Buscar

Avaliação Psicofarmacologia Analise do filme bicho de 7 cabeças

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
CURSO DE PSICOLOGIA
DISCIPLINA: PSICOFARMACOLOGIA
FRANCISCO DE ASSIS SILVA LIMA
GABRIELLE DE OLIVEIRA FREITAS
JOSANE SILVA LIMA
YASMIN COSTA BARROS RIBEIRO
ANÁLISE DO FILME BICHO DE SETE CABEÇAS
São Luís
2017
FRANCISCO DE ASSIS SILVA LIMA
GABRIELLE DE OLIVEIRA FREITAS
JOSANE SILVA LIMA
YASMIN COSTA BARROS RIBEIRO
ANÁLISE DO FILME BICHO DE SETE CABEÇAS
Análise apresentada como requisito para obtenção de nota referente à disciplina Psicofarmacologia, ministrada pela professora Maria Luiza Cruz no 2º semestre de 2017 do Curso de Psicologia da Universidade Federal do Maranhão.
São Luís
2017
ANÁLISE DO FILME BICHO DE SETE CABEÇAS
Direção: Laís Bodanzky.
Filme/ano: Bicho de Sete Cabeças, 2000.
Elenco Principal: Rodrigo Santoro (Neto); Othon Bastos (Sr. Wilson); Cássia Kis (Meire, mãe de Neto); Daniela Nefussi (irmã de Neto).
Sinopse: O relacionamento entre Wilson e seu filho Neto está cada vez pior. A situação entre os dois chega ao seu limite, até que o pai decide internar o filho em um manicômio, onde o rapaz enfrenta condições terríveis de tratamento.
Palavras-chave: Análise de Filme; Bicho de Sete Cabeças; Manicômio;
PERGUNTAS
1. Qual o contexto social de inserção do relato?
O relato/filme se dá em um período de intensidade da atuação de manicômios, que serviam não apenas para pacientes depressivos ou ansiosos, por exemplo, mas para todo aquele que desviasse seu comportamento do que se considerava padronizado ou modelo social. Neste aspecto, qualquer desvio de conduta era passível de internação, já que a luta anti-manicomial, na época, ainda estava em efervescência, e tais instituições recebiam prostitutas, viciados e até pessoas estressadas. Essa forma de atuação da sociedade ganhava força com o discurso médico-psiquiátrico, uma vez que a crença na medicina sustentava todo comportamento de "limpeza" social contra os que não se encaixavam em padrões de saúde do momento discutido; especialmente, por se ter como técnicas à época, apoiadas na ciência, utilizações do considerado eficaz eletrochoque.
2. O que leva os profissionais a prescreverem medicamentos que inutilizam os doentes?
O interesse pela utilização destes tipos de medicamentos, observado no filme, era garantir um maior controle e poder sobre os pacientes, levando-os a um estado de sedação, em que comportamentos, por exemplo, de agressividade ficariam praticamente inviáveis. A chefia médica orientava os enfermeiros a fazerem isso pela necessidade de mantê-los na instituição, a fim de que o contingente de pacientes fosse mantido e não perdessem o repasse de verbas por parte do Governo, que possivelmente seriam desviadas para outros fins.
3. Se a situação ocorresse nos dias atuais, quais poderiam ser os medicamentos prescritos, com base no binômio risco/benefício?
A partir do exposto no filme, em que o protagonista Neto costumava usar maconha em alguns momentos de descontração ou estresse, considera-se interessante em uma situação como essa na atualidade fazer uso de medicamentos benzodiazepínicos. Isso porque o Neto, principalmente após sair do manicômio, entrou em estado de estresse profundo, situação em que a pessoa pode receber prescrição de calmantes que atenuem o estresse; além da fissura por ele apresentada no período de abstinência e vontade de usar a droga, também evitando possíveis convulsões. 
Um medicamento que costuma ser utilizado nesse tipo de situação, considerando o risco-benefício, é o Diazepam, que funciona como calmante, um ansiolítico, que inibe o sistema límbico (AZEVEDO et al, 2016); ideal para o que se passa no filme. Obviamente, seria interessante a interação com a psicoterapia, o que, talvez, pudesse até descartar a necessidade de utilização de psicofármacos.
4. Como analisar a relação de/entre risco-benefício no contexto desse filme?
Com base no observado no filme, pode-se depreender que o tratamento oferecido pelos hospitais psiquiátricos apresentados proporcionava muito mais perdas que ganhos aos seus pacientes. 
