Buscar

Teoria Geral do Processo

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 9 páginas

Prévia do material em texto

P2 TGP
Competência
Conceito: para Liebman, a competência seria uma medida/ porção da jurisdição. Tal conceito, todavia, não é mais aceito, já que a jurisdição, sendo uma expressão da soberania do Estado, não pode ser dividida. Para a doutrina atual, competência são os limites dentro dos quais cada juízo pode exercer, legitimamente, a função jurisdicional.
A competência é manifestação do modelo constitucional de processo, já que, nos termos do art. 5º, LIII, da Constituição, “ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente”.
Competência relativa e absoluta: a primeira visa a proteção dos interesses privados. Por isso, dizemos que ela possui natureza dispositiva, ou seja, a sua aplicação depende da vontade das partes. Por outro lado, a competência absoluta visa proteger os interesses públicos e, por isso, possuem natureza cogente, ou seja, sua aplicação é obrigatória. 
Legitimidade para arguição: se refere aos legitimados para questionarem o descumprimento de uma norma de competência. No caso da absoluta, a incompetência pode ser verificada por todos, inclusive de ofício, a qualquer tempo ou grau de jurisdição (art. 64, §1º). Já a incompetência relativa, não pode ser alegada de ofício (súmula 33, STJ), devendo ser alega na primeira oportunidade que tiver o legitimado, que pode ser o réu, um assistente litisconsorcial, ou o MP (art. 65). O autor não pode alegar a incompetência relativa no caso de ter entrado com a ação em território incompetente, por exemplo, já que é o autor do vício, incidindo, assim, em preclusão lógica (ato incompatível com o que deseja praticar inicialmente).
Existem duas exceções em que o juiz pode reconhecer a incompetência relativa de ofício: nos juizados especiais e em cláusula de eleição de foro abusiva.
Momento da alegação: a incompetência relativa deve ser alegada em preliminar de contestação (art. 337, II), podendo ser alegada até mesmo antes da audiência, de acordo com o NCPC. Já a incompetência absoluta pode ser alegada a qualquer tempo, até mesmo oralmente.
Caso a incompetência relativa não seja alegada em tempo hábil, a competência do juízo será prorrogada, de forma que ele passará a ser competente para a causa específica.
Reconhecimento da incompetência
Relativa: o reconhecimento da incompetência relativa tem natureza dilatória, ou seja, não extingue o processo, apenas ocorre a sua remessa ao juízo competente; ressalvando-se no caso de juizados especiais (art. 51, III, Lei 9.099/95), que extingue o processo (natureza peremptória) se verificada a incompetência relativa.
Absoluta: também possui natureza dilatória, excedendo-se os casos de incompetência absoluta impetradas nos juizados especiais, ou quando o autor entra com uma ação absolutamente incompetente, com dois pedidos cumulados de diferentes competência, como por exemplo iniciar um processo de competência federal e trabalhista na justiça estadual. Ambas geram a extinção do processo.
OBS: a incompetência absoluta também pode ser objeto de ação rescisória (art. 966 e 968, §5º), de forma que esta também possui natureza dilatória, o que representa uma novidade do NCPC.
OBS²: os atos praticados pelo juízo incompetente são válidos até a manifestação do juízo competente, que não precisa ser expressa, a omissão os valida. Se houver manifestação em contrário, o juízo competente pode invalidar os atos com os quais não concorda (art. 64, §4º). São atos válidos mas com eficácia condicionada, o que também é novo no processo civil.
OBS³: se o processo for extinto o recurso cabível é a apelação, já que a extinção é declarado por uma sentença. Não cabe agravo de instrumento como no CPC/73.
Competência internacional: é a determinação das hipóteses em que o judiciário brasileiro está autorizado a exercer função jurisdicional. O exercício dessa função está condicionado ao território nacional e ao ordenamento jurídico pátrio, de forma que, fora das hipóteses elencadas nos artigos 21 a 25, do CPC, a jurisdição nacional não poderá atuar, devendo respeitar a soberania dos outros países.
