Buscar

10 Forca do aperto de mao

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Força do aperto de mão: valores de referência para indivíduos sadios
Rev Bras Nutr Clin 2014; 29 (1): 63-7
63
Unitermos: 
Avaliação nutricional. Desnutrição. Dinamômetro de 
força muscular. Valores de referência. 
Keywords: 
Nutrition Assessment. Anthropometry. Protein Mal-
nutrition. Muscle Strength Dynamometer. Reference 
Values.
Endereço para correspondência: 
Pâmela Avila Graciano
Rua Paulo Madureira Coelho, 50 – Porto Alegre, RS, 
Brasil – CEP: 91310-040
E-mail: pamelagraciano@hotmail.com
Trabalho apresentado no Simpósio de Nutrição da 
Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio Grande 
do Sul – SOCERGS 2012, realizado nos dias 3 e 4 de 
agosto de 2012, Gramado, RS.
Submissão:
6 de dezembro de 2012
Aceito para publicação:
5 de setembro de 2013
RESUMO
Introdução: A força do aperto de mão (FAM), avaliada por meio da dinamometria, mostra-se 
útil para detectar precocemente a deterioração do estado nutricional, uma vez que detecta a 
força de contração, de relaxamento e de fadiga muscular. O objetivo deste estudo é estabelecer 
valores de referência para FAM em uma amostra de indivíduos saudáveis. Método: Foram 
avaliados 470 voluntários adultos, saudáveis, de ambos os sexos, utilizando um dinamômetro 
hidráulico. A medida foi realizada em ambas as mãos, em triplicata, sendo considerada a maior 
medida. A FAM foi correlacionada com idade, sexo, peso, altura, IMC, prática de atividade 
física e ocupação. Resultados: Os homens apresentaram maiores valores de FAM do que 
as mulheres, tanto na mão dominante (53 kgf vs. 33 kgf) quanto na não-dominante (54 kgf 
vs. 34 kgf). A FAM diminui significativamente com o aumento da idade, em ambas as mãos. 
Houve correlação positiva e significativa da medida com o peso (mão dominante r=0,335; 
p<0,001; mão não-dominante, r=0,369; p<0,001) e a altura (mão dominante, r=0,579; 
p<0,001 mão não-dominante, r=0,603; p<0,001), entretanto, o mesmo não foi observado 
com o Índice de Massa Corporal (mão dominante, r=0,034; p=0,433; mão não-dominante, 
r=0,058; p=0,208). Não foi encontrada associação da FAM com ocupação e atividade física. 
Conclusões: Valores de referência são necessários para o uso da FAM como uma ferramenta 
para a avaliação funcional e nutricional. Os valores apresentados neste estudo podem ser 
utilizados como pontos de corte para indivíduos saudáveis e doentes.
ABSTRACT
Introduction: The handgrip strength (HGS), assessed by dynamometry, proves useful to 
detect early deterioration of nutritional status, since it assesses the strength of contraction and 
relaxation of muscle fatigue. The purpose of this study is to establish reference values for the 
HGS in a sample of healthy individuals. Method: We evaluated 470 healthy volunteers of both 
genders, older than 18 years. The HGS measure was performed in triplicate with a hydraulic 
dynamometer in both hands, being considered the largest extent. The HGS was correlated 
to age, gender, weight, height, BMI, physical activity practice and occupation. Results: Men 
presented HGS higher values than women in both dominant hand (53 kgf vs. 33 kgf) and the 
non-dominant (54 kgf vs. 34 kgf). The HGS decreases significantly with the age increasing, in 
both hands. There was a positive correlation of the measure with the weight (weight x DHGS, 
r=0,335; p<0,001; weight x NDHGS, r=0,369; p<0,001) and with the height (height x DHGS, 
r=0,579; p<0,001 height x NDHGS, r=0,603; p<0,001), however the same was not observed 
with BMI (BMI x DHGS, r=0,034; p=0,433; IMC x NDFAM, r=0,058; p=0,208). No association 
was found of HGS with physical activity practice and with occupation. Conclusions: Reference 
values are needed for the use of HGS as a tool for a functional and nutritional evaluation. The 
values presented in this study can be used as cut-off points for healthy subjects and patients.
