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PRATICA CIVIL I Kleber Luciano Ancioto Página 1 Prof. Marcio Zago, Vinícius Cancian E-mail: eaaj.coordenador@toledoprudente.edu.br Prova: 28/03 01/02/2016 Conteúdo 7° Termo – Parte Especial – Livro I – NCPC. Grupo de Prática: Erga Omnes Andre Alia Borelli – CPF 422.156.478-41 – Tel. (18) 98176-7052 – R.A. 001.1.13.228 – e-mail: andre_borelli_@hotmail.com Bruna Aparecida de Jesus Moura – CPF 434.456.778-16 – Tel. (18) 99653-7379 – R.A. 001.1.13.148 – e-mail: brunamoura2010@hotmail.com Jacqueline Bersan Roberto – CPF 325.886.018-12 – Tel. (18) 99792-0049 – R.A. 001.2.13.003 – e-mail: jacbersanroberto@gmail.com Kleber Luciano Ancioto – CPF 003.810.349-41 – Tel. (18) 99613-7818 – R.A. 001.1.13.401 Leticia Barbosa da Silva – CPF 426.130.078-85 – Tel (18) 99798-0497 – R.A. 001.1.13.162 – e- mail: leticiabarbosa07@hotmail.com Luis Antonio de Sousa Ávila – CPF 352.701.478-07 – Tel. (18) 98807-5090 – R.A. 001.1.13.400 – e-mail: luissavila@hotmail.com Rafael de Jesus Pedroso – CPF 408.581.808-20 – Tel. (18) 99614-0252 – R.A. 001.1.13.192 – e- mail: rafaeldejesus-17@hotmail.com Renan Moreno Barhum – CPF 372.179.348-00 – Tel (18) 99726-8819 – R.A. 001.1.13.404 – e- mail: renan.rmb@gmail.com 15/02/2016 O PROCEDIMENTO COMUM NO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL O Código de 1973 era composto por 5 livros, ao passo que o Novo Código traz apenas uma Parte Geral e uma Parte Especial, tendo aprimorado, portanto, a sua formatação. Na Parte Geral estão institutos que são comuns a todos os livros da parte especial. FENÔMENO JURÍDICO 1° Parte – Ordenamento Jurídico o Plano do Direito Material PRATICA CIVIL I Kleber Luciano Ancioto Página 2 o Plano do Direito Processual Ambos os planos são unidos quando há uma lide. 2° Parte – Direito de Ação Se presta para ingressar no veículo chamado processo que nos leva a jurisdição e culmina com a tutela jurisdicional. ESPÉCIES DE TUTELA VS ESPÉCIES DE PROCESSO Tutela de Conhecimento Predominância de atividade cognitiva. o Processo de Conhecimento Tutela Executiva Predominância de atividade executiva. o Processo de Execução Pedir para citar um indivíduo em 3 dias para pagar a pensão é incompatível com o pedido de majorar o valor da pensão, pois um tem natureza executiva e outro de conhecimento, em que pese, existir no processo de conhecimento alguma atividade executiva e vice versa, o pedido deve ser predominantemente acerca do procedimento em questão. Tutela Cautelar Predominância de atividade cautelar. o Tutela Cautelar Livro V – Da Tutela Provisória Capítulo III – Do procedimento da tutela cautelar requerida em caráter antecedente arts. 305 a 307. PROCESSO DE CONHECIMENTO Processo vs Procedimento Processo diferencia-se de procedimento. Sabendo disso podemos afirmar que o processo é na verdade o procedimento animado pela relação jurídica processual. Processo = Procedimento + Relação Jurídica Processual Relação Jurídica Processual é a força que une as partes e o juiz, impulsionando o processo. A Relação Jurídica de Direito Processual que se instaura no processo de conhecimento é a mesma do processo de execução e o que os diferencia são os procedimentos. Nesse sentido, vamos estudar os procedimentos que compõe o processo de conhecimento. CPC/73 vs NCPC PRATICA CIVIL I Kleber Luciano Ancioto Página 3 O Código de 73 previa alguns procedimentos para o processo de conhecimento, que eram divididos em procedimento comum e procedimentos especiais. Para tal, os procedimentos especiais tratavam de direitos materiais que o legislador entendia como diferenciados e o restante como procedimentos comuns. Nesse sentido, o legislador entendia, por exemplo, que a Ação de Alimentos tratava-se de um direito diferenciado e, por tal razão criou um procedimento especial para ela, havendo também outros tipos de procedimentos especiais, que são batizados com o nome do direito material que se pretende tutelar, por exemplo, ações possessórias, ação de usucapião, etc. O procedimento comum no código de 1973 era dividido em Ordinário e Sumário. Já o Novo código divide os procedimentos apenas em comum e especial, sem haver o ordinário e sumário. FLEXIBILIZAÇÃO DO PROCEDIMENTO O Sistema da Legalidade das Formas Procedimentais foi adotado pelo código de 73, neste caso as normas são públicas e, portanto, cogentes, assim nem as partes ou o juiz podiam mudar o que a lei determinava. Este sistema traz como vantagens a previsibilidade e segurança. O grande problema do sistema da legalidade das formas procedimentais é que o legislador não é capaz de prever procedimentos úteis para se adequar a todo tipo de tutela que demanda a população. Já o Novo Código adota do Sistema da Liberdade das Formas Procedimentais, o que leva a uma flexibilização do procedimento, trazendo como vantagem a utilidade e efetividade. Vejamos os dispositivos abaixo que veem corroborar com a afirmação acima: Art. 139, NCPC – O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: [...] VI – dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-os às necessidades de conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito; [...] Art. 190, NCPC – Versando o processo sobre direitos que admitam auto composição, é licito às partes plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo. Neste sentido, o dispositivo acima traz a novidade que é chamada de negocio jurídico processual, onde as partes podem celebrar um contrato anterior a lide estipulando os poderes, faculdades, ônus e deveres processuais. O negócio jurídico processual como fonte da flexibilização do procedimento Fato (qualquer acontecimento do mundo real) PRATICA CIVIL I Kleber Luciano Ancioto Página 4 Fato Jurídico em sentido amplo o nascimento do sol é um fato, o nascimento de uma pessoa é um fato jurídico, pois o direito neste último caso tem interesse. O Fato Jurídico em sentido amplo é dividido em: Fato jurídico em sentido estrito, que não depende da vontade humana, como um furacão, por exemplo. Ato jurídico em sentido amplo que é dependente da vontade humana e é dividida em ato jurídico em sentido estrito, cuja pessoa tem vontade de praticar o ato, mas é incapaz de regular os efeitos que ele produz (ex. registro do nascimento de um filho); e negócio jurídico, onde há vontade das partes em criar o negocio jurídico e elas podem modular seus efeitos, qualquer contrato cai exatamente nesta espécie. No negocio jurídico processual, as partes não apenas criam o negocio como também modulam seus efeitos. Atualmente, não sabemos quais os limites serão concedidos as partes para transigirem sobre o procedimento, por exemplo, será admitido suprimir uma instancia? DO PROCEDIMENTO COMUM Características o Residualidade Art. 318, caput, NCPC – Aplica-se a todas as causas o procedimento comum, salvo disposição em contrário deste Código ou de lei. Ao identificarmos que estamos diante de um procedimento cognitivo, saberemos que estamos diante de um processo de conhecimento, assim diante do caso concreto, temos que analisar qual é o objeto material que buscamos a tutela e se houver um procedimento especial previsto será este que deveremos utilizar, caso contrário, utilizaremos residualmente o procedimento comum. Por essa razão aplicamos o procedimento comumem muito mais casos do que os procedimentos especiais. o Subsidiaridade Art. 318, Parágrafo único, NCPC – O procedimento comum aplica-se subsidiariamente aos demais procedimentos especiais e ao processo de execução. Isto significa que os dispositivos que compõe a parte do processo civil que se aplica ao procedimento comum, não se aplica somente a ele, mas também subsidiariamente aos procedimentos especiais. Estas são as razões pelas quais estudarmos o procedimento comum, visto que ele é o mais utilizado e é utilizado subsidiariamente nos procedimentos especiais. PRATICA CIVIL I Kleber Luciano Ancioto Página 5 Fases Lógicas do Procedimento Comum o Módulo Cognitivo Fase Postulatória Fase Ordinatória Fase Instrutória Fase Decisória o Módulo Executivo Fase de Cumprimento de Sentença Cada fase é composta por atos processuais. 