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CADERNÃO_Direito Penal I

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DIREITO PENAL I 1 
INTRODUÇÃO 
 
1. Conceito de Direito Penal: é o conjunto de normas que tem por objeto a cominação de infrações 
penais e suas respectivas sanções. 
2. Classificação doutrinária: 
a. Direito Penal Objetivo e Subjetivo 
i. Objetivo: são as próprias normas penais em vigor no país. Exemplo: Código Penal 
e Leis Penais Extravagantes 
ii. Subjetivo: é o direito de punir incumbido ao Estado. 
1. Positivo: o Estado possui a capacidade de criar e executar as normas 
penais. 
2. Negativo: o STF, através da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), 
tem a competência de interpretar e restringir alguns preceitos legais. 
b. Direito Penal Comum e Especial 
i. Comum: a Justiça Comum tem a competência de aplicar as Leis Penais 
Extravagantes e o Código Penal. 
ii. Especial: cabe a Justiça Militar julgar as infrações penais previstas no Código 
Penal Militar, atuando como Juizado Especial. 
c. Direito Penal Substantivo e Adjetivo 
i. Substantivo: são as normas legislativas em sentido material. 
ii. Adjetivo: normas em sentido formal (Processo Penal). 
d. Direito Penal “do Autor” e “do Fato” 
i. do Autor: autor (pessoa) que cometeu o ato ilícito. 
ii. do Fato: considera o fato em si mesmo. 
3. Caracteres do Direito Penal 
a. Finalidade preventiva: prevenção geral ≠ ato previsto em lei. É mais específica quanto à 
prevenção. 
b. Ciência normativa: estuda a norma. 
c. Valorativo: para cada conduta ilícita, há uma valoração (ou sanção). 
d. Finalista: tem por finalidade proteger o bem jurídico. 
e. Sancionador: aplica sanções aos atos ilícitos praticados. 
4. Missões do Direito Penal 
a. Missão mediata: controle social e limitação do poder punitivo do Estado. 
b. Missão imediata: 
DIREITO PENAL I 2 
1ª corrente (prevalece): proteger os bens jurídicos. 
2ª corrente: fazer cumprir e assegurar a vigência da norma. 
5. Movimentos Penais 
a. Abolicionismo: é a não aplicação do Direito Penal e aplicação de outros meios de controle 
social. 
b. Garantismo Penal: está relacionado ao Estado que possui poder punitivo, mas 
respeitando as garantias previstas nas normas. 
c. Funcionalismo: trata-se da função do Direito Penal no que concerne a corrente da missão 
imediata. 
 
PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL 
 
1. Princípios Relacionados com a Missão Fundamental do Direito Penal 
a. Exclusiva proteção dos bens jurídicos: bens difusos e coletivos. 
b. Princípio da intervenção mínima: o Direito Penal deve ser utilizado como ultima ratio, 
ou seja, como último recurso. Quando todas as outras formas de controle social falharem, 
recorre-se ao Direito Penal. 
c. Princípio da fragmentariedade: seleciona os bens que realmente são importantes para o 
Direito Penal. Exemplo: a vida. 
d. Princípio da insignificância: 
i. Tipicidade formal: é quando a conduta se encaixa perfeitamente à norma. 
Exemplo: João mata José. 
ii. Tipicidade conglobante (analogia global) 
1. Tipicidade material: bem material destruído ou deteriorado. Exemplo: 
João incendeia a casa de José. 
2. Antinormatividade: a conduta deve estar prevista em lei. 
Logo: O princípio da insignificância existirá quando não houver a tipicidade formal e a 
tipicidade conglobante. 
e. Princípio da adequação social: 
i. Para o legislador: quais bens e condutas são relevantes ou não, levando em 
consideração a evolução social. Exemplo: o antigo crime de adultério. 
ii. Para o magistrado: restringir a adequação da norma. 
2. Princípios Relacionados ao Fato do Agente 
DIREITO PENAL I 3 
a. Princípio da exteriorização (ou materialização) do fato: é o ato praticado em si mesmo. 
Em outras palavras, é quando o agente pratica ato motivado por sua vontade. 
b. Princípio da legalidade ou da reserva legal (art. 1º, do CP): não há crime ou 
contravenção, nem pena ou medida de segurança sem: 
i. Lei complementar ou ordinária (apenas essas duas formas normativas); 
ii. Lei anterior: a lei deve existir antes da prática do ato. 
iii. Lei escrita: exclui-se o direito consuetudinário para fundamentação ou agravação 
da pena. 
iv. Lei certa (princípio da taxatividade ou da determinação): se exige dos tipos penais 
mais clareza, não devendo deixar margens a dúvidas, permitindo o pleno 
entendimento do tipo penal. 
v. Lei estrita e certa: é proibida o uso de analogia para criar tipo incriminador, 
fundamentar ou agravar a pena. 
vi. Lei necessária: desdobramento lógico do princípio da intervenção mínima. 
Observação: Princípio da legalidade vs. Tipo aberto e norma penal em branco. 
 Lei completa: não precisa de nenhuma norma que a complemente. 
 Lei incompleta (preceito primário): 
o Tipo aberto: é a valoração da conduta dependendo das circunstâncias em que a conduta 
fora praticada. 
o Norma penal em branco 
 Própria (ou heterogênea): em sentido estrito, precisa do complemento de uma 
portaria ou de um regulamento. Jamais será completada por uma lei ou parte dela. 
Exemplo: a Lei de Drogas necessita da portaria da ANVISA que elenca as 
substâncias consideradas entorpecentes. 
 Imprópria (ou homogênea): em sentido amplo, a norma é complementada por outra 
lei. 
 Homovitelina: norma que está dentro da mesma lei. Exemplo: art. 312, do 
CP. 
 Heterovitelina: o complemento se encontra em outra lei. Exemplo: art. 236, 
do CP = os impedimentos para a celebração do casamento estão dentro do 
CC. 
DIREITO PENAL I 4 
o Norma penal em branco ao revés: preceito secundário que remete a outra norma que 
complete a sua sanção (ou consequência jurídica) e não a conduta. Exemplo: Lei de 
Genocídio (Lei 2889/1956). 
NORMA PENAL EM BRANCO 
PRÓPRIAS 
IMPRÓPRIAS 
O complemento é dado pela mesma espécie normativa. Ex.: lei 
complementada por outra lei. 
HOMOVITELINA HERETOVITELINA 
O complemento é dado por outra 
espécie de norma. Ex.: portaria. 
O complemento se encontra na 
mesma norma. Ex.: no crime de 
peculato (art. 312 do CP), a 
elementar “funcionário público” 
está descrita no art. 327 do CP. 
O complemento se contra em outra 
norma. Ex.: impedimento de 
casamento no art. 236, do CP; as 
hipóteses impeditivas estão dentro 
do CC. 
 
c. Princípio da ofensividade: trata do perigo concreto ao bem jurídico em conjunto com o 
princípio da insignificância e da fragmentariedade. 
3. Princípios relacionados com o agente do fato 
a. Princípio da responsabilidade pessoal: proíbe a responsabilidade pelo fato de outra 
pessoa em conjunto com o princípio da individualização da pena. Assim, o coautor e o 
partícipe não podem receber o mesmo tratamento do autor da conduta. 
b. Princípio da culpabilidade: dolo e culpa. 
c. Princípio da responsabilidade subjetiva: cada agente responde exatamente pelo que 
praticou. (vide princípio da responsabilidade pessoal e princípio da individualização da pena) 
d. Princípio da presunção de inocência: ninguém será culpado até que se prove o contrário. 
Também chamado de “princípio da não culpabilidade”. 
4. Princípios relacionados com a pena 
a. Princípio da dignidade da pessoa humana: art. 5º, XLVII da CF/88. 
b. Princípio da individualização da pena: cada pessoa responde pelo ato praticado. 
c. Princípio da proporcionalidade: caráter valorativo do ato praticado. 
d. Princípio da pessoalidade: a pena não se estende a afins ou próximos do acusado. 
 
