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5 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a EngEnharia Civil intErdisCiplinar Unidade II Um engenheiro civil, mesmo não sendo especialista em projeto estrutural, precisa conhecer tanto os componentes básicos de uma estrutura quanto os seus carregamentos mais usuais. viga biapoiada viga contínua carga distribuída Figura 1 ‑ Estrutura de concreto armado. Fonte: http://online.jornaldamadeira.pt Todos os engenheiros civis também devem conhecer, pelo menos, o comportamento básico dos componentes, bem como as típicas armaduras de aço necessárias para resistir aos esforços de tração, como ilustra, esquematicamente, a figura 1, a seguir, para uma viga contínua suportando carga distribuída semelhante à mostrada na foto 1. Figura 2 ‑ Deformação e armação típicas de uma viga contínua. Fonte: do autor. Da mesma forma, qualquer que seja a sua especialidade, um engenheiro civil deve conhecer os fundamentos de Geotécnica, de Mecânica dos Solos e de Geologia. Ao examinar um relatório da sondagem do subsolo de um terreno, por exemplo, mesmo sendo de uma sondagem a percussão simples, 6 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a Unidade II do tipo Standard Penetration Test (SPT), como o ilustrado na fig. 2, este deve lembrar‑se de que o lençol freático se estende por todos os terrenos vizinhos. Consequentemente, deve se lembrar de que qualquer rebaixamento deste lençol se estenderá por toda a vizinhança se o terreno não estiver isolado de forma estanque. Deve saber também que a retirada de água dos vazios de um solo arenoso provoca o seu adensamento e, portanto, causará recalques diferenciais em toda a fundação direta das edificações vizinhas. A instabilidade das escavações em solos arenosos é percebida de imediato. Porém, o risco que há na aparente estabilidade de cortes em maciços de solos argilosos, que se rompem em blocos de grande porte, de repente, devido à coesão entre as suas partículas sólidas e ao adensamento elevado que podem sofrer as argilas moles, minerais ou orgânicas, faz parte dos conhecimentos básicos desta área do conhecimento. Figura 3 ‑ Exemplo de relatório de sondagem de perfil do subsolo de um terreno. Fonte: do autor. Por outro lado, os conceitos básicos envolvidos na execução de grandes ou pequenos terraplenos, tais como, compactação, jazidas para empréstimo de terra, empolamento, otimização de tempos de equipamentos de escavação e de transporte, proteção de taludes e de encostas, permeabilidade dos solos, drenagem, também não podem ser ignorados mesmo pelo especialista em outra área. Das áreas da Hidráulica e da Hidrologia, todo engenheiro civil deve saber, pelo menos, que há os escoamentos em condutos forçados, em que a pressão interna é maior do que a atmosférica e em condutos livres, sob pressão atmosférica. Deve saber que, nos condutos livres, a velocidade média do fluxo d’água depende da declividade e da rugosidade do conduto, bem como do Raio Hidráulico da 7 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a EngEnharia Civil intErdisCiplinar seção transversal ocupada pelo fluxo, cujo valor é obtido pela divisão do valor da sua área pelo do perímetro em que a água está em contato com a superfície do conduto, como exemplifica a figura 3, a seguir. Figura 4 ‑ Exemplo de relatório de sondagem de perfil do subsolo de um terreno. Fonte: do autor. Deve saber, ainda, que a área ocupada pelo fluxo d’água varia inversamente com a velocidade, ou seja, A (m2) = Q (m3/s) / v (m/s). Assim, para aumentar a capacidade hidráulica do conduto, isto é, aumentar a vazão máxima visando a reduzir enchentes, por exemplo, poderá pensar em aumentar tanto a área disponível quanto a velocidade do escoamento. Tais conhecimentos também são vitais com relação ao máximo aproveitamento da energia cinética deste escoamento, sobretudo em face das crescentes exigências de preservação ambiental, assim como é vital o conhecimento dos regimes de chuvas, dos fatores que interferem no escoamento superficial e na vazão nos cursos d’água. Contudo, a área em que é mais difícil manter‑se atualizado, talvez seja a dos sistemas e métodos construtivos. A evolução dos meios, dos equipamentos, dos procedimentos e até das combinações de soluções de engenharia vem sendo bem rápida, mais rápida até do que o necessário para a organização de publicações didáticas. Figura 5 ‑ Aduela pré‑moldada de concreto. 8 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a Unidade II Figura 6 ‑ Instalação em balanços sucessivos. Fonte: http://infraestruturaurbana.pini.com.br/solucoes‑tecnicas/20/artigo271660‑5.aspx Desta maneira, a forma adequada de buscar conhecimento atualizado é por meio de publicações periódicas, feiras e exposições, congressos, seminários e muita conversa com especialistas das mais diversas áreas. Ao final do século XX, a população mundial urbana se tornou maior do que a população rural. Com as transformações e a evolução da complexidade desta vida urbana, todas as questões, urbanas e rurais, passaram a ter múltiplas interfaces com todas as demais. Os problemas de transporte não são mais apenas problemas de transporte, mas estão intimamente ligados às questões de geração de emprego, às de lazer, de saúde, de telecomunicação. A logística da execução se tornou mais importante do que a própria execução da tarefa. Desta forma, o aspecto interdisciplinar ganhou tal relevância que se tornou impossível resolver as principais questões apenas com engenheiros especialistas independentes.
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