22/02/2016 FASE POSTULATÓRIA Atos Processuais: Petição Inicial Despacho Inicial Audiência de Conciliação e Mediação (Novidade) Contestação PETIÇÃO INICIAL Trata-se do ato processual pelo qual a parte autora, exercendo o direito de ação (demanda), deduz pretensão em juízo, buscando obter tutela jurisdicional através da instauração do processo. Análise Conceitual o A Petição Inicial e os Princípios Processuais: Princípio da Demanda Art. 2°, NCPC – O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei. Princípio da Congruência Art. 141, NCPC – O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe vedado conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige a iniciativa da parte. Art. 492, NCPC – É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado. PRATICA CIVIL I Kleber Luciano Ancioto Página 6 o A Petição Inicial e a Teoria dos Atos Jurídicos A Petição Inicial é um ato jurídico, mas não se trata de um ato jurídico qualquer, visto que é um ato jurídico processual, que, portanto, só gera efeitos dentro do processo. Como todo ato jurídico devemos analisa-la sob as vertentes da existência, validade e eficácia. Ao compararmos a Petição Inicial com um contrato, perceberemos que o contrato gera efeitos a partir do momento que ele é firmado, bastando estar preenchidos os elementos de existência, validade e eficácia entre as partes. Por outro lado no caso de um indivíduo que narra um fato ao advogado, que percebe que aquela pretensão esta no último dia para prescrever, mesmo que o advogado prepare a Petição Inicial, se ela não for distribuída naquele dia a pretensão estará prescrita, pois como já foi afirmado, a Petição Inicial não gera efeitos fora do processo. Noções Preliminares 1) Petição Inicial trata-se de um Requerimento. E, como todo requerimento, possui uma estrutura a ser seguida: i. Vocativo Endereçamento ii. Preâmbulo Identificação das partes iii. Corpo do Texto Justificativa do pedido iv. Requerimento Pedido v. Fechamento Local, Data e Assinatura. 2) Linguagem No caso da Petição Inicial devemos utilizar textos não literários, com frases curtas e objetivas, de modo a conferir maior clareza. O narrador não participa da história (não têm “eu” e não têm “nós”). 3) Requisitos a. Genéricos i. Extrínsecos 1. Vernáculo 2. Escrita 3. Assinatura ii. Intrínsecos (Art. 319 do NCPC) Art. 319, NCPC – A petição inicial indicará: I – o juízo a que é dirigida; II – os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço PRATICA CIVIL I Kleber Luciano Ancioto Página 7 eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu; III – o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; IV – o pedido com suas especificações; V – o valor da causa; VI – as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos adequados; VII – a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação. b. Específicos 4) Demais aspectos que devem ser observados a. Competência; b. Instrumento de Mandato (Procuração); c. Valor da Causa; d. Pedido; e. Citação; f. Indeferimento da Inicial; g. Capacidade Processual; h. Organização Judiciária (Art. 92 da CF/88) Art. 92, CF – São órgãos do Poder Judiciário: I – o Supremo Tribunal Federal; I-A – o Conselho Nacional de Justiça; II – o Superior Tribunal de Justiça; III – os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; IV – os Tribunais e Juízes do Trabalho; V – os Tribunais e Juízes Eleitorais; VI – os Tribunais e Juízes Militares; VII – os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios. ENDEREÇAMENTO Art. 319, NCPC – A petição inicial indicará: I – o juízo a que é dirigida; [...] Não admite abreviaturas; Pronome de Tratamento utilizado deve ser Excelentíssimo; nunca utilizar o nome do Juiz visto que a Petição é dirigida ao cargo e não a pessoa do Magistrado. Para a correta elaboração do endereçamento, se faz necessário o domínio de conteúdo relativo às normas de COMPETÊNCIA e de ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA. EX. EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA CÍVEL DA COMARCA DE PRESIDENTE PRUDENTE/SP PREÂMBULO Art. 319, NCPC – A petição inicial indicará: [...] II – os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão o PRATICA CIVIL I Kleber Luciano Ancioto Página 8 número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu; [...] o Qualificação das partes Com a qualificação procura-se individualizar a pessoa em um universo maior de pessoas, evitando que alguém que não faça parte do processo sofra os seus efeitos, principalmente nos casos de homonímias. o Quem será o autor / réu? Para responder esta pergunta é necessário dominarmos os seguintes conceitos: Legitimidade ativa; Litisconsórcio necessário / facultativo; Capacidade para ser parte; e o Importante frisarmos que morto não possui capacidade de ser parte. Capacidade para estar em juízo. o Capacidade Postulatória (Art. 103, 104 e 106, I do NCPC); Caso o advogado não esteja regularmente inscrito, a Petição Inicial sequer será considerada existente e consequente o Processo também não Falta de Pressuposto Processual de Existência. O NCPC possibilita que ao autor 15 dias para alterar o polo passivo da Ação, caso o réu, na contestação alegue ser parte ilegítima (Art. 338, NCPC) – Mas é importante termos em mente, que somente o polo passivo pode ser alterado, não o polo ativo. Art. 338, NCPC – Alegando o réu, na contestação, ser parte ilegítima ou não ser o responsável pelo prejuízo invocado, o juiz facultará ao autor, em 15 (quinze) dias, a alteração da petição inicial para substituição do réu. Parágrafo único – Realizada a substituição, o autor reembolsará as despesas e pagará os honorários ao procurador do réu excluído, que serão fixados entre três e cinco por cento do valor da causa ou, sendo este irrisório, nos termos do art. 85, §8°. Ex.: FULANO DE TAL, brasileiro, solteiro, analista de sistemas, portador da cédula de identidade R.G. sob n.° __ e do CPF n.° __, residente e domiciliado nesta Cidade de __ na Rua ..., (neste ato representadopor sua genitora, Sra. BELTRANA DE TAL, brasileira, casada, portadora da Cédula de Identidade R.G. sob n.° __ [...]), por seu advogado, bastante procurador (Doc. 01), abaixo assinado, devidamente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, Secção de São Paulo, 29° Subseção, sob o n.° __, com escritório nesta cidade, na Rua __, n.° __, onde recebe intimações e notificações, vem, respeitosamente, perante Vossa PRATICA CIVIL I Kleber Luciano Ancioto Página 9 Excelência, ajuizar (ou propor) AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS, pelo procedimento comum, em face de CICRANO DE TAL, brasileiro, solteiro, médico, portador da Cédula de Identidade R.G. n.° __ e do CPF n.° __, residente e domiciliado nesta Cidade de __ na Rua__, n.°__, expondo e requerendo o quanto segue: Questionamentos relevantes quando da elaboração do preâmbulo o O Autor e o Réu possuem capacidade para estar em juízo? Art. 70, NCPC – Toda pessoa que se encontre no exercício de seus direitos tem capacidade para estar em juízo. Art. 71, NCPC – O incapaz será representado ou assistido por seus pais, por tutor ou por curador, na forma da lei. Art. 75, NCPC – Sendo representados em juízo, ativa e passivamente: I – a união, pela Advocacia-Geral da União, diretamente ou mediante órgão vinculado; II – o Estado e o Distrito Federal, por seus procuradores; III – o Município, por seu prefeito ou procurador; IV – a autarquia e a fundação de direito público, por quem a lei do ente federado designar; V – a massa falida, pelo administrador judicial; VI – a herança jacente ou vacante, por seu curador; VII – o espólio, pelo inventariante; VIII – a pessoa jurídica, por quem os respectivos atos constitutivos designarem ou, não havendo essa designação, por seus diretores; IX – a sociedade e a associação irregulares e outros entes organizados sem personalidade jurídica, pela pessoa a quem couber a administração de seus bens; X – a pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, representante ou administrador de sua filial, agência ou sucursal aberta ou instalada no Brasil; XI – o condomínio, pelo administrador ou síndico. Art. 1°, CC – Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. Art. 2°, CC – A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. Art. 3°, CC – São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos. Art. 4°, CC – São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; IV - os pródigos. Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial. PRATICA CIVIL I Kleber Luciano Ancioto Página 10 Art. 5° CC – A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; II - pelo casamento; III - pelo exercício de emprego público efetivo; IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. Art. 6°, CC – A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. Tem capacidade postulatória? Art. 103, NCPC – A parte será representada em juízo por advogado regularmente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil. Art. 104, NCPC – O advogado não será admitido a postular em juízo sem procuração, salvo para evitar preclusão, decadência ou prescrição, ou para praticar ato considerado urgente. Art. 106, NCPC – Quando postular me causa própria, incumbe ao advogado: I – declarar, na petição inicial ou na contestação, o endereço, seu número de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil e o nome da sociedade de advogados da qual participa, para o recebimento de intimações; [...] 