FONTES DO DIREITO PENAL 
 
1. Fonte material: fonte de produção da norma 
Art. 22, I, CF/88 
Art. 22, Parágrafo único, CF/88. 
2. Fonte formal: exposição da norma. 
a. Classificação tradicional 
DIREITO PENAL I 5 
i. Imediata: lei 
ii. Mediata: costumes e princípios gerais do Direito 
b. Classificação moderna (Rogério Sanches) 
i. Imediatas 
Lei 
ConstituiçãoFederal de 1988 
Tratados e Convenções Internacionais 
Jurisprudência 
Princípios 
Complementos da norma penal em branco 
ii. Mediata: doutrina. 
iii. Fonte informal do Direito Penal: costumes. 
3. Características da Lei Penal 
a. Exclusividade: apenas a lei, em sentido estrito, pode criar um tipo penal e suas sanções. 
b. Imperatividade: norma coagente; imposta a todos. 
c. Generalidade: todos têm que obedecer. 
d. Impessoalidade: dirige-se absolutamente aos fatos e não às pessoas que praticaram o ato. 
4. Classificação da Lei Penal 
a. Lei Penal Incriminadora: define os tipos penais e suas sanções. Usa dos preceitos 
primário e secundário. 
b. Lei Penal não Incriminadora: 
i. Permissiva 
1. Justificante: excludente de ilicitude. Exemplo: arts. 24 e 25, CP. 
2. Exculpante: exclui a culpabilidade. Exemplos: ECA; art. 28, § 1º, CP. 
ii. Explicativa ou interrogativa: explica uma expressão ou palavra. Exemplo: art. 
327, CP. 
iii. Complementar: delimita a aplicação da lei penal. Exemplo: arts. 5º e 6º, CP. 
iv. Interrogativa ou de extensão: a sua inexistência implica a inexistência de tipo 
penal. Exemplo: art. 121 + art. 1º, ambos do CP. (vide princípio da legalidade). 
5. Interpretação da Lei Penal 
a. Formas de interpretação 
i. Quanto ao sujeito ou à origem: é a pessoa que interpretará a lei penal. 
1. Autêntica ou legislativa: é fornecida pela própria lei. É a interpretação da 
letra da lei. 
DIREITO PENAL I 6 
a. Contextual: quando o corpo da lei interpreta. 
b. Posterior: quando outra lei interpreta. 
2. Doutrinária: é realizada pelos jurisconsultos (ou doutrinadores) a 
exposição de motivos existentes no Código Penal é doutrinária e não 
autêntica. 
3. Jurisprudencial: é a interpretação dos tribunais. Exemplo: Súmulas 
Vinculantes. 
ii. Quanto ao modo 
1. Gramatical ou literal: o que está expressamente escrito na lei (letra da lei). 
2. Teleológica: é a vontade do legislador buscando conhecer a finalidade e o 
objetivo. 
3. Histórica: está relacionada ao momento histórico na sociedade em que a lei 
foi criada. 
4. Sistemática: o artigo é interpretado em conjunto com outra norma. 
Exemplo: ECA + CP. 
5. Logica: métodos indutivos e dedutivos. 
6. Progressiva ou evolutiva: é o significativo do termo de acordo com a 
evolução da sociedade. Exemplo: crime de adultério. 
iii. Quanto ao resultado 
1. Declarativa: exatamente o que o legislador quis dizer. 
2. Restritiva: restringe a interpretação declarativa. 
3. Extensiva: amplia a interpretação declarativa. 
iv. Interpretação analógica: art. 121, § 2º, III = são as qualificadoras do crime de 
homicídio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
6. Integração da Lei Penal 
Interpretação 
Extensiva 
(sentido amplo) 
Interpretação 
Analógica 
Interpretação 
Extensiva 
(sentido estrito) 
DIREITO PENAL I 7 
a. Ubi eadem ratio idem jus: onde houver o mesmo fundamento, haverá o mesmo direito. 
b. Ubi eadem legis ratio ibi eadem dispositio: onde impera a mesma razão, deve ser a mesma 
decisão. 
 
LEI PENAL NO TEMPO 
 
1. Tempo do crime 
a. Teorias (art. 4º, CP) 
i. Atividade: o momento do ato será o momento da ação ou omissão. Essa teoria é a 
adotada pelo Direito brasileiro. 
 
 
 
ii. Resultado: o momento do ato é o momento do resultado da ação ou omissão. 
 
 
 
iii. Mista: considera o momento do ato tanto a ação como a omissão juntos. 
2. Sucessão das Leis Penais no Tempo 
a. Extra atividade da Lei Penal: é a capacidade que tem a lei penal de se movimentar no 
tempo regulando fatos ocorridos durante a sua vigência, mesmo depois de ter sido 
revogada, ou de retroagir no tempo, a fim de regular situações ocorridas anteriormente à 
sua vigência, desde que benéficas ao agente. 
i. O princípio da irretroatividade vige somente em relação à lei mais severa, sendo 
admitida a aplicação retroativa da lei mais benigna. 
ii. Ultra atividade: é a aplicação da lei mesmo cessada a sua vigência. Ou seja, é a 
aplicação de uma lei temporária e/ou intermediária. 
b. Regra geral: art. 5º, XL, CF/88. 
c. Lei mais benéfica: prevalece sobre a mais severa, prolongando-se além do instante de sua 
revogação ou retroagindo ao tempo em que não tinha vigência. É ultra-ativa e retroativa. 
d. Lei mais severa: não retroage, nem possui eficácia além do momento de sua revogação. 
Não é retroativa, nem ultra-ativa. 
ação resultado 
ação resultado 
DIREITO PENAL I 8 
e. Novatio legis incriminadora: uma nova lei cria um novo crime. Neste caso, a lei é 
irretroativa por prejudicar o agente. 
 
 
 
 
 
 
f. Novatio legis in pejus (Súmula711, STF): é a modificação de uma lei que já existe. É 
irretroativa quando não tratar de crimes continuados (seriais killers, por exemplo) e 
crimes permanentes (sequestro, por exemplo). 
i. A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a 
sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
g. Abolitio criminis ou novatio legis (art. 2º, CP): revoga todos os efeitos penais com 
exceção dos extrapenais (multas, por exemplo), sendo ela retroativa. 
i. Conduz a chamada descriminalização, ou seja, o fato que anteriormente era 
considerado como uma infração penal passa a ser considerado como um indiferente 
penal. 
 
 
 
 
 
 
 
Data do 
julgamento 
Conduta “A” 
é lícita 
2000 
Nova lei prevê 
a conduta “A” 
como ilícita 
2003 2005 
Irretroativa 
Vigência da lei penal incriminadora 
Data do 
julgamento 
Conduta “A” 
é ilícita 
2000 
Nova lei torna 
conduta “A” 
mais grave 
2003 2005 
Irretroativa = Ultratividade 
Vigência da lei penal incriminadora 
Lei revoga 
conduta “A” 
Data do 
julgamento 
Conduta “A” 
é ilícita 
2000 2003 2005 
Retroativa 
DIREITO PENAL I 9 
h. Novatio legis in mellius: a lei é modificada de forma a beneficiar sem excluir o crime ou a 
contravenção, sendo ela retroativa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
i. Princípio da continuidade normativo típica: é quando um tipo penal é revogado, mas o 
seu conteúdo de qualificação passa a incorporar outro tipo penal. 
i. A abolitio criminis pressupõe a revogação da lei anterior (ou parte dela) que 
tornava determinada conduta típica. Porém, essa revogação nem sempre culmina na 
"abolitio criminis". Isso porque a conduta descrita na norma revogada pode 
continuar tipificada em outro diploma legal. E esse fenômeno é denominado pela 
doutrina como princípio da continuidade normativo-típica. 
3. Lei Temporária e Lei Excepcional 
a. Lei temporária (art. 3º, CP): possui validade temporária tendo em seu texto data 
prefixada do tempo de vigência. 
b. Lei excepcional: é aquela que atende às necessidades transitórias do Estado em casos de 
calamidade pública, guerras, revoluções, etc.. 
c. Autorrevogação: o termino da vigência das leis excepcionais e temporárias não depende 
de revogação por lei posterior, fugindo à regra geral. Cessadas as circunstâncias 
determinadoras das excepcionais, cessa a sua vigência. 
d. Ultra-atividade: as leis temporais e excepcionais serão aplicadas ao fato típico mesmo 
que sua vigência cesse. 
4. Lei Intermediária 
a. Efeitos: retroatividade e ultra-atividade. 
 
