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TGP - Profº Haroldo.docx

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TEORIA GERAL DO PROCESSO 
Caderno 
Ingrid Caroline Grandini Rodrigues 
Professor Haroldo Lourenço 
 
Baseado nas transcrições de: Alexandre Ribeiro, Amanda Bastos, Amanda 
Nachard, Caroline Mattos, Gabriel Rossy, Jéssica do Vale, Mayara Moura, Pedro 
Oliveira e Tamiris Gonçalves 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 
SUMÁRIO 
1. Teoria Geral do Processo 3 
2. Pontos Bases 3 
2.1 Direito de Ação 3 
2.2 Processo 3 
2.3 Jurisdição 3 
2.3.1 Inércia: 3 
2.3.1.2 Princípio da Congruência, ou Adstrição, ou Correlação 4 
2.3.2 Definitividade 5 
2.3.3 Heterocomposição 6 
3. Meios alternativos para solução de litígios 9 
3.1 Arbitragem - Lei nº 9.307/1996. 9 
3.1.1 Convenção de arbitragem 13 
3.1.2 A cláusula compromissória 14 
3.1.3 O compromisso arbitral 14 
3.2 Conciliação e Mediação 18 
4. Ministério Público no processo Civil 20 
4.1 Independência Funcional 22 
4.2 Unidade 23 
5. Nulidade do Processo 24 
5.1 Teoria Geral das Nulidades 26 
5.1.1 Princípios Relativizantes das Nulidades 27 
5.1.1.1 Princípio da instrumentalidade (e prejuízo) 27 
5.1.1.2 Princípio da Causalidade 28 
6. Noções básicas sobre competência: Estadual e Federal 30 
6.1 Juizados 31 
6.1.1 Juizado Especial Cível (JEC) - Lei nº 9.099/95 31 
6.1.2 Juizados Especiais Federais (JEF) - Lei 10.259/2001 32 
6.1.3 Juizados Especiais de Fazenda Pública (JEFP) - Lei 12.153/2009 32 
 
➢ Estrutura da prova: 
A prova consta de 4 questões objetivas e 1 subjetiva. 
Atingindo a média na primeira avaliação não será necessária a realização da P2, 
a menos que você queira, por exemplo, aumentar a sua média e ficar com um bom CR. 
2 
1. Teoria Geral do Processo 
Estudos dos elementos que estruturam o processo, principalmente o processo 
civil. A teoria Geral do Processo abrange todo o direito processual, porém seu enfoque é 
no processo civil. 
 
2. Pontos Bases 
2.1 Direito de Ação 
Art. 5º, CF: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
.... 
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a 
direito 
 
 2.2 Processo 
É o mecanismo utilizado pelo Estado para o judiciário, validamente, solucionar 
o seu litígio. Ou seja, o processo nada mais é do que uma sequência de atos processuais 
organizados com o único objetivo de solucionar o litígio ( o problema). 
 
2.3 Jurisdição 
A função do Estado de solucionar o litígio,o conflito, que por sua vez, é a 
função do judiciário. 
2.3.1 Inércia: 
 
“Art. 2​o​, CPC: O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por 
impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei.” 
3 
 
Significa dizer que o juiz só age mediante provocação, ou seja, o judiciário só 
age mediante provocação, enquanto o legislativo e o executivo agem por conta própria. 
Se o judiciário é inerte, ele é provocado por meio Direito de Ação. 
 
Exemplo: Você vai ao judiciário pedir uma solução, pedir pra tirar seu nome 
da negativação indevida, etc. 
 
2.3.1.1 Princípio da Congruência, ou Adstrição, ou Correlação 
Quando o juiz for dar a sentença, ​tem que constar o dano moral ​e o dano 
material ​porque o juiz tem sempre que guardar uma congruência na sentença em relação 
à petição inicial​, ou seja, ele tem que estar sempre adstrito à petição inicial. Em outras 
palavras, tem que haver correlação com o conteúdo, com o que foi pedido na inicial. 
 
Art. 141, CPC ​ O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, 
sendo-lhe vedado conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei 
exige iniciativa da parte.” 
 
Art. 492, CPC É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, 
bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do 
que lhe foi demandado. 
 
Exemplo: ​Eu ajuízo uma petição inicial e estou pedindo um dano material no 
valor de R$ 10.000 ( valor que gastei), mais o dano moral. 
 
E Se, no caso do exemplo acima, o juiz quiser dar o dano estético? 
Ele NÃO pode. Se não foi pedido o dano estético, ele não pode dar por conta própria, 
tendo em vista o princípio da inércia, ou seja, ele tem que ser provocado. 
 
OBS: A regra da petição inicial é o pedido ser certo e determinado: 
4 
Art. 322, CPC ​ O pedido deve ser certo. 
Art. 324, CPC​ O pedido deve ser determinado. 
 
- Três tipos de vícios que podem ocorrer na sentença, em virtude do 
não seguimento do princípio da Congruência: 
 
i. ​Ultra-petita: ​É uma sentença que ultrapassou os limites postos na 
petição inicial. ​Ex: Eu pedi dano material e moral na minha petição 
inicial, mas o juiz deu moral, material e estético. 
 
ii. ​Extra-Petita: Pode acontecer de o juiz não ultrapassar, mas trocar um 
pedido pro outro na sentença. ​Ex: Eu pedi dano material e moral, e o juiz 
me dá material e estético. 
 
iii. Citra-Petita: o juiz simplesmente se omitiu, deixou de decidir 
alguma coisa. ​Ex: Eu pedi dano material e moral, mas o juiz só deu o 
dano material. 
 
Decisão interlocutória: tudo o que o juiz decide ao longo do processo, sem encerrar o 
processo, chamamos de decisão interlocutória. Quando o juiz encerrar o processo, 
chamamos tal ato de sentença. 
 
Acórdão: ​Acordo entre os desembargadores da câmara dos tribunais superiores; 
 
OBS: Contra decisão interlocutória, cabe o recurso denominado agravo de 
instrumento; Da sentença cabe o recurso chamado apelação. 
 
 
2.3.2 Definitividade 
O judiciário, entre os três poderes, é o único que possui a possibilidade de dar 
a última palavra sobre os conflitos. A palavra final sobre o assunto é o que chamamos 
5 
de ​COISA JULGADA. 
 
Art. 5º, XXXV, CF​: a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão 
ou ameaça a direito. 
 
O judiciário é o único órgão que tem a autoridade de revisar a decisão de 
outros poderes, sendo, portanto, o único que não sofre o chamado ​CONTROLE 
EXTERNO​. 
Quando o legislativo publica uma lei, o judiciário pode declarar tal lei 
inconstitucional, portanto, dessa forma, houve controle externo; tal controle também 
pode ser expressado sob o executivo. 
Em relação ao judiciário​, só cabe o CONTROLE INTERNO​, que se dá 
através dos recursos, dos órgãos administrativos internos do judiciário (reclamação do 
juiz junto a corregedoria é uma forma de controle interno do judiciário). Em síntese, 
você só consegue revisar uma decisão do judiciário ​no judiciário desde que a mesma 
ainda não tenha feito coisa julgada. 
Trânsito em Julgado:​ Quando se fala que a decisão transitou em julgado significa que 
não cabe mais recursos. Ex: da sentença, cabe apelação (prazo de 15 dias para 
interpô-la). Caso eu não tenha apelado, transitou em julgado (não cabe mais recurso). 
 
Coisa julgada:​ coisa julgada, por sua vez, significa tornar a decisão imutável. 
Transitou, sucessivamente a coisa está julgada. 
 
2.3.3 Heterocomposição 
É uma terceirapessoa que, estranha ao litígio, vai solucionar o seu litígio. O 
que é diferente de eu ter a solução do litígio por autocomposição​, que é quando as 
próprias partes solucionam os problemas. Então, uma das características da jurisdição é 
ter a solução do seu litígio por heterocomposição: um terceiro imparcial vai solucionar 
esse litígio. Isso pode se dar nas chamadas ​jurisdição estatal​, que é realizada perante o 
6 
Estado, com o juiz togado, um magistrado, que vai solucionar o litígio, ou, também 
pode ser possível, a heterocomposição nas chamadas​ jurisdição privada​. 
É possível ter uma solução de litígio numa jurisdição totalmente particular, as 
arbitragens. (L. 9307/96)​. 
 
