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1 Aula 04: Fundamentos da Solidificação dos Metais 1. Introdução Diferenças entre sólidos e líquidos Eventos que caracterizam a solidificação. Heterogeneidades que podem ocorrer durante a solidificação. Importância da solidificação na tecnologia de fundição. 2. Nucleação da Fase Sólida Nucleação Homogênea O conceito de Curvas de Resfriamento Nucleação Heterogênea Aplicações práticas da Teoria da Nucleação Heterogênea Disciplina: Fundição Professor: Guilherme O. Verran Diferenças entre Líquidos e Sólidos LÍQUIDOS Átomos apresentam alta energia cinética Ordem de curto alcance SÓLIDOS Átomos podem vibrar apenas em torno de uma posição fixa Arranjados numa ordem de longo alcance Fundamentos da Solidificação de Metais e Ligas Disciplina: Fundição Professor: Guilherme O. Verran Fundamentos da Solidificação dos Metais 2 Disciplina: Fundição Professor: Guilherme O. Verran Fundamentos da Solidificação dos Metais Metal Líquido Nucleação Crescimento Composição QuímicaVelocidade de Solidificação Gradientes Térmicos Redistribuição de Soluto Morfologia da Interface S/L Estrutura Segregação Defeitos Metal Sólido Influência da Taxa de Resfriamento sobre a Microestrutura de Solidificação Líquido 10 102 104 106 108 Taxa de Resfriamento (K/s) Microestruturas Convencionais Microestruturas Refinadas Novas Microestruturas Dendritas, Eutéticos Grosseiros e outros constituintes Espaçamentos Dendríticos e Eutéticos Finos, e outros microconstituintes Estruturas Microcristalinas Estruturas Cristalinas Metaestáveis Estruturas vítreas ou amorfas Disciplina: Fundição Professor: Guilherme O. Verran Fundamentos da Solidificação dos Metais 3 SOLIDIFICAÇÃO Objetivo: fixar os átomos que se movimentam violentamente e arranjá-los numa ordem de longo alcance Retirada de Energia Térmica (Resfriamento) Disciplina: Fundição Professor: Guilherme O. Verran • A solidificação dos metais resulta num decréscimo abrupto na mobilidade atômica. • A viscosidade dinâmica (η) de um metal puro no estado líquido próximo ao seu ponto de fusão é semelhante à viscosidade da água à temperatura ambiente, ou seja da ordem de 10-3 Pa.s . Fundamentos da Solidificação dos Metais • A transformação Líquido-Sólido por que passa o metal é de natureza ativa e dinâmica ⇒ ocorrem diversos eventos que devem ser devidamente controlados de modo a não comprometerem o desempenho final do produto. SOLIDIFICAÇÃO ⇓ Ocorrência de Heterogeneidades Disciplina: Fundição Professor: Guilherme O. Verran Fundamentos da Solidificação dos Metais 4 Heterogeneidades que podem ocorrer durante a solidificação de metais ou ligas • Físicas : • Químicas: • Estruturais: • Porosidades • Rechupes • Trincas de Contração • Segregações de Impurezas ou Elementos de Liga (escalas micro ou macroscópica). Dos Grãos ou Cristais. • Tipos • Distribuição • Tamanho • Natureza Disciplina: Fundição Professor: Guilherme O. Verran Fundamentos da Solidificação dos Metais Heterogeneidades Fisicas Defeitos Fisicos DESCONTINUIDADES AO LONGO DO MATERIAL. • Porosidades • Rechupes • Trincas de Solidificação Contração na Solidificação Modelo de Solidificação Projeto Gases Dissolvidos no Metal Liquido Disciplina: Fundição Professor: Guilherme O. Verran Fundamentos da Solidificação dos Metais 5 Micrografia mostrando Rechupe - defeito devido à contração na solidificação, aumento 100X. Rechupe devido a contração na região de ponto quente. Disciplina: Fundição Professor: Guilherme O. Verran Fundamentos da Solidificação dos Metais Micrografia mostrando porosidade típica em peca injetada devido ao aprisionamento de gás pelo sistema de injeção, aumento 50X. Disciplina: Fundição Professor: Guilherme O. Verran Fundamentos da Solidificação dos Metais 6 Trinca formada em um canto do fundido, local onde as tensões internas são mais intensas. Trincas de Solidificação Disciplina: Fundição Professor: Guilherme O. Verran Fundamentos da Solidificação dos Metais Heterogeneidade Química Disciplina: Fundição Professor: Guilherme O. Verran Segregações Formação de