Pâmela Avila Graciano1
Laura Maranhão1
Cristina Pavinatto1
Zilda Albuquerque Santos2
1. Nutricionista. Centro Universitário Metodista, do IPA, Porto Alegre, RS, Brasil.
2. Doutora em Ciências da Saúde. Universidade Federal do Rio Grande do Sul- UFRGS, Porto Alegre, RS, Brasil.
Força do aperto de mão: valores de referência para 
indivíduos sadios
Handgrip strength: reference values in healthy subjects
AArtigo Original
Rev Bras Nutr Clin 2014; 29 (1): 63-7
64
Graciano PA et al.
INTRODUÇÃO
A desnutrição pode ser conceituada de uma forma simples 
como um estado de deficiência de energia, proteína ou outro 
nutriente, que produz mudança significativa na função corporal 
e está relacionada à piora na evolução das doenças¹. No 
entanto, pesquisas recentes apontam que a etiologia da desnu-
trição é mais complexa e envolve também diferentes graus de 
inflamação, associados à doença ou lesão².
A desnutrição é um sério problema no ambiente hospitalar. 
Estudos populacionais apontam prevalência de aproximadamente 
50% de desnutrição em pacientes hospitalizados³,4. Quando não 
tratada, a desnutrição ocasiona alterações celulares importantes, 
com consequente diminuição da imunidade e redução da função 
de órgãos vitais, aumentando o risco de infecções, hipoprotei-
nemia e edema, bem como dificuldade na cicatrização de feridas, 
aumento no tempo de permanência e dos custos hospitalares. 
Outra importante consequência é a redução na força muscular, 
secundária à perda de massa magra, o que resulta em apatia e 
perda da capacidade funcional5,6. 
A força do aperto de mão (FAM), avaliada por meio da 
dinamometria, mostra-se útil para avaliar a força de contração, 
de relaxamento e de fadiga muscular e, indiretamente, para 
detectar precocemente a deterioração do estado nutricional7. 
Sua maior limitação, no entanto, é a falta de padrões de refe-
rência que permitam avaliar a função muscular de indivíduos 
hospitalizados. Portanto, o presente estudo teve como objetivo 
determinar valores de referência para a força do aperto de mão 
em uma população saudável da cidade de Porto Alegre-RS.
MÉTODO
Estudo analítico transversal, realizado entre os meses de maio 
a setembro de 2011, em Porto Alegre-RS. Foram incluídos no 
estudo indivíduos adultos, saudáveis (todos os que realizavam 
suas atividades rotineiramente), de ambos os sexos. Foram 
excluídos aqueles que apresentaram impossibilidade de realizar 
a dinamometria em ambas as mãos (por edema, lesão ou fratura 
de membros superiores). 
Antes do início da coleta de dados, foi realizado um estudo 
piloto com 10 voluntários, com o objetivo de testar o protocolo 
proposto e padronizar as técnicas para o uso dos instrumentos 
utilizados na coleta de dados. 
Cada voluntário respondeu a um questionário cujo objetivo 
era identificar sexo, idade, mão dominante, prática de atividade 
física e ocupação. A variável ocupação foi classificada em: 
grupo 1 (indivíduos cujo esforço manual é inerente à atividade 
profissional) e grupo 2 (indivíduos cuja a profissão não exige 
esforço manual para sua realização).
Todos foram submetidos a um protocolo de Avaliação 
Nutricional Subjetiva Global (ANSG)8, foram pesados, medidos 
e realizaram a medida da FAM.
O peso foi verificado em balança antropométrica Filizola ou 
em balança digital Cuori, com os indivíduos descalços e vestindo 
roupas leves; estando posicionados no centro da balança, com 
os pés juntos e os braços ao longo do corpo. A estatura foi 
verificada utilizando-se um estadiômetro de parede ou portátil, 
ambos da marca Sanny, estando o indivíduo sem sapatos, em 
pé, ereto, imóvel, com os braços estendidos ao longo do corpo, 
a cabeça erguida e livre de adereços, olhando para um ponto 
fixo na altura dos olhos. 