LEI PENAL NO ESPAÇO 
Vigência da lei penal mais grave 
Nova lei torna 
conduta “A” 
mais benéfica 
Data do 
julgamento 
Conduta “A” 
é ilícita 
2000 2003 2005 
Retroativa 
DIREITO PENAL I 10 
 A lei penal de um país está diretamente ligada à sua soberania, daí porque sua validade aparece 
limitada no espaço dentro do qual se reconhece dentro dacomunidade internacional, o exercício da 
soberania. 
 Há situações de fato, porém, em que se mostra possível a aplicação da lei penal de dois ou mais 
Estados. 
A lei penal brasileira só tem aplicação nos limites do território nacional, independente da 
nacionalidade do agente, da vítima ou do objeto jurídico. 
1. Princípios aplicáveis 
a. Princípio da territorialidade: não leva em consideração a nacionalidade do agente, da 
vítima ou do bem (objeto), mas sim o local (território) do crime. Prevalecerá a lei do local 
do crime. 
b. Princípio da nacionalidade ou personalidade ativa: leva em consideração a 
personalidade do agente e não da vítima ou do bem. Aqui prevalecerá a lei do país de 
origem do agente. 
c. Princípio da nacionalidade ou personalidade passiva: leva em consideração a 
nacionalidade da vítima e não do agente ou bem. Neste caso, prevalecerá a lei do país de 
origem da vítima. 
d. Princípio da defesa: é levada em consideração a nacionalidade dos bens tutelados. 
Prevalecerá a lei do país de origem dos bens. 
e. Princípio da justiça penal universal ou da justiça cosmopolita: tutela um bem de 
acordo com a sua nacionalidade, independente da nacionalidade do agente e/ou da vítima. 
Exemplo: crime de genocídio. 
f. Princípios da representação ou do pavilhão ou da bandeira: são as infrações penais 
ocorridas no interior de embarcações ou aeronaves, levando em consideração a 
nacionalidade destes. 
2. Regra 
a. Art. 5º, caput, CP: territorialidade temperada – não há prejuízos dos Tratados 
Internacionais. 
 
 
PRINCÍPIO DA 
TERRITORIALIDADE 
PRINCÍPIO DA 
EXTRATERRITORIALIDADE 
PRINCÍPIO DA 
INTRATERRITORIALIDADE 
LOCAL DO 
CRIME 
Brasil País estrangeiro Brasil 
LEI 
APLICADA 
Brasileira Brasileira Lei estrangeira 
DIREITO PENAL I 11 
3. Território nacional: espaço físico + espaço jurídico (art. 5º, §§ 1º e 2º, CP). 
Observações: 
 Embaixada 
 Direito de passagem inocente (Lei 8.617/1993) 
4. Lugar do crime 
a. Teorias (art. 6º, CP) 
i. Atividade: o lugar do crime é onde foi cometida a ação. 
ii. Resultado: o lugar do crime é o lugar do resultado. 
iii. Ubiquidade (teoria mista): atividade + resultado. É a teoria adotada no Brasil. 
5. Extraterritorialidade 
a. Incondicionada (art. 7º, I, CP): não necessita de não nenhuma condição para aplicação da 
norma. 
b. Condicionada (art. 7º, II, §2º, CP): necessita das condições expressas no §2º para 
aplicação da norma. 
c. Hiperincondicionada (art. 7º, II, §3º, CP): necessita das condições expressas nos §§ 2º e 
3º para aplicação da norma. 
Art. 7º, I, a, b, c Princípio da defesa Incondicionada 
Art. 7º, I, d Princípio da justiça universal Incondicionada 
Art. 7º, II, a Princípio da justiça universal Condicionada 
Art. 7º, II, b Princípio da nacionalidade ativa Condicionada 
Art. 7º, II, c Princípio da representação Condicionada 
Art. 7º, §3º Princípio da nacionalidade Hiperincondicionada 
 
EFICÁCIA DA LEI PENAL EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS 
 
1. São prerrogativas funcionais e não de privilégios, ou seja, são prerrogativas relacionadas à função 
exercida. 
2. Imunidades diplomáticas 
a. Convenção de Viena em 1961 = Decreto 56.435/1965 
b. Chefes de Estado ou de Governo estrangeiro e sua família e membros da sua comitiva. 
c. Embaixador e sua família. 
d. Funcionários do corpo diplomático e sua família. 
e. Funcionários das organizações internacionais quando em exercício 
i. Intraterritorialidade: prevalecerá à lei do país de origem dos funcionários, mesmo 
no caso de infrações penais previstas pela legislação brasileira e não pela 
estrangeira.
DIREITO PENAL I 12 
Observações: 
 Diplomata vs. Obediência ao ordenamento jurídico brasileiro. 
 Natureza jurídica da imunidade diplomática: para a maioria da doutrina é causa pessoal de isenção 
de pena, abrangendo qualquer crime, sem exceção dos crimes praticados em razão da função 
exercida. 
3. Imunidades parlamentares: previstas na CF/88. 
a. Imunidade parlamentar absoluta (ou material, ou substancial, ou indenidade). 
i. Art. 53, caput, CF/88. 
ii. Natureza jurídica (para o STF): fato atípico. Exemplo: Embargos infringentes no 
Mensalão. 
iii. Limites da imunidade parlamentar material: palavras, opiniões e votos. 
1. Exclusivamente dentro das dependências do parlamento: presunção em 
razão da função. 
2. Fora das dependências do parlamento: apresentação de prova. 
b. Imunidade parlamentar relativa (art. 53, §§ 1º ao 8º, CF/88): 
i. Relativa ao foro (art. 53, §1º, CF/88). 
1. Foro por prerrogativa de função. 
2. Pelo princípio da simetria, aplica-se também aos Deputados Estaduais e 
Vereadores. 
ii. Relativa à prisão (art. 53, §2º, CF/88): apenas em flagrante delito e em crimes 
inafiançáveis. 
1. Prisão civil contra congressista devedor de alimentos 
1ª corrente: é cabível. 
2ª corrente: não é cabível. 
3ª corrente: é cabível para os alimentos definitivos e não é cabível para os 
alimentos provisórios. 
iii. Relativa ao processo (art. 53, §§ 3º ao 5º, CF/88): após a diplomação. 
iv. Relativa à condição de testemunha (art. 53, §6º, CF/88). 
Observações: 
 Estado de sítio: haverá imunidades parlamentares, salvo por votação das duas casas (arts. 137 a 
139, CF/88). 
 Parlamentar licenciado: não há imunidades. 
4. Imunidades dos Deputados Estaduais (art. 27, §1º, CF/88). 
a. Princípio da simetria 
DIREITO PENAL I 13 
5. Imunidades dos Vereadores (art. 29, VIII, CF/88). 
6. Foro por prerrogativa de função: será mais forte, se determinado pela CF/88. 
a. Tribunal do júri. 
 
DISPOSIÇÕES FINAIS 
 
1. Eficácia da sentença estrangeira (art. 9º, CP). 
a. Órgão permanente: STJ; art. 105, I, i, CF/88. 
b. Obrigação de reparar o dano, restrições e outros efeitos civis: pedido da parte 
interessada. 
c. Medida de segurança: tratado de extradição por requisição do Ministro da Justiça. 
Observação: Na extraterritorialidade incondicionada – integridade física do Presidente da República. 
2. Contagem do prazo 
a. Prazos processuais penais (art. 798, §1º, CPP): 
i. Caráter formal; 
ii. Exclui o dia do início e inclui o dai do fim; 
iii. Não se incluem os finais de semana e feriados oficiais (locais ou nacionais), apenas 
os dias úteis. 
3. Frações não compatíveis da pena (art. 11, CP): frações diárias e monetárias não sendo incluídos 
os minutos, os segundos e os centavos de reais. 
4. Conflito aparente de normas 
a. Pressupostos 
i. Unidade do fato 
ii. Pluralidade de normas simultaneamente vigentes. 
b. Princípio da especialidade (art. 12, do CP): afasta-se a lei geral para a aplicação da lei 
especial. Lei especial é aquela que contém todos os elementos da norma geral, acrescida de 
outros que a tornam distinta. O tipo especial preenche integralmente o tipo geral, com a 
adição de elementos particulares. 
c. Princípio da subsidiariedade: uma lei tem caráter subsidiário relativamente a outra (a 
principal) quando o fato por ela incriminado é também incriminado por outra, tendo um 
âmbito de aplicação comum, mas abrangência diversa. A relação entre as normas 
(subsidiária e principal) é de maior ou menor gravidade (e não de espécie e gênero). A 
norma subsidiária atua apenas quando o fato não se subsuma a crime mais grave. Podem 
ser:
DIREITO PENAL I 14 
i. Expressa: quando a lei prevê a subsidiariedade explicitamente, anunciando a não 
aplicação da norma menos grave quando presente a mais grave. Exemplo: arts. 132 
e 307 do CP. 
ii. Tácita: quando a um delito de menor gravidade cede diante da presença de um 
delito de maior gravidade, integrando aquele a descrição típica deste. Exemplo: 
arts. 311 e 302 do CTB. 
d. Princípio da consunção ouprincípio da absorção: o crime previsto por uma norma 
(consumida) não passa de uma fase de realização do crime previsto por outra (consuntiva) 
ou é uma forma normal de transição para o último (crime progressivo). Hipóteses: 
i. Progressão criminosa: há dois fatos e o agente primeiro quer o menor e depois 
decide praticar o maior (no âmbito de proteção do mesmo bem jurídico), havendo, 
portanto substituição do dolo. Exemplo: o agente quer ferir. Depois de ofender a 
integridade corporal da vítima decide mata-la. 
ii. Crime progressivo: ocorre quando o agente para alcançar um resultado/crime 
mais grave passa, necessariamente, por um crime menos grave. O agente só 
responde pelo resultado mais grave, ficando absorvidas as lesões anteriores ao bem 
jurídico. Exemplo: para matar o agente, necessariamente, deve ofender a 
integridade corporal da vítima. 
1. Elementos: 
a. Unidade de elemento subjetivo; 
b. Unidade de fato; 
c. Pluralidade de atos; 
d. Progressividade na lesão ao bem jurídico. 
iii. Antefato impunível: são fatos anteriores, não obrigatórios, mas que estão na linha 
de desdobramento da ofensa mais grave, numa relação de fatos meios para fatos 
fins. Exemplo: violação de domicílio para furtar. 
iv. Pós-fato impunível: o agente, depois de já ofender o bem jurídico, incrementa a 
lesão. Pode ser considerado um exaurimento do crime principal. Exemplo: 
danificar o produto do furto. 
a. Princípio da alternatividade: ocorre quando a norma descreve várias formas de 
realização da figura típica, em que a realização de uma ou de todas configura um único 
crime. São os chamados tipos mistos alternativos, os quais descrevem crimes de ação 
múltipla ou de conteúdo variado. Exemplo: o art. 33, caput, da Lei n. 11.343/2006 (Lei de 
DIREITO PENAL I 15 
Drogas), que descreve dezoito formas de prática do tráfico ilícito de drogas, mas tanto a 
realização de uma quanto a de várias modalidades configurará sempre um único crime. 
 
