Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DIREITO ADMINISTRATIVO I ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: É a faceta organizacional do Estado voltada para o atendimento das necessidades coletivas, no desempenho da sua função administrativa. A expressão pode ser compreendida em dois sentidos: 1-Administração Pública em sentido formal/subjetivo (grafado com maiúscula): estrutura administrativa. Vamos estudar as Entidades, os Órgãos e os Agentes Públicos. 2- administração pública em sentido material/objetivo (grafado com minúscula): função administrativa. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM SENTIDO MATERIAL OBJETIVO: (minúscula) CARACTERÍSTICAS: 1ª Atividade concreta para a realização dos fins do Estado; 2ª Satisfação direta da vontade do Estado; 3ª Atividade que se submete ao regime jurídico administrativo. ATIVIDADES: 1º Servidor público: toda atividade que a Administração Pública direta ou indiretamente presta para satisfazer as necessidades coletivas, sob o regime predominantemente público; 2º Polícia Administrativa: toda atividade de execução das chamadas limitações administrativa (restringir a liberdade individual em prol do interesse coletivo) (ARTIGO 78 DO CTN); 3º Fomento: incentivo a iniciativa privada de utilidade pública (subvenções, favores fiscais, financiamentos em condições especiais); 4º Intervenção do Estado na Economia: compreende a fiscalização e a regulamentação da atividade econômica de natureza privada bem como a atuação direta do Estado no domínio Econômico. Parte da doutrina não considera esta atividade como função administrativa autônoma, pois entende que a primeira parte (regulamentação e fiscalização) estaria abrangida pelo Poder de Polícia e na segunda parte (atuação direta no domínio econômico) o Estado agiria como particular. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM SENTIDO FORMAL SUBJETIVO: A administração pública se organiza em: - Administração Pública Direta; - Administração Pública Indireta. ENTIDADES ÓRGÃOS: centro de competência Pessoa Jurídica Sociedade de Economia Ex.: União AGENTES PÚBLICOS AUTARQUIAS Mista LEI FUND. PÚBLICAS S.E.M EMPRESAS PÚBLICAS ADM DIRETA ADM INDIRETA DESCONCENTRAÇÃO: DESCENTRALIZAÇÃO: -Se organiza internamente. -Criam um outro centro. -A relação entre os órgãos é hierárquica -Criam uma nova Pessoa Jurídica. -Por ser uma relação hierárquica ela se -A relação com a Adm. Direta é presume. de tutela, controle e supervisão ministerial. -Não se presume, tem que estar expressa na lei. ENTIDADES: ENTIDADES ESTATAIS: - Compõem a administração direta; - São Pessoas Jurídicas de Direito Público; (são regidas pelo direito público) - Caráter político e administrativo; Ex.: UNIÃO, ESTADOS, MUNICÍPIOS e o DISTRITO FEDERAL. ENTIDADES AUTÁRQUICAS: - Compõem a administração indireta; - São Pessoas Jurídicas de Direito Público; - Tem por finalidade realizar atividade típica do Estado. - É chamada pela doutrina de “LONGA MANUS” do Estado; - Tem caráter apenas administrativo; - Se submetem ao controle, tutela ou supervisão ministerial da administração direta - Existe para realizar aquela finalidade; - Vai se submeter ao controle, tutela ou supervisão ministerial. Ex.: BANCO CENTRAL, INSS, UFF. ENTIDADES FUNDACIONAIS: - Integram a administração indireta; - Tem por finalidade realizar atividade atípica sem fins lucrativos, normalmente ligados a saúde, educação e cultura; - Tem caráter administrativo; - Se submetem ao controle, tutela ou supervisão ministerial da administração direta; - Podem ser Pessoas Jurídicas tanto de Direito Público (fundações autárquicas ou autarquias fundacionais) ou Pessoas Jurídicas