Os dados de peso e estatura foram utilizados para o cálculo 
do Índice de Massa Corporal (IMC), por meio da fórmula: peso 
(kg)/altura (m²) e os resultados foram classificados de acordo 
com a Organização Mundial da Saúde9. Indivíduos com mais 
de 60 anosforam classificados de acordo com Lipschitz10.
A FAM foi realizada na mão dominante e não dominante, 
com dinamômetro hidráulico da marca Kratos®, no qual as 
medidas são demonstradas em quilogramas/força [kg/f]. No 
momento da aferição, os indivíduos estavam sentados de frente 
para uma mesa de apoio, com o braço formando um ângulo 
de 90°. Foram realizadas três medidas alternadas em ambas 
as mãos, com intervalo de 5 segundos entre as medidas. Foi 
utilizado como resultado final a maior força medida entre as 
três aferições. 
Na análise estatística, para avaliar as diferenças da FAM 
entre diferentes faixas etárias foi utilizada análise variância 
(ANOVA) com teste complementar de Tukey. Para avaliar as 
diferenças entre os gêneros e comparar mão dominante e não 
dominante, foi aplicado o teste T Student. Para avaliar a asso-
ciação entre as variáveis quantitativas, o teste da correlação 
linear de Pearson foi aplicado. Para controle de fatores de 
confusão, a análise de regressão linear multivariada foi utilizada. 
O nível de significância adotado foi de 5% e as análises foram 
realizadas no programa SPSS 17.0.
O presente estudo seguiu os princípios éticos contidos na 
Declaração de Helsinki (2000), sendo aprovado pelo Comitê 
de Ética em Pesquisa do Centro Universitário Metodista, do IPA 
sob o protocolo nº 394/2010. Todos os participantes assinaram 
o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
 
RESULTADOS
A amostra foi composta por 470 indivíduos saudáveis, com 
média de 35,5 ± 14,9 anos. À ANSG todos os indivíduos 
apresentaram-se bem nutridos. Pelo IMC, os adultos apresen-
taram excesso de peso e os idosos, eutrofia. A maioria das 
variáveis antropométricas mostrou-se significantemente maior 
nos homens (Tabela 1). 
Os valores da medida da FAM foram apresentados como 
mão dominante (FAMD) e mão não-dominante (FAMND), 
considerando a mão dominante direita dos destros e esquerda 
dos canhotos e vice-versa. A maioria dos indivíduos era destra 
(88,09%). 
Os homens apresentaram valores de FAM maiores em 
relação as mulheres, tanto na mão dominante (53 kgf vs. 33 
kgf) quanto na não-dominante (54 kgf vs. 34 kgf).
Força do aperto de mão: valores de referência para indivíduos sadios
Rev Bras Nutr Clin 2014; 29 (1): 63-7
65
Os indivíduos foram agrupados, por sexo, em quatro cate-
gorias de idade: 18 a 29 anos, 30 a 39 anos, 40 a 59 anos 
e maior ou igual a 60 anos. A FAM foi maior nos homens, em 
todas as faixas etárias avaliadas. Analisando separadamente os 
resultados da medida da FAMD e FAMND, observamos que a 
FAMND mostrou-se maior que a FAMD na maioria das faixas 
etárias, em homens e mulheres (Tabela 2).
Avaliando os resultados em percentis, consideramos a 
mediana (P50) como o valor adequado para uma população 
saudável e como ponto de corte para inadequação da FAM os 
valores encontrados no P5 (Tabela 3). A FAM diminui com a 
idade na mão dominante e não-dominante entre as mulheres, 
e também entre os homens, embora entre estes de forma não 
linear. Quando correlacionamos a FAM com outras variáveis, 
encontramos uma associação positiva e significativa com o peso 
(peso x FAMD, r=0,335; p<0,001; peso x FAMND, r=0,369; 
p<0,001) e com a altura (altura x FAMD, r=0,579; p<0,001; 
altura x FAMND, r=0,603; p<0,001). 