TEORIA GERAL DO DELITO (OU CRIME) 
 
1. Conceito de Infração Penal 
a. Enfoque formal: é o que está escrito na lei como infração penal com sua respectiva 
sanção. Em outras palavras, é o comportamento previsto em uma norma penal 
incriminadora (ou o tipo penal incriminador) sob a ameaça de sanção penal. 
b. Enfoque material: são comportamentos humanos indesejados que causam irrelevante 
lesão ou perigo de lesão a um bem jurídico penalmente tutelado (protegido) e, portanto, 
passível de sanção penal. 
c. Enfoque analítico: leva em conta os elementos do crime. Dependerá da teoria adotada: 
causalista, neokantista ou finalista. 
2. Diferenças entre crime e contravenção penal 
 
 
 
 
 
 
CARACTERÍTICAS CRIME/DELITO CONTRAVENÇÃO PENAL 
Tipo de pena privativa de liberdade 
Reclusão e/ou multa; 
Detenção e/ou multa. 
Prisão simples; 
Prisão simples e/ou multa; 
Multa. 
Espécie de ação penal 
Ação Penal Pública Incondicionada; 
Ação Penal Pública Condicionada; 
Ação penal Privada. 
Ação Penal Pública Incondicionada 
(art. 17 da LCP). 
Tentativa 
É admitida e é punível pelo Código 
Penal. 
Não é admitida e, portanto, não 
punível (art. 4º da LCP). 
Extraterritorialidade (infrações 
praticadas fora do Brasil) 
Há extraterritorialidade (art. 7º do 
CP). 
Não há extraterritorialidade (art. 2º 
da LCP). 
Limite de cumprimento da pena ou 
tempo máximo da condenação 
(Súmula 715 do STF) 
3 anos (art. 75 do CP). 5 anos (art. 10 da LCP). 
Julgamento Justiça Estadual e Justiça Federal. 
Justiça Estadual, ainda que atinjam 
bens ou interesses da União (art. 
109, IV da CF/88). 
 
Observações:
O Brasil adota o sistema dualista 
Crime – Código Penal e Leis 
Penais Extravagantes 
Contravenção Penal – Lei de 
Contravenções Penais 
Infração Penal 
DIREITO PENAL I 16 
 Os benefícios da execução penal, como a progressão do regime mais grave para a mais branda, do 
regime fechado para o semiaberto, para o aberto e livramento condicional, são calculados sobre o 
total da pena da condenação e não sobre os 30 ou 5 anos. Exemplo: Réu é condenado a 300 anos, 
ao prazo de 
 
 
 de pena cumprida, para a progressão de regime será calculado sobre os 300 anos e 
não sobre os 30 anos do art. 75 do CP, de acordo com a Súmula 715 do STF. 
 Há uma única exceção em que a Justiça Federal julga uma contravenção penal: por foro de 
prerrogativa de função. Exemplo: Juiz Federal é julgado no TRF. 
3. Sujeitos do crime 
a. Sujeito ativo 
i. Em regra, é aquele que pratica a infração podendo ser qualquer pessoa física capaz 
e maior de 18 anos. 
ii. A infração pode ser praticada isoladamente ou em concurso com outras pessoas 
(autor, coautores, partícipe). 
iii. Exceção: pessoa jurídica 
1. Art. 225, § 3º da CF/88, regulamentado pela Lei nº 9.605/1998: pessoa 
jurídica que comete crime ambiental – responsabilidade penal da pessoa 
jurídica. 
a. De acordo com o STF, a pessoa jurídica só pode ser 
responsabilizada (ou processada) por crime ambiental juntamente 
com a pessoa física responsável pela prática, ou seja, o STF não 
admite apenas ação contra a pessoa jurídica. 
b. Para uma parte minoritária da doutrina, pessoa jurídica não pode ser 
sujeito ativo de crime ambiental, pode apenas sofrer 
responsabilidade penal pelo crime ambiental cometido pela pessoa 
física. 
2. Art. 173, § 5º da CF/88, ainda não regulamentado: também prevê a 
responsabilidade da pessoa jurídica por crimes econômicos e financeiros, 
porém esse dispositivos constitucional até hoje não foi regulamentado por 
lei infraconstitucional. Atualmente a pessoa jurídica não pode ser 
processada criminalmente por crimes econômicos e financeiros. 
iv. Classificação do crime quanto ao sujeito ativo ou capacidade especial do 
sujeito ativo 
1. Comum (de regra): pode ser praticado por qualquer pessoa, não exigindo 
condição especial. 
DIREITO PENAL I 17 
a. Qualquer pessoa como co-autoria e/ou participação. 
b. Exemplo: art. 121 do CP 
2. Próprio: não pode ser cometido por qualquer pessoa. 
a. Exige condição especial como co-autoria e/ou participação. 
b. Exemplo: crimes funcionais – funcionário público contra a 
administração pública. 
c. Admite tanto a co-autoria quanto a participação de terceiros. 
3. Mão própria: não pode ser cometido por qualquer pessoa, ou seja, a lei 
exige uma condição especial do sujeito ativo. 
a. Também chamado de crime de atuação pessoal ou crime de conduta 
infudível. 
b. Exige condição especial apenas como participação não aceitando a 
co-autoria. 
c. Exemplo: falso testemunho (art. 342 do CP). No falso testemunho, 
somente a testemunha pode mentir diante do juiz, mas ela pode ser 
induzida pelo advogado que será partícipe. 
d. Admite participação de terceiros, mas não admite a co-autoria. 
b. Sujeito passivo 
i. É a pessoa física ou jurídica que sofre (é vítima) das consequências diretas da 
infração penal. 
ii. Pessoa jurídica pode sofrer calúnia por crime ambiental e difamação, mas não pode 
sofrer injuria. 
iii. Não confundir vítima com prejudicado, que são as pessoas atingidas 
reflexivamente. Exemplo: a esposa do homem que sustenta a casa sozinha sofre as 
consequências se o marido for morto. 
iv. Constante ou formal: 
1. Estado, porque é vítima de todo crime. 
2. O crime é sempre uma violação penal criada pelo Estado. 
3. Atinge a segurança pública que é dever do Estado. 
v. Eventual ou material: 
1. Pessoa física ou jurídica que sofre a conduta criminosa. 
2. Pode ser o Estado quando pessoa jurídica de direito público. Exemplo: dano 
ao patrimônio público – neste caso, o Estado é sujeito material e formal. 
vi. Classificação
DIREITO PENALI 18 
1. Comum: qualquer pessoa. 
2. Próprio: pessoa específica. 
vii. Dupla subjetividade passiva: crime que, obrigatoriamente, tem dois ou mais 
sujeitos passivos, ou seja, o tipo penal descreve dois sujeitos passivos (vítimas 
plurais). 
1. Exemplo: art. 151 do CP – violação de correspondência. 
Observação: Homicídio com duas vítimas não é crime de subjetividade passiva. São dois crimes de 
homicídio e duas vítimas. 
viii. Animal e pessoa morta: não podem ser sujeitos passivos. 
c. Crime bipróprio: é aquele em que tanto o sujeito ativo quanto o passivo possuem 
capacidade de condição especial. Exemplo: art. 123 do CP – infanticídio. 
Observações: 
 Crime de estupro não é crime bipróprio. 
 Podem ser sujeitos passivos do crime: 
o os incapazes: menores e portadores de deficiência psico-motora; 
o o recém-nascido: art. 123 do CP - infanticídio; 
o a pessoa ainda não nascida: arts. 124 à 127 do CP; 
o os entes despersonalizados: sem personalidade jurídica. Exemplo: família, coletividade, 
parte da empresa em falência; 
o crime vago: não há vítima determinada, sendo ela uma vítima vaga. Exemplo: porte ilegal 
de arma, porte de drogas. 
 Não podem ser sujeitos passivos de crimes: 
o Os mortos: 
 art. 138, § 2º do CP: As vítimas são os íntimos e parentes do morto. 
 Art. 212 do CP: a vítima é o morto ou a coletividade. 
o Animais: não são sujeitos de direitos, são objetos de direito. 
 Uma pessoa não pode ser sujeito ativo e passivo no mesmo crime. 
o Exemplo: autoflagelo (art. 171, § 2º, V do CP) e crime de fraude contra seguros. 
o A tentativa de suicídio não é punível pelo CP. Ele punirá o terceiro que instiga, induz ou 
auxilia o suicida (art. 122 do CP). 
o Crime de richa (art. 137 do CP): é sujeito ativo da participação da rixa e sujeito passivo 
dos crimes que ele eventualmente sofrer durante a rixa. Para a minoria doutrinária, a 
pessoa poder ser, cumulativamente, sujeito ativo e passivo na rixa. 
DIREITO PENAL I 19 
4. Objetos 
a. Material: mais de um bem jurídico. Todos os crimes possuem um objeto jurídico tutelado. 
i. É a pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta criminosa. Exemplo: homicídio = 
pessoa morta; furto de carteira = carteira; porte de drogas = não há. 
ii. Todo crime tem objeto jurídico, mas nem todo crime possui um objeto material. 
iii. Em alguns casos, o sujeito passivo e o objeto material se confundem, embora não 
seja necessário. 
b. Jurídico: nem todos os crimes possuem um objeto material tutelado. 
i. Crimes pluriofensivos ou dupla objetividade jurídica: protegem dois ou mais 
bens jurídicos. Exemplo: roubo (art. 157 do CP) – integridade física + patrimônio. 
5. Substratos do crime (conceito analítico) 
 
