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* * Hemorragias em Obstetricia Autor: Feliciano Nino * * Conteudos Introdução Hemorragia Pré-parto Hemorragia Pós-parto Conclusão Bibliografia * * Introdução A hemorragia durante a gestação está relacionada com morbi mortalidade perinatal. A exacta incidência destas afeções, não é clara, por falta de estudos. A hemorragia é algo frequente em obstetrícia É uma causa importante de morte materna nos países em desenvolvimento. É estremamente fatal quando não há disponibilidade de sangue e hemoderivados * * Introdução Por suas características, particularidades e quadro clínico os sangramentos se agrupa em Pré-parto DPPNI Placenta Prévia Ruptura uterina Outras: Traumas Cervicites Ca. do colo Polipos cervicais Pós-parto Ruptura uterina Atonia Uterina Retenção de fragmentos placentários Inversão do útero Lacerações do trato genital * * Definição Perda normal de sangue durante o parto: Parto vaginal 500ml; Cesariana 1000ml; Cesariana + histerectomia 1500ml. Perdas >500ml pos parto vaginal e >1000ml numa cesariana. Todo sangramento produzido no pós-parto capaz de provocar instabilidade hemodinâmica ou que a ameaça. (sinais de hipovolémia) Aquela que produz uma queda no hematócrito >10%. * * Descolamento prematuro da placenta normalmente inserida (DPPNI) * * Conceito É a separação parcial ou total de placenta normalmente inserida, que ocorre depois da 20ª semana de gestação e antes do 3º período de parto. Se conhece tambem como; hematoma retroplacentario, “abrupto placentae”, entre otros. É uma complicação muito grave da practica obstétrica, de mau prognóstico e com alta mortalidade materna e fetal. O DPPNI pode ser total ou parcial. A hemorragia pode ser externa ou oculta * * Etiologia Desconhecida, mas há distúrbios associados: Hipertensão induzida pela gravidez Ruptura prematura pré-termo de membranas Traumatismo externo Tabagismo / consumo de álcool (controvérsia) Abuso de cocaína Leiomioma uterino * * Patologia * * Patologia A hemorragia oculta surge nas seguintes situações: Há derrame de sangue através da placenta, mas suas margens permanecem aderidas A placenta está separada completamente, mas as membranas continuam fixas à parede uterina O sangue tem acesso a cavidade amniótica após ruptura das membranas A cabeça fetal está intimamente aplicada no segmento inferior do útero. * * Classificação – Clínica DPPNI Leve Gestante estável Sangramento leve a moderado Feto com frequência cardíaca normal, presentes mov fetais Dor abdominal ausente ou leve Moderado Dor abdominal continua com sangramento escuro Sinais de Shock ou de sofrimento fetal Útero com contracções tetânicas Grave (sinais clássicos) Útero de consistência lenhosa, dolorosa com sangramento interno ou externo Feto quase sempre está morto Transtornos da coagulação + shock de forma rápida Qualquer caso de DPPNI com morte fetal deve ser considerado grave * * Quadro clínico Hemorragia vaginal (78%) Dor a palpação uterina ou dor nas costas (66%) Sofrimento fetal (60%) Contracções de alta frequência (34%) Trabalho de parto pré-termo idiopático (22%) Morte fetal (15%) * * Diagnóstico Clínico Ecográfico (limitado) N.B. Ecografia negativa para DPPNI não exclui diagnóstico. Diagnóstico Diferencial: Placenta prévia. * * Tratamento O tratamento deve ser imediato, visto que o prognóstico materno depende do aparecimento das complicações * * * * Complicações Choque hemorrágico Coagulopatia Insuficiência renal * * Placenta Prévia * * Definição Sempre que a placenta se implanta total ou parcialmente na zona correspondente ao segmento inferior uterino. Há 4 graus descritos: Placenta Prévia total – o orifício cervical interno (OCI) encontra-se totalmente coberto Placenta prévia parcial – o OCI está parcialmente coberto Placenta Prévia