É Interessante notar que, quando correlacionamos com o 
IMC, esta associação não se manteve significativa (IMC x FAMD, 
r=0,034; p=0,433; IMC x FAMND, r=0,058; p=0,208) (Tabela 
4). No momento da realização das medidas, todos estavam 
exercendo normalmente suas atividades profissionais. Apenas 25 
pessoas (5,3%) exerciam profissões que exigiam esforço manual. 
Não encontramos associação significativa entre ocupação e FAM 
(FAMD p=0,536; FAMND p=0,681). A prática de atividade 
física apresentou associação, mas esta não permaneceu quando 
realizamos o modelo de regressão linear.
 
DISCUSSÃO
Apesar da FAM ser uma ferramenta de fácil aplicação e 
baixo custo para análise da função muscular e, indiretamente, 
da deterioração do estado nutricional, poucos estudos se propu-
seram a pesquisar uma amostra representativa da população 
para padronização de um valor de referência. Alvares-da-Silva & 
Silveira11 avaliaram 108 indivíduos saudáveis, com idades entre 
18 e 90 anos, utilizando também o dinamômetro Kratos® e a 
mesma metodologia adotada em nosso estudo, porém medindo 
somente a força da mão não-dominante. Os resultados da 
FAM foram 63 kgf nos homens e 37 kgf nas mulheres; valores 
*As variáveis foram descritas por média ± DP ou n(%).
Tabela 1 – Características gerais e antropométricas dos 470 participantes 
do estudo.
Variáveis*
Total Masculino Feminino
Valor - p*n=470 n=208 n=262
Média ± DP Média ± DP Média ± DP
Idade (anos) 35,5 ± 14,9 34,0 ± 14,1 36,6 ± 15,4 0,057
Altura (cm) 1,66 ± 0,09 1,73 ± 0,07 1,61 ± 0,06 <0,001
Peso (kg) 72,5 ± 15,1 79,5 ± 14 66,9 ± 13,5 <0,001
IMC (kg/m²) 26,1 ± 4,7 26,5 ± 4,2 25,8 ± 5,1 0,121
FAMD (kgf) 42,6 ± 14,0 53,7 ± 12,7 33,7 ± 7,1 <0,001
FAMND (kgf) 43,8 ± 15 55,5 ± 13,6 34,6 ± 7,8 <0,001
ANSG (bem 
nutrido)
470 (100) 208 (100) 262 (100) -
Ocupação com 
esforço manual
25 (5,3) 15 (7,2) 10 (3,8) 0,155
Ocupação sem 
esforço manual
445 (94,7) 193 (92,8) 252 (96,2) 0,155
Sedentários 223 (47,4) 67 (32,2) 156 (59,5) <0,001
Não Sedentários 247 (52,6) 142 (67,8) 106 (40,5) <0,001
*ANOVA one-way
** teste t student
a,b,c Letras iguais não diferem pelo teste de Turkey a 5% de significância
Tabela 2 – Força do aperto de mão (FAM) dominante e não-dominante de acordo com as faixas etárias e sexos.
Variáveis
18-29 anos 30-39 anos 40-59 anos >60 anos
Valor p*
n Média ± DP n Média ± DP n Média ± DP n Média ± DP
FAMD
 Masculino 102 54,8 ± 13,5ab 50 57,3 ± 11,9b 37 49,4 ± 10,6a 19 47,1 ± 8,4a 0,002
 Feminino 108 35,0 ± 7,5b 57 34,8 ± 6,3b 73 32,3 ± 6,6ab 24 29,6 ± 6,1a 0,001
Valor-p** <0,001 <0,001 <0,001 <0,001
FAMND
 Masculino 102 57,0 ± 14,7b 50 58,1 ± 12,1b 37 51,6 ± 12,6ab 19 47,5 ± 8,9a 0,005
 Feminino 108 35,7 ± 7,7b 57 36,4 ± 8,1b 73 33,5 ± 3,9b 24 28,4 ± 6,4a <0,001
Valor-p** <0,001 <0,001 <0,001 <0,001
Rev Bras Nutr Clin 2014; 29 (1): 63-7
66
Graciano PA et al.
maiores que os encontrados em nosso estudo, o que talvez 
possa ser justificado pelo fato de que 34,2% da amostra 
eram indivíduos que exerciam profissões com esforço manual 
inerente, como pedreiros, carpinteiros, serventes e mecânicos. 
