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TEORIA GERAL DO PROCESSO Caderno Ingrid Caroline Grandini Rodrigues Professor Haroldo Lourenço Baseado nas transcrições de: Alexandre Ribeiro, Amanda Bastos, Amanda Nachard, Caroline Mattos, Gabriel Rossy, Jéssica do Vale, Mayara Moura, Pedro Oliveira e Tamiris Gonçalves 1 SUMÁRIO 1. Teoria Geral do Processo 3 2. Pontos Bases 3 2.1 Direito de Ação 3 2.2 Processo 3 2.3 Jurisdição 3 2.3.1 Inércia: 3 2.3.1.2 Princípio da Congruência, ou Adstrição, ou Correlação 4 2.3.2 Definitividade 5 2.3.3 Heterocomposição 6 3. Meios alternativos para solução de litígios 9 3.1 Arbitragem - Lei nº 9.307/1996. 9 3.1.1 Convenção de arbitragem 13 3.1.2 A cláusula compromissória 14 3.1.3 O compromisso arbitral 14 3.2 Conciliação e Mediação 18 4. Ministério Público no processo Civil 20 4.1 Independência Funcional 22 4.2 Unidade 23 5. Nulidade do Processo 24 5.1 Teoria Geral das Nulidades 26 5.1.1 Princípios Relativizantes das Nulidades 27 5.1.1.1 Princípio da instrumentalidade (e prejuízo) 27 5.1.1.2 Princípio da Causalidade 28 6. Noções básicas sobre competência: Estadual e Federal 30 6.1 Juizados 31 6.1.1 Juizado Especial Cível (JEC) - Lei nº 9.099/95 31 6.1.2 Juizados Especiais Federais (JEF) - Lei 10.259/2001 32 6.1.3 Juizados Especiais de Fazenda Pública (JEFP) - Lei 12.153/2009 32 ➢ Estrutura da prova: A prova consta de 4 questões objetivas e 1 subjetiva. Atingindo a média na primeira avaliação não será necessária a realização da P2, a menos que você queira, por exemplo, aumentar a sua média e ficar com um bom CR. 2 1. Teoria Geral do Processo Estudos dos elementos que estruturam o processo, principalmente o processo civil. A teoria Geral do Processo abrange todo o direito processual, porém seu enfoque é no processo civil. 2. Pontos Bases 2.1 Direito de Ação Art. 5º, CF: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: .... XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito 2.2 Processo É o mecanismo utilizado pelo Estado para o judiciário, validamente, solucionar o seu litígio. Ou seja, o processo nada mais é do que uma sequência de atos processuais organizados com o único objetivo de solucionar o litígio ( o problema). 2.3 Jurisdição A função do Estado de solucionar o litígio,o conflito, que por sua vez, é a função do judiciário. 2.3.1 Inércia: “Art. 2o, CPC: O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei.” 3 Significa dizer que o juiz só age mediante provocação, ou seja, o judiciário só age mediante provocação, enquanto o legislativo e o executivo agem por conta própria. Se o judiciário é inerte, ele é provocado por meio Direito de Ação. Exemplo: Você vai ao judiciário pedir uma solução, pedir pra tirar seu nome da negativação indevida, etc. 2.3.1.1 Princípio da Congruência, ou Adstrição, ou Correlação Quando o juiz for dar a sentença, tem que constar o dano moral e o dano material porque o juiz tem sempre que guardar uma congruência na sentença em relação à petição inicial, ou seja, ele tem que estar sempre adstrito à petição inicial. Em outras palavras, tem que haver correlação com o conteúdo, com o que foi pedido na inicial. Art. 141, CPC O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe vedado conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da parte.” Art. 492, CPC É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado. Exemplo: Eu ajuízo uma petição inicial e estou pedindo um dano material no valor de R$ 10.000 ( valor que gastei), mais o dano moral. E Se, no caso do exemplo acima, o juiz quiser dar o dano estético? Ele NÃO pode. Se não foi pedido o dano estético, ele não pode dar por conta própria, tendo em vista o princípio da inércia, ou seja, ele tem que ser provocado. OBS: A regra da petição inicial é o pedido ser certo e determinado: 4 Art. 322, CPC O pedido deve ser certo. Art. 324, CPC O pedido deve ser determinado. - Três tipos de vícios que podem ocorrer na sentença, em virtude do não seguimento do princípio da Congruência: i. Ultra-petita: É uma sentença que ultrapassou os limites postos na petição inicial. Ex: Eu pedi dano material e moral na minha petição inicial, mas o juiz deu moral, material e estético. ii. Extra-Petita: Pode acontecer de o juiz não ultrapassar, mas trocar um pedido pro outro na sentença. Ex: Eu pedi dano material e moral, e o juiz me dá material e estético. iii. Citra-Petita: o juiz simplesmente se omitiu, deixou de decidir alguma coisa. Ex: Eu pedi dano material e moral, mas o juiz só deu o dano material. Decisão interlocutória: tudo o que o juiz decide ao longo do processo, sem encerrar o processo, chamamos de decisão interlocutória. Quando o juiz encerrar o processo, chamamos tal ato de sentença. Acórdão: Acordo entre os desembargadores da câmara dos tribunais superiores; OBS: Contra decisão interlocutória, cabe o recurso denominado agravo de instrumento; Da sentença cabe o recurso chamado apelação. 2.3.2 Definitividade O judiciário, entre os três poderes, é o único que possui a possibilidade de dar a última palavra sobre os conflitos. A palavra final sobre o assunto é o que chamamos 5 de COISA JULGADA. Art. 5º, XXXV, CF: a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. O judiciário é o único órgão que tem a autoridade de revisar a decisão de outros poderes, sendo, portanto, o único que não sofre o chamado CONTROLE EXTERNO. Quando o legislativo publica uma lei, o judiciário pode declarar tal lei inconstitucional, portanto, dessa forma, houve controle externo; tal controle também pode ser expressado sob o executivo. Em relação ao judiciário, só cabe o CONTROLE INTERNO, que se dá através dos recursos, dos órgãos administrativos internos do judiciário (reclamação do juiz junto a corregedoria é uma forma de controle interno do judiciário). Em síntese, você só consegue revisar uma decisão do judiciário no judiciário desde que a mesma ainda não tenha feito coisa julgada. Trânsito em Julgado: Quando se fala que a decisão transitou em julgado significa que não cabe mais recursos. Ex: da sentença, cabe apelação (prazo de 15 dias para interpô-la). Caso eu não tenha apelado, transitou em julgado (não cabe mais recurso). Coisa julgada: coisa julgada, por sua vez, significa tornar a decisão imutável. Transitou, sucessivamente a coisa está julgada. 