Exemplo: O cara atropela banhistas de lancha, o tribunal marítimo vai 
solucionar o litígio. Essa decisão do tribunal marítimo pode eventualmente ser revista 
no Judiciário? Pode, devido à inafastabilidade da tutela jurisdicional, mas a 
Constituição exige que primeiro você vá lá. 
 
Na ​autocomposição​, nós temos dois tipos: a ​conciliação e a ​mediação​. Nós 
temos por soluções do litígio: heterocomposição ou autocomposição. Quando se fala na 
jurisdição estatal e na jurisdição arbitral, você tem a presença de um terceiro e ele irá 
solucionar o litígio, gerar uma sentença (o juiz togado). Mas na jurisdição arbitral, 
haverá uma pessoa dando uma sentença também, o juiz arbitral. Na heterocomposição 
você terá uma solução imposta por um terceiro, é uma situação que você tem um 
terceiro impondo sua decisão. Na autocomposição, ou seja, a conciliação ou a mediação, 
você também terá a participação de um terceiro, que é o conciliador ou o mediador, mas 
a decisão não será imposta, ele só cumpre o papel de orientar as pessoas. Na 
autocomposição, quem soluciona são as partes, mas é comum ter um terceiro orientando 
e auxiliando as partes. Na arbitragem você terá um juiz arbitral, na jurisdição estatal, um 
juiz togado. 
Existe, também, uma terceira forma de solução do litígio, em que ela só é admitida 
em casos muito excepcionais – a ​autotutela​. Nas soluções por heterocomposição, o 
terceiro vai impor uma solução às partes, seja um juiz togado ou um juiz indicado pelas 
partes (arbitral). Na autocomposição, as partes elas mesmas solucionam o problema 
com a orientação de um interveniente (conciliador ou mediador). ​A autotutela é 
quando a solução é feita pela força​. Em regra, a autotutela é permitida pelo 
ordenamento? ​Exemplo: Um indivíduo pega o laptop do devedor para pagar a dívida. 
Isso não é possível, pois é um exercício arbitrário das próprias razões. 
O litígio não pode ser solucionado com base na força pelo indivíduo. 
7 
Excepcionalmente o ordenamento permite, por exemplo, em casos de ​legítima defesa​. 
Na legítima defesa, no Direito Penal, o indivíduo vai repelir uma injusta agressão, vai 
afastar uma injusta agressão. Na área cível, é o chamado ​desforço ​possessório​, ​legítima 
defesa da posse​ ou ​autotutela da posse ​. 
Art. 1.210, CC: o possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de 
turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver 
justo receio de ser molestado. 
 
Exemplo 1: Um indivíduo, que é meu vizinho, enquanto estou em casa, resolve 
estacionar o carro em minha garagem. Então, eu fico em frente ao carro, 
impedindo que o outro indivíduo invada minha propriedade. 
 
Nos casos do MST, o proprietário pode impedir aquela invasão, desde que 
ele faça de maneira ​imediata ​e​ proporcional​. 
 
Bares na mesma área do shopping (mesmo condomínio) devem respeitar o 
espaço, tendo o direito de ocupar 2 metros além do bar. Um dos bares começou 
a invadir o espaço do outro bar com outras mesas, invadindo a posse do outro 
bar. Geralmente, deve-se ajuizar uma ação contra o bar, porém ele pode de 
deixar de invadir por alguns dias ou fazer quando não for possível ajuizar a 
ação ou uma ação preventiva, porém seria confuso. O dono do bar pode colocar 
seguranças para retirar as mesas que invadem o espaço assim que as mesas 
forem colocadas. A agressão à posse é naquele momento? Ele está repelindo a 
posse de maneira imediata? De maneira proporcional? Sim, é uma forma de 
autotutela sem a necessidade da presença do Judiciário. 
 
​ATENÇÃO! A autotutela é possível em nosso ordenamento desde que seja 
feita de maneira ​excepcional​, só em casos autorizados por lei. É possível, em nosso 
ordenamento, que o indivíduo solucione o litígio sem a presença do Judiciário. 
 
8 
Exemplo 2: Nos casos de invasão da propriedade pelo MST, se o proprietário 
chegar a sua propriedade e já estiver ocupada, não é possível a retirada, pois 
não será imediato. Os indivíduos devem estar entrando e automaticamente o 
proprietário tem que estar tirando. ​Se a invasão já se consolidou, só pode ser 
retirada pelo Judiciário​. Ocupações de estudantes também entram pelo mesmo 
critério. Ainda que haja agressão por parte de quem esteja invadindo, depois 
que se consolidou a ocupação, a retirada só é possível mediante o Judiciário, 
não podendo se valer mais da autotutela: sendo uma heterocomposição. O 
desforço tem que ser ​imediato​ e ​proporcional​, obviamente, para evitar excessos. 
 
Exemplo 3: ​Quem mora em casa, por exemplo, o vizinho faz um puxadinho do 
telhado que está puxando para sua parte, na hora que ele está fazendo a obra e 
você tirar a telha, é válido. Agora se a telha já estava no local, já não é possível 
a retirada, tendo que ajuizar a ação para retirar a telha, pois já não é mais 
imediato. 
 
3. Meios alternativos para solução de litígios 
 
3.1 Arbitragem - Lei nº 9.307/1996. 
Art. 3​o , NCPC: ​Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a 
direito. 
§ 1​o​ É permitida a arbitragem, na forma da lei. 
 
Já se discutiu muito sobre a arbitragem no Brasil, sendo que o novo CPC 
solucionou a confusão em torno da arbitragem. O artigo 3º diz que nenhuma lesão ou 
ameaça de lesão pode ser afastada do judiciário, repetindo o artigo 5º XXXV da CF 
(princípio da inafastabilidade da tutela jurisdicional ou cláusula de acesso à justiça). 
Todos possuem direito de acesso ao Judiciário. ​§​1º: a arbitragem é reconhecida na 
forma da lei. A arbitragem também está contida na cláusula de acesso à justiça. Esse 
9 
artigo tem uma explicação ideológica nesse sentido. A arbitragem, apesar de ser uma 
instituição privada, também é uma forma de solução do litígio, de justiça. Vendo os 
§§​2º e 3º é reconhecido também os meios consensuais de solução do litígio (conciliação 
ou mediação). Dentro da ótica de se ter acesso a justiça, é reconhecida tanto a decisão 
judicializada, pelo juiz togado, como pela solução arbitral, além da decisão consensual. 
Tudo está contido em uma ideia ampla de acesso a justiça. 
 
➢ É reconhecido pelo nosso ordenamento tanto os meios de heterocomposiçãocomo os 
meios de autocomposição, tudo dentro da ideia de acesso à justiça. 
 
Essa expressão ​“acesso à justiça” foi, mais ou menos, estabelecida em nosso 
ordenamento aproximadamente na década de 70 por um juiz italiano, Mauro 
Cappelletti. Esse cara escreveu um livro que o título é exatamente esse: ​O Acesso à 
Justiça​. Foi ele quem inventou essa expressão, que quer dizer que foi onde começaram 
os primórdios do raciocínio de que todos têm o direito de ter acesso à justiça. Na época, 
o acesso à justiça era só pelo órgão do Judiciário. Hoje, em uma visão mais moderna, 
que é a visão adotada pelo CPC, se consagrou o que é chamado de ​justiça multiportas​, 
isto é, o Judiciário não tem só um caminho para solucionar o litígio. Existem caminhos 
diversos dentro do Judiciário, mas também caminhos fora do Judiciário. A ideia de 
justiça multiportas é a de você superar a ideia de que tudo na justiça é solucionado pelo 
juiz. A principal forma de solução é a judicial, porém é sobrecarregar o juiz. O juiz não 
dará vazão para solucionar isso tudo. Então você tem que começar a estimular, nessa 
lógica, outros meios. 
Mais do que uma mudança de código, houve uma mudança cultural. Isso foi 
consagrado pelo novo CPC, mas essa ideia foi amadurecida no decorrer dos anos. Desde 
Cappelletti, até os dias atuais. Na época de Cappelletti, ele pensou que nenhum litígio 
poderia ser afastado do Judiciário, você abriu as portas do Judiciário. 
Porém, a questão é o seguinte: todo mundo consegue entrar no Judiciário, mas 
consegue sair? Não, você fica lá anos tentando sair. Hoje todo mundo tem acesso à 
justiça, mas tem hora pra sair? Não. Então você tem que começar a pensar em soluções 
alternativas, sejam soluções dentro do próprio Judiciário, ou seja, o próprio ​juiz togado​, 
10 
como também as ​soluções consensualizadas​, que é a ​conciliação​, que já temos há 
muito tempo, e a ​mediação​, que é um pouquinho mais nova. A ideia, como eu falei, é 
uma ideia cultural, uma mudança de cabeça. Nós somos criados pela ideia de que, 
quando eu tenho um problema, eu quero ver um juiz na minha frente, pois é ele que vai 
solucionar meu litígio. 
 