A começar pelo ambiente, isento de atividades distrativas ou estimulantes de funções motoras ou cognitivas - em que não se pensava alternativas outras de tratamento, como a Arteterapia, a Terapia Assistida por animais, a Psicoterapia etc., - que estimulava a regressão dos pacientes; a elevada dosagem dos medicamentos - de modo que a letargia, a avolia, a anedonia e as alucinações se tornaram uma constante - gerando um quadro de dependência e, portanto, sujeito a crises de abstinência; a eletroconvulsoterapia, à época, ainda não desenvolvida como método terapêutico, sem o uso de anestesia e, portanto, agressivo, funcionava como punição aos pacientes com mau comportamento, instalando um repertório comportamental de medo, retração e, por vezes, em reação, agressividade. 
A despeito do ganho de peso e da extinção dos comportamentos indesejados, no caso, o uso da maconha e do álcool, entende-se que a falta de respeito com a individualidade humana notada no espaço manicomial em que não se via sinais de humanização, desenvolveu muito mais padrões patológicos do que os que se propôs a tratar, pois o contato com a radical alteridade (LEVINAS, 2000 apud JUNIOR, 2008) do paciente, em lugar de proporcionar transformação e aumentar possibilidades de atuação profissional, fora excluído pelos métodos e filosofias de tratamento vigentes.	 
5. Fale sobre os momentos em que fica clara a sobredose medicamentosa e como isso se manifesta?
Cabe destacar, primeiramente, que durante o enredo da obra cinematográfica não foi realizado nenhum tipo de exame, consulta, escuta, nem foram verificadas as condições de saúde do personagem protagonista antes de medicá-lo (os nomes dos medicamentos não foram citados). 
Após ingerir diversas doses inadequadas de medicamentos, houve momentos nos quais o protagonista movia-se com dificuldade, como se houvesse um peso sobre suas costas, aparentando estar entrando em um estado catatônico, perdendo o controle do próprio corpo e, às vezes, tendo alucinações auditivas com diversas falas do pai. Ele passou também a apresentar um comportamento como de “zumbi”, com olhar fixo e movimentos lentos, e isso se deu, tanto pelo estado de exaustão mental e física por tentar livrar-se daquela situação de sofrimento, quanto pelos efeitos das altas doses de medicamentos, possivelmente sedativos, hipnóticos e antipsicóticos.
6. Como analisar a questão dos direitos humanos e sua relação com o tratamento desse protagonista da história?
O protagonista da obra teve alguns de seus direitos garantidos pela Declaração Universal dos Direitos humanos gravemente feridos, dentre eles, pode-se citar os artigos:
Artigo 2°
Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, [...] de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação.
Artigo 3°
Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
Artigo 5°
Ninguém será submetido a tortura nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes
Artigo 25°
1.Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar [...] o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda quanto aos serviços sociais necessários [...].	
Pode-se perceber o quanto tais artigos foram desrespeitados desde o momento da internação do paciente feita sem seu consentimento, até o tratamento iniciado na sem um exame e diagnóstico cautelosos, como que, enquanto sob o rótulo usuário de maconha, Neto estivesse ausente da possibilidade de evocar seus direitos. Aqui, a retirada da droga foi feita como se a abstinência fosse uma meta absoluta e não uma possível, ferindo o direito de escolha do paciente e desconsiderando o fato de que nem todas as experiências com drogas são danosas e, ainda nesses casos, nemtodos que têm relações danosas com as drogas desejam parar de usá-las (SOUZA & CARAVALHO, 2012).
O ambiente sujo, com pouco espaço, ausente de profissionais suficientes para higienização do mesmo e dos pacientes poderia se constituir patologizante, fora a deficiência de escuta dos cuidadores e de tratamento psicoterápico. Mesmo os tratamentos ditos medicamentosos eram fortemente agressivos, como o eletrochoque sem o uso de relaxantes musculares e sem o consentimento de quem o recebia, bem como o uso da injeção de Haloperidol, que, ao contrair incisivamente os músculos, causava dor significativa; somado a isto, pode-se citar uma espécie de jaula na qual os indivíduos com mal comportamento eram lançados – ambos constituindo-se como tortura e tratamento cruel, ferindo a liberdade do interno de aceita-los ou não.
7. Qual a conduta adotada na atualidade para o tratamento da esquizofrenia, considerando as diretrizes governamentais e das sociedades de medicina e de psicologia?
