ocorrem perdas de forragem devido ao posicionamento inadequado da 
colhedora em relação à carreta e também pela ação do vento ou do escape de 
partículas na carreta durante o transporte. Além disso, quanto mais demorado 
for o processo de transporte maiores serão as perdas de nutrientes, pois, nessa 
situação os carboidratos solúveis, que deveriam ser utilizados para a 
fermentação, serão consumidos na presença de oxigênio. 
 
Enchimento e compactação 
 
O rápido enchimento do silo é importante para produção de silagem de boa 
qualidade, uma vez que as condições de anaerobiose são mais rapidamente 
estabelecidas. Já a compactação tem como objetivo eliminar o ar remanescente 
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no interior da massa ensilada, favorecendo um ambiente anaeróbio e, portanto, 
a fermentação e preservação do material ensilado. A compactação é favorecida 
pela trituração e deve ser feita durante todo o período de enchimento do silo, 
usando trator pesado. 
A compactação aumenta a densidade da forragem no silo e, 
consequentemente, reduz a porosidade e a penetração de ar na massa de 
silagem. Quando o ar é excluído, a respiração aeróbia é impedida e as perdas 
de matéria seca são minimizadas. Além disso, o armazenamento de forragem 
com uma densidade mais alta aumenta a capacidade do silo e como resultado 
reduz o investimento de capital na estrutura de armazenamento por tonelada de 
foragem ensilada. Os fatores que mais fortemente se correlacionam com a 
densidade são a espessura da camada inicial de forragem, peso médio do trator 
usado na compactação, tempo médio de compactação por tonelada de forragem 
e conteúdo de MS. 
Idealmente, a forragem deve ser compactada a uma taxa de 1 a 4 minutos 
por tonelada. Taxas de compactação menores que 1 minuto por tonelada de 
forragem podem indicar que a forragem está sendo entregue muito rapidamente 
no silo, que existem tratores insuficientes para compactação, ou que a espessura 
da camada de forragem que está sendo compactada é muito grande. A 
manutenção de uma camada superficial de compactação de 15 cm ou menos, 
pode também ser usada como estratégia de manejo para aumentar a densidade 
de compactação. Essa camada não deve ser maior do que 30 cm. As menores 
perdas estão associadas a densidades de compactação mais elevadas (por 
exemplo, acima de 650 kg/m3), no entanto, o aumento dos custos com mão-de-
obra e máquinas associados com compactações mais demoradas, devem ser 
ponderados. Dessa forma, a densidade ideal recomendada varia entre 550 e 650 
kg/m3. 
Quanto mais demorado for o enchimento do silo maiores serão as perdas 
devido à exposição da foragem ao oxigênio. Por isso, quanto mais rápida for a 
compactação, mais rápida será a fermentação. Esse conceito leva os produtores 
a acelerarem o processo e não compactarem a forragem adequadamente, o que 
também eleva as perdas na fermentação. Esses fatores devem ser ponderados, 
uma vez que os dois extremos poderão influenciar na qualidade final da silagem 
ou no custo de produção. Uma vez que a forragem foi compactada, procede-se 
com a vedação. 
 