Quando ou resultados foram analisados por faixa etária, os 
autores encontraram dados semelhantes aos nossos, com a 
FAM apresentando decréscimo de seus valores à medida que 
a idade avança, em ambos os gêneros; demonstrando que a 
idade e o sexo influenciam na força muscular. 
É sabido que a perda de massa muscular é uma conse-
quência fisiológica do envelhecimento, denominada sarco-
penia12,13. Essa influência demonstra a necessidade de dados 
estratificados e analisados por idade e sexo. 
Budziareck et al.14 avaliaram a FAM de 300 voluntários 
saudáveis, medida com dinamômetro Jamar®. Os resul-
tados da FAM foram 38,9 ± 10 kgf e 22 ± 5,7 kgf na 
mão dominante de homens e mulheres, respectivamente, 
e 36,4 ± 10 kgf e 19,5 ± 5,6 kgf na mão não-dominante 
de homens e mulheres, respectivamente. Quando correla-
cionada com métodos clássicos de avaliação nutricional, 
a FAM se mostrou positiva com altura, peso e IMC; e 
apresentou correlação negativa com a idade, assim como 
encontrado em nosso estudo. Porém, nossos resultados de 
FAM foram maiores. 
Algumas possíveis considerações para essa discrepância 
de valores podem ser o número de indivíduos envolvidos nos 
estudos, o uso de diferentes dinamômetros ou ainda uma 
diferença no protocolo de medida utilizado e/ou nos valores 
considerados como resultado. Nós consideramos a maior 
medida de três, Budziareck et al.14 considerarama média de 
três medidas.
Luna-Heredia et al.15, avaliando a FAM de 496 volun-
tários saudáveis, em 2 cidades na Espanha, com 2 tipos de 
dinamômetros (BASELINE® e GRIP-D®), considerando como 
resultado a média maior de três medidas, encontraram a FAM 
em homens em 35,1 ± 12,4 kgf e, em mulheres, 22,8 ± 7,2 
kgf, respectivamente, na mão não-dominante. Resultados 
menores que os encontrados por nós. Assim como no nosso 
estudo, a FAM diminuiu com a idade e foi maior entre os 
homens. A FAM apresentou uma boa correlação com altura, 
mas não com o IMC. Quando analisada a FAM por sexo, os 
valores obtidos em homens foram significantemente superiores 
que os encontrados nas mulheres, em todas as faixas etárias, 
sendo o mesmo encontrado em outros estudos com indivíduos 
saudáveis11,14,15. 
É comum que os homens apresentem maior força de preensão 
manual, pois essa medida reflete a massa e a força muscular 
global, e os homens possuem maior massa e, consequentemente, 
maior força muscular. O que pode explicar essa situação é o fato 
de haver maior concentração dos principais hormônios respon-
sáveis pelo turnover proteico muscular, como a testosterona, o 
hormônio do crescimento, a insulina e a dehidroepiandrosterona, 
no sexo masculino16.
Chamou atenção em nosso estudo que a mão não-dominante 
apresentou resultado maior de força que a dominante. O que 
não foi esperado, uma vez que nenhum outro estudo apresentou 
resultado semelhante14,15,17. Schlussel et al.18 referem que 50% 
Tabela 3 – Valores de percentis das FAMD e FAMND de acordo com as faixas etárias e gêneros.
FAMD FAMND
Faixas etárias
Homens Mulheres Homens Mulheres
n=208 n=262 n=208 n=262
Mediana 
(P5 and P95)
Mediana 
(P5 and P95)
Mediana 
(P5 and P95)
Mediana 
(P5 and P95)
18-29 anos 53,5 (32;74) 35 (23;50) 55 (35;87) 36 (24;47)
30-39 anos 57,5 (38;79,5) 36 (25;45) 57,5 (39;80) 36 (25;50)
40-99 anos 50 (27;74) 33 (21;44) 53 (29;83) 34,5 (22;45)
50-99 anos 51 (27;64) 30 (20,5;42) 51 (31;60) 33 (21;45,5)
≥60 anos 48 (36;65) 30,5 (18;40) 46 (34;67) 29 (18;40)
Tabela 4 – Regressão linear do sexo masculino, idade, peso, altura e não 
sedentarismo na associação com a FAMD, FAMND.