Segundo Shirakawa (2000), existem várias abordagens terapêuticas do paciente esquizofrênico, o qual, na maioria dos casos, tem indicação de um tratamento multidisciplinar, envolvendo o acompanhamento médico (incluindo o uso de fármacos), a psicoterapia, a terapia ocupacional (individual ou em grupos) e orientação familiar. Se a sintomatologia psicótica permanecer sem tratamento por longos períodos, o prognóstico do tratamento é menos favorável. Assim, é vital o reconhecimento precoce dos sinais da esquizofrenia para que se possa procurar uma ajuda rápida.
Num primeiro episódio agudo, o tratamento farmacológico deve ser introduzido com cautela pelo maior risco de desenvolvimento de sintomas extrapiramidais (SEP). Recomenda-se a introdução da medicação antipsicótica em baixas doses, seguida de ajuste gradual, sempre com cuidadosa explicação a respeito dos benefícios e dos efeitos colaterais da medicação (FALKAI et al, 2006). As intervenções psicossociais nesta fase objetivam atenuar relações, situações e eventos estressantes ou superestimulantes e tranqüilizar o paciente por meio da comunicação e do estabelecimento de expectativas simples, claras e coerentes (SHIRAKAWA, 2000).
De acordo com a Portaria nº 364, de 9 de abril de 2013, que aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para tratamento da Esquizofrenia (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013), todos os antipsicóticos (como Risperidona, Quetiapina, Ziprasidona e Olanzapina), com exceção de clozapina, podem ser utilizados no tratamento, sem ordem de preferência, dos pacientes com diagnóstico de esquizofrenia que preencham os critérios de inclusão da Classificação de transtornos mentais e de comportamento da CID-10. A clozapina é considerada superior para pacientes não responsivos a outros antipsicóticos (127-133) e sua indicação permanece para esses casos. Devem ser feitos devem ser feitos com um medicamento de cada vez (monoterapia), e em caso de falha com o uso de qualquer desses fármacos por pelo menos 6 semanas, uma segunda tentativa com algum outro antipsicótico deverá ser feita. Ainda segundo o Protocolo, o tratamento da esquizofrenia não tem tempo determinado. O período de reavaliação é de 6 meses, ocasião em que o médico avaliará a efetividade e a segurança do tratamento.
A esquizofrenia requer tratamento para toda vida. O uso de medicamentos aliado terapias psicossociais são imprescindíveis para voltar a organizar a vida do paciente e ajudam na melhora dos sintomas do transtorno. Instituições como os centros de atenção psicossocial (CAPS) ou os núcleos de atenção psicossocial (NAPS), centros de convivência e algumas associações de portadores e familiares estão organizados para para que eles possam ser integrados na sociedade e dar apoio aos familiares que convivem com esses pacientes (SILVA et al, 2016). A abordagem psicossocial ajuda a reforçar a adesão ao plano de tratamento, a reconhecer precocemente as recaídas, promover as mudanças no tratamento e identificar fatores que precipitam ou perpetuam os surtos, além de recuperar e promover a auto-estima, a auto-imagem e a autoconfiança, proporcionando contínuo progresso.
8. Os limites entre a sanidade e a loucura são regulados por mecanismos vários, entre eles o tempo (a época), o espaço (o país, a região, a cidade, etc.), os hábitos, os fatores sociais, políticos, culturais, religiosos e até mesmo ambientais. Os padrões de normalidade mudam, assim, de uma cultura para outra e de tempos em tempos. Discuta sobre a importância desses fatores na vida de um grupo social e na vida dos indivíduos e sobre como eles podem influir positiva ou negativamente na estrutura das sociedades e dos sujeitos pertencentes a ela.
De acordo com Lévinas (1991 apud COELHO JUNIOR, 2008), toda experiência de alteridade no contato com um outro será traumática, no sentido de se deparar com o que foge da adaptação plena, da impossibilidade de adequação, demonstrado pelo interesse pela diferença na dificuldade em reconhecer o outro como um ser igual a si. A separação entre a normalidade e a anormalidade, então, foi o que possibilitou a construção do espaço para o patológico, comumente denominado loucura, significação esta que se insere ao longo dos tempos de diferentes maneiras nas sociedades. 