2.3.3 Heterocomposição É uma terceirapessoa que, estranha ao litígio, vai solucionar o seu litígio. O que é diferente de eu ter a solução do litígio por autocomposição, que é quando as próprias partes solucionam os problemas. Então, uma das características da jurisdição é ter a solução do seu litígio por heterocomposição: um terceiro imparcial vai solucionar esse litígio. Isso pode se dar nas chamadas jurisdição estatal, que é realizada perante o 6 Estado, com o juiz togado, um magistrado, que vai solucionar o litígio, ou, também pode ser possível, a heterocomposição nas chamadas jurisdição privada. É possível ter uma solução de litígio numa jurisdição totalmente particular, as arbitragens. (L. 9307/96). Exemplo: O cara atropela banhistas de lancha, o tribunal marítimo vai solucionar o litígio. Essa decisão do tribunal marítimo pode eventualmente ser revista no Judiciário? Pode, devido à inafastabilidade da tutela jurisdicional, mas a Constituição exige que primeiro você vá lá. Na autocomposição, nós temos dois tipos: a conciliação e a mediação. Nós temos por soluções do litígio: heterocomposição ou autocomposição. Quando se fala na jurisdição estatal e na jurisdição arbitral, você tem a presença de um terceiro e ele irá solucionar o litígio, gerar uma sentença (o juiz togado). Mas na jurisdição arbitral, haverá uma pessoa dando uma sentença também, o juiz arbitral. Na heterocomposição você terá uma solução imposta por um terceiro, é uma situação que você tem um terceiro impondo sua decisão. Na autocomposição, ou seja, a conciliação ou a mediação, você também terá a participação de um terceiro, que é o conciliador ou o mediador, mas a decisão não será imposta, ele só cumpre o papel de orientar as pessoas. Na autocomposição, quem soluciona são as partes, mas é comum ter um terceiro orientando e auxiliando as partes. Na arbitragem você terá um juiz arbitral, na jurisdição estatal, um juiz togado. Existe, também, uma terceira forma de solução do litígio, em que ela só é admitida em casos muito excepcionais – a autotutela. Nas soluções por heterocomposição, o terceiro vai impor uma solução às partes, seja um juiz togado ou um juiz indicado pelas partes (arbitral). Na autocomposição, as partes elas mesmas solucionam o problema com a orientação de um interveniente (conciliador ou mediador). A autotutela é quando a solução é feita pela força. Em regra, a autotutela é permitida pelo ordenamento? Exemplo: Um indivíduo pega o laptop do devedor para pagar a dívida. Isso não é possível, pois é um exercício arbitrário das próprias razões. O litígio não pode ser solucionado com base na força pelo indivíduo. 7 Excepcionalmente o ordenamento permite, por exemplo, em casos de legítima defesa. Na legítima defesa, no Direito Penal, o indivíduo vai repelir uma injusta agressão, vai afastar uma injusta agressão. Na área cível, é o chamado desforço possessório, legítima defesa da posse ou autotutela da posse . Art. 1.210, CC: o possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado. Exemplo 1: Um indivíduo, que é meu vizinho, enquanto estou em casa, resolve estacionar o carro em minha garagem. Então, eu fico em frente ao carro, impedindo que o outro indivíduo invada minha propriedade. Nos casos do MST, o proprietário pode impedir aquela invasão, desde que ele faça de maneira imediata e proporcional. Bares na mesma área do shopping (mesmo condomínio) devem respeitar o espaço, tendo o direito de ocupar 2 metros além do bar. Um dos bares começou a invadir o espaço do outro bar com outras mesas, invadindo a posse do outro bar. Geralmente, deve-se ajuizar uma ação contra o bar, porém ele pode de deixar de invadir por alguns dias ou fazer quando não for possível ajuizar a ação ou uma ação preventiva, porém seria confuso. O dono do bar pode colocar seguranças para retirar as mesas que invadem o espaço assim que as mesas forem colocadas. A agressão à posse é naquele momento? Ele está repelindo a posse de maneira imediata? De maneira proporcional? Sim, é uma forma de autotutela sem a necessidade da presença do Judiciário. ATENÇÃO! A autotutela é possível em nosso ordenamento desde que seja feita de maneira excepcional, só em casos autorizados por lei. É possível, em nosso ordenamento, que o indivíduo solucione o litígio sem a presença do Judiciário. 8 Exemplo 2: Nos casos de invasão da propriedade pelo MST, se o proprietário chegar a sua propriedade e já estiver ocupada, não é possível a retirada, pois não será imediato. Os indivíduos devem estar entrando e automaticamente o proprietário tem que estar tirando. Se a invasão já se consolidou, só pode ser retirada pelo Judiciário. Ocupações de estudantes também entram pelo mesmo critério. Ainda que haja agressão por parte de quem esteja invadindo, depois que se consolidou a ocupação, a retirada só é possível mediante o Judiciário, não podendo se valer mais da autotutela: sendo uma heterocomposição. O desforço tem que ser imediato e proporcional, obviamente, para evitar excessos. Exemplo 3: Quem mora em casa, por exemplo, o vizinho faz um puxadinho do telhado que está puxando para sua parte, na hora que ele está fazendo a obra e você tirar a telha, é válido. Agora se a telha já estava no local, já não é possível a retirada, tendo que ajuizar a ação para retirar a telha, pois já não é mais imediato. 3. Meios alternativos para solução de litígios 3.1 Arbitragem - Lei nº 9.307/1996. Art. 3o , NCPC: Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. § 1o É permitida a arbitragem, na forma da lei. Já se discutiu muito sobre a arbitragem no Brasil, sendo que o novo CPC solucionou a confusão em torno da arbitragem. O artigo 3º diz que nenhuma lesão ou ameaça de lesão pode ser afastada do judiciário, repetindo o artigo 5º XXXV da CF (princípio da inafastabilidade da tutela jurisdicional ou cláusula de acesso à justiça). Todos possuem direito de acesso ao Judiciário. §1º: a arbitragem é reconhecida na forma da lei. A arbitragem também está contida na cláusula de acesso à justiça. Esse 9 artigo tem uma explicação ideológica nesse sentido. A arbitragem, apesar de ser uma instituição privada, também é uma forma de solução do litígio, de justiça. Vendo os §§2º e 3º é reconhecido também os meios consensuais de solução do litígio (conciliação ou mediação). Dentro da ótica de se ter acesso a justiça, é reconhecida tanto a decisão judicializada, pelo juiz togado, como pela solução arbitral, além da decisão consensual. Tudo está contido em uma ideia ampla de acesso a justiça. ➢ É reconhecido pelo nosso ordenamento tanto os meios de heterocomposiçãocomo os meios de autocomposição, tudo dentro da ideia de acesso à justiça. Essa expressão “acesso à justiça” foi, mais ou menos, estabelecida em nosso ordenamento aproximadamente na década de 70 por um juiz italiano, Mauro Cappelletti. Esse cara escreveu um livro que o título é exatamente esse: O Acesso à Justiça. Foi ele quem inventou essa expressão, que quer dizer que foi onde começaram os primórdios do raciocínio de que todos têm o direito de ter acesso à justiça. Na época, o acesso à justiça era só pelo órgão do Judiciário. Hoje, em uma visão mais moderna, que é a visão adotada pelo CPC, se consagrou o que é chamado de justiça multiportas, isto é, o Judiciário não tem só um caminho para solucionar o litígio. Existem caminhos diversos dentro do Judiciário, mas também caminhos fora do Judiciário. A ideia de justiça multiportas é a de você superar a ideia de que tudo na justiça é solucionado pelo juiz. A principal forma de solução é a judicial, porém é sobrecarregar o juiz. O juiz não dará vazão para solucionar isso tudo. Então você tem que começar a estimular, nessa lógica, outros meios. Mais do que uma mudança de código, houve uma mudança cultural. Isso foi consagrado pelo novo CPC, mas essa ideia foi amadurecida no decorrer dos anos. Desde Cappelletti, até os dias atuais. Na época de Cappelletti, ele pensou que nenhum litígio poderia ser afastado do Judiciário, você abriu as portas do Judiciário. Porém, a questão é o seguinte: todo mundo consegue entrar no Judiciário, mas consegue sair? Não, você fica lá anos tentando sair. Hoje todo mundo tem acesso à justiça, mas tem hora pra sair? Não. Então você tem que começar a pensar em soluções alternativas, sejam soluções dentro do próprio Judiciário, ou seja, o próprio juiz togado, 10 como também as soluções consensualizadas, que é a conciliação, que já temos há muito tempo, e