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DIREITO CONSTITUCIONAL II TRANSCRIÇÃO - AULA II - 24/08/2017 Teoria dos Direitos Fundamentais Lida com a parte mais abstrata, que não se encontra na lei. É uma convergência da produção doutrinária e evolução da jurisprudência. Nesse sentido, se destaca o tribunal constitucional alemão, que se destacou por conta da questão histórica pós 2ª Guerra Mundial. O tribunal constitucional alemão desenvolveu decisões que ampliavam e desenvolviam os direitos fundamentais e avançaram tanto que a produção teórica das últimas décadas desse tribunal é a mais rica do mundo. • Regaste histórico Até 1988 o Brasil dava pouca importância aos direitos fundamentais (diferente dos países mais abalados pela 2ª Guerra Mundial). No Brasil, os DF ganham importância após o período ditatorial. Geralmente, a noção dos DF surge após grandes acontecimentos históricos, dependerá do país e do ocorrido, não é um movimento constitucional uniforme. 4/5 dos catálogos de DF foram incorporados pós 1945 e isso anunciou um aspecto da globalização. Um remédio para atenuar os efeitos nocivos da globalização neoliberal econômica são a proteção dos direitos humanos. É quase como um compensador, há diversas teorias compensadoras como por exemplo: a teoria dos direitos fundamentais nas relações privadas (compensa os excessos dos poderes privados), teoria sobre o momento de restrição dos direitos fundamentais (compensa os abusos de uma ditadura). Os direitos fundamentais e suas subteorias funcionam como compensadores das grandes injustiças. Robert Alexy e as 21 uma maneiras de dizer Direitos Humanos (Liberdades públicas; Direitos individuais; Direitos subjetivos; Direitos objetivos; Direitos fundamentais; Direitos humanos; Direitos da personalidade; etc) São nomenclaturas semelhantes, mas com a derrogada da Liga das Nações, com a 1ª e 2ª Guerras Mundiais, com desrespeito das Convenções de Genebra a expressão Direitos Humanos ficou desgastada. Nesse sentido, criou-se uma nova expressão "direitos fundamentais essenciais" (criada pela Alemanha - Constituição de Bonn) Com essas 21 nomenclaturas, Alexy entende que é importante proteger esses direitos essenciais de maneira intransigente (inflexível) com remédios. Isto é, com a nulidade dos atos contra os DF. A ideia de nulidade não é de anulabilidade, mas sim de nulidade, ou seja, nunca produziu efeitos. Ou você tem a reparação ou a eliminação do ato jurídico. • Constituição Norte-Americana Condições: -Ela é feita dentro do sistema do liberalismo político e do liberalismo econômico; -É feita em nome do federalismo; -Prevê entre os 3 poderes a política de freios e contrapesos (check and balance), aperfeiçoando o sistema de Montesquieu; -Ela traz mecanismos para sua efetivação; -A Constituição Americana de 1776 não previa nenhum Direito Fundamental. É em sua primeira reforma, após sua independência, que os 10 primeiros direitos são aprovados (Bill of Rights) • Constituição Francesa A França, em termos constitucionais, declara os direitos primeiro (liberdade, igualdade e fraternidade). Já os EUA só declaram os direitos após as emendas constitucionais, porém os americanos dizem que os franceses apenas "declararam" os direitos, mas não implementam na constituição mecanismos para efetivá-los (como por exemplo o habeas corpus e o habeas data, que advém do devido processo legal previsto na constituição americana). • Constituição Alemã Aos poucos consolida os direitos sociais econômicos. Primeiro traz como lei a previdência social, férias, licença maternidade, etc. É o segundo país do mundo a implementar tais direitos em sede constitucional na Constituição de 1919, pós derrota na 1ª Guerra Mundial. Ideia de positivar vários direitos. E se os primeiros direitos lá dos EUA e da França tinham o lema geral de liberdade e até igualdade (igualdade do voto, por exemplo) era uma igualdade formal, não era uma igualdade para trazer a verdadeira igualdade, MAS apenas para impedir a arbitrariedade. Direito da 1ª dimensão que traz uma liberdade ampla (liberdade religiosa, liberdade de ir e vir, liberdade de consciência) e a 2ª dimensão trabalha uma igualdade formal (não tem mais nobreza e clero, todos respondem no mesmo Tribunal) e é a favor dos desfavorecidos, e além dos direitos individuais de democracia (voto e liberdade), ela traz a ideia de desigualdade para os desiguais concedendo direitos sociais e direitos econômicos de maneira conectada. Cada dimensão do direito tem uma ruptura que a justifica. Uma dimensão é uma categoria do direito que passa a ser defendida e que não existia antes. Classicamente se tem 3, 4 dimensões. - A 1ª dimensão defendendo o direito de liberdade (cuja ruptura é a Revolução Francesa) e a 2ª dimensão defendendo o direito de igualdade (cuja ruptura são causadas pela seguintes Revoluções Industriais que vão implementar os direitos sociais). - A 3ª dimensão de direitos acontece pós 2ª Guerra e vai olhar para o ser humano transindividual, "o que afeta a humanidade?", é uma ordem transindividual que não reconhece ao indivíduo (direitos individuais) e nem no coletivo (direitos sociais) os principais beneficiários do direito, mas a qualquer um que se encontre naquela situação (ex: toda vez que você compra algo você é consumidor). Aparecem na ONU na década de 60 e só entram em documento constitucional brasileiro em 88 (os direitos individuais entram na primeira constituição e os sociais na constituição de 34). A ruptura são as guerras, a degradação do meio ambiente, etc. (geração x dimensão: a ideia de geração é a preferência de uma geração pela outra. Uma substitui a outra. A dimensão tem uma vantagem, pois traz a ideia de multidimensões, isto é, uma categoria do direito que não prefere uma a outra e além disso, a combinação dessas dimensões traz um resultado) Existe um direito 4ª dimensão? Tudo