VedaçãoMesmo executando todas as etapas anteriores com maestria, o produtor 
pode comprometer a qualidade da silagem se a vedação for inadequada. Um 
exemplo básico é esperar três dias para cobrir o silo devido à algum motivo, 
como a construção da cerca em volta do silo para proteção do ataque de animais. 
Quanto mais tempo a forragem ficar exposta maiores serão as perdas em toda 
a camada superior do silo. Além disso, se a área não for isolada, o silo ficará 
sujeito à perturbações pelo próprio rebanho e por animais silvestres. 
Por isso, a vedação é necessária para evitar a entrada de ar e garantir uma 
boa fermentação. O material usado é a lona plástica, que pode ter diferentes 
espessuras e materiais. Geralmente, utiliza-se a lona dupla face de 200 micras, 
de polietileno. Existe uma grande variação nos materiais que compõem as lonas 
e alguns desses são reciclados, o que pode diminuir a sua resistência. Existe um 
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equívoco de achar que quanto mais grossa a lona menor será a perda pela 
menor exposição ao oxigênio. O que define se haverá maior ou menor passagem 
do oxigênio não é a espessura da lona, mas sim a sua permeabilidade ao 
oxigênio, que depende da porosidade e do material que compõe a lona. 
Atualmente existem no mercado lonas com maior proteção ao oxigênio que são 
utilizadas por baixo da lona convencional de polietileno e reduzem quase que 
totalmente a camada “preta” ou deteriorada na parte superior do silo. Entretanto, 
essas lonas apresentam um custo elevado e devem ser utilizadas onde todas as 
práticas de produção da silagem são feitas corretamente. 
A lona irá evitar que o material ensilado entre em contato com o ar ou a 
entrada de água de chuva. Grandes perdas durante o processo de ensilagem 
podem ser atribuídas à demora em vedar o silo, o que resulta em oxidação das 
camadas superficiais da massa ensilada. As perdas totais de matéria seca 
podem ser de duas a quatro vezes maiores às perdas dos silos que são vedados 
imediatamente após o enchimento. 
A lona deve ser coberta com pneus ou com uma camada não muito 
espessa de terra ou sacos cheios de areia, para ajudar a manter a lona 
comprimida ao material ensilado e, no caso dos silos de superfície e trincheira, 
irá também evitar que a radiação solar o aqueça. No caso dos silos de superfície, 
o enterramento das extremidades da lona ajuda a impedir a penetração de ar e 
evitar que a água de chuva escorra para dentro do silo. 
 
Abertura do silo e fornecimento da silagem 
 
O tempo de abertura do silo deve ser de no mínimo 21 dias, sendo o ideal 
de 30 dias para que ocorra a fermentação total. Um silo bem vedado e protegido 
pode ser mantido fechado por vários anos. Se forem utilizados aditivos 
microbianos para aumentar a estabilidade aeróbia, o silo deve ser aberto com no 
mínimo 60 dias, caso contrário não haverá efeito do inoculante. 
Os produtores tendem a pensar que a ensilagem termina quando o silo é 
vedado e isolado, mas o fornecimento também é considerado uma etapa de 
grande importância quando pensamos em silagens de alta qualidade. 
Geralmente, silagens bem fermentadas, geralmente apresentam uma rápida 
deterioração quando são expostas ao ar. Por isso, o manejo da silagem no 
fornecimento pode comprometer toda a sua qualidade nutricional. Os sinais 
dessa deterioração após a abertura são a elevação da temperatura e 
aparecimento de fungos, podendo afetar a qualidade da silagem. Objetivando-
se reduzir essas perdas, recomenda-se a remoção de camadas diárias de 
silagem com 20-30 cm de espessura. 
Examine a silagem. É muito comum que a silagem da superfície ou 
extremidades dos silos fique mofada ou cheire mal devido às fermentações 
indesejáveis decorrentes de alguma penetração de ar ou água. DESCARTE 
ESSA SILAGEM COM MOFO. Não deixe próxima ao silo para não prejudicar o 
acesso. Um bom lugar para deixá-la é junto ao esterco. Silagens deterioradas, 
além de diminuírem o consumo e terem baixo valor nutritivo, podem causar 
intoxicação aos animais pelas micotoxinas produzidas pelos fungos. 
Portanto, mais uma vez, se todas as etapas foram seguidas corretamente 
até a vedação, mas o fornecimento é feito de forma inadequada, a qualidade da 
silagem também será comprometida. 
 
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Quais parâmetros empregados para avaliar a qualidade da silagem? 
 
O termo qualidade da silagem refere-se à natureza do processo 
fermentativo do material ensilado, que consiste principalmente na avaliação de 
ácidos orgânicos, pH, carboidratos solúveis em água e produtos da degradação 
proteínas e aminoácidos, além de alguns microrganismos indesejáveis o que 
adiciona uma nova fonte de variação para a qualidade da forragem. Não existe 
um critério único para classificar uma silagem como boa ou pobre, porém, uma 
série de fatores comumente associados com a qualidade de determinado 
material é conhecida. 
A classificação subjetiva de silagens é difícil, todavia, informações úteis 
podem ser obtidas pela observação cuidadosa da cor, odor e textura da silagem 
e a combinação destes conhecimentos com informações sobre a natureza da 
cultura ensilada. Na Tabela 2 são apresentadas algumas características 
associadas com silagens de boa qualidade. Como a silagem é parte da cadeia 
alimentar e a qualidade ruim afeta o consumo e a saúde animal, a qualidade e a 
segurança alimentar e também aspectos ambientais, uma adequada avaliação 
da qualidade da forragem é um importante, porém, complexo desafio. A 
qualidade da silagem é normalmente realizada no momento de abertura do silo 
e esta pode ser dificultada pelo fato desta poder mudar como consequência da 
deterioração aeróbia. 
 