 
a. Fato típico: conduta 
i. Teorias 
1. Teoria Causalista (causal natural, clássica ou mecanista) 
a. Von Liszt e Beling 
b. Século XIX 
c. Conceito analítico 
d. Conduta: ação humana voluntária causadora de modificação no 
mundo exterior. 
e. O tipo penal só deve ser elementos objetivos (tipo normal). 
f. Críticas: 
i. Não abrange os crimes omissivos. 
ii. A conduta é cega porque o dolo e a culpa estão na 
culpabilidade. 
iii. Não é como negar elementos não objetivos nos tipos penais. 
 
 
FATO TÍPICO ANTIJURIDICIDADE / ILICITUDE CULPABILIDADE 
Conduta sem 
finalidade 
Formal: presença ou não de causa 
excludente de ilicitude 
Imputabilidade 
Resultado 
Nexo causal Dolo ou culpa 
(finalidade) Tipicidade 
Fato típico + Ilicitude + Culpabilidade 
Teoria tripartite: crime = fato típico + ilicitude + culpabilidade 
DIREITO PENAL I 20 
2. Teoria Neokantista (causal-valorativa) 
a. Início do século XX. 
b. Preconizado por Mezger. 
c. Conceito analítico 
d. Possui base causalista. 
e. Conduta: comportamento humano voluntário causador de 
modificação no mundo exterior. 
i. A expressão “comportamento” abrange os crimes omissivos. 
f. Dolo e culpa na culpabilidade. 
g. Admite valoração da conduta, reconhecendo não só os objetivos do 
tipo. 
h. Críticas: 
i. Dolo e culpa na culpabilidade. 
ii. Partindo de conceitos causalistas, ficou contraditório quando 
reconheceu elementos normativos e subjetivos do tipo. Tudo 
que é subjetivo se analisa na culpabilidade, não traz para o 
fato típico. 
 
 
FATO TÍPICO ANTIJURIDICIDADE / ILICITUDE CULPABILIDADE 
Conduta 
Aspecto material: danosidade social. 
Imputabilidade 
Resultado 
Exigibilidade de conduta 
diversa 
Nexo causal 
Dolo e culpa 
Tipicidade 
 
3. Finalista (Welzel) 
a. Meados do século XX. 
b. Conduta: comportamento humano voluntário psiquicamente 
dirigido a um fim. 
c. Conceito analítico. 
d. O dolo e a culpa migram da culpabilidade para o fato típico. 
e. O causalismo “é cego”, o finalista “é evidente”. 
f. Criticas:
Teoria tripartite: crime = fato típico + ilicitude + culpabilidade 
DIREITO PENAL I 21 
i. A finalidade não explica os crimes culposos, sendo também 
frágil nos crimes omissivos. 
ii. Centralizou a teoria no desvalor da conduta, menos prezando 
o desvalor do resultado. Há a valoração apenas da conduta, 
esquecendo o resultado. 
 
 
FATO TÍPICO ANTIJURIDICIDADE / ILICITUDE CULPABILIDADE 
Conduta: dolo e culpa 
Causas de excludentes de ilicitude. 
Imputabilidade 
Resultado 
Exigibilidade de conduta 
diversa 
Nexo causal Potencial consciência da 
ilicitude Tipicidade 
 
4. Teoria Finalista Dissidente 
a. Fato típico 
i. Conduta: comportamento humano voluntário psiquicamente 
dirigido a um fim. 
ii. Dolo e culpa migram da culpabilidade para o fato típico. 
iii. O causalismo “é cego”; o finalista “é evidente”. 
b. Culpabilidade: é mero pressuposto da aplicação da pena. 
 
 
 
5. Teoria Social da Ação 
a. Século XX 
b. Wessels 
c. Jescueck 
d. Conceito analítico de crime 
e. Conduta: comportamento humano voluntário, psiquicamente 
dirigido a um fim e socialmente relevante. 
f. Dolo e culpa permanecem integrando o fato típico, mas voltam a 
serem analisados na culpabilidade no momento da aplicação da 
pena. 
g. Crítica: não há clareza no que significa fato socialmente relevante. 
Teoria tripartite: crime = fato típico + ilicitude + culpabilidade 
 