Exemplo 1: Tem muitos processos, em vara de família, que o juiz fica “secando 
gelo”, como acontece geralmente com pensão alimentícia. O devedor paga três 
meses, para não ser preso, aí volta a dever. A mãe, então, tem que ajuizar outra 
execução para que ele pague o que está devendo. Então, para ele não ser preso, 
paga, mas volta a dever em seguida. E fica nessa sempre, até a criança atingir a 
idade de que não precisa mais receber a pensão. E o juiz, então, fica a vida 
inteira ali nesse ciclo, pois é uma ilusão de que o juiz vai condenar uma 
sentença para o pai pagar a pensão alimentícia e aquele litígio vai acabar. Pelo 
contrário, o litígio só aumenta. 
 
Nesses casos, não seria melhor tentar uma solução por autocomposição nesse 
meio familiar, para que eles mesmos chegassem a um acordo? Então, por exemplo, em 
litígios familiares, a mediação é mais adequada. 
 
Em contra partida, em relações de consumidor, por exemplo, o ideal seria o que? 
 Conciliação ou o juiz decidindo, pois é muito difícil chegar a um acordo nesses casos. 
​Eu vou explicar isso mais para frente, mas só para você entender como essa 
conciliação se materializa: é claro que isso não é fácil de ser conseguido, pois é uma 
mudança cultural, onde as pessoas precisam mudar a cabeça. Alguns passos já foram 
dados. Hoje, por exemplo, quando você ajuíza uma ação, a primeira coisa que é 
marcada é uma audiência de conciliação ou de mediação, de acordo com a regra posta 
no novo CPC. Segundo ponto: a especialização dos mediadores, por diversos motivos. 
Não sei se vocês sabem, mas o conciliador que vocês conhecem, nos juizados, trabalha 
de graça. É claro que isso não dá certo. Enquanto não fizer um concurso público, para 
botar pessoas capacitadas para trabalhar, recebendo um salário direitinho, isso não vai 
11 
melhorar de nível. O conciliador acaba trabalhando de graça porque ele quer carga 
horária para a faculdade, essas coisas, para aprender na prática. Pensando pela solução 
do litígio, isso é ruim, já que o ideal seria um profissional capacitado para fazer isso. 
Mas adianta colocar marido e mulher em uma mesa, para juntos solucionar o litígio? 
Claro que não. O mediador, por exemplo, são profissionais qualificados para isso, um 
psicólogo, um assistente social. Uma audiência de conciliação leva nada menos do que 
três horas conversando. É melhor se perder cinco horas em uma audiência de mediação 
do que um processo que está rolando durante dez anos no Judiciário. O conciliador, por 
dia, faz umas trinta audiências, não dando a importância necessária a elas. Já com o 
mediador, é diferente, ele é pago para estar ali, então ele tem uma preocupação maior na 
hora de solucionar aquele litígio. 
 
Já criaram esse cargo? Esse cargo existe? 
De mediador já, mas por enquanto alguns são remunerados diretamente, outros 
indiretamente, pela PPP (parceria público-privada). Órgãos, como por exemplo, 
faculdades de psicologia, conselho regional de psicologia, fizeram parceria com o 
Judiciário. Aí nessa parceria público-privada, ambos têm vantagens. Como não tem 
verba para fazer concurso para psicólogos, assistentes sociais, etc, essa é a solução. É 
uma área que ainda está em crescimento. 
 
Então essa parte de mediação e conciliação é considerada fora do Judiciário? 
Não, aí não. Quando se fala em justiça multiportas, é porque tudo isso vai acontecer 
dentro do Judiciário. A única que é fora do Judiciário é a arbitragem. Quando se fala no 
conceito de ​justiça multiportas​, é enxergar que ​dentro do Judiciário se tem várias 
alternativas, com o juiz togado, com a conciliação ou com a mediação​. 
Quando se usava a expressão “meios alternativos”, parecia que era algo 
meio clandestino, meio paralelo, mas não é. 
Vamos pensar juntos: se eu propuser uma ação, e marcar uma audiência 
de conciliação ou mediação e resolver o que eu tenho com esse cara, por exemplo, será 
que vai ter morte? Ou ao contrário. Ele percebe que esse cara é psicopata e já pode 
12 
tomar uma medida preventiva. 
 
Síntese: quando você fala de justiça multiportas, é o juiz togado, o 
conciliador ou o mediador. Vamos, na próxima aula, ver como essas audiências se 
desenvolvem. Na arbitragem, você vai escolher um juiz arbitral para solucionar o seu 
litígio, que vai se dar através da chamada convenção de arbitragem, que tem duas 
espécies: cláusula compromissória e compromisso arbitral. Então, as partes podem 
escolher se elas não querem ir para o Judiciário e querem ir para um juízo arbitral? Sim, 
escolha feita por meio da convenção de arbitragem. Você vai assinar um contrato. Por 
exemplo, eu tenho um litígiocom você e eu não quero ir ao Judiciário, pois eu sou uma 
empresa e você, outra empresa. Se você for pro Judiciário comigo, eu vou recorrer e 
isso vai demorar dez anos. Mas não tem condições de ser assim, a solução deve ser feita 
rapidamente. Vamos procurar um tribunal arbitral e abrir mão do Judiciário? Vamos. 
Assinaremos então uma convenção de arbitragem, que pode ser cláusula 
compromissória ou compromisso arbitral. As próprias partes fazem essas escolhas. 
Existe uma Câmara Arbitral, que tem contratado diversos juízes arbitrais. As partes 
procuram essa Câmara Arbitral para solucionar os problemas. 
 
Exemplo 2: A Apple demitiu um funcionário, que foi imediatamente contratado 
pela Samsung, quando surgiu, há uns quatro anos atrás, aquele Samsung 
Galaxy. A Apple processou a Samsung, alegando que esse cara levou 
informações privilegiadas da Apple para a Samsung. Uma ação dessas na 
Justiça leva anos. Estaremos já no Iphone 10 e eles ainda brigando. A 
arbitragem pode ser usada quando o nosso litígio é sigiloso, que não pode ser 
contado. Divulgar um litígio entre essas duas grandes empresas, geraria 
problemas maiores. No Judiciário, o processo é público, todos teriam acesso às 
informações privilegiadas das empresas em questão. Então, é preferível que 
elas contratem um ​profissional dessa área para solucionar o litígio​, para 
apurar se houve ou não o acesso à informação​. 
 
O único critério para escolha de um juiz arbitral é ele ser da confiança das partes. 
13 
Ele pode ser um administrador, um engenheiro, qualquer coisa, basta as partes 
concordarem. A arbitragem só pode solucionar apenas litígios patrimoniais e 
disponíveis. Nunca vai ter na arbitragem um divórcio, por exemplo. 
No Judiciário, na jurisdição normal, os litígios são solucionados em massa, em 
escala industrial. Já na arbitragem, são solucionados em escala artesanal, em um alto 
grau de especialização. No Judiciário, você é só mais um. Na arbitragem, você é o cara. 
 
3.1.1 Convenção de arbitragem 
É uma previsão genérica que as partes têm o interesse na arbitragem. Então as 
partes estabelecem no contrato, nos termos da Lei nº 9.307/1996, que elas estão 
interessadas em procurar a solução do litígio em um tribunal arbitral. E isso é o gênero, 
quando você fala genericamente: ​“olha, as partes previram que querem ir para um 
tribunal arbitral, elas simplesmente estão afastando o judiciário. Estão dizendo: não 
estamos interessados a levar o nosso conflito ao poder judiciário”​. 
 