de Direito Privado; Ex.: TEATRO MUNICIPAL, FUNDAÇÃO OSVALDO CRUZ, FUNDAÇÃO MUNICIPAL DE SAÚDE (Niterói), normalmente museus e teatros são fundações. ENTIDADES EMPRESARIAIS: - Compõem a administração indireta; - Possuem caráter administrativo; - Se submetem ao controle, tutela ou supervisão ministerial; - São Pessoas Jurídicas de Direito Privado; (regidas pelo direito privado) - Tem como finalidade ou explorar atividade econômica ou prestar serviço público; - São as chamadas entidades empresariais: Empresa Pública ou Sociedade de Economia Mista; Ex.: PETROBRÁS – S.E.M. que explora a atividade econômica; BANCO DO BRASIL – S. E. M. que explora a atividade econômica; CEDAE – S.E.M. que presta serviço público; CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – E.P. que explora a atividade econômica; EMPRESA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS (ECT) – E.P. que presta serviço público. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA: Tenho tanto o capital público quanto o capital privado, a única exigência é que o controle acionário esteja na mão do capital público; A S.E.M. sempre vai ser uma Sociedade Anônima (S.A.); Art. 109, I, as ações das S.E.M. Federais serão julgadas na Justiça Comum. Súmula 42, STF. EMPRESA PÚBLICA: O capital é 100% público; Pode adquirir qualquer forma societária. Poder ser S.A.; LTDA ou qualquer outra. As ações de Empresas Públicas Federais serão julgadas na Justiça Federal. ENTIDADES PARAESTATAIS ou ENTES DE COLABORAÇÃO: - Não compõem a administração pública, apenas auxiliam (colaboram com a administração pública direta e indireta); - São Pessoas Jurídicas de Direito Privado sem fins lucrativos, que por prestarem serviços de utilidade pública recebem certos benefícios do Estado; - A sociedade civil realizando algo que é do interesse do Estado; Ex.: SERVIÇOS SOCIAIS AUTÔNOMOS (Grupo S) - SENAC, SESC, SENAI ORGANIZAÇÕES SOCIAIS: Lei 9.637/1998 - ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE PÚBLICO (OSCIP) Lei 9790/90 ÓRGÃO: Conceito: os órgãos são centros de competência, despersonalizados (não possuem personalidade jurídica), instituídos para o desempenho da função estatal através dos seus agentes, cuja atuação é imputada à pessoa jurídica a que pertencem. Art. 1º, §2º, I da Lei 9.784/1999. Conceito de órgão: unidade de atuação integrante da estrutura da Administração direta e da estrutura da Administração indireta. - Não é sujeito de direitos e deveres; HISTÓRICO: 1ª TEORIA DO MANDATO: tentavam explicar os órgãos como sendo representantes do Estado. Representação dos Mandatários – caiu em desuso, pois não se sabia quem veio primeiro, quem passou o mandato para o órgão antes. 2ª TEORIA DA REPRESENTAÇÃO: trabalhava com uma a ideia para explicar a existência dos órgãos através da representação legal. Sofria críticas, pois a representação do Código Civil pressupõe a incapacidade da parte representada. Parte do pressuposto que o Estado é incapaz. 3ª TEORIA DO ÓRGÃO (OTTO GIERKE): trabalhou com ideia de imputação objetiva (imputaçãovolitiva), o órgão existe só que seus atos são imputados a Pessoa Jurídica ao qual ele pertença (ao Estado). A lei imputa ao Estado (Lei 9.784/1999), independente de representação ou mandato. CAPACIDADE PROCESSUAL: Art.70 do CPC: Toda pessoa que se encontre no exercício dos seus direitos tem capacidade para entrar em juízo. A regra é que o órgão NÃO tem capacidade processual. EXCEÇÕES: 1ª Código de Defesa do Consumidor: órgão de defesa do consumidor para propor ação coletiva em defesa do consumidor. (Art. 82, III, CDC); 2ª Jurisprudência Atribui capacidade processual para os órgãos de poder na defesa das suas prerrogativas