a mediação, que é um pouquinho mais nova. A ideia, como eu falei, é uma ideia cultural, uma mudança de cabeça. Nós somos criados pela ideia de que, quando eu tenho um problema, eu quero ver um juiz na minha frente, pois é ele que vai solucionar meu litígio. Exemplo 1: Tem muitos processos, em vara de família, que o juiz fica “secando gelo”, como acontece geralmente com pensão alimentícia. O devedor paga três meses, para não ser preso, aí volta a dever. A mãe, então, tem que ajuizar outra execução para que ele pague o que está devendo. Então, para ele não ser preso, paga, mas volta a dever em seguida. E fica nessa sempre, até a criança atingir a idade de que não precisa mais receber a pensão. E o juiz, então, fica a vida inteira ali nesse ciclo, pois é uma ilusão de que o juiz vai condenar uma sentença para o pai pagar a pensão alimentícia e aquele litígio vai acabar. Pelo contrário, o litígio só aumenta. Nesses casos, não seria melhor tentar uma solução por autocomposição nesse meio familiar, para que eles mesmos chegassem a um acordo? Então, por exemplo, em litígios familiares, a mediação é mais adequada. Em contra partida, em relações de consumidor, por exemplo, o ideal seria o que? Conciliação ou o juiz decidindo, pois é muito difícil chegar a um acordo nesses casos. Eu vou explicar isso mais para frente, mas só para você entender como essa conciliação se materializa: é claro que isso não é fácil de ser conseguido, pois é uma mudança cultural, onde as pessoas precisam mudar a cabeça. Alguns passos já foram dados. Hoje, por exemplo, quando você ajuíza uma ação, a primeira coisa que é marcada é uma audiência de conciliação ou de mediação, de acordo com a regra posta no novo CPC. Segundo ponto: a especialização dos mediadores, por diversos motivos. Não sei se vocês sabem, mas o conciliador que vocês conhecem, nos juizados, trabalha de graça. É claro que isso não dá certo. Enquanto não fizer um concurso público, para botar pessoas capacitadas para trabalhar, recebendo um salário direitinho, isso não vai 11 melhorar de nível. O conciliador acaba trabalhando de graça porque ele quer carga horária para a faculdade, essas coisas, para aprender na prática. Pensando pela solução do litígio, isso é ruim, já que o ideal seria um profissional capacitado para fazer isso. Mas adianta colocar marido e mulher em uma mesa, para juntos solucionar o litígio? Claro que não. O mediador, por exemplo, são profissionais qualificados para isso, um psicólogo, um assistente social. Uma audiência de conciliação leva nada menos do que três horas conversando. É melhor se perder cinco horas em uma audiência de mediação do que um processo que está rolando durante dez anos no Judiciário. O conciliador, por dia, faz umas trinta audiências, não dando a importância necessária a elas. Já com o mediador, é diferente, ele é pago para estar ali, então ele tem uma preocupação maior na hora de solucionar aquele litígio. Já criaram esse cargo? Esse cargo existe? De mediador já, mas por enquanto alguns são remunerados diretamente, outros indiretamente, pela PPP (parceria público-privada). Órgãos, como por exemplo, faculdades de psicologia, conselho regional de psicologia, fizeram parceria com o Judiciário. Aí nessa parceria público-privada, ambos têm vantagens. Como não tem verba para fazer concurso para psicólogos, assistentes sociais, etc, essa é a solução. É uma área que ainda está em crescimento. Então essa parte de mediação e conciliação é considerada fora do Judiciário? Não, aí não. Quando se fala em justiça multiportas, é porque tudo isso vai acontecer dentro do Judiciário. A única que é fora do Judiciário é a arbitragem. Quando se fala no conceito de justiça multiportas, é enxergar que dentro do Judiciário se tem várias alternativas, com o juiz togado, com a conciliação ou com a mediação. Quando se usava a expressão “meios alternativos”, parecia que era algo meio clandestino, meio paralelo, mas não é. Vamos pensar juntos: se eu propuser uma ação, e marcar uma audiência de conciliação ou mediação e resolver o que eu tenho com esse cara, por exemplo, será que vai ter morte? Ou ao contrário. Ele percebe que esse cara é psicopata e já pode 12 tomar uma medida preventiva. Síntese: quando você fala de justiça multiportas, é o juiz togado, o conciliador ou o mediador. Vamos, na próxima aula, ver como essas audiências se desenvolvem. Na arbitragem, você vai escolher um juiz arbitral para solucionar o seu litígio, que vai se dar através da chamada convenção de arbitragem, que tem duas espécies: cláusula compromissória e compromisso arbitral. Então, as partes podem escolher se elas não querem ir para o Judiciário e querem ir para um juízo arbitral? Sim, escolha feita por meio da convenção de arbitragem. Você vai assinar um contrato. Por exemplo, eu tenho um litígiocom você e eu não quero ir ao Judiciário, pois eu sou uma empresa e você, outra empresa. Se você for pro Judiciário comigo, eu vou recorrer e isso vai demorar dez anos. Mas não tem condições de ser assim, a solução deve ser feita rapidamente. Vamos procurar um tribunal arbitral e abrir mão do Judiciário? Vamos. Assinaremos então uma convenção de arbitragem, que pode ser cláusula compromissória ou compromisso arbitral. As próprias partes fazem essas escolhas. Existe uma Câmara Arbitral, que tem contratado diversos juízes arbitrais. As partes procuram essa Câmara Arbitral para solucionar os problemas. Exemplo 2: A Apple demitiu um funcionário, que foi imediatamente contratado pela Samsung, quando surgiu, há uns quatro anos atrás, aquele Samsung Galaxy. A Apple processou a Samsung, alegando que esse cara levou informações privilegiadas da Apple para a Samsung. Uma ação dessas na Justiça leva anos. Estaremos já no Iphone 10 e eles ainda brigando. A arbitragem pode ser usada quando o nosso litígio é sigiloso, que não pode ser contado. Divulgar um litígio entre essas duas grandes empresas, geraria problemas maiores. No Judiciário, o processo é público, todos teriam acesso às informações privilegiadas das empresas em questão. Então, é preferível que elas contratem um profissional dessa área para solucionar o litígio, para apurar se houve ou não o acesso à informação. O único critério para escolha de um juiz arbitral é ele ser da confiança das partes. 13 Ele pode ser um administrador, um engenheiro, qualquer coisa, basta as partes concordarem. A arbitragem só pode solucionar apenas litígios patrimoniais e disponíveis. Nunca vai ter na arbitragem um divórcio, por exemplo. No Judiciário, na jurisdição normal, os litígios são solucionados em massa, em escala industrial. Já na arbitragem, são solucionados em escala artesanal, em um alto grau de especialização. No Judiciário, você é só mais um. Na arbitragem, você é o cara. 3.1.1 Convenção de arbitragem É uma previsão genérica que as partes têm o interesse na arbitragem. Então as partes estabelecem no contrato, nos termos da Lei nº 9.307/1996, que elas estão interessadas em procurar a solução do litígio em um tribunal arbitral. E isso é o gênero, quando você fala genericamente: “olha, as partes previram que querem ir para um tribunal arbitral, elas simplesmente estão afastando o judiciário. Estão dizendo: não estamos interessados a levar o nosso conflito ao poder judiciário”. 