Teoria bipartite: crime = fato típico + ilicitude 
 
DIREITO PENAL I 22 
Observação: As teorias causalista, neokantista, finalista, finalista dissidente e social da ação são teorias 
que analisam o que é crime. 
6. Teoria do Funcionalismo Teleológico (Roxin) 
a. Fato típico 
i. Conduta: comportamento humano voluntário, orientado 
pelo princípio da intervenção mínima, causadora de 
relevante e intolerável lesão ou perigo de lesão ao bem 
jurídico tutelado. 
ii. Dolo e culpa permanecem no fato típico. 
iii. A missão do Direito Penal é proteger bens jurídicos 
indispensáveis ao convívio social harmônico. 
b. Culpabilidade = limite da pena. 
c. Reprovabilidade = imputabilidade + potencial consciência da 
ilicitude + exigibilidade de conduta diversa + necessidade da pena. 
d. Críticas: a reprovabilidade como elemento integrante do crime. 
7. Teoria Funcionalismo Sistêmico ou Radical (Jacobs) 
a. Fato típico 
i. Conduta: comportamento humano voluntário causador de 
um resultado evitável, violando o sistema, frustrando as 
expectativas normativas. 
ii. Dolo e culpa permanecem no fato típico. 
iii. A missão do Direito Penal é proteger o sistema (respeito ao 
sistema normativo). O violador do sistema é o inimigo; é 
aqui que nasce o Direito Penal do inimigo. 
b. Direito Penal do Inimigo (características) 
i. Antecipação da punibilidade com a tipificação de atos 
preparatórios; 
ii. Antecipação da punibilidadecom a criação de tipos de mera 
conduta; 
iii. Antecipação da punibilidade com a criação de tipos de 
perigo abstrato (perigo presumido); 
iv. Desproporcionalidade das penas; 
v. Surgimento das chamadas “leis de luta ou de combate”. 
Exemplo: Lei de Crimes Hediondos. 
DIREITO PENAL I 23 
vi. Restrição de garantias penais e processuais. 
c. Críticas: serve a Estados totalitários. Exemplo: nazismo e facismo. 
ii. Elementos da conduta 
1. Comportamento humano: ação ou omissão 
2. Exteriorização da vontade: não há punição dos pensamentos humanos. 
iii. Causas de exclusão da conduta 
1. Caso fortuito ou força maior 
a. Independe da vontade 
b. Fatos imprevisíveis 
2. Involuntariedade 
a. Estado de inconsciência completa 
b. Movimentos reflexos 
 
 
i. Movimentos reflexos = movimentos involuntários. 
ii. Ações em curto circuito = impulso; ação voluntária sob 
influência da emoção. 
3. Coação física irresistível (via absoluta): utilizada força física humana. 
Difere da coação moral irresistível porque aqui, embora haja a ameaça, há a 
liberdade de escolha. 
iv. Formas de conduta 
1. Quanto à voluntariedade 
a. Crime doloso: (art. 18, I, do CP): é quando o agente quis o 
resultado ou assumiu o risco de produzi-lo. É a vontade consciente 
de realizar a conduta prevista no tipo penal. 
i. Elementos 
1. Volitivo 
a. Aceitou o risco 
b. Consciência de aceitar ou querer o resultado 
2. Intelectivo: Assume o risco 
ii. Teorias 
1. Da vontade: quando o agente quis o resultado.
Movimentos reflexos ≠ Ações de curto circuito 
DIREITO PENAL I 24 
2. Da representação: quando o agente prevê o 
resultado como possível e prossegue com a conduta. 
3. Do consentimento (ou assentimento): além de 
prevê o resultado, o agente assume o risco de 
produzir. 
iii. Espécies 
1. Natural ou neutro: pressupõe apenas a consciência 
e vontade. 
2. Normativo ou híbrido: integra a culpabilidade, 
trazendo os elementos consciência, vontade e 
consciência atual da ilicitude. 
3. Direto ou determinado ou intencional ou imediato 
ou incondicionado: dirige a conduta para 
determinado fim. 
4. Indireto ou indeterminado 
a. Alternativo: quando o agente prevê a 
pluralidade de resultados, dirigindo sua 
conduta para perfazer qualquer deles com a 
mesma intensidade e vontade. 
b. Eventual: o agente prevê a pluralidade de 
resultados, dirigindo sua conduta para realizar 
um determinado evento, mas assumindo o 
risco de provocar outro. 
5. Cumulativo (progressão criminosa): o agente 
pretende alcançar dois resultados, em sequencia. 
6. De dano: a vontade do agente é causar efetiva lesão 
ao bem jurídico tutelado. 
7. De perigo: o agente atua com a intenção de expor a 
risco o bem tutelado. 
8. Genérico: o agente tem vontade de realizar a 
conduta descrita no tipo penal, sem um fim 
específico.
DIREITO PENAL I 25 
9. Específico: o agente tem vontade de realizar a 
conduta, visando um fim específico. 
10. Geral (erro sucessivo): ocorre quando o agente, 
supondo já ter alcançado um resultado por ele visado, 
pratica nova ação que efetivamente o provoca. 
11. De 1º grau: quando o agente persegue determinado 
resultado. O resultado paralelo é certo e necessário. 
12. De 2º grau (ou de consequências necessárias): a 
vontade do agente se dirige aos meios utilizados para 
alcançar determinado resultado. O resultado paralelo 
é incerto, eventual, possível, desnecessário. 
13. Antecedente: é o dolo anterior à conduta. 
14. Concomitante: é o dolo existente no momento da 
ação ou omissão. 
15. Subsequente: é o dolo posterior à conduta. 
16. De propósito: é a vontade e consciência refletida, 
pensada, premeditada. 
17. De ímpeto: caracterizado por ser repentino, sem 
intervalo entre a fase de cogitação e de execução do 
crime. 
b. Culpa (art. 18, II do CP) 
i. Elementos 
1. Conduta humana voluntária 
2. Violação de um dever de cuidado objetivo 
a. Imprudência: conduta positiva praticada pelo 
agente que, por não observar o seu dever de 
cuidado, cause o resultado lesivo que lhe era 
previsível. 
b. Negligência: deixar de fazer aquilo que a 
diligência normal impunha. 
c. Imperícia: é quando ocorre uma inaptidão, 
momentânea ou não, do agente para o 
exercício de arte, profissão ou ofício. 
3. Resultado naturalístico involuntário 
DIREITO PENAL I 26 
4. Nexo entre conduta e resultado 
5. Resultado (involuntário) previsível 
6. Tipicidade 
ii. Espécies 
1. Culpa consciente: o agente prevê o resultado, mas 
espera que ele não ocorra, supondo poder evita-lo 
com a sua habilidade. 
2. Culpa inconsciente: o agente não prevê o resultado, 
que, entretanto, era previsível. 
3. Culpa própria: o agente não que e não assume o 
risco de produzir o resultado, mas acaba lhe dando 
causa por negligência, imprudência e imperícia. 
4. Culpa imprópria (art. 20, § 1º do CP): o agente, 
por erro evitável, imagina certa situação de fato que, 
se presente, excluiria a ilicitude do seu 
comportamento. Provoca intencionalmente 
determinado resultado típico, mas responde por culpa 
por razões de política criminal. 
c. Crime preterdoloso: o agente pratica delito distinto do que havia 
projetado cometer, advindo da conduta dolosa resultado culposo 
mais grave do que o projetado. O comportamento é doloso, mas o 
resultado (mais grave) é involuntário. 
2. Resultado 
a. Naturalismo: não está em todos os tipos penais a partir da conduta 
haverá modificação no mundo exterior. 
i. Material: é aquele cuja consumação só ocorre com a 
produção de resultado naturalístico. Exemplo: o homicídio 
se consuma com a morte. 
ii. Formal ou tipos incongruentes: é aquele em que o 
resultado naturalístico é até possível, mas irrelevante, uma 
vez que a consumação se opera antes e independentemente 
de sua produção. Exemplo: extorsão mediante sequestro (art. 
159 do CP) – se consuma no momento do sequestro. 
DIREITO PENAL I 27 
iii. Mera conduta: é aquele que não admite em hipótese 
alguma resultado naturalístico. Exemplo: desobediência – 
não produz nenhuma alteração no mundo concreto. 
b. Normativo (jurídico): resultado é toda lesão ou perigo de lesão a 
interesse penalmente relevante. 
i. Crime de dano: existe quando a sua consumação exige 
efetiva lesão ao bem jurídico tutelado. Exemplo: homicídio 
(art. 121 do CP). 
ii. Crime de perigo: quando a consumação se contenta com a 
exposição do bem jurídico a uma situação de perigo. 
1. Abstrato: advém da conduta que é absolutamente 
presumida em lei. Exemplo: tráfico de entorpecentes. 
2. Concreto: quando o legislador exige prova do risco 
ameaçando bem jurídico de alguém. 
3. Nexo causal (art. 13 do CP): é o elo concreto, físico, material e natural 
que se estabelece entre a conduta do agente e o resultado naturalístico, por 
meio do qual é possível dizer se aquela deu ou não causa a este. 
 