institucionais. Obs: Súmula 421 do STJ – Honorários devidos pelo Estado para a Defensoria Pública (confusão). CLASSIFICAÇÃO: 1ª QUANTO A PESSOA FEDERATIVA: - Órgãos Federais; - Órgãos Estaduais; - Órgãos Distritais; - Órgãos Municipais; 2ª QUANTO A POSIÇÃO ESTATAL: - Órgãos Independentes: * Têm caráter político; * Têm origem na Constituição Federal; * Não sofrem nenhum tipo de subordinação hierárquica; * São representativos dos poderes do Estado; Ex.: Presidência da República, STF, STJ, Congresso Nacional (Senado e Câmara dos Deputados). No âmbito estatal: Governo do Estado, Tribunal de Justiça, Prefeito, Câmara dos Vereadores. - Órgãos Autônomos: * Estão localizados na cúpula da Administração Pública sofrendo apenas subordinação direta aos órgãos independentes; * Possuem autonomia financeira, administrativa e técnica; Ex.: Ministérios, Secretarias de Estado, Advocacia Geral da União. - Órgãos Superiores: * Detem poder de direção, este ligado ao planejamento técnico da sua área de competência; * São subordinados aos órgãos autônomos e consequentemente aos órgãos independentes * Não possuem autonomia financeira, nem administrativa; Ex.: Coordenadorias, Gabinetes, Secretarias Gerais. - Órgãos Subalternos: * Possuem reduzido poder decisório com predominância de atribuições de execução; * São responsáveis pela função rotineira de execução das coisas da administração pública (processo administrativo, dar andamento); Ex.: Portarias, Protocolos, Seções de Expedientes. 3ª QUANTO A ESTRUTURA: - O Órgão pode ser Simples ou Composto: Simples: o órgão simples é constituído por apenas um centro de competência, não importa que existam vários agentes ou cargos, a decisão desses órgãos partem sempre de um centro único. Não possuem outros órgãos subordinados na sua estrutura. Ex: protocolo, almoxarifado, entre outros. Composto: o órgão composto é estruturado por vários órgãos menores com função principal idêntica. Decorre de uma desconcentração de suas atividades par outros órgãos subordinados hierarquicamente. Ex.: Secretaria de Educação – ligadas a ela várias escolas estaduais ou municipais com função idêntica de levar educação à população. 4ª QUANTO A ATUAÇÃO FUNCIONAL: - O órgão pode ser singular ou colegiado: Singular: atua e decide através de um único agente. Ex.: Presidência da República, apesar de contar com vários agentes, quem decide é ele. Colegiado: atuam e decidem pela vontade da maioria dos seus membros. Ex.: Conselho de Contribuintes e Câmara Cível. Obs: Apesar da decisão principal do órgão partir da vontade da maioria, alguns atos administrativos partem do seu presidente. AGENTES PÚBLICOS: Classificação do Professor Helly Lopes Meirelles: AGENTES POLÍTICOS; AGENTE ADMINISTRATIVO; AGENTE HONORÍFICO AGENTES DELEGADOS AGENTES CREDENCIADOS AGENTE POLÍTICO: (DOUTRINA MODERNA - AGENTE POLÍTICO) - Tem origem na Constituição Federal; - Ele é representante de poder; - Exercem a sua função com liberdade, dentro das suas prerrogativas e responsabilidades próprias prevista na Constituição ou em leis especiais; - Exercem função política e administrativa. Ex.: Governador, Presidente, Deputado, Senador; Juiz, Promotor, Defensor. OBS: Em relação, ao Juiz e ao Promotor de Justiça a doutrina moderna não os considera agentes políticos e acrescentam como característica aos agentes políticos o fato de terem sido eleitos, possuírem mandato fixo, além da sua função política. Investido através de eleição, o que não ocorre com o Juiz e o Promotor de Justiça. Entendem que Agente Político tem que ser eleito e possui mandato fixo, colocando-os assim como Servidores Público de Estatuto Especial. O STF entende que os Juízes e