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tutelas coletivas aula 1

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Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU 
Tutelas coletivas do consumo e meio ambiente – 2018.1 
 
 
Professor Gustavo Belucci 
1 
TUTELAS COLETIVAS DO CONSUMO E MEIO AMBIENTE 
 
EMENTA DA DISCIPLINA: a disciplina aborda a tutela dos direitos 
difusos, coletivos e individuais homogêneos com foco no direito do 
consumidor e no direito ambiental, seus princípios, regras específicas 
e aspectos relacionados à responsabilidade civil consumerista e 
ambiental, bem como as normas fundamentais da tutela jurisdicional 
coletiva. 
 
OBJETIVOS DA DISCIPLINA: Identificar a teoria geral do processo coletivo. Identificar as 
características da tutela preventiva e repressiva por danos causados aos consumidores, bem 
como os elementos distintivos da proteção aos seus interesses difusos, coletivos e individuais 
homogêneos. Identificar as características da tutela preventiva e repressiva por danos 
causados ao meio ambiente. Diferenciar, debater e criticar as modalidades de defesa dos 
interesses difusos e coletivos estudados. 
APRESENTAÇÃO DO PROFESSOR: Graduado em Direito pela FMU. Especialista em 
Direito Penal e Processo Penal pela FMU. Mestre em Direito Processual Civil pela PUC/SP. 
Advogado em São Paulo. 
 E-mail para contato: gustavo.belucci@gmail.com 
ROTINA E SISTEMÁTICA DAS AULAS: Acompanhamento com a Constituição Federal e a 
lei infraconstitucional (CPC). 
 ENVIO DO ROTEIRO DAS AULAS MINISTRADAS: ao final de toda aula é enviado 
um roteiro com as discussões travadas em sala e alguns pontos complementares para 
estudo. ATENÇÃO: Este roteiro é apenas um esboço para o acompanhamento das 
aulas. Não é material suficiente para fins de estudo completo, que DEVERÁ SEMPRE 
ser complementado com a bibliografia indicada e com a leitura dos dispositivos legais. 
O estudo feito aqui pode eventualmente incluir conceitos de outros professores 
consagrados, pois é elaborado com fins meramente de orientação dos alunos para 
acompanhamento das aulas, sem finalidade de divulgação ou cópia das respetivas 
obras. 
 
Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU 
Tutelas coletivas do consumo e meio ambiente – 2018.1 
 
 
Professor Gustavo Belucci 
2 
BIBLIOGRAFIA: a) MAZZILLI, Hugo Nigro. A defesa dos interesses difusos em juízo: meio 
ambiente, consumidor, patrimônio cultural, patrimônio público e outros interesses. 27ª. 
ed. São Paulo: Saraiva: 2014; b) YOSHIDA, Consuelo Yatsuda Moromizato. Tutela dos 
interesses difusos e coletivos. 2ª ed. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2006 e c) VIGLIAR, 
José Marcelo Menezes. Tutela jurisdicional coletiva. 4ª ed. São Paulo: Atlas. 2013, além da 
bibliografia complementar colocada no plano de ensino. 
 
 
A D V E R T Ê N C I A 
Este roteiro é apenas um esboço para o acompanhamento das aulas. Não é material 
suficiente para fins de estudo completo, que DEVERÁ SEMPRE ser complementado 
com a bibliografia indicada e com a leitura dos dispositivos legais. O estudo feito aqui 
pode eventualmente incluir conceitos de outros professores consagrados, pois é 
elaborado com fins meramente de orientação dos alunos para acompanhamento das 
aulas, sem finalidade de divulgação ou cópia das respetivas obras. 
 