3.1.2 A cláusula compromissória 
Eu alugo meu apartamento para vocês hoje. Nesse meu contrato eu estabeleço 
que se nós viermos a ter algum litígio, oriundo do aluguel, oriundo das condições do 
apartamento, etc., nós não queremos ir para o judiciário, queremos procurar um tribunal 
arbitral, você vai chamar isso de cláusula compromissória. 
A grande característica da cláusula compromissória é ser ​antes de eu ter um 
litígio​, ter um briga, qualquer tipo de discussão. Então nós estamos celebrando um 
contrato, o que ela falou, em regra, a cláusula compromissória ela ​é originária à 
formação do negócio jurídico, na celebração​: quando eu alugo o apartamento a você, 
eu já estabeleço que eu quero solucionar isso na arbitragem, ou seja, em regra, ela é 
originária, ela é feita no momento da celebração do nosso negócio jurídico. Estou 
alugando o apartamento para vocês hoje, e hoje estou estabelecendo, nesse momento, se 
nós viermos à brigar nós vamos solucionar qualquer coisa num tribunal arbitral. 
A cláusula compromissória tem a característica também de ser geralmente 
genérica​. 
14 
 
3.1.3 O compromisso arbitral 
O compromisso arbitral, ele tem outra característica. Ele é ​depois do litígio​, 
então eu aluguei meu apartamento para você, no nosso contrato não tem nada falando 
sobre arbitragem. Começou a discussão, sobre qualquer coisa, nós resolvemos que, ao 
invés de nós buscarmos o judiciário, ​depois do litígio formado - perceba, nós 
estabelecemos a arbitragem para solucionar um litígio específico (por exemplo, da 
rescisão deste contrato). A cláusula compromissória tem a característica também de ser 
geralmente genérica. 
O compromisso arbitral ele tem a característica de ser ​específico​. 
 
● Eu posso ter cláusula compromissória com compromisso arbitral ou, 
genericamente, como a gente sempre fala, ​convenção sobre arbitragem cheia 
ou vazia. 
○ Vazia: ​“Samir, se nós viermos a ter um litígio, queremos solucionar 
num tribunal arbitral”​. Não estabeleci nada, nem qual tribunal, nem 
local, nem legislação aplicada. A convenção de arbitragem vazia é 
aquela que simplesmente as pessoas preveem que vão para 
arbitragem e estão afastando o judiciário. 
 
○ Cheia: você estabelece todas as regras necessárias para que a 
arbitragem funcione. Por exemplo, ​você pode estabelecer número de 
árbitros, a legislação que você quer que seja aplicável​. É muito comum 
na arbitragem empresarial, arbitragem entre duas grandes empresas. Às 
vezes você tem empresas internacionais, multinacionais, que elas não 
querem aplicar a lei brasileira, então elas estabelecem uma previsão que 
elas querem solucionar esse conflito de acordo com as leis da Alemanha. 
Na arbitragem você é livre para estabelecer o que você quiser. Eu posso 
também prever nessa minha convenção de arbitragem cheia, que eu estou 
dando exemplo, inclusive, que eu nem quero que seja aplicável a 
15 
legislação. Regras próprias, por exemplo: os costumes. 
 
A ​arbitragem​, ela só soluciona direitos patrimoniais e disponíveis (aqueles 
referentes a patrimônio em que as partes podem usar, gozar e dispor, que ​podem 
transacionar livremente​, de acordo com a vontade, pactuando entre si situações em 
conformidade com seus anseios). 
 
No tribunal arbitral, chamada ​sentença arbitral, é um título judicial​. É o único 
título judicial que se forma fora do poder judiciário (​Art. 515, VII, CPC)​. A sentença 
de um juiz arbitral tem a mesma eficácia, os mesmo efeitos que uma sentença de um 
juiz. O juiz arbitral é um cara que resolve litígios super sérios, a sentença dele tem a 
mesma eficácia do que a sentença de um juiz; e outra coisa, ganha mil vezes mais do 
que um juiz togado, só pra constar. A justiça arbitral, ela é muito bem remunerada - por 
uma razão muito simples: as pessoas que decidem litígios arbitrais são extremamente 
especializadas naquela matéria, diferente de um juiz togado. 
 
É cabível arbitragem que envolva o poder público? Que envolva os entes 
públicos? Sim? É possível ter arbitragem que envolva por exemplo o Estado, a 
União, os entes públicos ou só é possível para particulares? 
 
Exemplo 1: tenho um contrato com a União numa licitação que eu ganhei, 
estou praticando um serviço, estou com um problema contratual com a União. 
Eu quero dirimir meu problema deste contrato e aí, posso ir para a arbitragemsolucionar o litígio? E o juiz arbitral vai dar uma sentença contra a União, a 
Fazenda Pública? E vai ser um título judicial contra a União? Quando envolve 
a Fazenda Pública, posso ter um interesse patrimonial disponível ou não? Ou é 
sempre indisponível? É interesse público então na arbitragem não pode ter? 
 
A Lei da Arbitragem foi alterada para prever a arbitragem 
envolvendo o poder público. ​ ​Lei 13.129/15, ​essa lei alterou a ​Lei 9.307/96​. 
16 
 
Não é em todas as vezes que eu tiver poder público, em um contrato ou uma 
negociação que será questão de interesse público. 
 
● Atos administrativos: ​atos com todas as prerrogativas de direito 
público, são ​atos de interesse público que dizem respeito a 
coletividade​. A União publica edital para licitação para contratação de 
uma empresa para fazer uma reforma. Esse edital de licitação é um ato 
administrativo de direito público, de interesse público. NÃO CABE 
ARBITRAGEM POIS O ESTADO NÃO PODE DISPOR DO 
DIREITO. 
 
● Atos da administração: A União está fazendo uma reforma na Avenida 
Brasil, às vezes, a União aluga por exemplo uma casa e bota 
equipamento ali dentro, os pedreiros dormem ali dentro de madrugada 
tomando conta. A União simplesmente alugou aquela casa, celebra um 
contrato de locação e pronto. Mas aí tem que ter um interesse público 
para isso. Nessa localidade da obra não tem nenhuma construção pública 
para, por exemplo, a União usar, não tem solução e ela precisa que os 
equipamentos fiquem do lado da obra. Não tem alternativa, ela vai ter 
que construir um barraco ali. Ela está alugando, é uma locação feita com 
um particular, remunerando, pagando todo mês, isso é não é um ato 
administrativo, é simplesmente ​um ato que conta com a participação 
da administração​. Isso é um interesse meramente patrimonial, 
totalmente disponível, é esse que eu estou falando. ATOS DA 
ADMINISTRAÇÃO PODEM SER RESOLVIDOS PELA 
ARBITRAGEM. 
 
​Princípios que regem a administração pública, princípios básicos ​Art. 37 da 
CF/88​. ​- LIMPE:​ ​Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência​. 
Tem 2 princípios aqui que geram conflito com a regra básica da arbitragem. É muito 
17 
comum na arbitragem você convencionar o sigilo. Tudo o que é feito na administração 
pública tem que ser público, logo, não pode ter cláusula de sigilo na arbitragem que a 
envolva. 
E a ​legalidade. ​Eu posso estabelecer por exemplo na arbitragem que eu não 
quero aplicação da lei, eu quero solucionar por exemplo com base nos costumes. ​A 
Fazenda pública tem que ser sempre uma arbitragem de direito, ou seja, 
observando a legalidade e sempre tem que ser uma arbitragem que seja pública​, 
não pode ter sigilo, não pode ter também o que se chama de cláusula de 
confidencialidade, não pode ser confidencial, tem que ser público. Público mesmo, você 
tem que chegar lá na arbitragem, você que não tem nada a ver com a história, particular 
e falar assim ó: eu quero ver como é que foi esse processo, quero ter acesso. 
Obrigatoriamente tem que te mostrar. 
 