gradientes no percentual de um elemento de liga (soluto) na matriz do metal base (solvente) devido a ocorrência de redistribuição de soluto durante a solidificação de ligas monofásicas. Fundamentos da Solidificação dos Metais 7 Propriedades físicas dos metais puros de grande relevância no estudo da solidificação Disciplina: Fundição Professor: Guilherme O. Verran Fundamentos da Solidificação dos Metais Propriedades físicas de ligas relevantes no estudo da solidificação A auto difusão e a difusão de elementos de liga e impurezas são muito mais lentas na fase sólida do que na fase líquida tanto para o Fe como para o Al Disciplina: Fundição Professor: Guilherme O. Verran Grandes consequências na distribuição de soluto na fase sólida durante a solidificação Heterogeneidades Químicas SEGREGAÇÃO Fundamentos da Solidificação dos Metais 8 Heterogeneidades Estruturais Tamanhos dos Grãos 100 µm (a) (a) (b) (c) (d) (e) 100 µm 100 µm (d) (e) 100 µm (c) 100 µm (b) Disciplina: Fundição Professor: Guilherme O. Verran Fundamentos da Solidificação dos Metais Importância do entendimento da Solidificação na Tecnologia de Fundição • Dimensionamento e localização dos canais de enchimento e alimentação • Otimização e controle das variáveis do processo. • Desenvolvimento de novos materiais e processos. Disciplina: Fundição Professor: Guilherme O. Verran Auxilio no projeto do ferramental • Adequações no projeto da peça • Conhecimento das causas e das medidas corretivas quanto aos defeitos de solidificação Melhoria do processo Melhoria do produto Inovação Fundamentos da Solidificação dos Metais 9 Nucleação Surgimento da fase sólida de forma estável no seio da fase líquida, sob a forma de pequenos núcleos cristalinos. Crescimento Modo pelo qual estes núcleos crescem sob a forma de cristais ou grãos cristalinos. Como todas as transformações de fase, a solidificação se processa em duas etapas sucessivas de Nucleação e Crescimento de uma nova fase em meio à anterior. Disciplina: Fundição Professor: Guilherme O. Verran Fundamentos da Solidificação dos Metais • Ocorre sem a interferência ou contribuição energética de elementos ou agentes estranhos ao sistema metal líquido-metal sólido. Nucleação Homogênea • Formação do Núcleo é devida à ocorrência do Superesfriamento Térmico. Superesfriamento Térmico ⇒ Condição essencial para que os embriões da fase sólida possam sobreviver na forma de núcleos estáveis. Fase Líquida Superesfriada Térmicamente Fase Sólida apresenta Maior Estabilidade Termodinâmica, pois possui um valor de Energia Livre (G) menor que a fase líquida. ⇒ Disciplina: Fundição Professor: Guilherme O. Verran Solidificação_Nucelação 10 CURVAS DE RESFRIAMENTO – ANÁLISE TÉRMICA Curva de resfriamento para um Metal Puro mostrando a ocorrência de superesfriamento Disciplina: Fundição Professor: Guilherme O. Verran Solidificação_Nucelação CURVA DE RESFRIAMENTO - REGISTRO TÉRMICO DA SOLIDIFICAÇÃO tempoTempo de Solidificação Te m pe ra tu ra (0 C ) ∆T L L + S S Temperatura de Vazamento - Tv Temperatura de Nucleação - TN Temperatura de Solidificação - TS ∆T = TS – TN Superesfriamento Térmico Disciplina: Fundição Professor: Guilherme O. Verran Solidificação_Nucelação 11 Curvas de resfriamento para ligashipoeutética (2) e eutética (1) Disciplina: Fundição Professor: Guilherme O. Verran Solidificação_Nucelação Analise térmica • Vaza-se uma certa quantidade de metal em um recipiente contendo um termopar. Este termopar, acoplado a um equipamento de registro de dados, grava a evolução da temperatura da amostra durante a solidificação. As curvas descrevem o balanço térmico entre o calor que é retirado pelo molde e o calor gerado pelas transformações de fase da amostra durante a solidificação. Disciplina: Fundição Professor: Guilherme O. Verran Solidificação_Nucelação 12 Temperatura de Super-resfriamento: Início do crescimento das células eutéticas. Quanto mais alta esta temperatura, maior a nucleação do banho Temperatura de Final de Solidificação: Término da Solidificação da Amostra. Quanto mais baixa esta temperatura