3.1.2 A cláusula compromissória Eu alugo meu apartamento para vocês hoje. Nesse meu contrato eu estabeleço que se nós viermos a ter algum litígio, oriundo do aluguel, oriundo das condições do apartamento, etc., nós não queremos ir para o judiciário, queremos procurar um tribunal arbitral, você vai chamar isso de cláusula compromissória. A grande característica da cláusula compromissória é ser antes de eu ter um litígio, ter um briga, qualquer tipo de discussão. Então nós estamos celebrando um contrato, o que ela falou, em regra, a cláusula compromissória ela é originária à formação do negócio jurídico, na celebração: quando eu alugo o apartamento a você, eu já estabeleço que eu quero solucionar isso na arbitragem, ou seja, em regra, ela é originária, ela é feita no momento da celebração do nosso negócio jurídico. Estou alugando o apartamento para vocês hoje, e hoje estou estabelecendo, nesse momento, se nós viermos à brigar nós vamos solucionar qualquer coisa num tribunal arbitral. A cláusula compromissória tem a característica também de ser geralmente genérica. 14 3.1.3 O compromisso arbitral O compromisso arbitral, ele tem outra característica. Ele é depois do litígio, então eu aluguei meu apartamento para você, no nosso contrato não tem nada falando sobre arbitragem. Começou a discussão, sobre qualquer coisa, nós resolvemos que, ao invés de nós buscarmos o judiciário, depois do litígio formado - perceba, nós estabelecemos a arbitragem para solucionar um litígio específico (por exemplo, da rescisão deste contrato). A cláusula compromissória tem a característica também de ser geralmente genérica. O compromisso arbitral ele tem a característica de ser específico. ● Eu posso ter cláusula compromissória com compromisso arbitral ou, genericamente, como a gente sempre fala, convenção sobre arbitragem cheia ou vazia. ○ Vazia: “Samir, se nós viermos a ter um litígio, queremos solucionar num tribunal arbitral”. Não estabeleci nada, nem qual tribunal, nem local, nem legislação aplicada. A convenção de arbitragem vazia é aquela que simplesmente as pessoas preveem que vão para arbitragem e estão afastando o judiciário. ○ Cheia: você estabelece todas as regras necessárias para que a arbitragem funcione. Por exemplo, você pode estabelecer número de árbitros, a legislação que você quer que seja aplicável. É muito comum na arbitragem empresarial, arbitragem entre duas grandes empresas. Às vezes você tem empresas internacionais, multinacionais, que elas não querem aplicar a lei brasileira, então elas estabelecem uma previsão que elas querem solucionar esse conflito de acordo com as leis da Alemanha. Na arbitragem você é livre para estabelecer o que você quiser. Eu posso também prever nessa minha convenção de arbitragem cheia, que eu estou dando exemplo, inclusive, que eu nem quero que seja aplicável a 15 legislação. Regras próprias, por exemplo: os costumes. A arbitragem, ela só soluciona direitos patrimoniais e disponíveis (aqueles referentes a patrimônio em que as partes podem usar, gozar e dispor, que podem transacionar livremente, de acordo com a vontade, pactuando entre si situações em conformidade com seus anseios). No tribunal arbitral, chamada sentença arbitral, é um título judicial. É o único título judicial que se forma fora do poder judiciário (Art. 515, VII, CPC). A sentença de um juiz arbitral tem a mesma eficácia, os mesmo efeitos que uma sentença de um juiz. O juiz arbitral é um cara que resolve litígios super sérios, a sentença dele tem a mesma eficácia do que a sentença de um juiz; e outra coisa, ganha mil vezes mais do que um juiz togado, só pra constar. A justiça arbitral, ela é muito bem remunerada - por uma razão muito simples: as pessoas que decidem litígios arbitrais são extremamente especializadas naquela matéria, diferente de um juiz togado. É cabível arbitragem que envolva o poder público? Que envolva os entes públicos? Sim? É possível ter arbitragem que envolva por exemplo o Estado, a União, os entes públicos ou só é possível para particulares? Exemplo 1: tenho um contrato com a União numa licitação que eu ganhei, estou praticando um serviço, estou com um problema contratual com a União. Eu quero dirimir meu problema deste contrato e aí, posso ir para a arbitragemsolucionar o litígio? E o juiz arbitral vai dar uma sentença contra a União, a Fazenda Pública? E vai ser um título judicial contra a União? Quando envolve a Fazenda Pública, posso ter um interesse patrimonial disponível ou não? Ou é sempre indisponível? É interesse público então na arbitragem não pode ter? A Lei da Arbitragem foi alterada para prever a arbitragem envolvendo o poder público. Lei 13.129/15, essa lei alterou a Lei 9.307/96. 16 Não é em todas as vezes que eu tiver poder público, em um contrato ou uma negociação que será questão de interesse público. ● Atos administrativos: atos com todas as prerrogativas de direito público, são atos de interesse público que dizem respeito a coletividade. A União publica edital para licitação para contratação de uma empresa para fazer uma reforma. Esse edital de licitação é um ato administrativo de direito público, de interesse público. NÃO CABE ARBITRAGEM POIS O ESTADO NÃO PODE DISPOR DO DIREITO. ● Atos da administração: A União está fazendo uma reforma na Avenida Brasil, às vezes, a União aluga por exemplo uma casa e bota equipamento ali dentro, os pedreiros dormem ali dentro de madrugada tomando conta. A União simplesmente alugou aquela casa, celebra um contrato de locação e pronto. Mas aí tem que ter um interesse público para isso. Nessa localidade da obra não tem nenhuma construção pública para, por exemplo, a União usar, não tem solução e ela precisa que os equipamentos fiquem do lado da obra. Não tem alternativa, ela vai ter que construir um barraco ali. Ela está alugando, é uma locação feita com um particular, remunerando, pagando todo mês, isso é não é um ato administrativo, é simplesmente um ato que conta com a participação da administração. Isso é um interesse meramente patrimonial, totalmente disponível, é esse que eu estou falando. ATOS DA ADMINISTRAÇÃO PODEM SER RESOLVIDOS PELA ARBITRAGEM. Princípios que regem a administração pública, princípios básicos Art. 37 da CF/88. - LIMPE: Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência. Tem 2 princípios aqui que geram conflito com a regra básica da arbitragem. É muito 17 comum na arbitragem você convencionar o sigilo. Tudo o que é feito na administração pública tem que ser público, logo, não pode ter cláusula de sigilo na arbitragem que a envolva. E a legalidade. Eu posso estabelecer por exemplo na arbitragem que eu não quero aplicação da lei, eu quero solucionar por exemplo com base nos costumes. A Fazenda pública tem que ser sempre uma arbitragem de direito, ou seja, observando a legalidade e sempre tem que ser uma arbitragem que seja pública, não pode ter sigilo, não pode ter também o que se chama de cláusula de confidencialidade, não pode ser confidencial, tem que ser público. Público mesmo, você tem que chegar lá na arbitragem, você que não tem nada a ver com a história, particular e falar assim ó: eu quero ver como é que foi esse processo, quero ter acesso. Obrigatoriamente tem que te mostrar. 