3.2 Conciliação e Mediação 
O NCPC estimula, visa incentivar bastante a conciliação e mediação. No ​Art. 3º 
§2 e §3° ele estabelece que a conciliação e a mediação são ​normas fundamentais 
(todas as normas do 1º ao 12º do NCPC são chamadas de Normas fundamentais).São 
normas básicas do processo, são normas essenciais do processo, são normas 
fundamentais. Toda vez que eu apresentar a minha petição inicial, toda vez que eu 
ajuizar uma ação contra você, eu estou obrigado na minha petição inicial, ​art. 334, § 5º 
NCPC, ​eu estou obrigado a falar se eu quero, a minha opção pela realização da 
audiência de conciliação e mediação. O código estabeleceu como uma etapa obrigatória 
do procedimento que a primeira coisa que se realize no processo vai ser a audiência de 
conciliação e/ou mediação. 
Em juizados - portanto com causa de menos de 20 salários mínimos - essa 
audiência é obrigatória, ainda que você fale que não quer, vai ter, mas isso é diferente, é 
a a Lei 9.099/95 ​que é a do ​JEC​, Juizado Especial Cível. O que estamos falando é 
diferente. 
Primeiro você faz só essa opção: eu quero ou não quero que tenha audiência de 
conciliação e mediação? Você não vai escolher se quer audiência de conciliação ou 
18 
mediação não. 
Quando eu ajuizar a minha petição inicial eu tenho que dizer na minha petição 
inicial: juiz, tô doido que role uma audiência de conciliação pra gente tentar fechar um 
acordo. Ou eu posso falar: excelência, não quero nem olhar pra cara desse sujeito. Isso é 
um direito meu. Primeira questão é o seguinte: se eu falo que eu não quero, o juiz vai 
marcar audiência? O ​art. 334, §4º, I, do CPC​, ele fala que ​só não haverá audiência se 
autor e réu falarem que não​. Então presta atenção: para não ter audiência eu tenho que 
ter manifestação negativa tanto do autor quanto do réu. Só o autor falar que não quer, 
não é suficiente para não ter a audiência. Se o autor fala que quer, não adianta nem o 
réu falar que não quer, porque já vai ter. Só não tem audiência se autor disser que não 
quer, réu disser que não quer. 
Primeiro, ter audiência é uma norma fundamental e se é uma norma 
fundamental, a regra é ter audiência. E ele pode chegar na audiência e oferecer uma 
proposta interessante de acordo. Então vale a pena tentar. É a lógica do código. Agora, 
se os dois falaram que não estão a fim, aí é perder tempo. Aí não tem nexo ter a 
audiência. ​Os dois têm que se manifestar de maneira expressa. A regra é a 
obrigatoriedade da audiência. Isso é uma norma fundamental. 
O réu tem da data da audiência até 10 dias uteis antes pra falar que também não 
quer. Aí tem o não do autor, não do réu. A audiência vai ser cancelada. 
O autor disse que sim, tá doido pra fazer um acordinho. Vai ter audiência. O réu 
tem que ir. Se você não for, vai tomar multa tá. É obrigatório o comparecimento, ​art. 
334, §8º​. De ambas as partes. “​A ausência injustificada de autor ou réu é causa de 
multa de até 2% do valor da causa...” multa essa que se reverte para o estado, se estiver 
na justiça estadual, ou para a União, se estiver na justiça federal. 
A regra do processo civil é você ter audiência de conciliação e mediação. 
Segunda exceção: art. 334, § 4º, II​, tem alguns litígios, alguns processos, que 
não adianta marcar audiência de conciliação e mediação, porque é perder tempo. Porque 
não existe possibilidade de chegar a um acordo. Imaginem o seguinte, por exemplo: eu 
to ajuizando uma ação de interdição do meu avô, porque meu avô tá com 90 e tantos 
anos, tá meio gagá já… você acha que ele vai concordar na audiência em ser 
interditado? lógico que não, isso é perda de tempo. O pai tá ajuizando contra o filho 
19 
uma ação negatóriade paternidade. Não tem chances de chegar a um acordo. Então o 
juiz pode, em certos casos, já não marcar a audiência de conciliação e mediação. 
Quando o juiz entender que esse litígio não admite autocomposição. Existe essa 
possibilidade do próprio juiz dispensar a realização da audiência de conciliação e 
mediação. 
 
ARBITRAGEM CONCILIAÇÃO MEDIAÇÃO 
Heterocomposição: 
terceiro irá solucionar este 
litígio 
Autocomposição: as partes 
chegam à solução 
Autocomposição: as partes 
chegam à solução 
juiz: árbitro mais ativa: propõe solução orientação: facilitação 
sentença judicial jamais impõe solução jamais impõe solução 
imposição de solução atinge os efeitos atinge a origem 
 Art. 165 § 2º preferencial Art. 165 §3º preferencial 
 sem vínculo anterior com vínculo anterior 
 várias sessões: solução 
mais definitiva 
 
 
às regras de audiência, 397 
 
4. Ministério Público no processo Civil 
 
A partir do 178 do CPC. 
A lei estabelece ​duas maneiras​ para o MP atuar no Processo Civil: 
● condição de ​Parte: ​propondo ações, ele vai ajuizar a ação, ele vai propor 
a ação, é muito comum o MP ajuizar uma ação de improbidade 
administrativa, uma ação civil pública, uma ação de paternidade: a mãe 
acha que o pai é fulano e o pai diz que não sabe ou nega, então o MP 
20 
ajuíza para que realize o DNA. Muito comum em relações de família; 
 
● condição de Fiscal​: O MP tem uma função, pela constituição, de ser um 
guardião, um protetor do ordenamento jurídico por um todo, a expressão, 
mesmo que equivocada, "O MP é um 4º poder". Dizem isto porque ele 
intervém em tudo, na pretensão condenatória, a gente tem visto o réu 
fazer delação premiada na frente do promotor; ele protege o meio 
ambiente, por ele pode se meter e ajuizar contra uma empresa que 
comete desmatamento ou vazamentos; caso você fez um concurso 
público qualquer e houve uma fraude, o MP pode ajuizar contra a 
organizadora do concurso. Ele não é um quarto poder e sim um guardião 
dos direitos na sociedade. Por isso o CPC fala que ele é o fiscal da ordem 
jurídica, mas isso é feito com ordem, o MP atua como um fiscal do 
ordenamento, exemplo: (i) é quando se tem um incapaz no processo, toda 
vez que tem um processo com incapaz, em regra, o MP intervém. Se um 
garoto de 12 anos ajuíza uma ação de alimentos, o MP é chamado no 
processo para intervir no processo como fiscal; ​(ii) toda ação que 
envolva o interesse público social, o interesse relevante, art. 179 do 
CPC​. O MP está ajuizando uma ação porque vazou o óleo de uma 
empresa e está causando danos ao meio ambiente. Então uma Associação 
ajuíza outra ação contra esta mesma empresa, o MP precisa ser ouvido 
porque há um interesse social nesta ação, o meio ambiente. . A primeira 
atitude do juiz após o ajuizamento da ação é a intimação, pelo juiz, do 
MP. O processo vai ser encaminhado ao promotor de justiça, para o 
gabinete dele, isso está no​ art. 180​. 
 
○ Primeira Prerrogativa​: sempre ser intimado pessoalmente, 
pessoalmente mesmo, um cara pega o processo no gabinete do 
juiz e leva até o promotor para que ele dê o parecer dele sobre 
este , a opinião dele. ​Ajuizada esta ação, o juiz encaminhará para 
o promotor para que ele se manifeste. 
21 
 
Exemplo: ​o garoto pede a pensão de 10 mil e o promotor 
diz que a pensão deverá ser até 6 mil, mas quem decidirá 
será sempre o juiz, ele da opiniões, se manifesta, da 
pareceres. 
 
○ Segunda Prerrogativa: ​prazo em dobro, tudo o que ele for fazer 
no processo, ele sempre terá o prazo dobrado, também no art. 
180. 
 
Então toda vez que o MP intervir ou se manifestar no processo ele sempre terá 
as prerrogativas de intimação pessoal e prazo em dobro, seja como parte ou fiscal 
da lei. 
 
4.1 Independência Funcional 
MP tem independência funcional​: tendo um incapaz no processo ele tem que ir para 
o MP. E o MP também tem liberdade e independência para não querer se manifestar 
quando tem um incapaz, por exemplo, um garoto de 12 anos ajuíza uma ação, o juiz 
intimará o MP e o promotor poderá dizer que não há interesse em manifestar nesse 
processo, dispensando intimação. Isso porque ​a constituição, acima do CPC, traz 
princípios básicos da atuação do MP. 
 