que muda a natureza humana. Vai muito pelo direito de participação, todas as situações que o ser humano participa poderia formar uma nova dimensão, por exemplo: se você é afetado com a decisão tomada pela sua empresa, você deveria poder participar dessa decisão; se você é afetado pela lei acerca dos gastos públicos, você deveria poder participar dessa decisão. Há autores que defendem que os direitos de engenharia genética construirão uma 4ª dimensão. É o que afeta as mudanças no homem. • Evolução dos Direitos Fundamentais na França, EUA e Alemanha 1. EUA A teoria do direito influenciou muito os DF e é o primeiro país a fazer uma teoria do direito) não exatamente do jusnaturalismo) que é a teoria do Dworkin, isto é, a partir dos DF repensar a estrutura do direito. Antes disso o realismo e o utilitarismo negaram de maneiras diferentes o aproveitamento do direito fundamental. O utilitarismo por dizer que os fins justificam os meios e que as decisões têm que beneficiar o maior número de afetados possível, mesmo que em detrimento de um núcleo de minorias. Para o realismo não importa o que a lei declara direitos, importa o que o juiz diz, é um reforço do poder judiciário como criador da jurisprudência e do direito. Além disso, o realismo também utiliza a história, a política, a sociologia e a antropologia na decisão do direito, mas não utiliza filosofia, pois a filosofia é moral e ela se contrapõem as teorias do Dworkin. 2. FRANÇA Na França, eles estenderam os poucos direitos que a atual constituição francesa prevê pelo preambulo francês (essa decisão é eleita mais importantes da história do direito francês). Decidiu como preâmbulo da constituição francesa atual (58) que todos os direitos fundamentais dos documentos constitucionais anteriores são válidos(menciona a constituição de 46 a declaração universal dos direitos do homem, por exemplo). Ou seja, fez um resgate jurídico histórico que prevê a primeira declaração dos direitos humanos. No Brasil, por exemplo, não se pode usar um direito fundamental que era previsto na constituição do Império, pois isso não pertence ao nosso ordenamento jurídico. ________________________________________________________ ➢ As teorias do direito influenciam o campo dos direitos fundamentais. Se você é realista, você vai determinar que o juiz dá o segmento do direito, não importa muito a lei. Se você é utilitarista o que é importa é atingir o bem-estar para o maior dos interessados, aí causa injustiça e exclusão de uma minoria específica. Dworkin vai repensar a teoria do direito, os princípios e a pratica judicial a partir dos direitos fundamentais. ➢ É muito difícil dizer qual o autor de direito é o mais influente no mundo hoje. Se você pensar sobre o aspecto distribuição direito, filosofia e economia é John Rawls. Se você pensar no direito anglo-saxão, onde funciona a common law, e mais na prática dos tribunais do que na filosofia do direito, é Ronald Dworkin. Ele vai dizer que toda teoria do direito possui uma preocupação diferente. A lei, os precedentes, os meios e fins, o julgador, o legislador, todos estão errados, pois o que fundamenta o direito e a justiça são os direitos humanos. Nesse sentindo, a teoria do direito deve ser criada a partir dessa base. ➢ Robert Alexy é muito influente no direito europeu sul americano, chamado direito germânico romano. Porém, foi mais adotado pelos países da américa do sul, central e sul da Europa do que pelo norte da Europa (uma das explicações para isso é que os países do norte da Europa já estavam em um estágio avançado de direitos) 3. ALEMANHA É no direito alemão que, depois de 1950, a combinação do tribunal constitucional alemão, os juízes dos tribunais federais da Alemanha e da doutrina do direito constitucional é que se criaram as seguintes teorias: TEORIAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS (DF) DE ROBERT ALEXY (Combinação de doutrinas que nasceram ou se desenvolveram na Alemanha) 1. Hermenêutica constitucional pensada para ampliar, maximizar os DF; 2. Características dos DF que passam a reforçá-los como abertura, irradiação e concretização; 3. A percepção de que os DF não são nem públicos e nem privados, eles atravessam as duas ordens; 4. A percepção de que os DF não são só direitos subjetivos (como os americanos utilizam, "eu invoco meu direito para proteger minha liberdade de expressão") e também não só objetivos (como os franceses utilizam, "são tutelados pela ordem constitucional para garantir a evolução da nação"). Os DF são objetivos e subjetivos; 5. É criado em alguns países europeus (Alemanha, Holanda, Áustria) condições para determinar a teoria da restrição dos DF. Em outras palavras, momentos em que eles não podem ser exercidos absolutamente (ex: preso que não tem liberdade, intimidade, etc). Vão pensar em todos os momentos em que os DF podem ser restringidos, porque fora desses momentos eles devem ser efetivados; 6. Papel do Estado não é apenas o de respeitar tais direitos, é preciso também que o Estado promova políticas públicas para a efetivação dos DF; 7. Antes interpretavam-se as leis, hoje tem é preciso que se olhe para a concretização e preenchimento dos DF; 8. Conflito entre os DF é exercido pela proporcionalidade e ponderação; 9. As ações constitucionais têm que ser jurisprudencialmente ampliadas para poderem proteger os direitos especiais, direitos constitucionais, os direitos fundamentais. Não pode não ter uma ação capaz de tutelar os direitos (ações vias de ação e as maneiras de proteger as omissões dos poderes); 10. É a partir dos DF concretizados que se pode falar de um verdadeiro Estado Constitucional; 11. Teoria da eficácia direta ou horizontal dos DF, teoria da eficácia indireta dos DF e teoria dos deveres de proteção (dentro do tema DF nas relações entre particulares).
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