Aula 1 – Apresentação do curso - interesses e direitos. 
EMENTA: Identificar o que é interesse jurídico, diferenciando o 
interesse público e o privado, o social e o individual. Identificar o que 
são interesses sociais difusos, coletivos e individuais homogêneos. 
Aplicar os conceitos para lidar com as relações jurídicas em suas 
implicações práticas. 
1) Introdução. Aperfeiçoamento e evolução da sociedade e novas modalidades de 
conflitos. A vida em sociedade tem submetido o homem a conflitos outrora inimagináveis. É 
crescente o aumento no número de conflitos quantitativamente e qualitativamente. E o 
direito, dinâmico que é, não está alheio a estas mudanças, tendo oferecido uma série de 
instrumentos para combate dos conflitos que tem assolado a sociedade. Acostumado, 
contudo, a embates de natureza individual, o homem hoje se depara com verdadeiros conflitos 
de massa; e como consequência, para atender a essas novas demandas, houve a 
necessidade de se reexaminar alguns institutos. Por exemplo, no Brasil, o legislador 
mobilizou-se, criando diplomas que buscam salvaguardar preditos direitos, a exemplo das 
Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU 
Tutelas coletivas do consumo e meio ambiente – 2018.1 
 
 
Professor Gustavo Belucci 
3 
Leis nº 4.717/65 (Lei da Ação Popular - LAP1) 7.347/85 (Lei Da Ação Civil Pública – LACP2) e 
8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor3), 12.016/2009 (Lei do Mandado de Segurança4) 
entre outras. São estas modificações no cotidiano das pessoas que dão origem à disciplina e 
que serão objeto de estudo no semestre. 
2) Interesse e Direito. 
2.1) Acepções do vocábulo “interesse”: O termo interesse tem diferentes acepções. 
Segundo o dicionário, pode ser: “lucro material; ganho; aquilo que convém; que importa, seja 
em que domínio for; sentimento de cobiça, de zelo, simpatia; curiosidade; pretensão; 
necessidade”5. Para a doutrina, tem –se: i) Marcelo Paulo Maggio: “etimologicamente, 
interesse deriva de inter e esse, subsumindo-se, por conseguinte, em estar entre6”; ii) Rodolfo 
de Camargo Mancuso: “tem natureza pecuniária ou moral7”; iii) Aloísio Gonçalves de Castro 
Mendes: “indica a pretensão que se baseia ou pode basear-se em direito8”; iv) Inácio de 
Carvalho Neto: “o interesse interliga uma pessoa a um bem da vida, em virtude de um 
determinado valor que esse bem possa representar para aquele indivíduo9”; v) Francesco 
Carnelutti: “o interesse aparece como uma relação entre uma necessidade do homem e um 
certo ato a satisfazê-la10”. 
 Conclusão: o interesse tem maior mobilidade que o direito, visto que decorre 
naturalmente da mera atividade humana. Pode ou não ter conotação jurídica. Quando 
não há conotação jurídica, o interesse não busca na norma um referencial, um cânone 
de comportamento (exemplo: interesse em carros esportivos, celulares etc.). Quando 
há conotação jurídica: os interesses sofrem a apreensão axiológica segundo a valoração 
predeterminada na norma. Situam-se no plano ético-normativo. Nessa dimensão, os 
interesses apresentam-se como uma possibilidade de vantagem a ser atingida, 
considerada sob a perspectiva do direito e, portanto, desde que tenham sido 
 
1 Disponível na íntegra em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4717.htm 
2 Disponível na integra em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7347orig.htm 
3 Disponível na íntegra em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8078.htm 
4 Disponível na íntegra em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l12016.htm 
5 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova 
Fronteira, 1986, p. 957. 
6 MAGGIO, Marcelo Paulo. Condições da ação: com ênfase à ação civil pública para a tutela dos interesses difusos. 
Curitiba: Juruá, 2005, p. 85. 
7 MANCUSO, Rodolfo de Camargo. Interesses difusos: conceito e legitimação para agir. São Paulo: RT, 2004, p. 
19. 
8 MENDES, Aloísio Gonçalves de Castro. Ações coletivas no direito comparado e nacional. São Paulo, RT, 2002, 
v. 4, p. 201. 
9 CARVALHO NETO, Inácio de. Manual de processo coletivo. Curitiba: Juruá, 2005, p. 15. 
10 CARNELUTTI, Francesco. Lezioni di diritto processuale civile. Pádua: Cedam, 1926, v. I, p. 3. 
Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU 
Tutelas coletivas do consumo e meio ambiente – 2018.1 
 