Competência concorrente (art. 21 e 22): a competência da justiça brasileira é considerada concorrente porque, nos casos expostos nos artigos, não exclui a competência de outros países, cabendo ao interessado optar por propor a ação no Brasil ou em país igualmente competente, ou mesmo em ambos os lugares ao mesmo tempo, já que isso não induz litispendência (art. 24) e o processo continua existindo nos dois países.
Caso opte por demandar em outro país, a sentença estrangeira só produzirá efeitos no Brasil quando homologada pelo STJ (art. 105, I, i, CF). Para isso, deve haver o juízo de delibação, ou seja, deve-se verificar se a sentença promulgada no estrangeiro é válida em território nacional.
Competência exclusiva (art. 23): nesse caso o processo só pode ser instaurado perante órgão jurisdicional brasileiro, de forma que eventual sentença estrangeira terá a homologação negada (art. 964).
OBS: nos casos de competência concorrente, a atuação do judiciário brasileiro pode ser excluída caso as partes elejam foro exclusivo estrangeiro, que só é admitida em caso de contratos internacionais (art. 25).
OBS²: se a decisão nacional e a estrangeira forem conflitantes, prevalece a primeira coisa julgada.
Critérios determinativos da competência: 
 Competência relativa:
Territorial: leva em conta a divisão do poder jurisdicional em razão de foros, que são as circunscrições territoriais (estadual: comarca/federal: seções e subseções).
O Código estabelece o foro comum ou geral, que é o domicílio do réu, e diversos foros especiais, fixados em razão da situação da coisa demandada, do local do fato ou do ato, da qualidade das partes (como uma hipossuficiência do autor), entre outros.
OBS: novidades no NCPC: art. 51; 53, I; III, b, c, f)
Em razão do valor da causa: não se apresenta no Código, no entanto, uma vez fixada a competência de foro em razão do território, podem as normas de organização judiciária utilizar-se do valor da causa ou de outro critério para criação de juízos privativos.
De acordo com o artigo 3º, I, da Lei 9.099/95; as causa de menor complexidade cujo valor não exceda 40 vezes o salário mínimo, podem ser propostas perante juizados especiais cíveis. No entanto, o autor não está obrigado a propor a ação nos Juizados Especiais Estaduais no caso do valor ser menor, tratando-se, assim, de competência relativa.
No âmbito dos Juizados Especiais Federais, por outro lado, a Lei 10.259/01, em seu atr. 3º, §3º, determina que, no foro onde estiver instalada Vara do Juizado Especial, a sua competência será absoluta. Dessa maneira, sempre que o valor da causa não ultrapassar o valor de 60 salários mínimos, existindo o órgão, não há opção de escolha para o autor.
Competência absoluta:
Funcional: leva em conta a função de cada órgão jurisdicional para praticar atos do processo ou o grau de jurisdição. O primeiro casos, denominado competência funcional pelas fases do procedimento, é regulado pelo código; o segundo, referente à competência funcional originária e recursal dos tribunais, é regido pelas normas das Constituições da República e dos Estados e pelas normas de organização judiciária.
Vale observar que a competência funcional pode ser visualizada em duas perspectivas, quais sejam, horizontal e vertical. No primeiro caso, o mesmo órgão jurisdicional, levando em conta suas divisões internas, manifesta-se mais de uma vez no mesmo processo, como ocorre na declaração de inconstitucionalidade em tribunais (câmara e pleno manifestam-se). Do ponto de vista vertical, por outro lado, dois ou mais órgãos jurisdicionais se manifestam no mesmo processo (competência originária e recursal, por exemplo).
Em razão da matéria: é determinada pela natureza da relação jurídica controvertida, definida pelo fato jurídico que lhe dá causa. É por meio deste critério que as varas cíveis, de família, criminal, etc, são criadas.
Em razão da pessoa: é a fixação da competência levando em conta as partes envolvidas (rationepersonae). O principal exemplo de competência em razão da pessoa é o vara privativa da Fazenda Pública, criada para processar e julgar causas que envolvam entes públicos.
