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As Quatro Causas Aristotélicas

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As Quatro Causas Aristotélicas:
Por: Juliana Vannucchi e Paulo Pedroso
As "quatro causas" encontram-se presentes em um conjunto de escritos de Aristóteles, intitulados pelo filósofo grego de "Filosofia Primeira", que posteriormente, após ter sido organizado por Andrônico de Rodes, ficou conhecido como "Metafísica". Nesta obra, Aristóteles empenhou-se especialmente em investigar "o ser enquanto ser", ou seja, o ente em sua mais íntima essência para assim tentar compreender porquê as coisas são tal como são (para maiores detalhes, acesse nossos outros textos sobre Metafísica - os links estarão após o texto). 
Apesar de ter sido discípulo de Platão, as buscas e respostas de nosso filósofo afastam-se das que foram oferecidos por seu mestre, pois a metafísica platônica é especialmente caracterizada pelo dualismo (para maiores detalhes, acesse textos cujos links encontram-se a seguir) entre mundo sensível e inteligível, enquanto a metafísica aristotélica é voltada para este mundo e encontra-se em sua natureza. 
Nos dias de hoje, há inúmeras teorias sobre a origem do universo, tal como estudos sobre a eternidade das moléculas, que poderiam variar forma e material, mas nunca deixam de existir. Aristóteles não tinha como saber tudo isso na época em que viveu e assim como vários filósofos, fazia suposições não científicas mesmo que às vezes aparentemente empíricas. A metafísica de Aristóteles, de certa forma, se aproxima do que chama-se do panteísmo, para o qual a natureza não é obra de uma divindade que cria o mundo, mas a natureza é a própria divindade que move o mundo. Se o mundo se move, quando começou o movimento, para Aristóteles houve um primeiro motor imóvel, sendo que esse motor era imaterial, eterno, possuía inteligência suprema e era de suma bondade.
A partir da ação do primeiro motor, o mundo entrou num estado de movimento constante no qual a matéria tomou formas, sendo que seus atos podem ou não levá-la a sua potência: por exemplo, a matéria semente em sua forma atual, tem potência para se tornar uma árvore - árvore que terá uma forma bem diferente da semente. Contudo, nem todas as sementes realizam seu potencial de se tornarem árvores.
A causa material se trata do elemento que compõe algo, ou seja, sua essência. Sigamos com o exemplo da semente: toda semente tem em sua essência a potência de se tornar uma árvore, no entanto, nem todas as sementes se tornam árvores iguais, algumas se tornam macieiras, outras goiabeiras, amoreiras, etc. Mesmo sementes de maças, não geram macieiras iguais, no entanto ao observar e categorizar tais árvores podemos dizer que ambas são essencialmente macieiras.
A semente sendo causa material, gerará a causa formal da árvore, que pode ser longa ou baixa, com a copa larga ou rala, muitos galhos finos ou poucos galhos grossos. Causas materiais iguais podem gerar causas formais diferentes.
A causa eficiente e a formal dependem mais do sujeito que do objeto, a causa eficiente de uma árvore para um teísta é Deus, para um ateísta pode ser o a evolução da matéria em forma adequada ao meio onde se encontra, a finalidade que pode ser perpetuar a espécie da árvore pode se transformar em algo utilitário ao homem, que pode colocar um balanço, uma rede ou colher seus frutos para venda ou até mesmo abater para vender a madeira.
Assim como se pode definir a “categoria macieira” e a “categoria árvore”, também podemos através das quatro causas categorizar, humanos, cadeiras e cavalos, mas conhecer a essência não significa um saber absoluto, conhece-se uma árvore, um humano, uma cadeira, mas não todas as árvores, humanos e cadeiras. Sabe-se que um humano é humano pela sua essência, mesmo sem conhecer todos os humanos, pode-se com as quatro causas aristotélicas achar a humanidade que categoriza um humano. Essa é a ideia a respeito dos universais de Aristóteles (link para texto específico sobre os universais ao final deste texto). 
Dentre outras importantes abordagens tratadas em Filosofia Primeira, conforme citamos no iniciou do texto, Aristóteles determinou quatro causas fundamentais e básicas (chamadas de etiologia) para a existência das coisas presentes no mundo material. Abaixo, iremos apresentá-las de maneira simplificada, com definições e exemplos. 
- Causa Material: elemento que compõe algo. 
- Causa Formal: a essência de algo, o que faz com que algo seja tal como é. 
- Causa Eficiente: é o que origina algo
- Causa Final: para que serve, a finalidade de algo. 
Exemplos:
1. 
- Causa Material: madeira (submetida a um processo de transformação para chegar à causa final).
- Causa Formal: cilíndrica
- Causa Eficiente: um fabricante de lápis.  
- Causa final do lápis: escrever, rabiscar, desenhar. 
2. 
- Causa Material: bronze. 
- Causa Formal: leão 
- Causa Eficiente: escultor
- Causa Final: estátua de leão
Uma das poucas habilidades que o ser humano tem em seus primeiros anos de vida é justamente a de categorizar as coisas. Porém, embora a habilidade de categorizar pareça intrinsecamente humana, a filosofia através da epistemologia tenta pré definir as categorias, tornando-as menos subjetivas, como também faz a ciência. O Ser humano pré define categorias para que a subjetividade não interfira nas categorias. A química inorgânica categoriza o bronze como uma liga metálica feita de cobre e estanho, assim limita a opção de algum sujeito categorizar como ferro, madeira ou plástico.
Se analisarmos uma estátua de leão em relação a sua causa material, haverá um consenso que ela é de bronze (para qualquer um que saiba reconhecer o bronze), quanto à causa formal também haveria pouca discussão de que se trata de um leão, assim como sem grandes problemas pode-se conhecer o autor da estátua. O problema reside na causa final: seria a estátua mera decoração, ou uma prova da capacidade do escultor? Talvez o pedido de uma família em referência a seu brasão, quem sabe o escultor visava despertar emoções aos espectadores, ou até mesmo teria um fim pedagógico a fim de apresentar tal animal aos que nunca o viram ou nunca imaginaram suas proporções reais. 
Tenha-se em mente que a teoria das quatro causas consiste em um dos mais relevantes pontos da metafísica de Aristóteles. Este texto é de cunho introdutório e visa ser esclarecedor para ajudá-lo a tirar dúvidas e também pretende, na medida do possível, aproximá-lo de Aristóteles e da Metafísica. Contudo, há de se ressaltar que para aprofundamento no assunto, indicamos o estudo direto dos escritos do filósofo. 
Links para apoio:
Sobre Metafísica: 
Metafísica - Introdução: 
http://www.acervofilosofico.com/metafisica-introducao/
Diferenças Entre Física e Metafísica: 
http://www.acervofilosofico.com/as-diferencas-entre-metafisica-e-fisica/
Sobre os universais
http://www.acervofilosofico.com/o-problema-dos-universais
Sobre Platão:
*Especial sobre Platão (confira nossa série de textos): 
http://www.acervofilosofico.com/category/especiais-2/serie-platao/

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