 
 
 
 
 
 
4. Concausas 
a. Absolutamente independentes: a causa efetiva do resultado não se 
origina, direta ou indiretamente, do comportamento concorrente, 
paralelo, podendo ser preexistente, concomitante e superveniente. 
i. Preexistente: a causa efetiva (elemento propulsor do 
resultado) antecede o comportamento concorrente. 
ii. Concomitante: a causa efetiva (elemento propulsor do 
resultado) é simultânea ao comportamento concorrente. 
iii. Superveniente: a causa efetiva (elemento propulsor do 
resultado) é posterior ao comportamento concorrente. 
Teoria dos antecedentes causais 
(conditio sine quanon) 
Teoria da eliminação hipotética dos antecedentes causais 
(Teoria de Thyrén) 
DIREITO PENAL I28 
b. Relativamente independentes: a causa efetiva do resultado se 
origina, ainda que indiretamente, do comportamento concorrente. 
Em outras palavras, as causas se conjugam para produzir o evento 
final. 
i. Preexistente: a causa efetiva (elemento propulsor que se 
conjuga para produzir o resultado) é anterior a causa 
concorrente. 
ii. Concomitante: a causa efetiva (elemento propulsor que se 
conjuga para produzir o resultado) ocorre simultaneamente à 
outra causa. 
iii. Superveniente (art. 13, § 1º do CP): a causa efetiva 
(elemento propulsor que se conjuga para produzir o 
resultado) acontece após a causa concorrente. 
5. Causalidade nos crimes omissivos: não se fala em nexo de causalidade em 
crime omissivo, mas somente em crimes comissivos dos quais resultem 
modificação no mundo exterior (resultado naturalístico). O que determina a 
ligação entre a conduta omissiva do agente e o resultado lesivo é o nexo 
estabelecido pela lei (normativo). 
a. Omissão própria: a lei prevê e pune a inação (conduta omissiva), 
na qual estará incurso o agente pelo simples fato de não ter atuado 
na forma determinada. Exemplo: omissão de socorro. 
b. Omissão imprópria: a lei não tipifica a conduta omissiva, mas 
estabelece regras para que se possa punir o agente por ter praticado 
crime comissivo por omissão. É um crime de resultado material, 
exigindo, consequentemente, um nexo entre a ação omitida e o 
resultado. Esse nexo, no entanto, não é naturalístico (a omissão não 
causou o resultado). O agente não causa diretamente o resultado, 
mas permite que ele ocorra abstendo-se de agir quando deveria e 
poderia fazê-lo para evitar a sua ocorrência. 
6. Tipicidade e tipo penal 
a. Conceito de tipo: é o modelo descritivo das condutas humanas 
criminosas, criado pela lei penal, com a função de garantia do 
direito de liberdade. 
DIREITO PENAL I 29 
b. Conceito de tipicidade: é a subsunção, justaposição, 
enquadramento, amoldamento ou integral correspondência de uma 
conduta praticada no mundo real ao modelo descritivo constante da 
lei (tipo penal). 
c. Doutrina tradicional: compreendia a tipicidade sob o aspecto 
meramente formal. Assim, conceituava-se a tipicidade como a 
subsunção do fato à norma. 
d. Doutrina moderna: a tipicidade penal deixou de ser mera 
subsunção do fato à norma, abrigando também juízo de valor, 
consistente na relevância da lesão ou perigo de lesão ao bem 
jurídico tutelado. É somente sob essa ótica que se passa a admitir o 
princípio da insignificância como hipótese de atipicidade (material) 
da conduta. 
i. Tipicidade formal 
ii. Tipicidade material 
e. Tipicidade conglobante (Zaffaroni): a tipicidade penal é a soma 
entre tipicidade formal e tipicidade conglobante, esta composta pela 
tipicidade material e antinormatividade do ato (ato não determinado 
ou não incentivado por lei). 
 
 
 
 
 
 
 
 
f. Espécies de tipicidade formal 
i. Adequação típica imediata, direta: se opera um ajuste 
entre o fato e a norma penal sem depender de dispositivo 
complementar. Através de um único dispositivo se alcança a 
subsunção entre a conduta e o tipo penal. 
Tipicidade 
formal 
Tipicidade 
conglobante 
Antinormatividade Tipicidade 
material 
DIREITO PENAL I 30 
ii. Adequação típica mediata, indireta: o ajuste entre o fato e 
o tipo somente se realiza através da conjugação do tipo penal 
com uma norma de extensão. 
1. Norma de extensão temporal: art. 14, II + art. 121 
ambos do CP. 
2. Norma de tipo pessoal e espacial: art. 29 + art. 121 
ambos do CP. 
3. Norma de extensão causal: art. 13, § 2º do CP. 
g. Elementos do tipo penal 
i. Objetivos: relacionados aos aspectos materiais e normativos 
do delito. 
1. Descritivos: descrevem os aspectos materiais da 
conduta. São elementos que não dependem de 
valoração para a inteligência do seu significado. 
2. Normativos: são caracterizados como elementos 
cuja compreensão passa pela realização de um juízo 
de valor. 
3. Científicos: caracterizados por transcenderem o 
mero elemento normativo, cuja apreensão exige 
conhecimento do seu significado estampado na 
ciência natural. 
ii. Subjetivos: relacionados à finalidade especial que anima o 
agente. 
1. Positivos: finalidade que deve animar o agente para 
que o fato seja típico. 
2. Negativos: finalidade que não deve animar o agente 
para gerar a tipicidade. 
iii. Exemplo: art. 33, § 3º da Lei de Drogas. 
h. Modalidades do tipo penal 
i. Tipo básico ou fundamental: modelo mais simples da 
descrição da conduta proibida ou imposta pela lei penal. 
DIREITO PENAL I 31 
ii. Tipo derivado: em virtude de determinadas circunstâncias, 
podem aumentar ou diminuir a reprimenda prevista no tipo 
básico. 
iii. Tipo fechado: é o tipo que possui uma descrição completa, 
perfeita do comportamento que se quer proibir ou impor. 
Exemplo: art. 155, caput, do CP. 
iv. Tipo aberto: é aquele que a lei penal não descreve 
detalhadamente a conduta que se quer proibir ou impor, 
ficando esse trabalho de acomodação entregue ao julgador. 
Exemplo: delitos culposos. 
v. Tipo congruente ou simétrico: apresenta simetria entre os 
elementos objetivos e subjetivos. 
vi. Tipo incongruente ou assimétrico: quando não houver a 
simetria entre os elementos. Hipóteses: crime formal, crime 
tentado e crime preterdoloso. 
vii. Tipo simples: é aquele em que o tipo penal prevê uma única 
forma de conduta, expressa pelo verbo núcleo do tipo. 
Exemplo: homicídio (art. 121, do CP) → verbo = “matar”. 
viii. Tipo misto: é aquele em que o tipo penal prevê várias 
condutas possíveis. 
1. Cumulativo: caso o agente pratique mais de uma 
conduta abrangida pelo tipo será aplicada a regra de 
concurso de crimes (concurso material) não havendo 
fungibilidade entre as condutas. Exemplo: arts 242 e 
244, do CP. 
2. Alternativo: é aquele onde existe uma variedade de 
condutas previstas no tipo ou mais de uma, 
responderá por um único crime. Exemplo: tráfico de 
drogas. 
ix. Elementares: componente básico configurando todos os 
dados fundamentais para a existência da figura típica, sem os 
quais ela desaparece (atipicidade absoluta) ou se transforma 
em outra (atipicidade relativa). 
DIREITO PENAL I 32 
ITER CRIMINIS 
 