 
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juridicamente regulados. Tornam-se, assim, relevantes juridicamente, carecendo de 
proteção11. 
2.2) Conceitos e características: a) interesse: Rodolfo de Camargo Mancuso12, 
manifestando-se a respeito dos interesses atribui a eles as seguintes características que 
juntas formam seu conceito: i) geram a impossibilidade de se projetarem além do campo 
psicológico do indivíduo, vez que não são exigíveis, tampouco dão azo a certos 
comportamentos de terceiros; ii) geram efeitos introspectivos, vez que compete a cada 
indivíduo fruir de eventual obtenção da vantagem desejada; iii) suscitam postura de 
indiferença do Estado e de terceiros; b) direito (conceito que não esgota o tema!): objetivo: 
o direito objetivo é o conjunto de normas que o estado mantém em vigor. Constitui uma 
entidade objetiva frente aos sujeitos de direitos, que se regem segundo ele. Sendo assim, é 
o conjunto de normas que obrigam a pessoa a um comportamento consentâneo com a ordem 
social. Ou seja, através das normas, determina a conduta que os membros da sociedade 
devem observar nas relações sociais. O direito objetivo é tudo que está previsto na lei, como 
por exemplo, o caso da gestante que tem direito a licença à maternidade, esse direito está 
previsto na lei, na constituição. Também chamado de direito positivo, pois é um direito posto. 
Ou seja, o conjunto de regras (leis, costumes, regulamentos) que preside à nossa vida em 
sociedade - a norma de agir (NORMA AGENDI); e subjetivo: o direito subjetivo, designa a 
faculdade da pessoa de agir dentro das regras do direito (FACULTAS AGENDI). É o poder 
que as pessoas têm de fazer valer seus direitos individuais. Então, nasce da vontade 
individual. É a faculdade de alguém fazer ou deixar fazer alguma coisa, de acordo com a regra 
de ação, ou seja, de acordo com a norma. Os direitos subjetivos revelam poder e dever. Poder 
de cobrar e dever de pagar uma dívida. Está ligado a pessoa, exige o direito objetivo que está 
na lei. Exemplo: pode-se exigir a licença à maternidade, sendo esse direito objetivo; mas é 
preciso provar esse direito subjetivo, ou seja, provar a gravidez. 
 A posição de Rudolf von Ihering acerca de direitos x interesses13: o direito (direito 
subjetivo) é o interesse juridicamente tutelado. O interesse é, pois, componente do 
direito. A visão de Ihering é, também, utilitarista. Para Ihering a lei não se restringe à 
proteção da liberdade individual, tendo como escopo o estabelecimento do equilíbrio 
entre o princípio individualista e o social. Assim, o indivíduo existe para si e para a 
sociedade. Daí, qualificar-se como um utilitarista social. Consoante o predito autor, o 
 
11 CARVALHO NETO, Inácio de. Manual de processo coletivo. Curitiba: Juruá, 2005, p. 16. 
12 MANCUSO, Rodolfo de Camargo. Interesses difusos: conceito e legitimação para agir. São Paulo: RT, 2004, p. 
24. 
13 Mais informações em: http://www.biblioteca.pucminas.br/teses/Direito_TeixeiraRP_1.pdf 
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Tutelas coletivas do consumo e meio ambiente – 2018.1 
 