maior a tendência à formação de carbonetos Temperatura Liquidus Início da formação da Austenita: Quanto menor o Carbono Equivalente, mais alta é esta temperatura e maior a formação de autenita Temperatura de Recalescência: Ponto de máximo crescimento das células eutéticas Temperatura de Nucleação: Início da nucleação da grafita TEE Tempo Te m p e ra tu ra Disciplina: Fundição Professor: Guilherme O. Verran Solidificação_Nucelação Análise térmica Parâmetros a serem observados da curva de análise térmica TEE – Temperatura do Eutético Estável TNE – Temperatura de Nucleação do Eutético TSE – Temperatura de Superresfriamento do Eutético TRE – Temperatura de Recalescência do Eutético TFS – Temperatura de Superresfriamento do Eutético dT/dt – Velocidade de Recalescência (dada pela curva derivada) Disciplina: Fundição Professor: Guilherme O. Verran Solidificação_Nucelação 13 ∆ ∆ G r L T Tvol f f =− 4 3 013pi ( ) Variação de Energia Livre associada com o Volume da fase sólida em nucleação. Condição termodinamicamente favorável. NUCLEAÇÃO DO SÓLIDO ∆G rsup ( )= 4 022pi γ Variação de Energia Livre associada com a formação de uma Superfície Sólido-Líquido. Condição termodinamicamente desfavorável. ∆ ∆ G r L T T rtotal f f = − + 4 3 4 03 3 2pi pi γ ( ) Somando-se (01) e (02): Disciplina: Fundição Professor: Guilherme O. Verran Solidificação_Nucelação Quando ∆Gtotal < 0 ⇒ o Núcleo cresce espontaneamente ⇒ o Embrião atingiu o Raio Crítico e se transformou em Núcleo passando a apresentar um crescimento espontâneo. ∆G ∆Gsup ∆Gvol ∆Gtotal RaioRc Rc = Raio Crítico Núcleo = Embrião que atingiu o Rc ⇓ Tornou-se termodinamicamente estável (∆G < 0) Disciplina: Fundição Professor: Guilherme O. Verran Solidificação_Nucelação 14 • Caracteriza-se pela interferência de agentes estranhos ao sistema denominados SUBSTRATOS (energia superficial participa do jogo energético da sobrevivência do embrião na forma de núcleo estável). Nucleação Heterogênea ⇓ Condição mais favorável para a nucleação O EMBRIÃO surge na superfície do substrato sob a forma de uma CALOTA ESFÉRICA, aproveitando a energia de superfície ali disponível. Disciplina: Fundição Professor: Guilherme O. Verran Solidificação_Nucelação Formação de um núcleo heterogêneo sobre o substrato, mostrando o ângulo de molhamento e as tensões superficiais envolvidas. Nucleação Heterogênea Disciplina: Fundição Professor: Guilherme O. Verran Solidificação_Nucelação 15 Nucleação Heterogênea Casos-limite de molhamento entre o embrião e o substrato na nucleação heterogênea. Nucleação Homogênea Disciplina: Fundição Professor: Guilherme O. Verran Solidificação_Nucelação Aplicação Prática da Teoria da Nucleação Heterogênea INOCULAÇÃO E REFINO DE GRÃO Adição ou Inoculação de substratos heterogêneos com alta potência de nucleação (sob a forma de partículas finamente divididas). Os INOCULANTES (REFINADORES) são distribuídos uniformemente no seio do metal líquido por meio de um veículo volátil a eles previamente adicionado Cada partícula do NUCLEANTE atua como um SUBSTRATO LOCALIZADO para a nucleação heterogênea da fase sólida, devido ao fato de apresentar um alto índice de molhamento pelo metal líquido. Disciplina: Fundição Professor: Guilherme O. Verran Solidificação_Nucelação 16 VARIAÇÕES NA MACROESTRUTURA DE UMA LIGA AlMg EM FUNÇÃO E DO USO DE REFINADOR DE GRÃO PARA DIFERENTES TEMPERATURAS DE VAZAMENTO Tv = 8150C S/ REFINO C/ REFINO Tv =7500C Disciplina: Fundição Professor: Guilherme O. Verran Solidificação_Nucelação Aula 04.a: Fundamentos da Solidificação dos Metais – Parte 2 2. Macro e Microestruturas de Solidificação - Tipos de macroestruturas. - Influência dos parâmetros de processo e do material sobre as macroestrutura - Relações estruturas vs. Velocidade de solidificação. - Fatores que influenciam na velocidade de solidificação. Disciplina: Fundição Professor: Guilherme O. Verran Dr. Eng. Metalúrgica 1. Crescimento da fase sólida - Introdução - Mecanismos (modelos) de crescimento - Crescimento do interface plana ou solidificação progressiva - Crescimento com