Metodologia para determinação da competência:
Definir a justiça competente: nacional ou estrangeira. Definida a competência da justiça brasileira, deve-se verificar se ação deve ser proposta em justiça comum ou especializada. Em seguida, se for comum (ou seja, nem militar, nem trabalhista, nem eleitora), cabe verificar se deve ser proposta na justiça comum estadual ou federal.
Verificação do foro competente (território)
Definir o juízo competente, que significar verificar se há vara especializada para a causa que pretende ser proposta.
OBS: a matéria sempre prevalece sobre a pessoa no caso de conflito. Por exemplo: caso trabalhista, não importa se uma das partes é a União.
OBS²: um dos casos em que se permite a modificação da competência no curso do processo é retratado no art. 45. Trata-se da hipótese em que o processo se instaura originariamente perante juízo estadual e nele, posteriormente, intervém a União, uma empresa pública federal ou uma autarquia federal; de forma que o processo deve ser remitido para a justiça federal. Lá, ele será analisado pelo juiz competente que deve optar pela sua manutenção em esfera federal (admitindo o ente federal no processo) ou seu retorno para a justiça estadual. Os incisos I e II trazem exceções para a modificação, além do interesse meramente econômico da União.
Prorrogação da competência: é o fenômeno processual que consiste em atribuir competência a um juízo que originariamente não a possuía. A competência será relativa, ou seja, passível de modificação, quando determinada em razão do território ou valor da causa (art. 63). Será absoluta, imodificável, quando fixada em razão da matéria, da pessoa ou da função (art. 62).
 Prorrogação legal:
 Em razão de conexão e continência: são conexas duas ou mais ações que possuam em comum o objeto ou a causa de pedir (art. 54). A continência entre as duas ou mais ações sempre que há identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das demais (art.56).
Caso as ações conexas ou continentes já estejam em curso, e sendo relativa a competência, elas deverão ser reunidas para uma decisão conjunta, salvo se em um dos processos já houver sido proferida sentença (art. 55, §1º). A reunião, se for o caso, será feita no juízo prevento (art. 58), ou seja, aquele em que ocorreu o primeiro registro ou primeira distribuição de petição inicial (art. 59); mesmo que ele seja relativamente incompetente (sua competência será prorrogada). O objetivo da reunião é evitar decisões contraditórias.
A reunião de processos por conexão, segundo entendimento dominante no STJ, constitui uma faculdade atribuída ao julgador, a quem cabe avaliar a intensidade da conexão e o risco da ocorrência de decisões contraditórias.
Em relação a continência cabe uma ressalva. Se a causa continente (mais ampla) tiver sido proposta antes da causa contida (mais restrita), esta deverá ser extinta sem resolução do mérito (art. 57). Se ocorrer o contrário, as ações serão necessariamente reunidas.
Ausência de alegação de incompetência territorial: se o autor entra com uma ação em foro incompetente e o réu não alega a incompetência em contestação, o processo seguirá até o final naquele juízo.
Prorrogações voluntárias: 
Cláusula de eleição de foro (art. 63): as partes podem eleger um foro que lhes pareça mais conveniente, o qual passar a ser competente par conhecer as causas entre elas. A eleição do foro exige forma escrita e tem de referir-se a um determinado negócio jurídico. 
O juiz poderá reputar ineficaz a cláusula de eleição de foro se a considerar abusiva (quando cria obstáculos que tornem muito difícil ou impossível o exercício do direito de defesa). Se o fizer antes da citação (recomendado), deve remeter os autos para o juízo do foro do domicílio do réu. Caso não o faça antes da citação, não poderá mais ser reconhecida de ofício, de forma que o interessado deverá alegar a abusividade na contestação (art. 63, §4º).
Vontade unilateral do autor: quando o autor, por sua vontade, abdica de um direito seu e propõe a ação no foro comum. EX: consumidor que entra com a ação no domicílio do réu.