Dalgalarrondo (2008) disserta que a questão da delimitação de normalidade é controversa, por conta disso adotam-se diversos “critérios de normalidade”. Dentre eles, define o de normalidade como ausência de doença (um indivíduo que não é portador de nenhum transtorno, ou seja, definindo a normalidade pelo lado negativo), como um ideal (uma normalidade mais utópica, socialmente construída, baseada nas normas morais e políticas de cada sociedade), como estatística (normal como aquilo que se observa com mais frequências), etc. Ainda há muita discussão sobre o valor do diagnóstico psiquiátrico, que diz-se, somente serviria para rotular pessoas “diferentes”, dando poder ao controle médico e social, possibilitando a exclusão de pessoas “opositoras” (DALGALARRONDO, 2008).
Tal conceito pode variar desde o que não é produtivo, numa sociedade que vê o trabalhador como um objeto que precisa estar em perfeita condição, ao que, de fato, é patológico. Essa norma é construída e confirmada pelo contexto social, dependendo, exclusivamente, de critérios socioculturais e ideológicos arbitrários, interferindo em todos os indivíduos, em maior ou menor escala. O que é normal é mais facilmente aceito e muitas vezes passa por cima do julgamento consciente individual. 
Essas normas regem a vida em sociedade, podendo influenciar negativamente à medida que o sujeito se afasta de sua essência, abrindo mão de ser quem realmente é por não se encaixar aos moldes propostos, para ser simplesmente aceito e parte integrante de um meio social “normal”. Além disso, podem enfrentar limitações no acesso a possibilidades sociais e profissionais, encarar dificuldades para superar as condições sociais de origem, muitas vezes, permeadas por conceitos de improdutivo e de incapaz relacionados ao sujeito com algum tipo de deficiência/transtorno.
Estes padrões se metamorfoseiam e podem ser desenvolvidos conscientemente, ou seja, são manipuláveis. O padrão de normalidade com a chegada das mídias modernas (especialmente, TV e internet) e a globalização, tomam proporções planetárias. Porém, nem sempre o que é considerado “normal” é correto, moral, ético ou mesmo o melhor para o indivíduo ou para a sociedade, portanto, se este padrão de normalidade é aceito sem uma ponderação consciente, torna-se patologizante em potencial.
Percebe-se que existe uma fronteira tênue entre o normal e o patológico, sanidade e loucura, nos mais diversos campos de estudo. A busca por um padrão é incessante, e essa fronteira ainda está longe de ser completamente delimitada pois serve não só às questões sociais, culturais e políticas, serve também à interesses privados, que estão longe de querer uma solução definitiva.
9. A tomada de decisão nas instituições psiquiátricas é apenas responsabilidade da equipe de saúde?Mesmo sendo transferido para o hospital, o paciente não deveria ser escutado?
Não, esta tomada de decisão acerca da internação de algum paciente em instituições psiquiátricas depende de indicação médica, por meio de um laudo psiquiátrico, cujo resultado se dá de acordo com a condição em que se encontra o paciente, mas também, pode ser uma escolha voluntária do próprio paciente, ou da sua família.
As internações podem ser: (1) voluntária (paciente expressa sua intenção e necessidade de tratamento – o que evidencia sua capacidade preservada de julgamento), (2) involuntária (quando por qualquer motivo o paciente não está em condição de se auto determinar em consequência de estados alterados das suas funções mentais, impedindo-o de exercer sua capacidade de percepção da realidade e a partir desta decidir a seu favor de forma adequada. Nestes casos familiares se tornam os “responsáveis” pelo indivíduo), ou (3) compulsória (sociedade determina a reclusão para fins de tratamento contra a vontade do indivíduo e em princípio no sentido de sua preservação ou do seu meio – neste caso a sociedade é representada pelo poder judiciário – Ministério Público –, com o suporte do conhecimento médico) (UNIICA, 2016). 
É certo que o paciente deve ser escutado e ter sua condição compreendida, para que, deste modo, situações como a exposta no filme sejam evitadas. Situação na qual as experiências, a história e o período da vida (adolescência) do paciente foram desconsiderados, sendo consideradas apenas as suposições de seu pai – com o qual tinha uma relação de pouquíssimo diálogo –, comprometendo toda a vida de um jovem de apenas 17 anos cuja saúde mental poderia ser considerada “normal” anteriormente às internações.
Atualmente, a internação psiquiátrica é apenas necessária no tratamento de algum estado de doença mental que ameace o bem-estar do indivíduo, das pessoas ao seu redor, ou de ambos (UNIICA, 2016).