FAMD²
b(IC 95%)
Valor-p* FAMND3
b(IC 95%)
Valor-
p*
Gênero 
Masculino
16,6 (14,1 a 19,0) <0,001 16,0 (13,4 a 18,6) <0,001
Idade -0,12 (-0,18 a -0,05) <0,001 -0,15 (-0,21 a -0,08) <0,001
Não 
sedentário
0,22 (-1,62 a 2,05) 0,817 0,01 (-1,94 a 1,96) 0,993
Altura (cm) 0,22 (0,07 a 0,37) 0,005 0,29 (0,13 a 0,45) <0,001
Peso (kg) 0,04 (-0,04 a 0,11) 0,318 0,08 (0,00 a 0,16) 0,040
Força do aperto de mão: valores de referência para indivíduos sadios
Rev Bras Nutr Clin 2014; 29 (1): 63-7
67
dos canhotos e 9% dos destros podem apresentar menor força 
na mão dominante. No entanto, em nossa amostra, 88% eram 
destros. Assim, não encontramos uma justificativa plausível para 
este achado. 
A literatura não é conclusiva em relação à influência do tipo 
de ocupação e da prática de atividade física nos resultados da 
FAM11,14. Em relação à ocupação, nosso resultado pode ser 
justificado pela amostra ser composta predominantemente de 
indivíduos cuja profissão não exige esforço manual para sua reali-
zação, como estudantes, professores e comerciantes, entre outros.
Muitos autores utilizaram a dinamometria para avaliar o 
estado nutricional ou para comparar a força de preensão manual 
entre indivíduos saudáveis e com determinadas afecções6,19,20. 
Alvares-da-Silva & Reverbel da Silveira20, com 50 pacientes hepa-
topatas, compararam vários métodos de avaliação nutricional, 
entre eles a FAM e a ANSG, que foi considerada como “padrão 
ouro”. A desnutrição foi diagnosticada pela FAM em 63% dos 
pacientes e pela ANSG em apenas 28%. A FAM apresentou 
sensibilidade de 100% e especificidade de 46% na detecção da 
desnutrição, demonstrando que foi o único indicador do estado 
nutricional capaz de prever a ocorrência de complicação em um 
ano de seguimento (p<0,005). Comparando os resultados apre-
sentados da FAM em pacientes desnutridos com os encontrados 
em nosso estudo, em pacientes saudáveis, pode-se observar que, 
na presença da desnutrição, o valor da FAM é menor.
 
CONCLUSÕES
Valores de referência são necessários para o uso da FAM 
como uma ferramenta para a avaliação funcional e nutricional. 
Na busca por uma medida de referência da FAM para indiví-
duos saudáveis, observamos que os resultados variaram entre 
os sexos, as diferentes faixas etárias, e a mão de dominância. 
Os valores apresentados neste estudo podem ser utilizados 
como pontos de corte para indivíduos saudáveis e doentes.
REFERÊNCIAS 
 1. Lochs H, Allison SP, Meier R, Pirlich M, Kondrup J, Schneider 
S, et al. Introductory to the ESPEN Guidelines on Enteral Nutri-
tion: Terminology, definitions and general topics. Clin Nutr. 
2006;25(2):180-6.
 2. Jensen GL, Mirtallo J, Compher C, Dhaliwal R, Forbes A, et al.; 
International Consensus Guideline Committee. Adult starvation 
and disease-related malnutrition: a proposal for etiology-based 
diagnosis in the clinical practice setting from the International 
Consensus Guideline Committee. JPEN J Parenter Enteral Nutr. 
2010;34(2):156-9. 