Marginal – o bordo da placenta está implantado na margem do OCI. Placenta de implantação baixa – A placenta está implantada no segmento inferior uterino, mas o bordo placentário não atinge o OCI O grau de placenta previa dependera do grau de dilatacao * * * * Etiologia Desconhecida, mas estão descritos alguns factores de risco, como: Multiparidade e idade avançada Cesariana anterior Aborto induzido anterior Alterações inflamatórias e tróficas deciduais. Também pode estar associada à placenta acreta ou as suas formas avançadas. * * Quadro clínico Hemorragia indolor: inicialmente escassa, que geralmente cessa espontaneamente. Mas também pode ser abundante e simular um DPPNI. Essa hemorragia frequentemente ocorre no fim do 2o trimestre da gravidez ou após este. Raramente surgem distúrbios de coagulação. * * Diagnóstico Clínica ( pouco ajuda) Não se deve fazer o exame do cérvix, excepto se a mulher estiver na sala de operações com todo o preparo para a cesariana, uma vez que o exame por mais delicado que seja possa causar grande hemorragia. Ecografia : mais simples, mais preciso e mais seguro. RM: no futuro talves. * * Tratamento Depende do quadro clínico: Placenta prévia , feto pré-termo, sem hemorragia activa – adia-se o parto para ambiente favorável para a mãe e para o feto. Se a hemorragia for activa – parto, mesmo sendo prematuro. N.B. a cesariana é o metodo de parto aceite para todos os casos de placenta prévia * * * * Ruptura Uterina * * Definição Solução de continuidade não cirurgica do útero, que ocorre acima do colo uterino e numa fase avançada da gestação. Quando ocorre a nivel do colo da-se o nome de desgarro uterino e quando ocorre em fases iniciais da gravidez denomina-se perfuração uterina. * * Normalmente da se durante o trabalho de parto Quando se da durante a gestacao (antes do trabalho de parto) ha saida do feto para a cavidade abdominal E causa importante de morbi/mortalidade materna e MFIU * * Causa: Traumatica e Espontanea Localizacao: Corpo e Segmento inferior Grau: Completa e Incompleta Momento: Antes do parto e Durante o trabalho de parto Multiparidade Gravidez multipla Anomalias e tumores do utero Cicatrizes uterinas Seguimento inadequado do trabalho de parto Macrossomia fetal, Polihidraminos Instrumentacao inadequada * * Causas Separação de cicatriz de cesariana anterior (1ª causa) Traumatismo obstetrico durante o parto Parto com forceps dificil Contracoes persistentes, espontaneas e intensas Fibrose (resulta de aborto com curetagem) * * Diagnóstico Pode se suspeitar se utero contraido com hemorragia persistente Faz se por revisao manual do utero Laparatomia pode ser o unico meio para D e tto. Sindrome de iminencia de rotura uterina: Ansiedade, dor abdominal intensa com sensibilidade generalizada, distensao marcada do segmento inferior, prolapso do colo, hematuria. Rotura uterina consumada: Dor repentina seguida de paragem de contraccoes Sinais de desiquilibrio hemodinamico Hemorragia vaginal Ausencia de foco (palpa-se o partes fetais no abdomen) * * * * Tratamento Doente em posição de Trendelenburg Fluidoterapia Algaliar a doente Administrar Tocoliticos e suspender Profilaxia com 1g de Ampicilina ou Penicilina cristalina 5 000000UI Cirurgia imediata (laparotomia). * * * * Atonia Uterina * * Definição: Incapacidade de contracção uterina adequada após a expulsão do feto. Causa mais frequente de hemorragia pós parto. Causas: Interferência com a capacidade de contracção uterina: Placenta retida; Restos placentários ou de menbranas; Bexiga cheia; DPP. * * Factores de Risco Idade materna avançada Multiparidade História prévia de atonia pós-parto Útero hiperdistendido (gravidez múltipla, hidrâmnios, macrossomia fetal) Placenta prévia ou DPPNI Trabalho de parto prolongado Amniotite intraparto Uso