Princípio da perpetuatio jurisdictionis (perpetuação da competência) (art. 43): nos termos do artigo 43, a competência é determinada no momento da propositura d demanda, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente. Significa isto dizer que a competência deve ser aferida pelas normas vigentes ao tempo do ajuizamento da demanda que sejam aplicáveis ao caso concreto. Modificações posteriores à propositura da demanda são irrelevantes, preservada a competência do juízo perante o qual se instaurou o processo. Excetua-se a regra da perpetuação da competência, porém, quando o órgão jurisdicional em que tramitava originariamente o processo for suprimido ou quando se alterarem as regras de competência absoluta (criação de uma vara, por exemplo). EX: quando o réu se muda, não há alteração do foro competente (o seu domicílio no momento da propositura da ação).
Conflito de competência (art. 66): haverá conflito de competência sempre que dois ou mais juízos se declarem competentes para o mesmo processo; quando dois ou mais juízos se declaram incompetentes, atribuindo um ao outro a competência; ou quando surgir, entre dois ou mais juízos, controvérsia acerca da reunião ou de separação de processos. A primeira hipótese corresponde ao conflito positivo, enquanto a segunda, ao conflito negativo.
Legitimados: o conflito, em regra, pode ser suscitado por ambas as partes, bem como pelo MP ou pelo juiz do tribunal hierarquicamente superior aos juízes envolvidos no conflito (arts. 951 e 953).
Competência para solucionar o conflito:
STF (art. 102, I, o, CF): o STF resolve os conflitos entre o STJ e qualquer tribunal, entre tribunais superiores (STF, STJ, TSE, TST) e entre tribunais superiores e qualquer outro.
STJ (art. 105, I, d): o STJ julga os conflitos entre quaisquer tribunais, entre tribunais e juízes a ele não vinculados e entre juízes de tribunais diversos.
TJ/TRF/Justiça do Trabalho: julgam conflitos entre juízes a eles vinculados.
Procedimento: em regra, o conflito será distribuído no Tribunal a um relator que poderá, de ofício ou a requerimento das partes, determinar, quando o conflito for positivo, a suspensão do processo, e nesse caso, bem como no de conflito negativo, designará um dos juízes para resolver, em caráter provisório, as medidas urgentes (art. 955).
O julgamento do conflito compete a uma turma ou câmara, conforme dispuser o regimento interno de cada tribunal. Pode, entretanto, o relator decidir de plano o conflito de competência, mediante decisão monocrática. Após a escolha do juízo competente, deve-se verificar a validade dos atos já praticados.
Ação: dá-se o nome de ação ao direito público subjetivo de atuar em juízo. Exercendo posições ativas ao longo de todo o processo, a fim de postular uma tutela jurisdicional. Ele encontra previsão constitucional do inciso XXXV, art. 5º da Constituição. Pode-se dizer também que é o direito de, participando em contraditório, buscar um resultado jurisdicional favorável.
 Teorias da ação:
Teoria Imanentista ou civilista: para os defensores dessa teoria, a ação é imanente (aderida) ao direito material controvertido, de forma que a jurisdição só pode ser acionada se houver o direito postulado. Em outras palavras, a ação seria o próprio direito material violado em estado de reação. Nesse contexto, uma ação de cobrança por exemplo, só poderia ser manejada se não pairasse dúvida sobre o crédito do autor. É a teoria defendida por Savigny e adotada pelo código civil de 1916.
Teoria da ação como direito autônomo e concreto; a ação é autônoma, mas só existe quando a sentença for favorável. Em outras palavras, o direito à ação só é possível quandoexistir o direito material. Ela confere autonomia à ação, mas não a torna independente do direito material.
OBS: é frequente a menção à “procedência da ação”, no entanto, o mais correto seria falar em “procedência do pedido”.
OBS²: essas duas teorias são criticadas por não responderem a dois questionamentos: em que consiste a atividade jurisdicional prestada pelo Estado-juízo no caso de improcedência do pedido formulado na petição inicial de determinada demanda? Se o direito de ação só é possível quando existir direito material, como explicar a sentença de procedência proferida em ação declaratória negativa, cujo objeto consiste justamente na declaração de inexistência de relação jurídica entre o autor e o réu?