29/02/2016 CAUSA DE PEDIR Art. 319, NCPC – A petição inicial indicará: [...]III – o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; [...] Fatos + Fundamentos Jurídicos = Causa de Pedir Teoria da Substanciação: Trata-se da teoria adotada pelo nosso ordenamento jurídico e preleciona que a causa de pedir é composta pelos fatos e fundamentos jurídicos. Cabe ao autor alegar os fatos constitutivos de seu direito. Importância da causa de pedir. O Art. 330 do NCPC disciplina os motivos pelos quais a Petição Inicial, trazendo já em seu primeiro inciso que ela será indeferida quando for inepta. PRATICA CIVIL I Kleber Luciano Ancioto Página 11 Art. 330, NCPC – A petição inicial será indeferida quando: I – for inepta; II – a parte for manifestamente ilegítima; III – o autor carecer de interesse processual; IV – não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321. O parágrafo primeiro do mesmo dispositivo, traz as razões que levam a considerarmos a petição inepta e dois dos quatro incisos dizem respeito a causa de pedir, senão vejamos: Art. 330, §1°, NCPC – Considera-se inepta a petição inicial quando: I – lhe faltar pedido ou causa de pedir; II – o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido genérico; III – da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão; IV – contiver pedidos incompatíveis entre si. Com isso, podemos concluir que o legislador deixou claro para quem fosse preparar a petição inicial que tomasse cuidado com a elaboração da causa de pedir, pois se ela não existir ou for mal formulada levará a petição a ser considerada inepta. A razão para o legislador ser tão rigoroso é que a causa de pedir possui relação com os elementos identificadores da ação e com as condições da ação. o A causa de pedir e os elementos identificadores da Ação Quanto a análise dos elementos identificadores da ação é muito fácil compararmos as partes e o pedido, no entanto, a causa de pedir é muito mais dificultosa de ser comparada. Assim, para facilitar essa comparação o legislador normatizou um padrão técnico que deve ser seguido ao formular a causa de pedir, facilitando a identificação de outras ações idênticas. A razão dessa análise é para nos certificarmos que não estão presentes pressupostos processuais negativos, como litispendência e coisa julgada. o A causa de pedir e as condições da Ação São condições da Ação: A possibilidade jurídica do pedido; interesse de agir; e legitimidade das partes. A causa de pedir possui relação direta com as condições da Ação, uma vez que é a partir da sua análise que verificamos se há interesse de agir do autor. COMPONDO A CAUSA DE PEDIR A Causa de Pedir é divida em causa de pedir remota, que é composta pelos fatos e a causa de pedir próxima, que por sua vez é composta pelo direito. o DOS FATOS Fatos Simples vs Fatos Jurídicos PRATICA CIVIL I Kleber Luciano Ancioto Página 12 Normalmente os problemas são recheados de fatos, alguns interessam ser narrados e outros não. Nesse sentido, os fatos simples que não interessam para solução da lide devem ser desconsiderados e apenas os fatos jurídicos, ou seja, aqueles que possuem relevânciapara o julgamento da causa é que devem ser transcritos. O que narrar? Existe uma ordem cronológica para a narração dos fatos. Neste sentido, devemos respeitar a cadeia de acontecimentos lógicos narrando primeiro os fatos constitutivos do direito do autor e em seguida os fatos lesivos. 1° os fatos constitutivos do direito do autor. 2° os fatos lesivos do direito do autor. Produção da prova documental Durante a narrativa da causa de pedir remota (fatos) devemos fazer menção às provas que comprovam os fatos narrados e, aquelas que dependam de comprovação documental devem ser juntados já com a petição inicial, conforme previsão do dispositivo abaixo: Art. 434, NCPC – Incumbe à parte instruir a petição inicial ou a contestação com os documentos destinados a provar suas alegações. o DO DIREITO Basicamente deve-se narrar a reação do ordenamento jurídico diante dos fatos alegados. É importante frisar que fundamento jurídico não é fundamento legal. O fundamento jurídico se obtém argumentando e para tal é necessário que nos valhamos das leis, doutrinas e jurisprudência. Em outras palavras, buscamos convencer o Magistrado (destinatário da petição inicial) que o ordenamento jurídico vibra na direção da pretensão do autor. o DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO OU MEDIAÇÃO Art. 319, NCPC – A petição inicial indicará: [...] VII – a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação. O Novo Código trouxe um novo requisito para a Petição Inicial, que é a necessidade do Autor optar pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação. Caso o autor não observe a referida disposição, o Juiz poderá chegar a indeferir a inicial, conforme prevê o dispositivo elencado abaixo: Art. 321, NCPC – O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou PRATICA CIVIL I Kleber Luciano Ancioto Página 13 completado. Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial. Neste sentido, se faltar a opção pela audiência, o Juiz deve determinar que o Autor a emende ou complete e uma vez o Autor não cumprindo a diligencia, autoriza o Juiz a indeferir a petição inicial. Com tais normatizações, não há como negarmos que o mandamento do inciso VII do Art. 319, NCPC não seja um requisito da petição inicial. Assim, tal exigência deve ser cumprida dentro do corpo do texto da petição inicial, para tal devemos subdividi-la em uma parte para a narrativa dos fatos (Dos Fatos), outra para a argumentação jurídica (Do Direito) e por fim uma parte em que o Autor dirá se deseja ou não a audiência de conciliação ou mediação (Da Audiência de Conciliação ou Mediação). É importante que a opção pela realização ou não da audiência esteja em destaque, visto que o Magistrado procurará por ela no corpo da petição. PARTE PETITÓRIA Art. 319, NCPC – A petição inicial indicará: [...] IV – o pedido com suas especificações; [...] Basicamente a parte petitória é composta pelo requerimento de citação, os pedidos mediato e imediato, além dos pedidos implícitos ou complementares. o Necessidade de citação do requerido A luz do CPC/73 o Art. 282, VII normatizava ser requisito essencial o requerimento para citação do réu. Já o Art. 319 do NCPC não disciplinou o assunto. Por tal razão, há doutrinadores defendendo que, a partir da vigência do Novo Código, o Juiz poderá de ofício, determinar a citação do requerido. Por outro lado o Art. 115, Parágrafo único do NCPC, parece derrubar essa tese, senão vejamos: Art. 115, Parágrafo único, NCPC - Nos casos de litisconsórcio passivo necessário, o juiz determinará ao autor que requeira a citação de todos que devam ser litisconsortes, dentro do prazo que assinar, sob pena de extinção do processo. Ora, se fosse verdade que o Juiz esta autorizado a requerer a citação do requerido de ofício, não haveria necessidade de determinar que o autor requeira a citação dos litisconsortes necessários, conforme prevê o dispositivo acima. Neste sentido, continuará sendo necessário iniciar a parte petitória requerendo a citação do réu. E para isso temos que observar as diversas modalidades de citação. Ex. PRATICA CIVIL I Kleber Luciano Ancioto Página 14 Ante o exposto, requer se digne Vossa Excelência determinar a citação do réu, (modalidade de citação), no endereço indicado, para, querendo, apresentar resposta aos termos do pedido [...] Obs: Caso o requerido seja pessoa jurídica ou incapaz, é necessário requerer a citação na pessoa do seu representante legal. o Pedido propriamente dito Pedido = objeto imediato e mediato Objeto imediato – trata-se da tutela jurisdicional desejada e admitida no tipo de processo escolhido; Objeto mediato – diz respeito ao bem da vida O Código de 73 determinava que o juiz realiza-se uma interpretação restritiva quanto aos pedidos do Autor, o Novo Código mitigou esta determinação no dispositivo abaixo: Art. 322, §2°, NCPC – A intepretação do pedido considerará o conjunto da postulação e observará o princípio da boa-fé. Assim, foi concedido maior liberdade ao Juiz, para que ele possa interpretar o que o Autor queria pedir, mas não o fez literalmente. Ex. Ante o exposto, requer se digne Vossa Excelência a determinar a citação..., julgando procedente o presente pedido para condenar o réu (pedido imediato – tutela condenatória), ao pagamento de R$ 1.000,00 a título de indenização por danos materiais (pedido mediato – bem da vida), acrescido de juros e correção monetária, além das custas e honorários advocatícios (pedido complementar). o Protesto por provas Art. 319, NCPC – A petição inicial indicará: [...]; VI – as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos adequados; [...] O protesto por provas é genérico porque só se produz provas dos fatos controvertidos e eles assim tornar-se-ão se forem contrapostos pelo requerido. Ex. Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos. VALOR DA CAUSA o Utilidade O valor da causa se presta como critério de fixação de competência, para o recolhimento de custas, e calcular o valor de honorários. PRATICA CIVIL I Kleber Luciano Ancioto Página 15 É importante frisarmos que o valor da causa não se confunde com o mérito da ação (pedido mediato), o que significa que eles podem até ter o mesmo valor, mas não é sempre. o Critérios de fixação Existem dois métodos de fixação do valor da causa: o Legal e o Por Estimativa. Primeiramente é necessário verificar se para o caso concreto há alguma lei ou súmula determinado como deve ser realizado o cálculo. É importante verificaremos tanto no NCPC (Art. 291 e Seguintes) como em legislações especiais. Caso não encontremos nada que regule o valor da causa no caso concreto a ser discutido, o valor da causa é realizado por estimativa, sendo o Autor livre para atribuir o valor da causa que achar conveniente. FECHO Ex. Termos em que, P. deferimento, Cidade, ... de ... de ... (Data) Advogado OAB n.° 14/03/2016 FLUXOGRAMA DA FASE POSTULATÓRIA Petição Inicial Distribuição (Art. 284, NCPC) Autuação (Art. 206, NCPC) Juiz (Despacho Inicial) Art. 284, NCPC – Todos os processos estão sujeitos a registro, devendo ser distribuídos onde houver mais de um juiz. Art. 206, NCPC – Ao recebera petição inicial de processo, o escrivão ou o chefe de secretaria a autuará, mencionando o juízo, a natureza do processos, o número de seu registro, os nomes das partes e a data de seu início, e precederá do mesmo modo em relação aos volumes em formação. A autuação ocorre apenas nos casos do processo ser físico e, na pratica consiste na colocação de uma capa ao processo contendo informações dos autos, conforme disposto no dispositivo acima. Modificação ou Aditamento da Inicial PRATICA CIVIL I Kleber Luciano Ancioto Página 16 A possibilidade de modificação ou aditamento encontra-se regulada pelo Novo Código de Processo Civil nos incisos do Art. 329. Art. 329, NCPC – O autor poderá: I – até a citação, aditar ou alterar o pedido ou a causa de pedir, independentemente de consentimento do réu; II – até o saneamento do processo, aditar ou alterar o pedido e a causa de pedir, com consentimento do réu, assegurado o contraditório mediante a possibilidade de manifestação deste no prazo mínimo de 15 (quinze) dias, facultado o requerimento de prova suplementar. Na prática, modificar trata-se de trocar o pedido ou causa de pedir por outro, já o aditamento consiste numa somatória, ou seja, acrescentar uma causa de pedir ou pedido aos que já compõem a Petição Inicial. Para proceder tais alterações ou aditamento é necessário fazer uma petição intermediária, requerendo apenas as modificações ou aditamentos desejados. Resumindo: Antes da Citação Após a Citação e Antes do Saneamento Após o Saneamento Partes Somente pode-se alterar o Réu. Somente o réu, com o seu consentimento. Nunca Causa de Pedir Sim Sim, mas com consentimento do réu. Nunca Pedido Sim Sim, mas com consentimento do réu. Nunca Não há uma disposição expressa acerca da permissão para alterar o Réu antes do saneamento, no entanto, como o Art. 338 do NCPC permite que o Réu indique ao Autor em sede de Contestação quem é parte legítima para figurar no polo passivo da Ação, caso em que o Autor terá quinze dias para proceder com a alteração ou seguir com o processo da forma como se encontra, entendemos que por lógica permite-se também que a qualquer momento o Autor possa alterar o polo passivo da Ação, desde que antes do Saneamento e, se depois da citação, com o consentimento do Réu. Já em relação a alteração do polo ativo da Ação (Autor), nós acreditamos que continua sendo proibido altera-lo. Após o Saneamento não é permitido alterações, pois o processo precisa se estabilizar para que ele possa seguir seu curso, em sentido contrário, se fosse permitido alterar a qualquer momento a Petição Inicial, o processo nunca terminaria uma vez que o ordenamento exige que a cada alteração se abra prazo para a parte contraria e assim os processos poderiam se arrastar por décadas. PRATICA CIVIL I Kleber Luciano Ancioto Página 17 Voltando ao fluxograma, tão logo a Petição Inicial é distribuída o processo é encaminhado para o Juiz para que ele profira o Despacho Inicial, também conhecido como Despalho Liminar. A função do despacho liminar é promover uma atividade saneadora inicial. Este é o primeiro contato do Juiz com a Petição Inicial, permitindo que ele realize uma análise para detectar se não há algum vício que impeça o seu prosseguimento regular. Por tal razão o conteúdo deste despacho liminar pode ser em dois sentidos: Positivo ou Negativo. Positivo (Art. 334 do NCPC) – significa que a Petição Inicial preenche os requisitos essenciais, ou seja, os requisitos internos e externos encontra-se em ordem; ou Art. 334, NCPC – Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de improcedência liminar do pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de mediação com antecedência mínima de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência. A grande novidade é que além de citar o réu ele deverá ser intimado para comparecer a Audiência de Conciliação. Negativo (Art. 321, 330 do NCPC) – significa que a Petição Inicial não preencheu os requisitos essenciais. Art. 321, NCPC – O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado. Parágrafo único – Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial. Art. 319, NCPC – A petição inicial indicará: I – o juízo a que é dirigida; II – os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu; III – o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; IV – o pedido com suas especificações; V – o valor da causa; VI – as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos adequados; VII – a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação. Art. 320, NCPC – A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação. Com relação a emenda da Petição Inicial, a novidade é que o Juiz deverá indicar precisamente o que o Autor deverá emendar. Tal fato já era entendimento jurisprudencial do PRATICA CIVIL I Kleber Luciano Ancioto Página 18 STJ que ao proferir o despacho mandando emendar a Petição Inicial o Juiz deve indicar o erro, agora se tornou uma exigência do Novo Código. O Juiz pode mandar emendar a Inicial quantas vezes for necessário até que ela preencha os requisitos essenciais, caso o Autor descumpra a diligência, conforme previsto no Parágrafo único do Art. 319, NCPC trata-se de um dos motivos que autorizam o indeferimento da Inicial. Outros motivos que ensejam o Despacho Inicial de Conteúdo Negativo estão elencados no Art. 330 do NCPC, cujos incisos trazem hipóteses que autorizam o indeferimento da Petição Inicial, senão vejamos: Art. 330, NCPC – A petição inicial será indeferida quando: I – for inepta; II – a parte for manifestamente ilegítima; III – o autor carecer de interesse processual; IV – não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321. §1° Considera-se inepta a petição inicial quando: I – lhe faltar pedido ou causa de pedir; II – o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido genérico; III – da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão; IV – contiver pedidos incompatíveis entre si. Obs.: Petição Inicial Inepta não é sinônimo de Petição Indeferida, uma vez que a inépcia é apenas uma das causas que leva ao indeferimento existindo outras causas, conforme disposto acima. É possível ocorrer o indeferimento parcial da Petição Inicial, o que significa que não necessariamente o indeferimento levará a extinção do processo. Neste sentido, se o Juiz perceber que um dos