exagerado de ocitócicos ou tocolíticos Fibromiomas uterinos Excessiva concentração de anestésicos com efeito relaxante do miométrio Extracção instrumental do feto * * Quadro clínico Útero distendido, mole e atónico; Hemorragia de grau variável, pois o útero atónico pode conter até 2000ml de sangue; Sinais de pré- ou de choque (de acordo com o volume de sangue perdido). * * Tratamento Esvaziamento vesical; Massagem uterina: transabdominal ou bi-manual Administrar Oxitocina 40-60UI em 1000ml de soro em perfusão rápida e/ou Metilergometrina 0,2 mg IM e/ou Misoprostol 200µg VO ou retal (2cp); Reposição de solução salina isotónica e sangue se necessário; Controlar o estado hemodinâmico da paciente: Colher sangue para tipagem e pedido de sangue Tamponamento uterino que deverá ser removido após 24h e realizado sob antibioterapia profiláctica; Histerectomia em caso de sangramento incoercível. * * * * * Inversão uterina Situação rara. Ocorre durante a dequitadura; Fundo do útero pode aparecer na vagina ou na vulva; Causas: Aplicação de força excessiva pelo assistente ao parto durante a dequitadura por: Pressão no fundo do útero; Tracção do cordão umbilical. Tracção excessiva no fundo uterino Cordão umbilical curto e Placenta acreta. Classificação: 1º grau: incompleta vagina. 2º grau: completa vulva. 3º grau: prolapso do útero. * * * * * Dor Palpacao abdominal nao se encontra fundo uterino Toque vaginal revela um utero invertido na vagina ou vulva Hemorragia Reposicao manual (manobra bimanual) Metilergometrina 0,5 mg IM Antibioticos Fluidoterapia (se hemorragia abundante) * * * * A retenção de uma porção da placenta pode impedir a contracção necessaria para a hemostase. O seios venosos permanecem abertos e sangram, podendo ocorrer no dia do parto ou dias depois. Nalguns casos podem ocorrer 1 ou mais semanas mais tarde, por formação de pólipos vascularizados sangrantes. * * Exame da placenta Ausência de um segmento da superfície materna (retenção de um cotilédone) Membrana rasgada com os vasos sangrantes (retenção de um lobo acessorio) Hemorragia 1 a 2 dias após o parto ( restos placentários em necrose) 1 a 2 semanas depois (pólipos placentários). * * Curetagem sob anestesia local ou geral * * * * Factores predisponentes Distensão uterina excessiva por macrosomia fetal, polihidramnios, gravidez gemelar Trabalho de parto muito rápido ou prolongado Trabalho de parto induzido Multiparidade Parto vaginal em mulher com cesariana na gravidez anterior Pré eclâmpsia grave e eclâmpsia Corioamniotite * * * * * * Causas sanguíneas(metabólicas e hereditárias ) deficiência nos factores V, VIII, XI, e plaquetas, e todos outros factores solúveis CIVD ou síndroma coagulopatia de consumo mediado pela tromboplastina Hemorragia severa sem substituição dos factores pode causar hipofibrinogenemia e prolongamento do tempo de protrombina e tempo parcial de tromboplastina * * * Quadro clínico - Anamnese Hemorragia Vaginal Importante- atonia, rotura, laceração alta do canal. Ligeira – atonia, miomas. Contínua (antes,durante e pós) – rotura (choque rápido+dor intensa constante hipogastro ) Tardia – 1-2d =necrose de restos; 1-2smns = pólipo placentar. Generalizada – coagulopatia (utero, ferida cir) Transabdominal Hemoperitoneo = blumberg+ - rotura uterina. * * * Quadro clínico- Exame Objectivo Abdomen Mole indolor depressível- causas extra genitais(coagulopatias), laceração do canal Tenso, doloroso - rotura (punção/lavagem peritoneal +) Útero Grande, mole, sem tónus – Atonia(ate 2l) Subinvoluido – Restos placentários Contraído/ duro- Rotura (sinal de bandl), lacerações,coagulopatia Irregular (a palpação)- miomas Ausente – 3º grau de inversão uterina. * * Clinica : Hemorragia no útero, nas feridas cirúrgicas antigas, hemorragia nos rins, hemorragia nos pontos