Concepção abstrata do direito de ação: segundo essa teoria, além de autônomo, o direito de ação é independente do direito material. Ação, então, passou a ser entendida como o direito público subjetivo a um pronunciamento judicial, seja favorável ou desfavorável.
Teoria eclética: foi adotada pelo CPC/73 e defendida por Liebman. Defende que o direito de ação não está vinculado a uma sentença favorável, mas também não é completamente independente do direito material. Há, de fato, uma abstração do direito de ação, no sentido de que a existência do processo não está condicionada à do direito material invocado; porém sustenta-se pela teoria eclética que a ação é o direito a uma sentença de mérito, seja qual for o seu conteúdo, isto é, de procedência ou improcedência. Para surgir tal direito, deveriam estar presentes as condições da ação. Em síntese, as condições da ação são requisitos formais de existência do direito de ação, as quais são analisadas a partir da relação de direito material discutida.
Teoria da asserção: de acordo com essa concepção, a legitimidade e o interesse processual são verificados apenas pelas afirmações deduzidas pelo autor na petição inicial, que devem ser admitidas pelo juiz como verdadeiras para, em seguida, julgar sua procedência.
Condições da ação: são cognoscíveis de ofício enquanto não ocorrer trânsito em julgado.
Interesse de agir: pode ser definido como a utilidade da tutela jurisdicional postulada. Significa isto dizer que só se pode praticar ato de exercício do direito de ação quando através dele busca-se uma melhoria na situação jurídica.
A aferição do interesse de agir se dá pela verificação da presença de dois elementos: a necessidade e a adequação. A primeira existe quando a realização do direito material afirmado pelo demandante não puder se dar independentemente do processo. Por outro lado, a adequação se refere a via processual, que deve ser a correta para que o interesse de agir possa ser verificado (o mandado de segurança só é admitido em caso de lesão de autoridade e se houver prova pré-constituída, sem esses requisitos, a via seria inadequada; por exemplo).
Em tese, terá interesse de agira quem demonstrar a necessidade da tutela jurisdicional formulada e a adequabilidade do procedimento instaurado para a obtenção do resultado pretendido.
Legitimidade das partes: a regra geral é de que serão partes legítimas aquelas que afirmam ser titulares da relação jurídica trazida a juízo (legitimação ordinária). Por outro lado, em determinados casos, a lei autoriza que alguém pleiteie, em nome próprio, direito alheio. São os caos de legitimação extraordinária ou substituição processual. O legitimado age em nome próprio, na qualidade de parte processual (não é representante). Assim, o sindicato pode atuar na defesa do interesse dos seus associados, por exemplo.
OBS: substituição processual é diferente se sucessão processual. Esta, é quando há troca de uma das partes por um terceiro. EX: alienação de coisa litigiosa, caso no qual o autor da ação pode continuar o processo contra o réu originário (o alienante, que responderá em nome próprio, mas defendendo os interesses do comprador), que seria um caso de substituição processual; ou contra o comprador, ocorre a troca entre o réu originário e ele (sucessão processual).
OBS²: o NCPC retirou da lista de condições da ação a possibilidade jurídica do pedido, que agora é causa para a resolução do mérito da demanda, levando a improcedência do pedido caso seja confirmada.
Elementos da ação: as ações são identificadas pelos seus elementos subjetivos (as partes) e objetivos (pedido e causa de pedir). A identificação da ação é tão importante que a lei a exige expressamente como pressuposto da petição inicial (art. 319), de forma que a falta de um dos elementos poderá acarretar a extinção do processo sem resolução do mérito.
Partes: é quem participa da relação jurídico processual, integrando o contraditório. A qualidade de parte implica sujeição à autoridade do juiz e titularidade de todas as situações jurídicas que caracterizam a relação jurídica processual. Pode ser o réu, o autor, terceiros intervenientes e o MP, por exemplo.