Exemplo 1: ​um garoto de 12 foi para a Disney e teve a bagagem 
extraviada, por sofrer danos morais ele ajuíza uma ação contra a 
empresa. ​Neste caso não há interesse do MP em intervir no Processo, o 
autor no caso quer apenas dinheiro. 
 
Não é o fato de ter um incapaz que sempre terá a necessidade de intervenção do 
MP​. Agora um incapaz que ajuíza uma ação de alimentos, é necessário intervir, ele está 
passando necessidade, e é necessário o MP zelar por isso, proteger e fiscalizar o que 
22 
está acontecendo no processo. 
Exemplo 2: ​tendo idoso no processo é necessária a manifestação do 
MP, o estatuto do idoso, a lei 10.741 exige que tendo idoso tem que ter 
manifestação do MP. Mas não é toda vez que tiver um idoso no processo 
que terá que ter a intervenção do MP. Imagina se todo idoso que tem um 
processo no Juizado Especial de Copacabana fosse para o MP, tiver que 
ter um promotor para ele...acabou. Não é o fato de ter um idoso que 
exige intervenção do MP. Agora um ​idoso em situação vulnerável​, que 
não tem ninguém para cuidar dele, está ajuizando uma ação contra o 
filho que o abandonou, tem que ter intervenção do MP. 
 
 
Art. 1.048 do CPC: Parte ou interessado com idade igual ou superior a 60 anos, 
portadores de doenças graves, descritas na lei 7 mil e pouco, que regulamenta 
as doenças graves, e no parágrafo segundo fala: deferida a prioridade os autos 
receberão identificação própria. 
 
 
Não é sempre que tiver fazenda pública no processo, pode ser União, Estado e etc.é 
necessária a intervenção do MP: atos da administração pública. 
 
súmula 189 do STJ​: “​É desnecessária a intervenção do MP nas 
execuções fiscais”, ​que são ações que o Estado está cobrando tributos, 
arrecadando dinheiro, só para isso, para arrecadar dinheiro. 
 
artigo 178, parágrafo único​: “O Ministério Público pode recorrer no 
processo, seja na condição de parte ou fiscal”. 
 
Então ele será intimado pessoalmente, terá prazo em dobro, nos processos 
que seja necessária sua intervenção ele irá dar parecer o tempo inteiro, irá dar 
23 
suas opiniões. ​Temos o exemplo agora da ação de alimentos no sentido tal tal e tal. 
Agora se tem um garoto de dois anos e ajuíza uma ação, o MP está no 
processo por causa do incapaz e este incapaz não recorre, ainda assim o MP pode 
recorrer. O MP só está lá por causa do incapaz e o incapaz fica satisfeito com uma 
decisão, mas o ​MP pode recorrer​, pois tem ​independência funcional​. Para confirmar 
o que falamos, o MP é fiscal da ordem jurídica e não do garoto ou do idoso, basta serem nome do interesse público, ​súmula 99 do STJ​. 
 
4.2 Unidade 
Outro princípio o MP ele é UNO​, é a unidade da ação do MP, ​além de ter a 
independência funcional​. 
 
Exemplo : ​ele é o promotor e se manifestou com interesse no processo e 
que o garoto tinha que ganhar 5 mil de pensão, aí lá na frente ele sai por 
qualquer motivo e vem outro membro do MP, este novo poderá se manifestar em 
4 mil. o MP é considerado num todo, mas dentro desta organização cada um 
tem sua independência funcional. 
 
O Tribunal o cara acima do Promotor é o Procurador de Justiça, então se o 
processo foi para o Procurador de Justiça no TJ, estou falando de alimentos, mas pode 
pegar qualquer um que se imagine. O Procurador fala: 5 mil de pensão, mas o 
desembargador anula o processo e ele volta para a primeira instância, cai na mão do 
promotor e ele decide por 3 mil, por ter independência funcional ele pode fazer isso, nas 
suas manifestações ele não está vinculado a ninguém, isto é interessante, para que ele 
possa ter autonomia para trabalhar. ​Nas suas manifestações ele é livre ​, mas não pode 
passar na rua e cuspir na cara do Procurador. 
 
​O Procurador e os Magistrados eles passam por um período para atingir a 
vitaliciedade, não há como tira-lo. Enquanto ele não é vitalício ele não tira essa bronca, 
ele bora o galho dentro, porque aí é um problema administrativo, como a gente estava 
24 
falando, o Governador fala para o Procurador que não sei o que, daqui a pouco aparece 
um processo administrativo e este cara vai parar lá na comarca casa do cacete, pode 
acontecer, pois ele ainda não tem vitaliciedade, ele vai ter a vitaliciedade 
Isso é para ele ter liberdade de manifestação, e tem mais, a manifestação do 
Promotor vale o mesmo que a manifestação do Procurador, porque ali tem um órgão 
UNO, é esse o sentido da palavra, não quer dizer que ali não exista hierarquia, ainda que 
você fale pra mim que tem independência, é claro que se o telefone tocar e for o 
Procurador, o Promotor vai pensar melhor na sua decisão, pois hierarquicamente existe 
uma subordinação. 
 
5. Nulidade do Processo 
 
A NÃO INTIMAÇÃO DO MP NO PROCESSO, QUANDO ELE 
DEVERIA INTERVIR, GERA NULIDADE? 
 
Art. 279, CPC ​É nulo o processo quando o membro do Ministério 
Público não for intimado a acompanhar o feito em que deva intervir. 
§ 1​o ​Se o processo tiver tramitado sem conhecimento do membro do 
Ministério Público, o juiz invalidará os atos praticados a partir do momento em 
que ele deveria ter sido intimado. 
§ 2​o A nulidade só pode ser decretada após a intimação do Ministério 
Público, que se manifestará sobre a existência ou a inexistência de prejuízo. 
 
A partir do momento que o MP deveria ter sido intimado e não foi, os atos 
vão ser inicialmente invalidados e nesse caso dentro do processo se identificou que o 
MP não foi intimado e intimou, ai entra no parágrafo 2º que o MP vai analisar se houve 
ou não prejuízo no processo porque o MP não precisa realmente se manifestar em todas 
as causas, pode ser que seja um caso de não intervenção. Então, se ele entender que não 
houve prejuízo não tem por que você continuar invalidando todo o processo, uma vez 
que o MP já se manifestaria no curso dele. 
25 
A lei exige intervenção do MP sempre que tiver incapaz ​(178)​. Ele tem a 
liberdade, a discricionariedade, a independência funcional. ​A intervenção do MP nem 
sempre é obrigatória. A intervenção do MP ela é exigível por lei e a sua ​intimação é 
obrigatória​, mas não a sua manifestação. 
Então eu posso ter um caso onde eu intimo o MP, por que é obrigatório eu 
intimá-lo, mas ele não se manifeste e isso não gere nulidade nenhuma no processo. 
Em uma situação que não houve se quer intimação: 
 
​Exemplo: Processo com um incapaz, sendo um molequinho lá com 2 
anos de idade e ninguém perceber que o processo tocou normalmente sem 
ninguém intimar o MP, o processo passou direto sem a intimação do MP, então 
não houve se quer intimação. Ou houve intimação, deveria ter tido 
manifestação, mas não teve​. 
 
Se intimou e o MP falou que não deveria intervir e depois se apura que deveria 
sim, não invalida nada, não invalida nada no processo. Houve intimação, se o MP falou 
que não queria se manifestar, isso é problema dele (independência funcional). Pode 
gerar sanções administrativas, tipo “ah, eu não to muito afim de trabalhar não, todo 
processo que chegar pra mim eu vou falar que não é do interesse do MP não”, mas isso 
gera sanções administrativas ao MP, ao promotor, mas não anula o processo, então isso 
aqui não gera nulidade. 
Quando não há intimação: 
 
5.1 Teoria Geral das Nulidades 
Quando você fala em reconhecer uma nulidade você tem que compreender isso: 
diferença entre defeito no processo e eu ter uma nulidade (art. 279, parágrafo 2º)​, 
Quando eu falo que tem um ​defeito num ato processual é porque você não 
observou uma exigência legal. 
Exemplo 1: "O moleque tem 2 anos de idade, é exigência legal de 
intimar o MP. É. O que você tem nesse processo? Defeito. Teve um defeito na 
26 
prática durante esse processo. Ou também você pode chamar isso de uma 
invalidade. 
 