 
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direito existe para viabilizar a satisfação das necessidades cotidianas, refletindo, 
destarte, o caráter finalista dessa ciência. A norma não tem sentido se não objetivar a 
realização de um fim. Nessa linha, o direito seria formado por dois elementos: um 
substancial, que se traduz no fim prático a que se destina realizar; o gozo. O outro 
elemento, o formal, subsume-se no mecanismo de se proteger o direito, na segurança 
jurídica do gozo. Para Ihering, todo direito reflete, na verdade, um interesse reconhecido 
pelo legislador e digno de proteção. E a recíproca é verdadeira, haja vista que para o 
renomado autor o interesse só tem serventia para o direito quando protegido pela 
norma. 
2.3) Diferenciação e conclusão: tem-se, portanto, que “o interesse sempre será um 
momento anterior à formação do próprio direito. O direito pressupõe um processo de validação 
do interesse pela sociedade, seja pelo consenso e respeito à manifestação do interesse 
individual pela coletividade, seja pela adoção de um processo de validação substitutivo do 
processo de validação espontâneo pela sociedade, que é o processo judicial”14. 
2.4) Qual das expressões é correta? Direito ou interesse15: vai depender da doutrina 
escolhida. José Marcelo Menezes Vigliar opta pela expressão “interesses” ao entender que 
a expressão “direito” traz uma grande carga de individualismo, fruto da tradição acadêmica 
pátria, sempre tendente a associar a defesa de direitos por intermédio do emprego de ações. 
Essa perspectiva acaba, pois, colocando o processo civil a serviço do autor, ou seja, daquele 
que afirma a posição favorável a partir do ordenamento jurídico; Ricardo de Barros Leonel 
também optou pela expressão “interesses” ao entender que há, nessa expressão, uma maior 
amplitude de tutela para situações não reconhecidas como direitos subjetivos. E sustenta o 
seu posicionamento com os seguintes argumentos: “Não se desconhece a concepção pela 
qual o interesse legítimo é uma posição jurídica subjetiva, substancial e autônoma com 
respeito à demanda, consagrada a um indivíduo que se encontra numa posição particular 
diferenciada (posição legitimante) perante a Administração Pública, decorrente de uma 
precedente relação de direito privado ou público, assegurando-lhe a faculdade de pretender 
a anulação de um ato administrativo. Dentro desta ideia, inadmissível seria a confusão deste 
conceito com o de direito subjetivo, pois de acordo com este raciocínio, o interesse legítimo 
identificaria posição de igualdade entre as partes enquanto o direito subjetivo, posição de 
desigualdade, com preeminência de seu titular”; Hugo Nigro Mazzilli elegeu a expressão 
 
14 MACIEL JÚNIOR, Vicente de Paula. Teoria do direito coletivo: direito ou interesse (difuso, coletivo e individual 
homogêneo)? Revista Virtuajus, p. 25. 
15 Mais informações em: http://ambito-
juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=14625&revista_caderno=10 
Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU 
Tutelas coletivas do consumo e meio ambiente – 2018.1 
 