3.2 Conciliação e Mediação O NCPC estimula, visa incentivar bastante a conciliação e mediação. No Art. 3º §2 e §3° ele estabelece que a conciliação e a mediação são normas fundamentais (todas as normas do 1º ao 12º do NCPC são chamadas de Normas fundamentais).São normas básicas do processo, são normas essenciais do processo, são normas fundamentais. Toda vez que eu apresentar a minha petição inicial, toda vez que eu ajuizar uma ação contra você, eu estou obrigado na minha petição inicial, art. 334, § 5º NCPC, eu estou obrigado a falar se eu quero, a minha opção pela realização da audiência de conciliação e mediação. O código estabeleceu como uma etapa obrigatória do procedimento que a primeira coisa que se realize no processo vai ser a audiência de conciliação e/ou mediação. Em juizados - portanto com causa de menos de 20 salários mínimos - essa audiência é obrigatória, ainda que você fale que não quer, vai ter, mas isso é diferente, é a a Lei 9.099/95 que é a do JEC, Juizado Especial Cível. O que estamos falando é diferente. Primeiro você faz só essa opção: eu quero ou não quero que tenha audiência de conciliação e mediação? Você não vai escolher se quer audiência de conciliação ou 18 mediação não. Quando eu ajuizar a minha petição inicial eu tenho que dizer na minha petição inicial: juiz, tô doido que role uma audiência de conciliação pra gente tentar fechar um acordo. Ou eu posso falar: excelência, não quero nem olhar pra cara desse sujeito. Isso é um direito meu. Primeira questão é o seguinte: se eu falo que eu não quero, o juiz vai marcar audiência? O art. 334, §4º, I, do CPC, ele fala que só não haverá audiência se autor e réu falarem que não. Então presta atenção: para não ter audiência eu tenho que ter manifestação negativa tanto do autor quanto do réu. Só o autor falar que não quer, não é suficiente para não ter a audiência. Se o autor fala que quer, não adianta nem o réu falar que não quer, porque já vai ter. Só não tem audiência se autor disser que não quer, réu disser que não quer. Primeiro, ter audiência é uma norma fundamental e se é uma norma fundamental, a regra é ter audiência. E ele pode chegar na audiência e oferecer uma proposta interessante de acordo. Então vale a pena tentar. É a lógica do código. Agora, se os dois falaram que não estão a fim, aí é perder tempo. Aí não tem nexo ter a audiência. Os dois têm que se manifestar de maneira expressa. A regra é a obrigatoriedade da audiência. Isso é uma norma fundamental. O réu tem da data da audiência até 10 dias uteis antes pra falar que também não quer. Aí tem o não do autor, não do réu. A audiência vai ser cancelada. O autor disse que sim, tá doido pra fazer um acordinho. Vai ter audiência. O réu tem que ir. Se você não for, vai tomar multa tá. É obrigatório o comparecimento, art. 334, §8º. De ambas as partes. “A ausência injustificada de autor ou réu é causa de multa de até 2% do valor da causa...” multa essa que se reverte para o estado, se estiver na justiça estadual, ou para a União, se estiver na justiça federal. A regra do processo civil é você ter audiência de conciliação e mediação. Segunda exceção: art. 334, § 4º, II, tem alguns litígios, alguns processos, que não adianta marcar audiência de conciliação e mediação, porque é perder tempo. Porque não existe possibilidade de chegar a um acordo. Imaginem o seguinte, por exemplo: eu to ajuizando uma ação de interdição do meu avô, porque meu avô tá com 90 e tantos anos, tá meio gagá já… você acha que ele vai concordar na audiência em ser interditado? lógico que não, isso é perda de tempo. O pai tá ajuizando contra o filho 19 uma ação negatóriade paternidade. Não tem chances de chegar a um acordo. Então o juiz pode, em certos casos, já não marcar a audiência de conciliação e mediação. Quando o juiz entender que esse litígio não admite autocomposição. Existe essa possibilidade do próprio juiz dispensar a realização da audiência de conciliação e mediação. ARBITRAGEM CONCILIAÇÃO MEDIAÇÃO Heterocomposição: terceiro irá solucionar este litígio Autocomposição: as partes chegam à solução Autocomposição: as partes chegam à solução juiz: árbitro mais ativa: propõe solução orientação: facilitação sentença judicial jamais impõe solução jamais impõe solução imposição de solução atinge os efeitos atinge a origem Art. 165 § 2º preferencial Art. 165 §3º preferencial sem vínculo anterior com vínculo anterior várias sessões: solução mais definitiva às regras de audiência, 397 4. Ministério Público no processo Civil A partir do 178 do CPC. A lei estabelece duas maneiras para o MP atuar no Processo Civil: ● condição de Parte: propondo ações, ele vai ajuizar a ação, ele vai propor a ação, é muito comum o MP ajuizar uma ação de improbidade administrativa, uma ação civil pública, uma ação de paternidade: a mãe acha que o pai é fulano e o pai diz que não sabe ou nega, então o MP 20 ajuíza para que realize o DNA. Muito comum em relações de família; ● condição de Fiscal: O MP tem uma função, pela constituição, de ser um guardião, um protetor do ordenamento jurídico por um todo, a expressão, mesmo que equivocada, "O MP é um 4º poder". Dizem isto porque ele intervém em tudo, na pretensão condenatória, a gente tem visto o réu fazer delação premiada na frente do promotor; ele protege o meio ambiente, por ele pode se meter e ajuizar contra uma empresa que comete desmatamento ou vazamentos; caso você fez um concurso público qualquer e houve uma fraude, o MP pode ajuizar contra a organizadora do concurso. Ele não é um quarto poder e sim um guardião dos direitos na sociedade. Por isso o CPC fala que ele é o fiscal da ordem jurídica, mas isso é feito com ordem, o MP atua como um fiscal do ordenamento, exemplo: (i) é quando se tem um incapaz no processo, toda vez que tem um processo com incapaz, em regra, o MP intervém. Se um garoto de 12 anos ajuíza uma ação de alimentos, o MP é chamado no processo para intervir no processo como fiscal; (ii) toda ação que envolva o interesse público social, o interesse relevante, art. 179 do CPC. O MP está ajuizando uma ação porque vazou o óleo de uma empresa e está causando danos ao meio ambiente. Então uma Associação ajuíza outra ação contra esta mesma empresa, o MP precisa ser ouvido porque há um interesse social nesta ação, o meio ambiente. . A primeira atitude do juiz após o ajuizamento da ação é a intimação, pelo juiz, do MP. O processo vai ser encaminhado ao promotor de justiça, para o gabinete dele, isso está no art. 180. ○ Primeira Prerrogativa: sempre ser intimado pessoalmente, pessoalmente mesmo, um cara pega o processo no gabinete do juiz e leva até o promotor para que ele dê o parecer dele sobre este , a opinião dele. Ajuizada esta ação, o juiz encaminhará para o promotor para que ele se manifeste. 