Quanto à tomada de decisão em relação à utilização de medicamentos e outras técnicas terapêuticas, dependendo da condição psíquica do sujeito, ele ou a família tem o direito de aderir ou não ao tratamento da forma como o médico apresentar a ele, assumindo as responsabilidades e riscos que esta decisão traz consigo. É fundamental que o psiquiatra explique ao paciente e aos familiares acerca do transtorno identificado – caso não haja um conhecimento prévio –, dos medicamentos indicados para o tratamento, da dosagem, de outras terapêuticas concomitantes à medicamentosa, a fim de que haja uma maior chance de adesão, e uma relação saudável entre o profissional da saúde e o paciente (CARDOSO & GALERA, 2009).
10. O tratamento e o tipo de medicação não eram explicados de forma clara aos pacientes naquela instituição. Essa situação pode ser considerada um problema para o paciente? Por quê?
É fundamental que a pessoa tenha clareza do tratamento que vai receber, pois o paciente psiquiátrico é um ser humano, que precisa de autonomia respeitada, principalmente no caso do protagonista Neto, que estava pleno de sua consciência. Por outro lado, quando dosagens e medicamentos fortes são aplicados sem conhecimento ou exame clínico no paciente, efeitos colaterais podem ocorrer, como catatonia e delírios persecutórios, ocasionando, inclusive, pioras nos casos clínicos.
REFERÊNCIAS
AZEVEDO, A. J. P; ARAUJO, A. A.; FERREIRA, M. A. F. Consumo de ansiolíticos benzodiazepínicos: uma correlação entre dados do SNGPC e indicadores sociodemográficos nas capitais brasileiras. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 83-90, Jan 2016. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232016000100083&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 27 dez 2017.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas 2. ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: < http://portalarquivos.saude.gov.br/campanhas/2014/Protocolos_clinicos/publication.pdf> Acesso em: 27 dez 2017.
CARDOSO, L.; GALERA, S. A. F. Doentes mentais e seu perfil de adesão ao tratamento psicofarmacológico. Rev Esc Enferm USP. v. 43. n. 1. 2009. p. 161-167.
COELHO JUNIOR, N. Da fenomenologia à ética como filosofia primeira: notas sobre a noção de alteridade no pensamento de E. Lévinas. Estud. pesqui. psicol., Rio de Janeiro, v. 8, n. 2, ago. 2008. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812008000200007&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 27 dez 2017.
DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 2. ed. Porto Alegre; Artmed, 2008.
ELETROCHOQUE/ ELETROCONVULSOTERAPIA. Disponível em:
< https://drauziovarella.com.br/entrevistas-2/eletrochoque-eletroconvulsoterapia/>. Acesso em: 29. dez. 2017.
FALKAI, Peter et al. Diretrizes da Federação Mundial das Sociedades de Psiquiatria Biológica para o tratamento biológico da esquizofrenia. Parte 1: tratamento agudo. Rev. psiquiatr. clín., São Paulo, v. 33, supl. 1, p. 7-64, 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832006000700004&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 27 dez 2017.
JÚNIOR, N. C. Da Fenomenologia à ética como filosofia primeira: notas sobre a noção de alteridade no pensamento de E. Levinás. Estudos e Pesquisas em Psicologia, Rio de Janeiro, n. 2. p. 213-223, 2008.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração Universal dos Direitos Humanos, 1984.
SHIRAKAWA, I. Aspectos gerais do manejo do tratamento de pacientes com esquizofrenia. Rev. Bras. Psiquiatr. São Paulo, vol.22, s.1, p. 56-58, mai 2000. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462000000500019> Acesso em: 27 dez 2017.
SILVA, A. M.; SANTOS, C. A.; MIRON, F. M.; MIGUEL, N. P.; FURTADO, C. C.; BELLEMO, A. I. S. Esquizofrenia: Uma Revisão Bibliográfica. Revista UNILUS Ensino e Pesquisa, v. 13, n. 30, p. 18-25, jan./mar. 2016
SOUZA, T. P.; CARVALHO, R. S. Reduzindo danos e ampliando a clínica: desafios para a garantia do acesso universal e confrontos com a internação compulsória. Polis e Psique, Campinas, v.2, p. 37-58, 2012. 
UNICA – Unidade Intermediária de Crise e Apoio à Vida. Como, quando e por que internar o paciente psiquiátrico. 12 mai 2016. Disponível em:<http://uniica.com.br/artigo/como-quando-e-por-que-internar-o-paciente-psiquiatrico/>. Acesso em: 28 dez 2017.

Outros materiais