 
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“interesse” para se referir aos direitos transindividuais e individuais homogêneos não obstante 
esclarecer que: “[...] ambas as expressões estão corretas, mas significam coisas diversas. 
Para os fins que ora nos dizem respeito, interesse é pretensão; direito é a pretensão amparada 
pela ordem jurídica. Assim, p. ex., uma ação civil pública que busque a tutela de valores 
transindividuais que, ao final, se vejam definitivamente reconhecidos como inexistentes, essa 
ação objetivou a defesa dos interesses difusos; já outra ação que busque a tutela de valores 
transindividuais definitivamente reconhecido como existentes objetivou a defesa de direito 
difusos. EM SENTIDO CONTRÁRIO: o professor Fredie Didier Jr., por outro lado, observa 
que “[...] o termo ´ interesses´ é expressão equívoca, sendo que não poucos juristas brasileiros 
apontaram a questão, seja porque consideraram não existir diferença prática entre direitos e 
interesses, seja porque os direitos difusos e coletivos foram constitucionalmente garantidos 
(v.g., Título II, Capítulo I, da CF/88). Cabe, por dever de precisão, afastar a erronia. Vale 
lembrar, não se trata de defesa de interesses e, sim, de direitos, muitas vezes, previstos no 
próprio texto constitucional”. 
 Exemplo: Jurisprudência do STJ que aplica direitos e interesses com conotação 
de sinônimos: “PROCESSUAL CIVIL. ASSOCIAÇÃO DE MUNICÍPIOS. 
ILEGITIMIDADEATIVA PARA TUTELAR, EM NOME PRÓPRIO, DIREITOS E 
INTERESSES DE PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO. 1. Hipótese em que 
se discute a legitimidade ativa da Associação Piauiense de Municípios para defender 
direito de seus filiados. 2. O Superior Tribunal de Justiça possui entendimento 
consolidado de que "a legitimação conferida a entidades associativas em geral para 
tutelar, em juízo, em nome próprio, direitos de seus associados (CF, art. 5º, XXI), 
inclusive por mandado de segurança coletivo (CF, art. 5º, LXX, b e Lei 10.016/09, art. 
21), não se aplica quando os substituídos processuais são pessoas jurídicas de direito 
público. A tutela em juízo dos direitos e interesses das pessoas de direito público 
tem regime próprio, revestido de garantias e privilégios de direito material e de 
direito processual, insuscetível de renúncia ou de delegação a pessoa de direito 
privado, sob forma de substituição processual" (RMS 34.270/MG, Rel. Ministro 
Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, DJe 28.10.2011). No mesmo sentido: REsp 
1.446.813/CE, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 
26.11.2014. 3. Agravo Regimental não provido” (AgRg no RMS 47806 PI 2015/0049760-
7); 
3) Interesse Público e Privado. 
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Tutelas coletivas do consumo e meio ambiente – 2018.1 
 
 
Professor Gustavo Belucci 
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3.1) Interesse público: Ainda não se conseguiu definir ao certo o que seria interesse público, 
caracterizando, desse modo, um conceito indeterminado. Celso Antonio Bandeira de Mello 
coloca a definição como sendo o “interesse resultante do conjunto de interesses que os 
indivíduos pessoalmente têm quando considerados em sua qualidade de membros da 
Sociedade e pelos simples fato de o serem”. Assim sendo, elemento essencial do interesse 
público é a inserção do indivíduo em uma coletividade. Não é possível, portanto, dissociar 
desta forma o particular do público como antes já havia formulado. Os dois são faces 
da mesma moeda. O interesse público, portanto, nada mais é do que uma dimensão, uma 
determinada expressão dos direitos individuais, vista sob um prisma coletivo. 
 Supremacia do interesse público16: é princípio geral de Direito inerente a qualquer 
sociedade. É a própria condição de sua existência. Assim, não se radica em dispositivo 
específico algum da Constituição, ainda que inúmeros aludam ou impliquem 
manifestações concretas dele, como, por exemplo, os princípios da função social da 
propriedade, da defesa do consumidor ou do meio ambiente (art. 170, III, V e VI), ou 
tantos outros. Afinal, o princípio em causa é um pressuposto lógico do convívio social. 
 Indisponibilidade do interesse público: apresenta-se como a medida do princípio 
da supremacia do interesse público. Explica-se. Sendo a supremacia do interesse 
público a consagração de que os interesses coletivos devem prevalecer sobre o 
interesse do administrador ou da Administração Pública, o princípio da indisponibilidade 
do interesse público vem firmar a ideia de que o interesse público não se encontra à 
disposição do administrador ou de quem quer que seja. Exemplificando: a necessidade 
de procedimento licitatório para contratações é exigência que atende não apenas a 
legalidade, mas também o interesse público. Se o administrador desobedece esta 
imposição, agride o interesse público que, sendo indisponível, não pode ser 
desrespeitado 
3.2) Interesse Público Primário e Secundário: o interesse público primário deve ser 
compreendido como um transporte para a realização dos interesses de todos e de cada um 
de nosso corpo social. Ou seja: constituem-se os legítimos interesses da coletividade, 
refletindo aquilo que Rosseau chama de vontade geral. De outra parte, o interesse público 
secundário reflete a vontade da Administração, não desfrutando, portanto, de supremacia 
sobre o interesse privado. Isto é: deve subordinar-se aos princípios fundamentais de regência. 
O interesse público primário é a razão de ser do Estado e sintetiza-se nos fins que cabe a 
 