litisconsortes passivos não é parte ilegítima na causa, pode indeferir a petição inicial em relação a este consorte e prosseguir com os demais. Caso o indeferimento seja total, o recurso cabível é o de Apelação, já se for parcial, o recurso é de Agravo na modalidade por Instrumento. As situações previstas no Art. 330 do NCPC ao contrário das previstas no Art. 321 do mesmo dispositivo, não permitem a emenda da Inicial. Parte Manifestamente Ilegítima vs Parte Ilegítima É importante diferenciarmos quando a parte é manifestamente ilegítima e autoriza queo Juiz indefira a Inicial de parte ilegítima, que causa mera extinção do processo sem resolução do mérito. Parte manifestamente ilegítima é aquela que salta aos olhos, o Juiz não precisa se aprofundar no caso para perceber que a parte é ilegítima. Por exemplo, uma Ação de Divorcio é personalíssima, ou seja, só pode ser impetrada por um dos nubentes contra o outro, assim caso uma pessoa estranha à relação peticione com a pretensão de que o casal se divorcie, tratar-se-á de parte manifestamente ilegítima e o Juiz estaria autorizado a indeferir a Inicial de plano. PRATICA CIVIL I Kleber Luciano Ancioto Página 19 Já a parte ilegítima somente com uma análise mais criteriosa do caso é que é possível identifica-la, por tal razão não autoriza o indeferimento da Inicial, mas sim a extinção do processo quando constatada a ilegitimidade. A importância de diferenciarmos as duas situações é que embora em ambos os casos o recurso cabível seja o de Apelação, o que é interposto contra a Sentença que indefere a Petição Inicial admite juízo de retratação, já o interposto contra a Sentença que extinguiu o processo não admite tal faculdade. 21/03/2016 DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO OU DE MEDIAÇÃO A ideia do NCPC é que as partes resolvam os conflitos por elas mesmas, evitando a atuação do Estado Juiz. Neste sentido, Há estímulo a solução consensual dos litígios (Art. 3°, §2°, NCPC). Art. 3°, §2°, NCPC – O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos. Por tal razão a abertura do procedimento estimula os meios alternativos de solução de disputas, tornando a solução judicial a ultima ratio. Assim o réu não é mais citado para apresentar contestação, mas sim intimado a comparecer a audiência de conciliação. Tal audiência é baseada nos princípios da independência, imparcialidade, autonomia da vontade, confidencialidade, oralidade, informalidade e decisão informada. Em suma aplica-se a adoção de técnicas negociais com o objetivo de construir ambiente favorável à autocomposição. Insta salientar que as partes não podem utilizar o que for dito na audiência de conciliação para beneficia-la caso não ocorra uma composição e o processo precise seguir. Art. 334, NCPC – Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de improcedência liminar do pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de mediação com antecedência mínima de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência. §1° O conciliador ou mediador, onde houver, atuará necessariamente na audiência de conciliação ou de mediação, observando o disposto neste código, bem como as disposições da lei de organização judiciária. §2° Poderá haver mais de uma sessão destinada à conciliação e à mediação, não podendo exceder a 2 (dois) meses da data de realização da primeira sessão, desde que necessárias PRATICA CIVIL I Kleber Luciano Ancioto Página 20 à composição das partes. §3° A intimação do autor para a audiência será feita na pessoa de seu advogado. §4° A audiência não será realizada: I – se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse na composição consensual; II – quando não se admitir a autocomposição. §5° O autor deverá indicar, na petição inicial, seu desinteresse na autocomposição, e o réu deverá fazê-lo, por petição, apresentada com 10 (dez) dias de antecedência, contados da data da audiência. §6° Havendo litisconsórcio, o desinteresse na realização da audiência deve ser manifestado por todos os litisconsortes. §7° A audiência de conciliação ou de mediação pode realizar-se por meio eletrônico, nos termos da lei. §8° O não comparecimento injustificado do autor ou do réu à audiência de conciliação é considerado ato atentatório à dignidade da justiça e será sancionado com multa de até 2% (dois por cento) da vantagem econômica pretendida ou do valor da causa, revertida em favor da União ou do Estado. §9° As partes devem estar acompanhadas por seus advogados ou defensores públicos. §10 A parte poderá constituir representante, por meio de procuração específica, com poderes para negociar e transigir. §11 A autocomposição obtida será reduzida a termo e homologada por sentença. §12 – A pauta das audiências de conciliação ou de mediação será organizada de modo a respeitar o intervalo mínimo de 20 (vinte) minutos entre o início de uma e o início da seguinte. A participação do conciliador é mais abrangente que a do mediador. O Conciliador pode propor uma solução para o conflito, já o mediador a princípio apenas media a conversa entre as partes sem maiores incursões. A audiência não será realizada, apenas se ambas as partes expressamente peticionarem ao Juiz manifestando a vontade de não realizar a audiência ou nos casos em que os direitos não comportarem composição. Se uma das partes não comparecer a audiência, o Juiz poderá aplicar multa por ato atentatório a dignidade da justiça, conforme prevê o §8°. 28/03/2016 RESPOSTAS DO RÉU Petição Inicial / Liminar Citação/Intimação Audiência de Conc./Mediação Respostas do Réu (Contestação). No código de 73 o direito de defesa, ou seja, o direito do Réu em responder quando esta sendo demandado nascia da bilateralidade do Direito de Ação. Quando o Autor exercita o Direito de Ação implicitamente surge para o Réu o direito de se defender. PRATICA CIVIL I Kleber Luciano Ancioto Página 21 Porém de nada adiantaria reconhecer o Direito de Defesa, se o Réu não fosse aparelhado para exercitar este direito. Com este propósito o Código de 73 permitia que o Réu se utilizasse de vários instrumentos, como a Contestação, a Reconvenção, a Exceção, a Intervenção de Terceiros, a Ação Declaratória Incidental, a Impugnação ao Valor da Causa. Cada um destes instrumentos possuíam alvos específicos, que podiam ser: o processo (pressupostos processuais); a ação (condições da ação) e o mérito (lide, direito material pretendido pelo Autor). No Novo Código de Processo Civil o direito de defesa do Réu continua tendo como base a Bilateralidade do Direto de Ação e continua tendo como alvo o processo, a ação e o mérito tal qual o CPC/73, no entanto, quanto a ferramenta a ser utilizada o Novo Código de Processo Civil criou o que chamamos de “Super Contestação” (Arts. 335 a 342, NCPC), uma vez que este único instrumento passa a ser utilizado para atacar qualquer um dos alvos elencados, com um “poder de fogo” muito maior que o conferido a Contestação pelo CPC/73. Art. 335, NCPC – O réu poderá oferecer contestação, por petição, no prazo de 15 (quinze) dias, cujo termo inicial será a data: I – da audiência de conciliação ou de mediação, ou da última sessão de conciliação, quando qualquer parte não comparecer ou, comparecendo, não houver autocomposição; II – do protocolo do pedido de cancelamento da audiência de conciliação ou de mediação apresentado pelo réu, quando ocorrer a hipótese do art. 334, §4°, inciso I; III – prevista no art. 231, de acordo com o modo como foi feita a citação, nos demais casos. Art. 336, NCPC – Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir. Assim, todos os institutos que antes eram manejados em peças autônomas passam a ser manejados em uma única peça denominada Contestação. O termo inicial para contagem do prazo para a contestação, nos casos em que não houver autocomposição na audiência de conciliação será a data da própria audiência (Art. 335, I, NCPC), já no casodela não ocorrer será a data da juntada da carta citatória ou do mandado aos autos (Art. 335, II e III, NCPC). O prazo em ambos os casos exclui-se o dia inicial e contando-se continuamente os próximos 15 dias úteis. CONTESTAÇÃO Considerações iniciais: A contestação é a defesa por excelência, uma vez que ela pode atingir os três alvos possíveis (processo, ação e mérito) com “poder de fogo” suficiente para destruí-los. PRATICA CIVIL I Kleber Luciano Ancioto Página 22 Para tal, há necessidade de realizarmos uma defesa preliminar (processual) e a defesa de mérito propriamente dita. A Defesa Processual consiste nas Preliminares que estão