de venopuctura Laboratório: Teste de coagulação: colher 5ml de sangue deixar a temperatura ambiente e ver se coagula em 5min ou não. Se ha estabilidade do coagulo quando agitado Fazer hemograma seriado hct, hgb plaquetas Provas hepáticas factores de coagulação, tempo de protrombina e tempo parcial de tromboplastina * * Deve-se suspeitar de coagulopatia quando há atraso no tempo de coagulação e a mulher com uma das condições mencionadas anteriormente começa a sangrar de vários locais Normalmente, o sangue coagula em aproximadamente 5 minutos. Se não coagular em 7 minutos há um defeito de coagulação. * * O tratamento da alteração da coagulação inclui o tratamento da causa da coagulopatia e administração de uma transfusão de sangue para repor os factores de coagulação e os eritrócitos. Se não houver disponibilidade de sangue seguro, deve usar-se um derivado adequado. * * Expansão de volume Dar plasma fresco para aumentar factores de coagulação Crioterapia na ausência do plasma fresco CIVD conduta administração de heparina para bloqueio da coagulação intravascular disseminada * * * * * Quadro clínico Choque hipovolémico=atonia,rotura, laceração do canal (perda de sangue aguda) * * * Bases do Tratamento Parar o sangramento ( Identificar a tratar e causa): Útero Qualquer outro sítio doTracto genital Coagulopatias Reposição do volume sanguíneo * * * Avaliar sinais vitais, mucosas, consciência, tonus uterino Estimar as perdas/ Posição de Trenderlemburg DOENTE EM SHOCK A – Manter vias aéreas permeaveis B - O2 – 4-6l/min C - - Cateterizar veia: Colher sangue para Hemograma/ Bioq./ Test de compatibilidade/ Grupo sanguíneo Uma veia para: L.Ringer 1000ml + Oxitocina 40U 40gotas/min Outra veia: Expansor plasmatico >> Hemacel, Dextrano 40, Plasmacel, Sangue Esvaziar a bexiga ( algaliar )/ Aquecer e sossegar o doente DOENTE ESTÁVEL: 1. Palpação abdominal ( Útero tónico e atónico ) 2. Exame do Canal de Parto 3. Revisão Uterina CONDUTA * * Grau I Ha perdas ate15% do vol. sanguíneo Ha taquicardia discreta, sem grandes variações do pulso, TA, FR, preenchimento capilar. Neste casos administração de cristalóides e suficiente Grau II Ha perda de 15-30% do vol. sanguíneo (750-1000ml) Ha taquicardia >100bpm, taquipneia, pulso fraco, TA diminuída, ansiedade, prolongamento do preenchimento capilar diurese20-30ml/h Podem ser estabilizados com cristalóides e gelatinas * * Grau III Perdas 30-40%(2000ml de sangue) taquicardia >100/min, taquipneia severa, alteração do estado mental, queda significativa da TA Tto administrar cristalóides, coloides e transfundir Grau IV Perda de >40%do vol. sanguíneo Taquicardia severa, queda importante de TAS, TAD não mensurável, diurese muito diminuída, estado mental deprimido gravemente, pele pálida e fria Conduta e transfusões rápidas e intervenção cirúrgica para laquear os vasos do local sangrante. * * * Complicações do choque Cerebral S. Sheehan = necrose lobo anterior da hipófise Morte cerebral Renal Insuficiência renal aguda (diurese<30ml/min)=NTA Cardiovascular Hipotensão severa Paragem cardíaca Coagulopatia dilucional MORTE * * * BIBLIOGRAFIA CUNNIGHAN, Gary; MACDONALD, Paul; GANT, Norman; LEVENO, Keneth; GILSTRAP, Larry; HANKINS, Garry; CLARK, Steven. Williams: Obstetrícia. 20ª edição. RJ: Editora Guanabara Koogan, 2000. MOntenegro, Rezende. Obstetricia fundamental.8a edicao. Rio de janeiro Guanabara Googan.1999 POVEY, George; ARAÚJO, Teresa; MOCUMBI, Pascoal. Conduta obstétrica. Ministério da Saúde. Maputo, 1999. MACHUNGO, Fernanda; OSSMAN, Nafissa; LIBOMBO, Aida; CUNHA, Manuela; JAMISSE, Lília; BOAVENTURA, Inês. Manual de Cuidados Obstétricos Essenciais. Ministério da Saúde, Direcção Nacional de Saúde, Departamento de Saúde da Comunidade. Maputo, 2002. *
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