 3. Correia MI, Campos AC; ELAN Cooperative Study. Prevalence 
of hospital malnutrition in Latin America: the multicenter ELAN 
study. Nutrition. 2003;19(10):823-5.
 4. Waitzberg DL, Caiaffa WT, Correia MI. Hospital malnutrition: 
the Brazilian national survey (IBRANUTRI): a study of 4000 
patients. Nutrition. 2001;17(7-8):573-80.
 5. Oliveira PMS, Pucci N. Avaliação Nutricional em Gastroentero-
logia. Rev Gastroenterol da FUGEST [periódico da internet]. 2002 
[acesso em 2011 nov 01]. Disponível em: http://www.fugest.org.
br/nutriçaoesaude 
 6. Leal VO, Stockler-Pinto MB, Farage NE, Aranha LN, Fouque D, 
Anjos LA, et al. Handgrip strength and its dialysis determinants 
in hemodialysis patients. Nutrition. 2011;27(11-12):1125-9.
 7. Lopes J, Russell DM, Whitwell J, Jeejeebhoy KN. Skeletal muscle 
function in malnutrition. Am J Clin Nutr. 1982;36(4):602-10.
 8. Detsky AS, McLaughlin JR, Baker JP, Johnston N, Whittaker S, 
Mendelson RA, et al. What is subjective global assessment of 
nutritional status? JPEN J Parenter Enteral Nutr. 1987;11(1):8-13.
 9. World Health Organization. Obesity: preventing and managing 
the global epidemic. Report of the WHO Consultation on Obesity. 
Geneva: World Health Organization; 1998. 
 10. Lipschitz DA. Screening for nutritional status in the elderly. Prim 
Care. 1994;21(1):55-67.
 11. Álvares-da-Silva MR, Silveira TR. O estudo da força do aperto 
de mão não-dominante em indivíduos sadios: determinação dos 
valores de referência para o uso da dinamometria. GED Gastro-
enterol Endosc Dig. 1998;17(6):203-6.
 12. Taekema DG, Gussekloo J, Maier AB, Westendorp RG, de Craen 
AJ. Handgrip strength as a predictor of functional, psychological 
and social health. A prospective population-based study among 
the oldest old. Age Ageing. 2010;39(3):331-7.
 13. Acuña K, Cruz T. Avaliação do estado nutricional de adultos e 
idosos e situação nutricional da população brasileira. Arq Bras 
Endocrinol Metab. 2004;48(3):345-36.
 14. Budziareck MB, Pureza Duarte RR, Barbosa-Silva MC. Refe-
rence values and determinants for handgrip strength in healthy 
subjects. Clin Nutr. 2008;27(3):357-62.
 15. Luna-Heredia E, Martín-Peña G, Ruiz-Galiana J. Handgrip dyna-
mometry in healthy adults. Clin Nutr. 2005;24(2):250-8.
 16. Greenlund LJ, Nair KS. Sarcopenia: consequences, mechanisms, 
and potential therapies. Mech Ageing Dev. 2003;124(3):287-99.
 17. Incel NA, Ceceli E, Durukan PB, Erdem HR, Yorgancioglu 
ZR. Grip strength: effect of hand dominance. Singapore Med J. 
2002;43(5):234-7.
 18. Schlüssel MM, Anjos LA, Kac G. A dinamometria manual e seu 
uso na avaliação nutricional.Rev Nutr. 2008;21(2):223-35.
 19. Beenakker KG, Ling CH, Meskers CG, de Craen AJ, Stijnen T, 
Westendorp RG, et al. Patterns of muscle strength loss with age in 
the general population and patients with a chronic inflammatory 
state. Ageing Res Rev. 2010;9(4):431-6.
 20. Alvares-da-Silva MR, Reverbel da Silveira T. Comparison between 
handgrip strength, subjective global assessment, and prognostic 
nutritional index in assessing malnutrition and predicting clinical 
outcome in cirrhotic outpatients. Nutrition. 2005;21(2):113-7.
Local de realização do trabalho: Centro Universitário Metodista, do IPA, Porto Alegre, RS, Brasil.

Outros materiais