16 Mais informações em: http://www.ambito-
juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=9092&revista_caderno=4 
Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU 
Tutelas coletivas do consumo e meio ambiente – 2018.1 
 
 
Professor Gustavo Belucci 
8 
ele promover: justiça, segurança e bem-estar social. Estes são os interesses de toda a 
sociedade. O interesse público secundário é o da pessoa jurídica de direito público que seja 
parte em uma determinada relação jurídica – quer se trate da União, do Estado-membro, do 
Município ou das suas autarquias. 
3.3) Interesse privado: se refere ao conjunto de normas jurídicas de natureza privada, 
especificamente toda norma jurídica que disciplina a relação entre os particulares. 
4) Interesses individuais simples e homogêneos: os direitos individuais homogêneos, 
também chamados "direitos acidentalmente coletivos" por José Carlos Barbosa Moreira, são 
aqueles que decorrem de uma origem comum, possuem transindividualidade instrumental ou 
artificial, os seus titulares são pessoas determinadas e o seu objeto é divisível e admite 
reparabilidade direta, ou seja, fruição e recomposição individual. Exemplos: a) os 
compradores de carros de um lote com o mesmo defeito de fabricação (a ligação entre eles, 
pessoas determinadas, não decorre de uma relação jurídica, mas, em última análise, do fato 
de terem adquirido o mesmo produto com defeito de série); b) o caso de uma explosão do 
Shopping de Osasco, em que inúmeras vítimas sofreram danos; c) danos sofridos em razão 
do descumprimento de obrigação contratual relativamente a muitas pessoas; d) um alimento 
que venha gerar a intoxicação de muitos consumidores; e) danos sofridos por inúmeros 
consumidores em razão de uma prática comercial abusiva (...); f) sendo determinados, os 
moradores de sítios que tiveram suas criações dizimadas por conta da poluição de um curso 
d'água causada por uma indústria; (...) k) prejuízos causados a um número elevado de 
pessoas em razão de fraude financeira; l) pessoas determinadas contaminadas com o vírus 
da AIDS, em razão de transfusão de sangue em determinado hospital público. 
5) Interesses Transindividuais, Metaindividuais ou Coletivos em sentido amplo 
(difusos, coletivos e individuais homogêneos). 
5.1) Noções introdutórias: à medida que a sociedade evolui, como se tratou acima, traz 
consigo novos tipos de conflitos de interesses, provocando o direito a atuar em duas frentes: 
a) direito material: com o reconhecimento pelas normas jurídicas dos novos direitos 
subjetivos e; b) direito processual: aperfeiçoando as ferramentas e mecanismos para 
resolução destas novas demandas. 
 Em rápido esquema, tem-se: 1) revolução social  2) novos tipos de conflitos 
interpessoais  3) nova conformação dos direitos materiais e  4) novos instrumentos 
processuais para resoluções de conflitos. 
Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU 
Tutelas coletivas do consumo e meio ambiente – 2018.1 
 
 
Professor Gustavo Belucci 
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A evolução da sociedade está atrelada à concepção das dimensões de direitos humanos, 
conforme se pode relacionar da “teoria dos direitos humanos” surgida à partir da Revolução 
Francesa de 1789 e da conquista que representou a Declaração Universal dos Direitos do 
Homem e do Cidadão17: a) direitos humanos de primeira dimensão (liberdade): direitos 
civis (liberdade, propriedade, segurança e políticos) – paradigma do Estado liberal; b) direitos 
humanos de segunda dimensão (igualdade): à partir de meados do século XIX – produtodo Estado social, garantindo direitos de igualdade (amparo ao idoso, às mulheres, educação 
básica, direitos econômicos); c) direitos humanos de terceira dimensão (fraternidade): 
surgidos após as Guerras Mundiais, como por exemplo o direito à paz, desenvolvimento e 
 