previstas nos incisos do Art. 337 do NCPC, neste caso, é possível atacar tanto o alvo ação (condições da ação), quanto o alvo processo (pressupostos processuais). A Defesa de Mérito, por sua vez, pode ser: Direta, quando o Réu atacar diretamente os fatos ou fundamentos jurídicos do pedido do Autor; ou Indireta quando o réu apresenta fatos extintivos, modificativos ou impeditivos do direito do Autor. Para que a defesa seja plena, há a necessidade de que observemos a Regra da Eventualidade (Art. 336, NCPC), que determina que todas as matérias de defesas devem ser alegadas por ocasião da Contestação sob pena de ocorrer preclusão consumativa. Há ainda o ônus da impugnação especificada (Art. 341, NCPC), que determina que o Réu deve impugnar cada argumento trazido na Petição Inicial, em outras palavras, o Réu deve se posicionar contrariamente aos argumentos trazidos pelo Autor especificando os motivos de tal contraposição, argumentando juridicamente de forma a desfazer a tese levantada pelo Autor. Caso este ônus não seja observado, os fatos não impugnados especificamente serão presumidos como sendo verdadeiros. Peça Propriamente Dita A forma da Contestação, tal qual a Petição Inicial é de requerimento, por tal razão, deve conter endereçamento, preâmbulo, síntese da inicial, preliminar, defesa de mérito, reconvenção – causa de pedir, pedido e requerimentos, especificação de provas, local, data e assinatura. A Contestação será oferecida ao Juiz da Causa ou do Domicílio do Réu, nos casos de incompetência Absoluta/Relativa, conforme determina o Art. 340, NCPC, em outras palavras, no caso do Réu alegar incompetência relativa, ele poderá endereçar a Contestação para o juízo que julgar ser o competente. Ex. de Endereçamento: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA PRIMEIRA VARA CÍVEL DA COMARCA DE PRESIDENTE PRUDENTE/SP Com relação ao preâmbulo, haverá a necessidade de qualificar o Réu, apenas quando o Autor não o tiver qualificado com todos os dados ou nas hipóteses em que há necessidade de corrigir algum dado errôneo. Devemos atentar para o fato de o Réu possuir ou não capacidade para estar em juízo e se ele possui capacidade postulatória, uma vez que a Contestação trata-se de um ato processual e, portanto, somente pode ser praticado por alguém dotado de tal condição. Neste sentido, é necessário que qualifiquemos o advogado, para que as demais partes no processo possam se certificar quanto a sua capacidade postulatória, uma vez que caso ele PRATICA CIVIL I Kleber Luciano Ancioto Página 23 não esteja regularmente inscrito nos quadros a OAB ou esteja por alguma razão com sua inscrição suspensa a Contestação será considerada nula. Uma vez a Contestação sendo considerada nula, o Réu é considerado revel e o Juiz poderá Julgar Antecipadamente a Lide. Ex. de Preâmbulo: FULANO DE TAL, já qualificado nos autos, (neste ato representado por sua genitora, sra. BELTRANA DA SILVA ....), por seu advogado, bastante procurador (fls. xx), abaixo assinado, devidamente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, Secção de São Paulo, 29° Subseção, sob o n° xxxx, com escritório nesta cidade, na Rua ..., n°..., bairro, CEP, onde recebe intimações e norificações, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência nos autos da AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS (FEITO N° XXX), que lhe move CICRANO DE TAL, também já qualificado, oferecer CONTESTAÇÃO, expondo e requerendo o quanto segue. Síntese da Inicial Trata-se do resumo dos argumentos elencados pelo Autor na Petição Inicial, serve para ajudar na construção da impugnação especificada, em outras palavras, para impugnarmos é necessário analisarmos a tese defendida pelo Autor e procurarmos com argumentos jurídicos derruba-la. Ex. de Síntese da Inicial Trata-se de ação de indenização que BELTRANO DE TAL propôs em face de FULADO DE TAL, apoiando sua tese nas seguintes premissas: a) Que o autor conduzia seu veículo pela rua TAL quando, próximo ao número X, teve sua trajetória interceptada pela motocicleta conduzida pelo réu; b) Que o réu vinha em alta velocidade e sem usar capacete; c) Que a culpa pelo evento deve ser atribuída ao réu que não respeitou o cruzamento; e d) Que houve nexo de causalidade os danos montam a quantia de [...]. Preliminar Haverá preliminares basicamente quando o Réu entender que não há Condições da Ação ou lhe faltar Pressupostos Processuais, o que nos leva a concluir que não será sempre que haverá o tópico DAS PRELIMINARES em sede de Contestação. Vejamos o dispositivo abaixo, que trata do tema: Art. 337, NCPC – Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: I – inexistência ou nulidade da citação; II – incompetência absoluta e relativa; III – incorreção do valor da causa; IV – inépcia da petição inicial; V – perempção; VI – litispendência; VII – coisa julgada; VIII – conexão, IX – incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização; X – convenção de arbitragem; XI – ausência de legitimidade ou de interesse processual; XII – falta de caução ou de PRATICA CIVIL I Kleber Luciano Ancioto Página 24 outra prestação que a lei exige como preliminar; XIII – indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça . Mesmo em sede preliminar é necessário que defendamos uma tese completa acerca daquilo que suscitarmos, ou seja, é necessário que haja um começo, meio e fim, uma vez que o processo funciona como um sistema de engrenagens. Com essa premissa, imaginemos que pretendamos suscitar uma ilegitimidade de parte, ao fazê-la automaticamente movimentamos a engrenagem de que o Autor é carecedor do Direito de Ação, o que tem como consequência a extinção do processo sem resolução do mérito (Art. 485, VI, NCPC). Art. 485, NCPC – O juiz não resolverá o mérito quando: [...] VI – verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual; [...] Para cada preliminar devemos abrir um tópico específico. Defesa de Mérito Neste tópico há necessidade de que destruamos a tese que sustenta a pretensão do Autor. Assim se a tese do Autor for construída baseada em, por exemplo, uma responsabilidade subjetiva, que possui como alicerce a conduta, o dano, o nexo de causalidade e a culpa, teremos que encontrar argumentos que destrua qualquer um destes pilares, buscando nos defendermos. A argumentação jurídica deve ser apoiada na lei, doutrina e jurisprudência. Há casos ainda, que é possível realizarmos uma defesa indireta, demonstrando a existência de fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito do autor. PRATICA CIVIL I Kleber Luciano Ancioto Página 25 Reconvenção Nos casos em que houver motivos para que o Réu apresente pedidos para o Autor como uma forma de se defender, é necessário abrir um tópico expondo a causa de pedir. Pedido Exemplo de Pedido: Ante o exposto, requer se digne Vossa Excelência: 1°) os pedidos referentes às preliminares – quandohouver – realizar um pedido para cada preliminar; 2°) Pedido quanto à defesa de mérito, que sempre será declaratória negativa; 3°) Pedidos complementares – custas e honorários advocatícios; e 4°) Pedidos da reconvenção. Protesto por Provas Ex. Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, especialmente os meios de prova testemunhal, pericial e documental. Fechamento Local, Data e Assinatura. 18/04/2016 FASE SANEADORA Inicia-se a fase saneadora após o prazo de resposta (do réu, em contestação, ou do autor, em sede de reconvenção). Composta por duas etapas: a) providência preliminares (Art. 347, NCPC); b) julgamento conforme o estado do processo (Art. 353, NCPC) Providências Preliminares Objetivo: São aquelas a serem, caso necessário, determinadas pelo juiz após o decurso do prazo de manifestação do réu, de modo a garantir o contraditório e o devido processo legal e permitir uma ordenação do feito para expungi-lo de vícios a dar-lhe curso mais célere e apropriado, conduzindo-o, se for o caso, até uma definição antecipada (DANTAS, Marcelo Navarro Ribeiro. Breves comentários ao Novo Código de Processo Civil / Teresa Arruda Alvim PRATICA CIVIL I Kleber Luciano Ancioto Página 26 Wambier; Fredie Didier Junior; Eduardo Talamini... [et al.], coordenadores. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 944). Rol de Providências Preliminares (Arts. 348 a 352, NCPC). a) Não observância da revelia e intimação do autor para especificação das provas (Art. 348, NCPC); a. Na “Adoção Brasileira”, que é aquela que o indivíduo se apaixona por uma mulher que sabe estar grávida de outro e quando o filho dela nasce ele o registra como sendo seu próprio filho, nos casos em que o “amor” acaba, comumente o indivíduo buscando se livrar do pagamento dos alimentos ajuíza uma ação, a mulher em comum acordo não a contesta, uma vez que todos sabem que o filho realmente não é do indivíduo. Neste caso, mesmo havendo revelia, o Juiz deverá requerer a produção de prova, uma vez que trata-se de direito indisponível. b) Produção de provas pelo réu revel, comparecendo no processo no estado em que estiver, desde que antes da instrução (Art. 349, NCPC); c) Réplica: Somente tem cabimento nos casos em que o réu apresente defesa de mérito indireta (Art. 350, NCPC) e/ou preliminares (Art. 351, NCPC); d) Saneamento de irregularidades ou vícios sanáveis no prazo máximo de 30 dias (Art. 352, NCPC). Cabe informar que este rol não é taxativo. Ação Declaratória Incidental Se tratava de providencia preliminar do CPC/73 (Art. 325), que foi suprimida no Novo Código. PRATICA CIVIL I Kleber Luciano Ancioto Página 27 No CPC/2015, passou a ser admitida a extensão ope legis da coisa julgada sobre as questões prejudiciais, na forma do Art. 503, desde que cumprido seus requisitos previstos nos incisos do §1° (independente de provocação). Art. 503, NCPC – A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força de lei nos limites de questão principal expressamente decidida. §1° O disposto no caput aplica-se à resolução de questão prejudicial, decidida expressa e incidentemente no processo, se: I – dessa resolução depender o julgamento do mérito; II – a seu respeito tiver havido contraditório prévio e efetivo, não se aplicando no caso de revelia; III – o juízo tiver competência e razão da matéria e da pessoa para resolvê-la como questão principal. §2° A hipótese do §1° não se aplica se no processo houver restrições probatórias ou limitações à cognição que impeçam o aprofundamento da análise da questão prejudicial. Se houver questão prejudicial, sobre a qual não tenha sido exercido o contraditório prévio e efetivo, conforme prevê o inciso II do §1° do Art. 503 do NCPC, da qual a parte tenha interesse que seja atingida pela coisa julgada, haveria, portanto, requerimento da parte para este fim. A natureza jurídica desse requerimento, que força a parte contrária a se manifestar sobre a questão, cumprindo, portanto, o requisito do contraditório, seria de Ação Declaratória Incidental. O Enunciado 111 do FPPC (Fórum Permanente de Processualistas Civis) vem corroborar com tal entendimento, senão vejamos: (Arts. 19, 329, II, 503, §1°, NCPC) Persiste o interesse no ajuizamento de ação declaratória quanto à questão prejudicial incidental (Grupo: Coisa Julgada, Ação Rescisória e Sentença). Assim, segundo a doutrina majoritária a Ação Declaratória Incidental não deixou de existir, mas tão somente ganhou uma nova roupagem, uma vez que embora o Art. 503 caput c/c seu §1° tenha dispensado a necessidade do requerimento para que a questão prejudicial fizesse coisa julgada, por força da exigência do inciso II do próprio §1°, mantem-se a possibilidade do Autor ingressar com um requerimento para que o Réu manifeste-se acerca da questão prejudicial, em cumprimento ao requisito do contraditório. Em suma, é justamente com base no inciso II do referido dispositivo que podemos afirmar que a Declaratória Incidental continua existindo no Novo Código. RÉPLICA Prazo: 15 dias (úteis). Termo Inicial: Publicação no diário de justiça do despacho que determina a manifestação sobre a contestação. PRATICA CIVIL I Kleber Luciano Ancioto Página 28 Estrutura da Réplica a) Endereçamento: ao juízo da causa, ainda que haja preliminar de incompetência do juízo; b) Preâmbulo: simples, como na contestação (fundamento: Arts. 350 e/ou 351, NCPC); a. Há necessidade de colocar que a parte é representada pelo advogado, uma vez que por tratar-se de um ato processual, há necessidade de se demonstrar capacidade postulatória. c) Síntese do processado: como na contestação; d) Irregularidades processuais: são irregularidade que atingem a contestação. Discorrer sobre o vício e qual sua consequência. Ex: intempestividade da contestação revelia (preclusão temporal) presunção de veracidade dos fatos alegados na Petição Inicial. a. Isto pode garantir o ganho da causa, sem a necessidade de se delongar acerca do mérito. b. Esta defesa ganha relevância principalmente em causas onde há grande controvérsia jurisprudencial. c. É importante salientarmos que nem sempre haverá irregularidades processuais. PRATICA CIVIL I Kleber Luciano Ancioto Página 29 e) Impugnação à defesa processual manejada na contestação (se houverem preliminares); f) Impugnação à defesa de mérito: local apropriado para suscitar a (i) não impugnação de algum fato, pelo réu, na contestação; e (ii) a impugnação a defesa de mérito, propriamente dita. g) Pedido: a cada irregularidade processual corresponde um pedido; e a. Requerer: a) a procedência do reconhecimento das irregularidades, com sua correspondente consequência (se houverem); b) improcedência das preliminares (se houverem); e c) improcedência dos pedidos manejados na contestação. (errado) h) Fecho. 02/05/2016 AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO, DEBATES E JULGAMENTO A audiência de instrução e julgamento é a sessão pública, que ocorre de portas abertas, presidida por órgão jurisdicional, com a presença e participação das partes, advogados, testemunhas e auxiliares da justiça. Tem por objetivo tentar conciliar as partes, produzir prova oral, debater e decidir a causa. Diz-se de "instrução e julgamento", porquanto sejam esses seus objetos centrais: instruir (produzir provas) e julgar (decidir) oralmente - não obstante também contenha uma tentativa de conciliação e um momento de debate (alegações finais). Contudo,não se trata de ato essencial dentro do processo, podendo ser dispensada quando cabível julgamento antecipado do mérito (Art. 355, NCPC). As principais atividades desenvolvidas na audiência de instrução e julgamento, portanto, são: a tentativa de conciliação; a arguição do perito; a produção de prova oral; a apresentação de alegações finais; a prolação de sentença. Fundamentação: Entre os Artigos 358 e 368 do Código de Processo Civil. Mudanças em Relação a Prova Testemunhal Cuidaremos neste tópico de algumas novidades envolvendo a prova testemunhal no Novo Código de Processo Civil, tratada especificamente nos Artigos 442 a 463. Inobstante os diversos pontos a serem ainda debatidos, sob o aspecto prático, podem ser destacados os seguintes: prazo para apresentação do rol de testemunhas; dever do advogado de intimar as testemunhas arroladas a comparecerem na audiência; e possibilidade de perguntas diretas das partes às testemunhas. PRATICA CIVIL I Kleber Luciano Ancioto Página 30 Sobre o prazo de apresentação do rol de testemunhas, o Art. 451 do NCPC faz referência ao disposto no Art. 357, §§ 4° e 5°, que, por sua vez, trata da apresentação do rol de testemunhas no prazo comum não superior a 15 dias, a ser fixado pelo juiz, no caso de haver sido determinada a produção de prova testemunhal. Entretanto, no caso de ter sido designada audiência para o saneamento compartilhado da demanda, as partes deverão levar, para a audiência prevista, o respectivo rol de testemunhas, até mesmo para que, em cooperação com a parte contrária e com o juízo, seja discutida a necessidade da produção de prova testemunhal no caso concreto, bem como, por exemplo, já sejam excluídas eventuais testemunhas incapazes, impedidas ou suspeitas. Trata-se de novidade muito importante no Novo Código de Processo Civil, a consagrar o princípio da cooperação na prática processual, evitando desperdício de tempo por parte de todos os sujeitos processuais e focalizando na resolução do mérito da questão objeto de análise. O Art. 455 do Novo Código estabelece expressamente que “cabe ao advogado da parte informar ou intimar a testemunha por ele arrolada do dia, da hora e do local da audiência designada, dispensando-se a intimação do juízo”. O § 1° do mesmo dispositivo ainda acrescenta que essa intimação deverá ser realizada por carta (com AR), cumprindo ao advogado juntar aos autos, com antecedência de pelo menos 03 dias da data da audiência, cópia da correspondência de intimação e do comprovante de recebimento. Por fim, poderá, ainda, a parte, comprometer-se a levar a testemunha arrolada independentemente de intimação, tal como ocorre atualmente no âmbito dos Juizados Especiais Cíveis (Lei Federal n° 9.099/95, art. 34, caput), presumindo-se, entretanto, caso a testemunha não compareça, que a parte desistiu de sua inquirição. Observa-se, diante disso, que o Novo Código de Processo Civil buscou prestigiar a celeridade e a boa-fé processuais, assim como, novamente, a cooperação dos sujeitos processuais, que se tornam responsáveis por levar as testemunhas arroladas à audiência de instrução, evitando-se o recurso à burocracia estatal. Por fim, interessante alteração permitirá, segundo o Art. 459 do Novo Código, que as perguntas sejam formuladas pelas partes diretamente à testemunha, começando pela que a arrolou, não admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com as questões de fato objeto da atividade probatória ou importarem repetição de outra já respondida. Como já preconizava a doutrina: “ora, se no processo penal, onde as garantias para o acusado são observadas com ainda mais atenção, permite-se a inquirição direta pelas partes, nada justifica que se mantenha essa formalidade obsoleta no processo civil.” (DIDIER JR., Fredie; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael. Curso de direito processual civil. 