1. Fases 
1ª Fase: Cogitação – pensamento do agente. Não é punível. 
2ª Fase: Preparação – quando o agente externa o seu pensamento. Não é punível. Exceção da 
punição: associação criminosa (antiga “formação de quadrilha”). 
3ª Fase: Execução – ato punível. 
4ª Fase: Consumação – quando há a presença de todos os elementos do fato típico (conduta, 
resultado, nexo causal e tipicidade). 
 Crimes materiais: resultado material e naturalístico. 
 Crimes formais: descreve a conduta e o resultado, mas apenas a conduta é 
considerada na consumação. 
 Crimes de mera conduta: descreve apenas a conduta e a considera para a 
consumação. 
2. Forma tentada (art. 14, II, do CP): é o início da execução e, por circunstâncias alheias, o crime 
não é consumado. 
a. Formas 
i. Imperfeita ou incompleta: é o início da execução, mas, por circunstâncias alheias 
à vontade do agente, o crime não é consumado. 
ii. Perfeita: quando o agente usa todos os meios possíveis na execução do crime, mas 
ele não é consumado. 
iii. Cruenta ou vermelha: quando a vítima sofre algum tipo de lesão. 
iv. Incruenta: quando a vítima não sofre nenhum tipo de lesão. 
b. Teorias 
i. Subjetiva: mesmo que o crime não tenha sido consumado, o agente responde 
como se tivesse sido. Esta teoria não é adotada no Brasil. 
ii. Objetiva: leva em consideração o grau de perigo à que a vítima foiexposta. 
c. Crimes que não admitem a tentativa 
i. Crimes culposos: o agente não tem dolo de consumação. 
ii. Crimes habituais: são caracterizados pela reiteração de atos. Assim, ou ocorre a 
reiteração de atos e o crime se consuma ou não há reiteração e então o fato será 
atípico. 
DIREITO PENAL I 33 
iii. Crimes condicionados ao implemento de um resultado: somente são puníveis se 
o evento descrito na norma ocorrer efetivamente. Exemplo: participação em 
suicídio (art. 122, do CP). 
iv. Crimes omissivos próprios: mera conduta. 
v. Contravenção penal: art. 4º, da LCP. 
vi. Crimes unissubsistentes: se consumam com apenas um único ato. 
vii. Crimes preterdolosos: o agente não quer o resultado agravador, que lhe é 
imputado a título de culpa. 
viii. Crime de atentado ou de empreendimento: embora possível a tentativa, por 
opção legislativa, a sua punição é a mesma de delito consumado, não se aplicando 
a redução da pena prevista no art. 14, parágrafo único do CP. Exemplo: evasão 
mediante violência contra a pessoa (art. 352, do CP). 
3. Crime impossível ou quase crime ou crime oco ou tentativa inidônea (art. 17 do CP): o 
comportamento do agente é inapto à consumação do crime, quer em razão dos meios empregados, 
quer por falta do objeto material. 
a. Formas de crime impossível 
i. Por ineficácia absoluta do meio: se verifica quando falta potencialidade causal, 
pois os instrumentos postos a serviço da conduta não são eficazes, em hipótese 
alguma, para a produção do resultado. 
ii. Por improbidade absoluta do objeto: quando a pessoa ou a coisa que representa 
o ponto de incidência da ação delituosa (objeto material) não serve à consumação 
do delito. A inidoneidade do objeto se verifica tanto em razão das circunstâncias 
em que se encontra (objeto impróprio) quanto em razão da sua inexistência (objeto 
inexistente). 
4. Desistência voluntária (art. 15 do CP): o agente, por manifestação exclusiva do seu querer, 
desiste de prosseguir na execução da conduta criminosa. Trata-se da situação em que os atos 
executórios ainda não se esgotaram, entretanto, o agente, voluntariamente, abandona o seu dolo 
inicial. 
5. Arrependimento eficaz (art. 15, 2ª parte, do CP): ocorre quando os atos executórios já foram 
todos praticados, porém, o agente, decidindo recuar na atividade delituosa corrida, desenvolve 
nova conduta com o objetivo de impedir a produção do resultado (consumação). 
6. Arrependimento posterior (art. 16 do CP): o agente, depois de ter consumado o crime, por ato 
voluntário, repara o dano ou restitui a coisa com o fim de restaurar a ordem perturbada. Nesses 
casos a lei recompensa o criminoso arrependido com a diminuição da sua pena. 
DIREITO PENAL I 34 
ANTIJURIDICIDADE (ILICITUDE) 
 
Causas excludentes de ilicitude (descriminantes ou justificantes) 
 
1. Estado de necessidade (art. 24 do CP) 
a. Requisitos 
i. Perigo atual 
ii. Que a situação de perigo não tenha sido causada voluntariamente pelo agente. 
iii. Salvar direito próprio ou alheio. 
iv. Inexistência de dever legal de enfrentar o perigo (art. 24, § 1º, do CP). 
v. Inevitabilidade do comportamento lesivo. 
vi. Inexigibilidade de sacrifício do interesse ameaçado. 
vii. Conhecimento da situação de fato justificante. 
2. Legítima defesa (art. 25 do CP) 
a. Requisitos 
i. Agressão injusta: comportamento humano. 
ii. Agressão anual ou iminente 
iii. Uso moderado dos meios necessários 
iv. Proteção do direito próprio ou alheio 
v. Conhecimento da situação de fato justificante 
Observação: Legítima defesa recíproca – não admitida. 
3. Estrito cumprimento do dever legal (art. 23, III, 2ª parte, do CP) 
4. Exercício regular do direito 
Observação: Ofendículo – representa aparato preordenado para defesa do patrimônio. Exemplo: cacos de 
vidro no muro, cerca elétrica, etc. 
5. Excesso nas justificantes (art. 23, parágrafo único do CP) 
6. Descriminante putativa 
a. Natureza: erro de tipo 
i. Evitável: cuida-se do erro previsível, só excluindo o dolo (por não existir 
coincidência), mas punindo a culpa (se prevista como crime), pois havia 
possibilidade de o agente conhecer o perigo. 
ii. Inevitável: configura o erro imprevisível, excluindo o dolo (por não haver 
coincidência) e culpa (pois o ausente a previsibilidade). 
DIREITO PENAL I 35 
CULPABILIDADE 
 
1. Elementos da culpabilidade 
a. Imputabilidade: é a capacidade de imputação, ou seja, possibilidade de se atribuir a 
alguém a responsabilidade pela prática de uma infração penal. 
i. Hipóteses de imputabilidade 
1. Critério biológico: leva em conta apenas o desenvolvimento mental do 
agente, independentemente se tinha, no tempo da conduta, capacidade de 
entendimento e autodeterminação. 
2. Critério psicológico: considera apenas se o agente, ao tempo da conduta, 
tinha a capacidade de entendimento e autodeterminação, independente de 
sua condição mental ou idade. 
3. Critério biopsicológico: considera-se inimputável aquele que, em razão de 
sua condição mental (por doença mental ou desenvolvimento mental 
incompleto ou retardado), era, ao tempo da conduta, inteiramente incapaz 
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se. 
b. Possibilidade de conhecimento da ilicitude do fato: representa a possibilidade que tem o 
agente imputável de compreender a reprovabilidade da sua conduta. 
c. Exigibilidade de obediência ao Direito 
2. Excludente de culpabilidade 
a. Inimputabilidade e culpabilidade diminuída 
i. Inimputabilidade 
1. Inimputabilidade em razão de anomalia psíquica; 
2. Inimputabilidade em razão da idade; 
3. Inimputabilidade em razão da embriaguez. 
ii. Culpabilidade diminuída ou semi-imputabilidade (art. 26, parágrafo único do 
CP) 
iii. Consequências jurídicas 
b. Coação moral irreversível: ameaça, promessa de realizar um mal. 
c. Obediência hierárquica (art. 22, 2ª parte do CP) 
d. Emoção e paixão: emoção é o estado súbito e passageiro, enquanto a paixão é o 
sentimento crônico e duradouro. Pode a emoção servir de circunstância atenuante, nos 
moldes do art. 65, III, c, ou como causa de diminuição de pena, como prescrevem os arts. 
DIREITO PENAL I 36 
121, §1º, e 129, §4º, ambos do CP. Já a paixão, dependendo do grau e da capacidade de 
entendimento do agente, pode ser encarada como doença mental (paixão psicológica – art. 
26, caput, CP). 
e. Embriaguez e substâncias de efeitos análogos 
i. Formas ou modalidades 
1. Não acidental 
a. Voluntária: quando o agente ingere a substância alcoólica com a 
intenção de embriagar-se. 
b. Culposa: quando o agente, por negligência ou imprudência, acaba 
por embriagar-se. 
2. Acidental 
a. Caso fortuito: o sujeito desconhece o efeito inebriante da 
substância que ingere. 
b. Força maior: o sujeito é obrigado a ingerir a substância inebriante. 
3. Preordenada (actio libera in causa): o agente ingere bebida alcoólica ou 
consome substância de efeitos análogos com a finalidade de cometer um 
crime. 
4. Habitual ou patológica: é a embriaguez doentia que pode ser tratada como 
anomalia psíquica, gerando inimputabilidade do agente ou redução de sua 
pena, nos moldes do art. 26 do CP. 
f. Erro de proibição (art. 21 do CP): é a potencial consciência da ilicitude do fato, já que 
uma vez publicada no D.O.U. a lei se presume conhecida por todos. Logo, não nos é dado 
desconhecer a lei. 
g. Coculpabilidade: imputa ao Estado parcela da responsabilidade social pelos atos 
criminosos dos agentes em razão das desigualdades sociais. 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
Anotações das aulas. 
 
PINHEIRO, Bruno. Teoria Geral do Delito. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. 
 
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal,volume 1, parte geral: (arts. 1º a 120). 15. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2011. 
 
GRECO, Rogério. Código Penal Comentado. 2. ed. Niterói: Impetus, 2009. 
 
SANCHES, Rogério. Manual de Direito Penal: parte geral. 2. ed. Salvador: Juspodivm, 2014.

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