Causa de pedir: são os fatos e fundamentos jurídicos de pedido. O autor, deverá indicar na petição inicial todo o quadro fático necessário à obtenção do efeito jurídico pretendido, bem como demonstrar de que maneira esses autorizam a concessão desse efeito (teoria da substanciação), como indica o art. 319.
Fatos jurídicos são aqueles que possuem relevância jurídica, por isso mesmo diferenciando-se dos fatos simples, já que estes não a possuem. A distinção é importante porque os fatos jurídicos vinculam o juiz, de forma que limitam a sua decisão.
Fundamento jurídico é o liame jurídico entre o fato e o pedido, ou seja, são as consequências do jurídicas decorrentes dos fatos, que levam o autor a se julgar merecedor do pedido feito na ação. Além disso, os fundamentos jurídicos não vinculam o juiz.
Por, fim, pode-se afirmar que fundamentos jurídicos são diferentes de fundamentos legais, já que estes são apenas à citação ao dispositivo jurídico.
Pedido: é a conclusão dos fatos e fundamentos jurídicos constantes na petição inicial; é o resultado da valoração do fato pela norma jurídica. O pedido exerce função fundamental no processo, já que limita a atuação do magistrado, que não pode decidir aquém (citra), além (ultra) ou mais (extra) do pedido.
Além disso, o pedido se desdobra em imediato, que é a providência ou o tipo de tutela jurisdicional solicitada pelo autor, e pedido mediato, que constitui o bem jurídico pretendido. Numa ação de cobrança, a condenação constitui o pedido imediato (relaciona-se com o direito processual), ao passo que o recebimento do crédito constitui o pedido mediato (relaciona-se com direito material).
O pedido deve ser certo, de forma que devem estar presentes a tutela jurisdicional e o bem jurídico pretendidos, possuindo um aspecto processual e material; e determinado, referindo-se à quantificação do pedido, ou seja, com um aspecto material, ressalvando-se os casos de pedidos genéricos.
OBS: Os elementos da ação têm importância para determinar a existência de coisa julgada, litispendência, conexão e continência. Para que se caracterize a coisa julgada ou litispendência, os três elementos devem ser iguais; para caracterizar a conexão e continência são necessários um ou dois elementos iguais; e quando os três forem diferentes, não há relação entre as ações.
Pedidos genéricos (art. 324): são aqueles em que falta a definição da quantidade ou qualidade, sendo certo somente em relação ao gênero. São permitidos esses pedidos em apenas três hipóteses: nas ações universais, naquelas em que não se puder determinar a extensão das consequências do ato ilícito, ou quando a determinação depender de ato a ser praticado pelo réu.
Entende-se por ações universais aquelas em que há uma impossibilidade de determinar a quantidade a ser requerida; seriam ações que versem sobre uma totalidade de bens. Essas ações se identificam com os casos das universalidades de fato e universalidades de direito. Um exemplo da primeira seria uma biblioteca e da segunda uma herança, da forma em que em ambos os casos não seja possível delimitar a quantidade de bens.
No segundo caso énão há como prever todas as consequências e prejuízos causados ao autor em virtude do ato ilícito provocado pelo réu. Não há como apurar a extensão do dano provocado. Um exemplo seria uma pessoa que foi atropelada, e que ainda está no hospital, de modo que não sabe qual será a extensão total dos danos.
O terceiro caso será quando o autor não puder determinar o pedido por estar pendente um comportamento a ser exercido pelo réu. Um exemplo desse caso seria a ação para prestação de contas, que exige que p réu as preste e somente depois será apurada a quantidade devida.
Pedidos implícitos: pedidos que o juiz pode conceder, mesmo que não haja formulação expressa pelo autor, de forma que não geram a nulidade do processo. São exemplos: as despesas e custas processuais (art. 322), a correção monetária – que é um ponto controverso já que somente há a atualização do valor – (art. 322), juros moratórios – que também configuram uma condenação implícita, já que serão, de qualquer forma, inclusos nos cálculos – (arts. 404 e 406, CC) e prestações vincendas (art. 323) – que são aquelas que ainda vão vencer.

Outros materiais