21 Exemplo: o garoto pede a pensão de 10 mil e o promotor diz que a pensão deverá ser até 6 mil, mas quem decidirá será sempre o juiz, ele da opiniões, se manifesta, da pareceres. ○ Segunda Prerrogativa: prazo em dobro, tudo o que ele for fazer no processo, ele sempre terá o prazo dobrado, também no art. 180. Então toda vez que o MP intervir ou se manifestar no processo ele sempre terá as prerrogativas de intimação pessoal e prazo em dobro, seja como parte ou fiscal da lei. 4.1 Independência Funcional MP tem independência funcional: tendo um incapaz no processo ele tem que ir para o MP. E o MP também tem liberdade e independência para não querer se manifestar quando tem um incapaz, por exemplo, um garoto de 12 anos ajuíza uma ação, o juiz intimará o MP e o promotor poderá dizer que não há interesse em manifestar nesse processo, dispensando intimação. Isso porque a constituição, acima do CPC, traz princípios básicos da atuação do MP. Exemplo 1: um garoto de 12 foi para a Disney e teve a bagagem extraviada, por sofrer danos morais ele ajuíza uma ação contra a empresa. Neste caso não há interesse do MP em intervir no Processo, o autor no caso quer apenas dinheiro. Não é o fato de ter um incapaz que sempre terá a necessidade de intervenção do MP. Agora um incapaz que ajuíza uma ação de alimentos, é necessário intervir, ele está passando necessidade, e é necessário o MP zelar por isso, proteger e fiscalizar o que 22 está acontecendo no processo. Exemplo 2: tendo idoso no processo é necessária a manifestação do MP, o estatuto do idoso, a lei 10.741 exige que tendo idoso tem que ter manifestação do MP. Mas não é toda vez que tiver um idoso no processo que terá que ter a intervenção do MP. Imagina se todo idoso que tem um processo no Juizado Especial de Copacabana fosse para o MP, tiver que ter um promotor para ele...acabou. Não é o fato de ter um idoso que exige intervenção do MP. Agora um idoso em situação vulnerável, que não tem ninguém para cuidar dele, está ajuizando uma ação contra o filho que o abandonou, tem que ter intervenção do MP. Art. 1.048 do CPC: Parte ou interessado com idade igual ou superior a 60 anos, portadores de doenças graves, descritas na lei 7 mil e pouco, que regulamenta as doenças graves, e no parágrafo segundo fala: deferida a prioridade os autos receberão identificação própria. Não é sempre que tiver fazenda pública no processo, pode ser União, Estado e etc.é necessária a intervenção do MP: atos da administração pública. súmula 189 do STJ: “É desnecessária a intervenção do MP nas execuções fiscais”, que são ações que o Estado está cobrando tributos, arrecadando dinheiro, só para isso, para arrecadar dinheiro. artigo 178, parágrafo único: “O Ministério Público pode recorrer no processo, seja na condição de parte ou fiscal”. Então ele será intimado pessoalmente, terá prazo em dobro, nos processos que seja necessária sua intervenção ele irá dar parecer o tempo inteiro, irá dar 23 suas opiniões. Temos o exemplo agora da ação de alimentos no sentido tal tal e tal. Agora se tem um garoto de dois anos e ajuíza uma ação, o MP está no processo por causa do incapaz e este incapaz não recorre, ainda assim o MP pode recorrer. O MP só está lá por causa do incapaz e o incapaz fica satisfeito com uma decisão, mas o MP pode recorrer, pois tem independência funcional. Para confirmar o que falamos, o MP é fiscal da ordem jurídica e não do garoto ou do idoso, basta serem nome do interesse público, súmula 99 do STJ. 4.2 Unidade Outro princípio o MP ele é UNO, é a unidade da ação do MP, além de ter a independência funcional. Exemplo : ele é o promotor e se manifestou com interesse no processo e que o garoto tinha que ganhar 5 mil de pensão, aí lá na frente ele sai por qualquer motivo e vem outro membro do MP, este novo poderá se manifestar em 4 mil. o MP é considerado num todo, mas dentro desta organização cada um tem sua independência funcional. O Tribunal o cara acima do Promotor é o Procurador de Justiça, então se o processo foi para o Procurador de Justiça no TJ, estou falando de alimentos, mas pode pegar qualquer um que se imagine. O Procurador fala: 5 mil de pensão, mas o desembargador anula o processo e ele volta para a primeira instância, cai na mão do promotor e ele decide por 3 mil, por ter independência funcional ele pode fazer isso, nas suas manifestações ele não está vinculado a ninguém, isto é interessante, para que ele possa ter autonomia para trabalhar. Nas suas manifestações ele é livre , mas não pode passar na rua e cuspir na cara do Procurador. O Procurador e os Magistrados eles passam por um período para atingir a vitaliciedade, não há como tira-lo. Enquanto ele não é vitalício ele não tira essa bronca, ele bora o galho dentro, porque aí é um problema administrativo, como a gente estava 24 falando, o Governador fala para o Procurador que não sei o que, daqui a pouco aparece um processo administrativo e este cara vai parar lá na comarca casa do cacete, pode acontecer, pois ele ainda não tem vitaliciedade, ele vai ter a vitaliciedade Isso é para ele ter liberdade de manifestação, e tem mais, a manifestação do Promotor vale o mesmo que a manifestação do Procurador, porque ali tem um órgão UNO, é esse o sentido da palavra, não quer dizer que ali não exista hierarquia, ainda que você fale pra mim que tem independência, é claro que se o telefone tocar e for o Procurador, o Promotor vai pensar melhor na sua decisão, pois hierarquicamente existe uma subordinação. 5. Nulidade do Processo A NÃO INTIMAÇÃO DO MP NO PROCESSO, QUANDO ELE DEVERIA INTERVIR, GERA NULIDADE? Art. 279, CPC É nulo o processo quando o membro do Ministério Público não for intimado a acompanhar o feito em que deva intervir. § 1o Se o processo tiver tramitado sem conhecimento do membro do Ministério Público, o juiz invalidará os atos praticados a partir do momento em que ele deveria ter sido intimado. § 2o A nulidade só pode ser decretada após a intimação do Ministério Público, que se manifestará sobre a existência ou a inexistência de prejuízo. A partir do momento que o MP deveria ter sido intimado e não foi, os atos vão ser inicialmente invalidados e nesse caso dentro do processo se identificou que o MP não foi intimado e intimou, ai entra no parágrafo 2º que o MP vai analisar se houve ou não prejuízo no processo porque o MP não precisa realmente se manifestar em todas as causas, pode ser que seja um caso de não intervenção. Então, se ele entender que não houve prejuízo não tem por que você continuar invalidando todo o processo, uma vez que o MP já se manifestaria no curso dele. 25 A lei exige intervenção do MP sempre que tiver incapaz (178). Ele tem a liberdade, a discricionariedade, a independência funcional. A intervenção do MP nem sempre é obrigatória. A intervenção do MP ela é exigível por lei e a sua intimação é obrigatória, mas não a sua manifestação. Então eu posso ter um caso onde eu intimo o MP, por que é obrigatório eu intimá-lo, mas ele não se manifeste e isso não gere nulidade nenhuma no processo. Em uma situação que não houve se quer intimação: Exemplo: Processo com um incapaz, sendo um molequinho lá com 2 anos de idade e ninguém perceber que o processo tocou normalmente sem ninguém intimar o MP, o processo passou direto sem a intimação do MP, então não houve se quer intimação. Ou houve intimação, deveria ter tido manifestação, mas não teve. Se intimou e o MP falou que não deveria intervir e depois se apura que deveria sim, não invalida nada, não invalida nada no processo. Houve intimação, se o MP falou que não queria se manifestar, isso é problema dele (independência funcional). Pode gerar sanções administrativas, tipo “ah, eu não to muito afim de trabalhar não, todo processo que chegar pra mim eu vou falar que não é do interesse do MP não”, mas isso gera sanções administrativas ao MP, ao promotor, mas não anula o processo, então isso aqui não gera nulidade. Quando não há intimação: 5.1 Teoria Geral das Nulidades Quando você fala em reconhecer uma nulidade você tem que compreender isso: diferença entre defeito no processo e eu ter uma nulidade (art. 279, parágrafo 2º), Quando eu falo que tem um defeito num ato processual