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1/2 FASE POLICIAL Inicia-se com a apreensão em flagrante do adolescente, seguida de seu encaminhamento à delegacia de polícia especializada (se houver), a fim de ser lavrado ou o auto de apreensão em flagrante ou o boletim de ocorrência circunstanciado, conforme a natureza do ato infracional praticado (vide arts. 172 e 173 do ECA). Ao chegar à delegacia, a autoridade competente deve comunicar imediatamente a apreensão ao juiz, aos pais ou responsável do adolescente ou pessoa por ele indicada, sob pena de responder pelo crime do art. 231 do ECA. Hipóteses de cabimento: a) Auto de apreensão em flagrante - Se o ato foi praticado com violência ou grave ameaça à pessoa. b) Boletim de ocorrência - Se o ato não foi praticado com violência ou grave ameaça à pessoa. No art. 173, além de prever o procedimento a ser adotado em sede policial, o legislador ainda apontou as providências a serem tomadas, a fim de se comprovar a autoria e a materialidade, bem como a garantia de direito contida no artigo 107 do ECA. Ainda nessa fase, previu a possibilidade de liberação ou não do infrator pela autoridade policial (art. 174, ECA). Para tanto, o delegado e as demais autoridades terão que se pautar pelas regras do art. 122 do ECA, que admite a internação quando o ato infracional for cometido mediante violência ou grave ameaça à pessoa. Observação: Como o Estatuto não definiu o significado de ato infracional de natureza grave, por conta dessa omissão a doutrina majoritária adotou um critério com base na lei penal para definí-lo, entendendo por ato infracional de natureza grave como sendo o ato análogo ao crime apenado com pena de reclusão. Ressalte-se que a internação admitida antes da sentença é a denominada internação provisória, pautada no art. 108 do ECA, baseada em indícios de autoria e materialidade e necessidade imperiosa da medida. Seu prazo máximo será de 45 dias. Não cabe à autoridade policial determinar a internação provisória, mas tão somente ao Juiz da Infância e Juventude. A regra é a liberação condicionada aos pais, que prestam compromisso de apresentar o adolescente ao MP no mesmo dia ou no máximo no dia útil seguinte. Excepcionalmente, o adolescente será internado provisoriamente. No art. 174, o legislador ainda prevê que não sendo o adolescente liberado e não podendo ser apresentado no prazo de 24 horas ao Promotor de Justiça, ele deverá ser encaminhado a uma entidade adequada ou, na falta desta entidade, deverá ser mantido em cela separada dos adultos (art. 175, ECA). No caso de suspeita de participação de adolescente em prática de ato infracional, previu o legislador a possibilidade de investigação, que se dará com a instauração de inquérito policial, que culmina com a elaboração de um relatório, o qual deverá ser encaminhado ao Ministério Público (arts. 176 e 177, ECA). Assim, podemos concluir que: a) Estando o adolescente em estado de flagrância - dependendo da natureza do ato infracional praticado, o delegado poderá lavrar um auto de apreensão em flagrante (art. 173, caput e incisos do ECA) ou um boletim circunstanciado (art. 173,§ único do ECA). b) Se não houver flagrante, mas havendo indícios de envolvimento do adolescente com prática de ato infracional, o Delegado 2/2 poderá investigar e lavrar um relatório (art. 177, ECA). Finalmente, objetivando dar maior visibilidade no transporte do adolescente infrator, o legislador não permitiu que ele fosse transportado em compartimento fechado de viatura policial (art. 178, ECA). Partindo do mesmo princípio, não é possível algemar o adolescente infrator, a não ser se houver necessidade em razão da segurança/periculosidade. Ou seja, como o ECA nada dispõe acerca do uso de algemas, o raciocínio é o mesmo da súmula vinculante 11 do STF: “Só é lícito o uso de algemas em caso de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado”.
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