7. ed. Salvador: JusPodivm, 2012,p. 221). 09/05/2016 PRATICA CIVIL I Kleber Luciano Ancioto Página 31 Até o presente momento durante o módulo cognitivo nosso processo já passou por diversas fases (Fase Postulatória / Fase Saneadora / Fase Instrutória / Fase Decisória), agora passaremos para o módulo executivo do processo que consiste na Fase de Cumprimento de Sentença. FASE DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA Conforme dispunha o Art. 475-J do CPC/73 a Fase de Cumprimento de Sentença somente se iniciava nos casos onde o Juiz condenasse o Réu a pagar uma quantia em dinheiro (líquida), senão vejamos: Art. 475-J, CPC/73 – Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada em liquidação, não o efetue no prazo de quinze dias, o montante da condenação será acrescido de multa no percentual de dez por cento e, a requerimento do credor e observado o disposto no art. 614 inciso II, desta Lei, expedir-se-á mandado de penhora e avaliação. O Novo Código de Processo Civil admite a inauguração da fase de cumprimento de Sentença em qualquer Sentença condenatória, possuindo variáveis conforme a obrigação que o Réu for condenado (Obrigação de Fazer, Não Fazer ou de Dar), estando elas previstas a partir do Art. 513 do NCPC. Nos casos em que a condenação envolver a obrigação de pagar quantia certa, como é o nosso caso, o cumprimento de sentença é regulado a partir do Art. 520 do NCPC, sendo que o dispositivo abaixo é o que retrata o antigo Art. 475-J do Código Revogado. Art. 523, NCPC – No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no caso de decisão sobre parcela incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do exequente, sendo o executado intimado para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de custas, se houver. Conforme disposição legal acima, caso o Devedor não cumpra com a obrigação espontaneamente, o legislador não abriu mão do princípio do dispositivo para inaugurar a Fase de Cumprimento de Sentença, ou seja, é condicio sine qua non o Requerimento do Credor, para iniciar a referida fase, não podendo o Juiz agir de ofício. Este Requerimento é bastante simples e, contém o formato idêntico as demais peças já realizadas, ou seja: Endereçamento – deve ser realizado para o juízo da causa; Preâmbulo – quem o inaugura é o credor, que deve sempre estar representando pelo seu advogado, salvo se ele (credor) possuir capacidade postulatória, deve fazer referencia sobre em face de quem a petição esta sendo proposta e por fim fazer menção ao Requerimento do Início da Fase de Cumprimento de Sentença. PRATICA CIVIL I Kleber Luciano Ancioto Página 32 Tópicos – primeiramente faz-se um brevíssimo resumo dos acontecimentos no processo, incluindo os parâmetros fixados na sentença e na sequencia apresenta-se os cálculos para pagamento dentro de 15 dias somente com a correção monetária e os juros fixados pelo Juiz na Sentença e os honorários advocatícios, sem fazer incidir a multa de 10% sobre o valor da causa e 10% de honorários advocatícios e um segundo cálculo para pagamento após este prazo, com incidência das multas acima. Ex. “Tendo em vista o não pagamento espontâneo por parte do Devedor até o presente momento, apresenta-se os cálculos para dar início a fase de cumprimento de Sentença”. Assim, ao ser intimado se o Devedor pagar dentro do prazo, só incide o valor estipulado pelo Juiz na Sentença, agora se ele não pagar neste prazo, incidirão as multas. Pedido - neste tópico requer-se o início da Fase de cumprimento de Sentença, que o Devedor seja intimado a pagar dentro do prazo legal, sob pena de incidir as multas já explicadas e para que o Oficial de Justiça penhore quantos bens foremnecessários para o cumprimento da obrigação. Fecho – local, data e assinatura. Insta salientar que a intimação do Devedor se dá por intermédio da pessoa do advogado, salvo se o Credor demorar mais de 1 (um) ano para iniciar a Fase de Cumprimento de Sentença, ocasião em que o Réu deverá ser intimado pessoalmente. o IMPUGNAÇÃO DO DEVEDOR No caso que estamos trabalhando, os autos estão preparados para oferecimento do meio de defesa do Devedor, uma vez que: A parte contraria não se ateve aos parâmetros fixados pelo Juiz na Sentença para calcular os valores a serem pagos pelo Devedor, o que caracteriza excesso de execução (Art. 525, §1°, V, NCPC) que autoriza a impugnação; e O Oficial de Justiça penhorou a única Ambulância da Lupimed Presidente Prudente, ordenando que ela fosse recolhida ao pátio e a avaliou em cerca de R$ 90 mil reais, no entanto, ela vale aproximadamente R$ 1 milhão de reais, o que caracteriza avaliação errônea (Art. 525, §1°, IV, NCPC) e também autoriza a propositura de impugnação. Sendo assim, genericamente falando, a Impugnação deve conter endereçamento e preâmbulo, nos mesmos moldes que fizemos na Contestação. As matérias que autorizam a propositura da Impugnação do Devedor encontram-se elencadas nos incisos do §1° do Art. 525 c/c o Art. 917, §2° (explica o que vem a ser excesso de execução) ambos no NCPC, que transcrevemos abaixo: Art. 525, §1°, NCPC – Na impugnação, o executado poderá alegar: I – falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia; PRATICA CIVIL I Kleber Luciano Ancioto Página 33 II – ilegitimidade de parte; III – inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação; IV – penhora incorreta ou avaliação errônea; V – excesso de execução ou cumulação indevida de execuções; VI – incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução; VII – qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que supervenientes à sentença. Art. 917, §2°, NCPC – Há excesso de execução quando: I – o exequente pleiteia quantia superior à do título; II – ela recai sobre coisa diversa daquela declarada no título; III – ela se processa de modo diferente do que foi determinado no título; IV – o exequente, sem cumprir a prestação que lhe corresponde, exige o adimplemento da prestação do executado; V – o exequente não prova que a condição se realizou. Por fim devemos suscitar o Efeito Suspensivo, previsto no §6° do Art. 525 do NCPC, uma vez que a regra é de que a impetração da Impugnação não suspende a execução, senão vejamos: Art. 525, §6°, NCPC – A apresentação de impugnação não impede a prática dos atos executivos, inclusive os de expropriação, podendo o juiz, a requerimento do executado e desde que garantido o juízo com penhora, caução ou depósito suficientes, atribuir-lhe efeito suspensivo, se seus fundamentos forem relevantes e se o prosseguimento da execução for manifestamente suscetível de causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação. Portanto, há a necessidade de demonstrarmos a verossimilhança das alegações e ainda o perigo do dano para o executado. Neste sentido, a Ambulância penhorada e recolhida ao pátio atrapalha, por ser a única equipada com todos os aparelhos de uma UTI atrapalha imensamente a atividade empresarial, por tal razão, é importante requeremos o efeito suspensivo e a restituição do bem. Por fim no pedido devemos requerer que sejam ajustados os valores da execução aos cálculos apresentados na Impugnação, a devolução do bem penhorado e a concessão do efeito suspensivo durante o tramite da Impugnação. 16/05/2016 Prova 7,0 Parte Processual Procedimento Comum (Petição Inicial a Fase de Cumprimento de Sentença) Peças Contestação / Réplica / Impugnação Direito Material Responsabilidade Civil.
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