é porque você não observou uma exigência legal. Exemplo 1: "O moleque tem 2 anos de idade, é exigência legal de intimar o MP. É. O que você tem nesse processo? Defeito. Teve um defeito na 26 prática durante esse processo. Ou também você pode chamar isso de uma invalidade. Tem um defeito no processo que é uma invalidade no processo que é você simplesmente violar a lei. Não foi intimado o MP. Qual é a exigência típica? Intimação. Esse ato de não intimar não teve tipicidade. Então esse ato você vai chamá-lo de defeituoso. Entendeu a conversa? Quando eu falo que o ato é defeituoso é porque esse ato não teve tipicidade. Esse ato não foi praticado conforme o ordenamento. Ter tipicidade é se enquadrar num modelo legal. Você falar que o ato é nulo é outro assunto, outra conversa. Nulidade é a sanção, a penalidade que você aplica ao ato defeituoso. É diferente, são momentos distintos. O processo não é feito pra se declarar nulidades, percebam isso que eu quero dizer. A declaração de nulidade tem que ser sempre algo EXCEPCIONAL. A lógica de ter um processo é solucionar o teu problema. Se você começar a ficar se apegando as formalidades do processo e ficar o tempo inteiro reconhecendo nulidades, esse processo não atende sua lógica. E nesse raciocínio você vai ter o que chamamos de princípios relativizantes das nulidades: do prejuízo, finalidade (também chamado de principio instrumentalidade) e causalidade 5.1.1 Princípios Relativizantes das Nulidades 5.1.1.1 Princípio da instrumentalidade (e prejuízo) O processo é um instrumento, ele não é um fim em si mesmo. O processo é um instrumento para nós solucionarmos um litígio. O processo não vida buscar ele mesmo, ele busca solucionar o problema, que é o direito material: você comprou um troço, uma geladeira na loja e a geladeira não foi entregue, você tá com um problema que não tem nada a ver com processo nenhum. Você tem umcontrato com a sua empresa de prestação de serviços. A finalidade é solucionar esse problema. Art. 239 do CPC: Para a validade do processo é indispensável a citação do réu ou do executado, ressalvadas as hipóteses de indeferimento da petição 27 inicial ou de improcedência liminar do pedido. § 1o O comparecimento espontâneo do réu ou do executado supre a falta ou a nulidade da citação, fluindo a partir desta data o prazo para apresentação de contestação ou de embargos à execução O comparecimento espontâneo do réu ou do executado ao processo supre a falta ou a nulidade/vício de citação. Qual a lógica de eu citar alguém no processo? Fazer com que o indivíduo compareça. O indivíduo comparecendo espontaneamente fez com que o processo atingisse sua finalidade, não tem nulidade neste processo. O comparecimento espontâneo do cara que foi citado 21:30hrs, que é uma citação defeituosa, acabou de ser covalidada pelo comparecimento espontâneo dele, não podendo declarar nulidade. Você relativizou a declaração da nulidade porque atendeu o princípio da finalidade ou da instrumentalidade. Exemplo: O menino tem 2 anos e requer 5 mil de pensão alimentícia, ação de alimentos. O juiz, o cartório nem lembrou que existia Ministério Público, sequer foi intimado o MP ao longo do processo. Sentença: 5 mil de pensão. Tem um defeito nesse processo? Claro, faltou a intimação do Ministério Público. Porém essa não intimação do processo não gerou prejuízo, ou seja, não há nulidade. Automaticamente pela falta de prejuízo, não há nulidade. Pra ter nulidade, sempre, tem que ter tido prejuízo para alguém. Art. 282, CPC Ao pronunciar a nulidade, o juiz declarará que atos são atingidos e ordenará as providências necessárias a fim de que sejam repetidos ou retificados. § 1o O ato não será repetido nem sua falta será suprida quando não prejudicar a parte. Não houve intimação do Ministério Público e depois da sentença o juiz intima o MP. O MP pode alegar nulidade do processo? Não, pois o art. 279 diz que para alegar 28 nulidade do processo ele terá que demonstrar prejuízo. Caso tenha o exemplo de que houve intimação ou sequer houve intimação, e eu não fiquei sabendo e acabou que o prazo da apelação passou e eu não fiz nada. Em tese, eu perdi o prazo da minha apelação. Então devo começar de novo do ponto da nulidade. Repete a intimação e devolve o meu prazo. 5.1.1.2 Princípio da Causalidade Quando você peticiona no processo, você pede para que a intimação seja no nome de fulano, etc. Então, por exemplo, eu tenho o meu escritório e tem alguns advogados que trabalham no meu escritório. As intimações, ainda que eu não esteja direto no processo, saem todas no meu nome, pois eu sou o proprietário do escritório. A empresa faz a pesquisa pelo meu nome e meu número da OAB. Todo advogado tem que peticionar o processo dizendo, por exemplo “Requeiro que as publicações se deem no nome de Haroldo de Araújo Lourenço, OAB número tal”. Volta e meia, tem um desavisado que peticiona errado, por alguma confusão. Aí ele peticiona colocando o nome errado e escreve o meu nome errado, como “Aroudo”. A empresa que faz a pesquisa das intimações, então, não achou e por isso não mandou a intimação do ato processual. Quando nós viemos a descobrir, já tinha passado o prazo. A intimação, então, não atingiu a sua finalidade, pois não me deu ciência da contagem do prazo. A intimação defeituosa gerou prejuízo, pois eu perdi o prazo. O Princípio da Causalidade: Aquele que deu causa à nulidade não pode requerer declaração da nulidade. Isso se dá para que evitar a implantação de nulidades no processo, feito pelo próprio advogado. Para ter declaração da nulidade, você deve passar por esses três princípios: Finalidade, Prejuízo e Causalidade. Exemplo: o menino tem dois anos, tem que intimar o MP? Sim. O MP foi intimado, o que ele faz? Decide não se manifestar. Sai a sentença. O MP pega e apela, alegando que não houve manifestação do MP e por isso deve anular o processo. Isso não pode ocorrer, pois foi o próprio MP que deu causa a esse ato 29 defeituoso. Se foi o próprio MP que manifestou que não queria ser intimado para os próximos atos, ele mesmo não pode alegar depois que aquilo dali deve ser nulo. Na verdade, o que você tem aqui, em relação à causalidade, é uma proibição/vedação à prática de atos contraditórios. A não intimação do MP, gera nulidade ou não? Art. 178, CPC O Ministério Público será intimado para, no prazo de 30 (trinta) dias, intervir como fiscal da ordem jurídica nas hipóteses previstas em lei ou na Constituição Federal e nos processos que envolvam: I - interesse público ou social; II - interesse de incapaz; III - litígios coletivos pela posse de terra rural ou urbana. Parágrafo único. A participação da Fazenda Pública não configura, por si só, hipótese de intervenção do Ministério Público. N à O! Se você responder que sim, você estaria presumindo uma nulidade no processo. Nulidade não se presume, pois ela é excepcional. Não, pois a nulidade é excepcional; só terá nulidade se não atingir a finalidade, gerar prejuízo e se não for a própria pessoa que deu causa (violar a causalidade). A doutrina, antigamente, tinha o vício de ficar separando nulidade relativa de absoluta, o que não esteja errado. Mas, parando para refletir, não tem sentido essa classificação, pois tudo é nulidade. Você, por exemplo, falar para mim que não intimar o MP é uma nulidade absoluta, você quer dizer que essa nulidade é quase impossível de ser convalidada e isso é mentira. Então, o critério de absoluto e relativo está errado. O que nós temos são: nulidades. Se ela é relativa ou absoluta, isso é outro assunto. Só que, algumas nulidades, a lei permite que o juiz as reconheça em qualquer tempo, ou seja, o legislador dá uma importância maior. Aí as pessoas costumam 30 chamá-las de nulidades absolutas. Há outras nulidades que o código exige que tenha sempre alegação da parte, o que as pessoas costumam chamar de nulidades relativas. 