Tem um defeito no processo que é uma invalidade no processo que é você 
simplesmente violar a lei. 
Não foi intimado o MP. Qual é a exigência típica? Intimação. Esse ato de não 
intimar não teve tipicidade. Então esse ato você vai chamá-lo de defeituoso. Entendeu a 
conversa? Quando eu falo que o ato é defeituoso é porque esse ato não teve tipicidade. 
Esse ato não foi praticado conforme o ordenamento. ​Ter tipicidade é se enquadrar 
num modelo legal.​ Você falar que o ato é nulo é outro assunto, outra conversa. 
Nulidade é a sanção, a penalidade que você aplica ao ato defeituoso​. É 
diferente, são momentos distintos. O processo não é feito pra se declarar nulidades, 
percebam isso que eu quero dizer. ​A declaração de nulidade tem que ser sempre algo 
EXCEPCIONAL. A lógica de ter um processo é solucionar o teu problema. Se você 
começar a ficar se apegando as formalidades do processo e ficar o tempo inteiro 
reconhecendo nulidades, esse processo não atende sua lógica. E nesse raciocínio você 
vai ter o que chamamos de ​princípios relativizantes das nulidades: ​do prejuízo, 
finalidade (também chamado de principio instrumentalidade) e causalidade 
 
5.1.1 Princípios Relativizantes das Nulidades 
 5.1.1.1 Princípio da instrumentalidade (e prejuízo) 
O processo é um instrumento, ele não é um fim em si mesmo. O processo é um 
instrumento para nós solucionarmos um litígio. O processo não vida buscar ele mesmo, 
ele busca solucionar o problema, que é o direito material: ​você comprou um troço, uma 
geladeira na loja e a geladeira não foi entregue, você tá com um problema que não tem 
nada a ver com processo nenhum. Você tem umcontrato com a sua empresa de 
prestação de serviços​. A finalidade é solucionar esse problema. 
 
Art. 239 do CPC: Para a validade do processo é indispensável a citação 
do réu ou do executado, ressalvadas as hipóteses de indeferimento da petição 
27 
inicial ou de improcedência liminar do pedido. 
§ 1​o O comparecimento espontâneo do réu ou do executado supre a falta 
ou a nulidade da citação, fluindo a partir desta data o prazo para apresentação 
de contestação ou de embargos à execução 
 
O comparecimento espontâneo do réu ou do executado ao processo supre a falta 
ou a nulidade/vício de citação. Qual a lógica de eu citar alguém no processo? Fazer com 
que o indivíduo compareça. O indivíduo comparecendo espontaneamente fez com que o 
processo atingisse sua finalidade, não tem nulidade neste processo. O comparecimento 
espontâneo do cara que foi citado 21:30hrs, que é uma citação defeituosa, acabou de ser 
covalidada pelo comparecimento espontâneo dele, não podendo declarar nulidade. Você 
relativizou a declaração da nulidade porque atendeu o princípio da finalidade ou da 
instrumentalidade. 
 
Exemplo: ​O menino tem 2 anos e requer 5 mil de pensão alimentícia, ação de 
alimentos. O juiz, o cartório nem lembrou que existia Ministério Público, sequer 
foi intimado o MP ao longo do processo. Sentença: 5 mil de pensão. Tem um 
defeito nesse processo? Claro, faltou a intimação do Ministério Público. Porém 
essa não intimação do processo não gerou prejuízo, ou seja, não há nulidade. 
Automaticamente pela falta de prejuízo, não há nulidade. Pra ter nulidade, 
sempre, tem que ter tido prejuízo para alguém. 
 
Art. 282, CPC ​Ao pronunciar a nulidade, o juiz declarará que atos são 
atingidos e ordenará as providências necessárias a fim de que sejam repetidos 
ou retificados. 
§ 1​o O ato não será repetido nem sua falta será suprida quando não prejudicar 
a parte. 
 
Não houve intimação do Ministério Público e depois da sentença o juiz intima o 
MP. O MP pode alegar nulidade do processo? Não, pois o art. 279 diz que ​para alegar 
28 
nulidade do processo ele terá que demonstrar prejuízo. 
Caso tenha o exemplo de que houve intimação ou sequer houve intimação, e eu 
não fiquei sabendo e acabou que o prazo da apelação passou e eu não fiz nada. Em tese, 
eu perdi o prazo da minha apelação. Então devo começar de novo do ponto da nulidade. 
Repete a intimação e devolve o meu prazo. 
 
5.1.1.2 Princípio da Causalidade 
​Quando você peticiona no processo, você pede para que a intimação seja no 
nome de fulano, etc. Então, por exemplo, eu tenho o meu escritório e tem alguns 
advogados que trabalham no meu escritório. As intimações, ainda que eu não esteja 
direto no processo, saem todas no meu nome, pois eu sou o proprietário do escritório. A 
empresa faz a pesquisa pelo meu nome e meu número da OAB. Todo advogado tem que 
peticionar o processo dizendo, ​por exemplo “Requeiro que as publicações se deem no 
nome de Haroldo de Araújo Lourenço, OAB número tal”​. ​Volta e meia, tem um 
desavisado que peticiona errado, por alguma confusão. Aí ele peticiona colocando o 
nome errado e escreve o meu nome errado, como “Aroudo”. A empresa que faz a 
pesquisa das intimações, então, não achou e por isso não mandou a intimação do ato 
processual. Quando nós viemos a descobrir, já tinha passado o prazo. A intimação, 
então, não atingiu a sua finalidade, pois não me deu ciência da contagem do prazo. A 
intimação defeituosa gerou prejuízo, pois eu perdi o prazo. ​O Princípio da 
Causalidade: ​Aquele que deu causa à nulidade não pode requerer declaração da 
nulidade. Isso se dá para que evitar a implantação de nulidades no processo, feito pelo 
próprio advogado. 
Para ter declaração da nulidade, você deve passar por esses três 
princípios: Finalidade, Prejuízo e Causalidade. 
 
Exemplo: o menino tem dois anos, tem que intimar o MP? Sim. O MP foi 
intimado, o que ele faz? Decide não se manifestar. Sai a sentença. O MP pega e 
apela, alegando que não houve manifestação do MP e por isso deve anular o 
processo. Isso não pode ocorrer, pois foi o próprio MP que deu causa a esse ato 
29 
defeituoso. Se foi o próprio MP que manifestou que não queria ser intimado 
para os próximos atos, ele mesmo não pode alegar depois que aquilo dali deve 
ser nulo. 
 
Na verdade, o que você tem aqui, em relação à causalidade, é uma 
proibição/vedação à prática de atos contraditórios. 
 
 ​A não intimação do MP, gera nulidade ou não? 
 
Art. 178, CPC ​O Ministério Público será intimado para, no prazo de 30 (trinta) 
dias, intervir como fiscal da ordem jurídica nas hipóteses previstas em lei ou na 
Constituição Federal e nos processos que envolvam: 
I - interesse público ou social; 
II - interesse de incapaz; 
III - litígios coletivos pela posse de terra rural ou urbana. 
Parágrafo único. A participação da Fazenda Pública não configura, 
por si só, hipótese de intervenção do Ministério Público. 
 
N Ã O! Se você responder que sim, você estaria presumindo uma 
nulidade no processo. Nulidade não se presume, pois ela é excepcional. ​Não, pois a 
nulidade é excepcional; só terá nulidade se não atingir a finalidade, gerar prejuízo 
e se não for a própria pessoa que deu causa (violar a causalidade). 
A doutrina, antigamente, tinha o vício de ficar separando nulidade 
relativa de absoluta, o que não esteja errado. Mas, parando para refletir, não tem sentido 
essa classificação, pois tudo é nulidade. Você, por exemplo, falar para mim que não 
intimar o MP é uma nulidade absoluta, você quer dizer que essa nulidade é quase 
impossível de ser convalidada e isso é mentira. Então, o critério de absoluto e relativo 
está errado. O que nós temos são: nulidades. Se ela é relativa ou absoluta, isso é outro 
assunto. Só que, algumas nulidades, a lei permite que o juiz as reconheça em qualquer 
tempo, ou seja, o legislador dá uma importância maior. Aí as pessoas costumam 
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chamá-las de nulidades absolutas. Há outras nulidades que o código exige que tenha 
sempre alegação da parte, o que as pessoas costumam chamar de nulidades relativas. 
6. Noções básicas sobre competência: Estadual e 
Federal 
Na competência da justiça federal se observa o princípio da ​tipicidade 
da competência.​ ​A competência da federal está toda no ​art. 109​ da Constituição. 
 