interface dendrítica ou solidificação extensiva - Utilização dos Diagramas de Equilíbrio no estudo da solidificação - Solidificação de metais puros e de ligas com grandes intervalos de solidificação: consequências na estrutura de solidificação 17 • O crescimento dos cristais e a solidificação dos metais líquidos é uma função direta da mobilidade atômica. • Fatores térmicos e cinéticos devem ser levados em consideração na aceleração ou inibição do crescimento de um cristal metálico. • Alguns metais como Al e Cu apresentam apenas uma estrutura cristalina (CCC), enquanto outros metais como Fe e Co podem apresentar diferentes estruturas cristalinas a diferentes temperaturas (o Fe pode ser CCC ou CFC) Crescimento da Fase Sólida Introdução Disciplina: Fundição Professor: Guilherme O. Verran Após a formação do núcleo, o mesmo tende a crescer com resultado da deposição de átomos que migram do líquido para o sólido. Mecanismos de Crescimento • Crescimento com Interface Plana(Lisa ou Facetada) ou Solidificação Progressiva • Crescimento com Interface Dendrítica (Difusa) ou Solidificação Extensiva Disciplina: Fundição Professor: Guilherme O. Verran 18 Durante o resfriamento de muitos metais(e ligas) os cristais nucleados crescem preferencialmente em certas direções fazendo com que cada cristal em crescimento assuma uma forma distinta conhecida como “Dendrita” Em cristais cúbicos os eixos preferenciais de crescimento estão nas direções (100) Disciplina: Fundição Professor: Guilherme O. Verran Representação Esquemática de 03 dendritas interconectadas Formação de grãos a partir das dendritas Durante a solidificação ⇒ metal semi-sólido Estado sólido Disciplina: Fundição Professor: Guilherme O. Verran 19 Interface Plana Interface Celular Interface Dendrítica Nucleação Independente Diferentes Tipos de Interfaces de Solidificação Disciplina: Fundição Professor: Guilherme O. Verran Efeito do incremento na taxa de resfriamento sobre a morfologia da interface S/L em um sistema orgânico transparente solidificado unidirecionalmente com G = 2,98 K/mm a = 0,2 µm/s b = 1,0 µm/s c = 3,0 µm/s d = 7,0 µm/s Gradiente de Temperatura Disciplina: Fundição Professor: Guilherme O. Verran 20 Formação de cristais equiaxiais no centro do molde durante a solidificação de uma mistura transparente cloreto de amônia-água. Disciplina: Fundição Professor: Guilherme O. Verran Líquido Sólido Modelo de Crescimento com Interface Planaou Lisa Solidificação Progressiva A Interface cresce segundo um Plano Atômico bem definido que separa as Fases Sólido (ordenada atomicamente) e Líquido (desordenada atomicamente), caracterizado por uma variação abrupta e nítida Típico de Metais Puros ou Ligas Eutéticas. Disciplina: Fundição Professor: Guilherme O. Verran 21 Modelo de Crescimento com Interface Dendrítica ou Difusa Solidificação Extensiva Metal Semi-Sólido Metal Líquido Metal Sólido A Interface de Crescimento não apresenta uma separação bem definida entre as Fases Sólido e Líquido ocorrendo a formação de uma região intermediária formada pela mistura de fases sólida e líquida (metal semi-sólido). Modelo de Crescimento característico de Ligas que solidificam sob um intervalo de temperaturas ( ∆T = TL – TS ⇒ Intervalo de Solidificação) Disciplina: Fundição Professor: Guilherme O. Verran MICROESTRUTURAS DE SOLIDIFICAÇÃO As microestruturas formadas na solidificação de ligas metálicas, especialmente o tamanho médio dos grãos, estão diretamente relacionadas com a velocidade de solidificação. A velocidade de solidificação, por sua vez, depende do processo de fundição utilizado e de características das pecas. FATORES QUE INFLUENCIAM NA VELOCIDADE DE SOLIDIFICAÇÃO: • Tipo de molde (material de moldagem) : areia x metal. • Dinâmica do Processo: gravidade x pressão. • Geometria da Peca: paredes grossas x paredes finas. Disciplina: Fundição Professor: Guilherme O. Verran 22 Velocidade de Resfriamento Tamanho dos Grãos Areia Coquilha Sob Pressão Disciplina: Fundição Professor: Guilherme O. Verran
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