6. Noções básicas sobre competência: Estadual e Federal Na competência da justiça federal se observa o princípio da tipicidade da competência. A competência da federal está toda no art. 109 da Constituição. Art. 109, CF/88 Aos juízes federais compete processar e julgar: Ou seja, a competência da justiça federal é uma competência típica, taxativa. Toda a competência tem que está tipificada em lei ou na Constituição; a (competência) Federal é um ótimo exemplo disso. Só é competência da Justiça Federal se tiver no art. 109 CF. Não estando no art. 109 CF, o juiz federal não terá competência. Esta é a regra mais básica de tudo que a gente está conversando aqui. Então só será competênciade um juiz federal se estiver no art. 109 da Constituição. Será a competência da Justiça Estadual quando não for da federal. A competência da Justiça Estadual é uma competência residual; é uma competência subsidiária. E o legislador só se preocupa em regulamentar as hipóteses que o juiz federal terá competência, enumera, todos os casos de competência da federal. Se não estiver no art. 109 CF, o que sobrar, o resto (literalmente falando), o que não for federal, será da estadual. Art. 109, I, CF: as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; A principal hipótese de competência da Justiça Federal. Olha o que o art. 109, I fala: sempre que eu tiver uma ação envolvendo a União, Autarquias Federais, ou Empresas Públicas Federais a competência será da Federal. 31 ● Administração Pública : ○ Direta: União, Estado, Municípios, Distrito Federal (e Territórios). ○ Indireta: Autarquias, Empresas Públicas, Sociedades de Economia Mista e Fundações Públicas. 6.1 Juizados 6.1.1 Juizado Especial Cível (JEC) - Lei nº 9.099/95 A principal competência dele, estou querendo dizer que tem outras competências, mas a mais importante é que ele terá competência para ações que envolvam até 40 salários mínimos. Ele terá competência para ações que envolvam até o teto de 40 salários mínimos, até o limite de 40 salários mínimos. Competência relativa: eu não sou obrigado a ajuizar uma ação no JEC. Posso falar que ela é relativa porque ela é opcional, eu não estou obrigado a escolher o JEC. Se eu não quiser ajuizar minha ação nos juizados, se eu quiser eu posso abrir mão dos juizados e ajuizar na Vara cível comum, normal. A competência dos juizados especiais cíveis ela é uma competência relativa. 6.1.2 Juizados Especiais Federais (JEF) - Lei 10.259/2001 A principal competência dele, estou querendo dizer que tem outras competências, mas a mais importante é que ele terá competência para ações que envolvam até 60 salários mínimos. JEF competência absoluta 6.1.3 Juizados Especiais de Fazenda Pública (JEFP) - Lei 12.153/2009 A principal competência dele, estou querendo dizer que tem outras competências, mas a mais importante é que ele terá competência para ações que envolvam até 60 salários mínimos 32 JEFP competência absoluta. Entes públicos não federais. Exemplo 1: Ação contra a União está envolvendo 10 salários mínimos - JEF (competência absoluta). O juizado especial federal é como se fosse uma justiça federal reduzida, em miniatura. Exemplo 2: Eu quero ajuizar uma ação contra o INSS (autarquia federal) envolvendo 100 salários mínimos - Justiça Federal Comum. INSS envolvesse 40 salários mínimos - JEF. Para você definir se é competência do Juizado Especial Federal você tem que pensar como? Quem é a pessoa? Um dos entes federais? SIM, então é federal, e essa sua ação tem mais ou menos que 60? Menos, então é Juizado Especial Federal. E se for mais? Justiça federal comum, só isso. Eu tenho uma ação contra uma empresa pública federal, justiça federal. Falta saber o quê? Já defini a pessoa, falta saber o valor. Mais ou menos que 60? Tem mais que 60, Justiça Federal Comum. Menos que 60, Juizado Especial Federal. Exemplo 3: o Detran, uma autarquia estadual que envolve 30 salários mínimos - JEFP Exemplo 4: eu estou ajuizando uma ação por exemplo contra uma sociedade de economia mista no âmbito estadual que envolve 80 salários mínimos - Justiça Estadual Comum, não os juizados. Quando você fala em justiça comum, é porque você está tirando da sua vida os juizados. Aí você vai ter na comum a Justiça Estadual e a Justiça Federal. Exemplo 5: O cara está me procurando para ajuizar uma ação para ele. Ele é 33 militar das forças armadas estaduais, o cara é PM. Justiça Estadual.A minha ação da causa desse policial militar envolve 70 salários mínimos - Justiça Estadual Comum. Quando você usa a expressão fazenda pública, você está se referindo a todos os entes públicos, é sinônimo de administração pública. O legislador inventou um nome para diferenciar o Juizado Especial de Fazenda Pública do Juizado Especial Cível porque na verdade a confusão só ocorre quando começamos a falar dos entes públicos. Exemplo 6: Eu tenho uma ação contra a Vivo (privada) - Justiça Estadual. Essa minha ação envolve 10 salários mínimos. Ela é o que? Relativa. Então eu posso ajuizar no JEC como eu posso ajuizar na Justiça Estadual Comum. Exemplo 7: entes privados. Então eu tenho uma ação contra a NET, eu tenho uma ação contra um banco, qualquer coisa que você imagine aí. uma empresa qualquer que vc contratou. Privada. Âmbito estadual. Só que no âmbito estadual, aqui em cima, é uma competência relativa. Você escolhe o que vai fazer da sua vida. O valor é insignificante, não faz diferença. Se eu tenho uma ação contra um privado que tenha menos que 40, eu posso ir pro JEC ou posso ir pra estadual comum . Acabou Exemplo 8: Uma ação contra Bradesco que envolve 60 salários mínimos - Justiça Estadual Comum. Exemplo 9: Uma sociedade de economia mista. Estadual. Agora, se na estadual, ela tem mais ou menos que 60, é isso que vai mudar o raciocínio aqui. Porque se tiver menos que 60, obrigatoriamente, JEFP Se tiver mais que 60 será Justiça Estadual Comum. Em alguns locais a estadual se subdivide para privados e para públicos. 34 Você tem as chamadas Varas de Fazenda Pública. Exemplo 10: “Uma ação contra o DETRAN (autarquia estadual) lá em Campo Grande”. Em Campo Grande G não há Vara de Fazenda Pública e a ação envolve 100 salários mínimos. Justiça Estadual Comum. acabou, morreu a história. Não é fazendário, é estadual porque tem mais de 60. “Ah mas lá não vai ser Vara de Fazenda?” Não porque não tem esta porra lá. Só isso. Em alguns locais você tem a especialização da especialização. Porque não dá vazão, por exemplo, aqui no Centro é muito cheio. Tem muito processo. Então o que a justiça fez aqui no Centro? Ela se subdividiu. A estadual se dividiu em Varas de Fazenda, que é só pros entes públicos não federais acima de 60, porque abaixo de 60 cai pro Juizado Especial de Fazenda Pública. Entendeu a conversa. Essa subdivisão, essa especialização da especialização é comum de acontecer. 35
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