Art. 109, CF/88​ Aos juízes federais compete processar e julgar: 
Ou seja, a competência da justiça federal é uma competência típica, taxativa. 
Toda a competência tem que está tipificada em lei ou na Constituição; a (competência) 
Federal é um ótimo exemplo disso. Só é competência da Justiça Federal se tiver no art. 
109 CF. ​Não estando no art. 109 CF, o juiz federal não terá competência​. Esta é a 
regra mais básica de tudo que a gente está conversando aqui. Então só será competênciade um juiz federal se estiver no art. 109 da Constituição. 
Será a competência da Justiça Estadual quando não for da federal. ​A 
competência da Justiça Estadual é uma competência residual; ​é uma competência 
subsidiária​. E o legislador só se preocupa em regulamentar as hipóteses que o juiz 
federal terá competência, enumera, todos os casos de competência da federal. Se não 
estiver no art. 109 CF, o que sobrar, o resto (literalmente falando), o que não for federal, 
será da estadual. 
 
Art. 109, I, CF: ​as causas em que a ​União, entidade autárquica ou empresa 
pública federal ​forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou 
oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à 
Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho​; 
 
A principal hipótese de competência da Justiça Federal. Olha o que o art. 109, I 
fala: sempre que eu tiver uma ação envolvendo a ​União, Autarquias Federais, ou 
Empresas Públicas Federais a competência será da Federal​. 
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● Administração Pública ​: 
○ Direta: ​União, Estado, Municípios, Distrito Federal (e 
Territórios). 
○ Indireta: Autarquias, Empresas Públicas, Sociedades de 
Economia Mista e Fundações Públicas. 
6.1 Juizados 
6.1.1 Juizado Especial Cível (JEC) - Lei nº 9.099/95 
A principal competência dele, estou querendo dizer que tem outras 
competências, mas a mais importante é que ele terá ​competência para ações que 
envolvam até 40 salários mínimos​. Ele terá competência para ações que envolvam até 
o teto de 40 salários mínimos, até o limite de 40 salários mínimos. 
Competência ​relativa​: eu não sou obrigado a ajuizar uma ação no JEC. Posso 
falar que ela é relativa porque ela é opcional, eu não estou obrigado a escolher o JEC. 
Se eu não quiser ajuizar minha ação nos juizados, se eu quiser eu posso abrir mão dos 
juizados e ajuizar na Vara cível comum, normal. A competência dos juizados especiais 
cíveis ela é uma competência relativa. 
 
6.1.2 Juizados Especiais Federais (JEF) - Lei 10.259/2001 
A principal competência dele, estou querendo dizer que tem outras 
competências, mas a mais importante é que ele terá ​competência para ações que 
envolvam até 60 salários mínimos. 
JEF competência absoluta 
 
6.1.3 Juizados Especiais de Fazenda Pública (JEFP) - Lei 12.153/2009 
A principal competência dele, estou querendo dizer que tem outras 
competências, mas a mais importante é que ele terá ​competência para ações que 
envolvam até 60 salários mínimos 
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JEFP competência absoluta. 
Entes públicos não federais. 
 
Exemplo 1: Ação contra a ​União está envolvendo ​10 salários mínimos - JEF 
(competência absoluta). O juizado especial federal é como se fosse uma justiça 
federal reduzida, em miniatura. 
 
Exemplo 2: Eu quero ajuizar uma ação contra o ​INSS ​(autarquia federal) 
envolvendo ​100 salários mínimos - Justiça Federal Comum. ​INSS envolvesse 
40 salários mínimos​ - JEF. 
 
Para você definir se é competência do Juizado Especial Federal você tem 
que pensar como? Quem é a pessoa? Um dos entes federais? SIM, então é federal, e 
essa sua ​ação tem mais ou menos que 60? ​Menos, então é Juizado Especial Federal. E 
se for mais? Justiça federal comum, só isso. Eu tenho uma ação contra uma empresa 
pública federal, justiça federal. Falta saber o quê? ​Já defini a pessoa, falta saber o 
valor. Mais ou menos que 60? Tem mais que 60, Justiça Federal Comum. Menos que 
60, Juizado Especial Federal. 
 
Exemplo 3: o ​Detran, uma autarquia estadual que envolve ​30 salários 
mínimos​ - JEFP 
 
Exemplo 4: eu estou ajuizando uma ação por exemplo contra uma s​ociedade de 
economia mista no âmbito estadual que envolve 80 salários mínimos - ​Justiça 
Estadual Comum, não os juizados. 
 
​Quando você fala em justiça comum, é porque você está tirando da sua vida os 
juizados.​ Aí você vai ter na comum a Justiça Estadual e a Justiça Federal. 
 
Exemplo 5: O cara está me procurando para ajuizar uma ação para ele. Ele é 
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militar das forças armadas estaduais​, o cara é PM. ​Justiça Estadual​.A minha 
ação da causa desse policial militar envolve ​70 salários mínimos - Justiça 
Estadual Comum. 
 
Quando você usa a expressão ​fazenda pública​, você está se referindo a todos os entes 
públicos, é sinônimo de administração pública. O legislador inventou um nome para 
diferenciar o Juizado Especial de Fazenda Pública do Juizado Especial Cível porque na 
verdade a confusão só ocorre quando começamos a falar dos entes públicos. 
 
Exemplo 6: Eu tenho uma ação contra a ​Vivo (privada) - Justiça Estadual. 
Essa minha ação envolve ​10 salários mínimos​. Ela é o que? ​Relativa​. Então eu 
posso ajuizar no JEC como eu posso ajuizar na Justiça Estadual Comum. 
 
Exemplo 7: ​entes privados​. Então eu tenho uma ação contra a NET, eu tenho 
uma ação contra um banco, qualquer coisa que você imagine aí. uma empresa 
qualquer que vc contratou. Privada. ​Âmbito estadual​. Só que no âmbito 
estadual, aqui em cima, é uma competência relativa. ​Você escolhe o que vai 
fazer da sua vida​. O valor é insignificante, não faz diferença. Se eu tenho uma 
ação contra um privado que tenha ​menos que 40​, eu posso ir pro ​JEC ou posso 
ir pra estadual comum ​. Acabou 
 
Exemplo 8: ​Uma ação contra ​Bradesco que envolve ​60 salários mínimos - 
Justiça Estadual Comum. 
 
Exemplo 9: Uma sociedade de economia mista. Estadual. Agora, se na 
estadual, ela tem mais ou menos que 60, é isso que vai mudar o raciocínio aqui. 
Porque se tiver ​menos que 60​, obrigatoriamente, JEFP Se tiver mais que 60 
será Justiça Estadual Comum. 
 
Em alguns locais a estadual se subdivide para privados e para públicos​. 
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Você tem as chamadas ​Varas de Fazenda Pública​. 
 
Exemplo 10: “​Uma ação contra o DETRAN (autarquia estadual) lá em Campo 
Grande”. Em Campo Grande G ​não há Vara de Fazenda Pública e a ação 
envolve ​100 salários mínimos​. Justiça Estadual Comum. acabou, morreu a 
história. Não é fazendário, é estadual porque tem mais de 60. “Ah mas lá não 
vai ser Vara de Fazenda?” Não porque não tem esta porra lá. Só isso. 
 
Em alguns locais você tem a ​especialização da especialização​. Porque não dá 
vazão, por exemplo, aqui no Centro é muito cheio. Tem muito processo. Então o que a 
justiça fez aqui no Centro? Ela se subdividiu. A estadual se dividiu em Varas de 
Fazenda, que é só pros entes públicos não federais acima de 60, porque abaixo de 60 cai 
pro Juizado Especial de Fazenda Pública. Entendeu a conversa. Essa subdivisão, essa 
especialização da especialização é comum de acontecer. 
 
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