Promotores de Justiça são agentes políticos (RE 228977-2), mas entendem que os membros do Tribunal de Contas não são agentes políticos (RCL 6702) quando mandou aplicar a eles a Súmula Vinculante nº 13 (nepotismo). AGENTE ADMINISTRATIVO: (DOUTRINA MODERNA – SERVIDOR PÙBLICO) - São aqueles que mantêm relação de trabalho em regra permanente, com a Administração Pública. SERVIDOR PÚBLICO: CLASSIFICAÇÃO: 1ª Quanto à lei que rege esse servidor: -Servidor de Estatuto Geral: cai no regime geral dos servidores público; -Servidor de Estatuto Especial: tem leis próprias, estatuto próprio com prerrogativas próprias. 2ª Quanto ao vínculo: O servidor público pode ser: - Estatutário: a relação de trabalho com a Administração Pública é regida pela Lei (Lei 8.112/90- Estatuto Geral do Servidor Público federal). *Possui estabilidade, dignifica que depois de três anos de efetivo exercício, ele só perde o cargo nos casos do art. 41 da CRFB/88 e também no caso do art. 169, §4º, CRFB/88 Art.41 – Sentença judicial transitado e julgado; Processo administrativo disciplinar; Avaliação periódica de desempenho. Art. 169, §4º - ultrapasse o limite do orçamento com gestão pessoal. * Tem previdência estatutária (Não cai no regime geral de previdência - INSS) * Ocupa cargo público e é chamado de servidor público stricto sensu ou funcionário público. * Ingresso no cargo através de concurso público. - Celetista: a relação de trabalho é regida pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e pelo contrato de trabalho; * Não possui estabilidade, mas possui fundo de garantia por tempo de serviço (FGTS); * Celetista cai no regime geral da previdência, recebe pelo INSS; * Tem emprego público e é chamado de empregado público; * Ingresso no cargo através de concurso público. - Contratação por prazo determinado: a relação de trabalho com a Administração Pública é regida pela Lei Federal 8.745/93 – trata do vínculo temporário. Possui tempo certo para terminar. Art. 37, IX, da Lei 8.745/93 * a contratação temporária é só para questões de excepcional interesse público; * depende de processo seletivo, não precisa de concurso público, sendo dispensado o processo seletivo em caso de calamidade. AGENTES HONORÍFICOS:(DOUTRINA MODERNA – PARTICULAR EM COLABORAÇÃO) - São cidadãos convocados para prestar temporariamente determinado múnus público em razão da sua condição cívica, da sua honorabilidade ou de sua notória capacidade profissional. - Normalmente não tem remuneração; - Ex.: Jurado, Mesário. AGENTES DELEGADOS:(DOUTRINA MODERNA – PARTICULAR EM COLABORAÇÃO) - São particulares que recebem a incumbência de realizar determinado serviço público em nome próprio e por sua conta e risco. Ex: delegatários de Serviço Público: AGENTES CREDENCIADOS: (SÓ P/ HELLY) - São aqueles particulares que recebem a incumbência de representar a administração pública em determinado ato ou em determinada prática, normalmente mediante remuneração. Ex.: médicos privados que atuam em convênio com o SUS. AGENTES DE FATO: - Não possuem vínculo com a Administração Pública, mas em situação excepcional ele exerce uma função pública. Teoria da Aparência. Dividido em: * Agente Necessário: é aquele que exerce a função pública em situação de emergência. Normalmente a administração pública ratifica os atos desse agente. Ex.: Exercer a função de guarda de trânsito em um momento excepcional. * Agente Putativo: é aquele que para terceiros de boa-fé exerce função pública como se fosse um agente público. Está se passando por um agente público.A Administração Pública não reconhece os atos do agente putativo, mas a jurisprudência resguarda o direito de terceiros de boa-fé.
Compartilhar