Tabela 2 – Metas para uma silagem estável 1 
pH: 4,0 – 4,5 
Maior para silagens de leguminosas 
Menor para silagens de milho, sorgo e outros 
cereais. 
Mais elevado para silagens emurchecidas 
Ácido lático 
6-8% - silagens úmidas (>65% de umidade) 
3-4% - silagens emurchecidas (>45% de umidade) 
1-3% - silagens de grãos úmidos 
Ácido acético 
< 2% - silagens de forrageiras 
< 0,1% - silagens de grãos úmidos 
Ácido butírico < 0,1% 
Ácido propiônico 0 a 1% 
Carboidratos solúveis em 
água 
1-4% - silagem de grão úmido 
4-6% - silagem de gramíneas e leguminosas 
6-8% - silagem de milho 
Nitrogênio amoniacal 
(%N total) 
< 5% - silagem de milho e outros cereais 
< 10-15% - silagem de gramíneas e leguminosas 
NIDA2 < 12% 
Bactérias aeróbias < 105 ufc/g de silagem. Ex: Bacillus sp. 
Fungos 
< 105 ufc/g de silagem. Ex: espécies de Fusarium, 
Gibberella, Aspergillus e Penicillium. 
Leveduras 
< 105 ufc/g de silagem. Ex: Espécies ácido-
metabolizantes como Cândida e Hansenula são 
mais preocupantes que as fermentativas 
Saccharomices e Torulopsis. 
1Adaptado de Mahanna e Chase (1994). 
2NIDA – Nitrogênio insolúvel em detergente ácido. 
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Além dos aspectos relacionados à fermentação, a qualidade da silagem 
engloba as características nutricionais e principalmente o consumo e o 
desempenho animal. 
 
Considerações finais 
 
As forragens devem ser colhidas para ensilagem no máximo do valor 
nutricional e o conteúdo de MS entre 30 e 35%. Portanto, o monitoramento do 
teor de MS no período de colheita é essencial, pois algumas culturas devem ser 
emurchecidas ou ensiladas com aditivos para atingir o conteúdo de MS 
recomendado. A cultura deve ser triturada em tamanho de partículas de 
aproximadamente 1,5 cm, de modo que a compactação e remoção seja realizada 
facilmente. A forragem triturada deve ser bem compactada no silo, resultando 
em menos arno interior do silo, e a área periférica deve ser compactada com 
mais intensidade. O enchimento do silo deve ser o mais rápido possível (dentro 
de 3 dias) para limitar a exposição da forragem ao ar, no entanto, a cada noite 
até que seja preenchido, o silo deve ser coberto. O último passo é a vedação 
completa com plástico assim que o enchimento e a compactação forem 
concluídos. Além disso, o plástico deve ser coberto, geralmente com pneus ou 
solo para eliminar gases e evitar danos ao plástico. A densidade de compactação 
de uma boa silagem deve ser de cerca de 650 kg de silagem fresca por metro 
cúbico. 
Portanto, para que uma silagem tenha máxima qualidade, todas as etapas 
de produção e utilização devem ser seguidas à risca para que o animal possa 
ter maior consumo, obter mais energia desse alimento e consequentemente 
maior desempenho. O aumento na eficiência do processo como um todo resulta 
em menores perdas e em melhor qualidade do material ensilado. 
 
Referências 
 
Adesogan, A.T. Improving forage preservation with additives. Covington, KY: 
Annual Meeting of the American Forage and Grassland Council, 2013. 
 
Mahanna, B.; Chase, L. E. Practical applications and solutions to silage 
problems. In: Silage Science and Technology. Madison. 
Proceedings…Madison: ASCSSA-SSSA, Agronomy 42, 2003. p. 855-895. 
 
McDonald, P., Henderson, A.R., Heron, S.J.E. Biochemistry of silage. 2nd ed. 
Marlow: Chalcombe Publication, 1991. 340 p.

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