Os representantes do povo francês, reunidos em Assembleia Nacional, tendo em vista que a ignorância, o 
esquecimento ou o desprezo dos direitos do homem são as únicas causas dos males públicos e da corrupção dos 
Governos, resolveram declarar solenemente os direitos naturais, inalienáveis e sagrados do homem, a fim de que 
esta declaração, sempre presente em todos os membros do corpo social, lhes lembre permanentemente seus 
direitos e seus deveres; a fim de que os atos do Poder Legislativo e do Poder Executivo, podendo ser a qualquer 
momento comparados com a finalidade de toda a instituição política, sejam por isso mais respeitados; a fim de que 
as reivindicações dos cidadãos, doravante fundadas em princípios simples e incontestáveis, se dirijam sempre à 
conservação da Constituição e à felicidade geral. Em razão disto, a Assembleia Nacional reconhece e declara, na 
presença e sob a égide do Ser Supremo, os seguintes direitos do homem e do cidadão: Art.1º. Os homens nascem 
e são livres e iguais em direitos. As distinções sociais só podem fundamentar-se na utilidade comum. Art. 2º. A 
finalidade de toda associação política é a conservação dos direitos naturais e imprescritíveis do homem. Esses 
direitos são a liberdade, a propriedade a segurança e a resistência à opressão. Art. 3º. O princípio de toda a 
soberania reside, essencialmente, na nação. Nenhuma operação, nenhum indivíduo pode exercer autoridade que 
dela não emane expressamente. Art. 4º. A liberdade consiste em poder fazer tudo que não prejudique o próximo. 
Assim, o exercício dos direitos naturais de cada homem não tem por limites senão aqueles que asseguram aos 
outros membros da sociedade o gozo dos mesmos direitos. Estes limites apenas podem ser determinados pela 
lei. Art. 5º. A lei não proíbe senão as ações nocivas à sociedade. Tudo que não é vedado pela lei não pode ser 
obstado e ninguém pode ser constrangido a fazer o que ela não ordene. Art. 6º. A lei é a expressão da vontade 
geral. Todos os cidadãos têm o direito de concorrer, pessoalmente ou através de mandatários, para a sua 
formação. Ela deve ser a mesma para todos, seja para proteger, seja para punir. Todos os cidadãos são iguais a 
seus olhos e igualmente admissíveis a todas as dignidades, lugares e empregos públicos, segundo a sua 
capacidade e sem outra distinção que não seja a das suas virtudes e dos seus talentos. Art. 7º. Ninguém pode ser 
acusado, preso ou detido senão nos casos determinados pela lei e de acordo com as formas por esta prescritas. 
Os que solicitam, expedem, executam ou mandam executar ordens arbitrárias devem ser punidos; mas qualquer 
cidadão convocado ou detido em virtude da lei deve obedecer imediatamente, caso contrário torna-se culpado de 
resistência. Art. 8º. A lei apenas deve estabelecer penas estrita e evidentemente necessárias e ninguém pode ser 
punido senão por força de uma lei estabelecida e promulgada antes do delito e legalmente aplicada. Art. 9º. Todo 
acusado é considerado inocente até ser declarado culpado e, se julgar indispensável prendê-lo, todo o rigor 
desnecessário à guarda da sua pessoa deverá ser severamente reprimido pela lei. Art. 10º. Ninguém pode ser 
molestado por suas opiniões, incluindo opiniões religiosas, desde que sua manifestação não perturbe a ordem 
pública estabelecida pela lei. Art. 11º. A livre comunicação das ideias e das opiniões é um dos mais preciosos 
direitos do homem. Todo cidadão pode, portanto, falar, escrever, imprimir livremente, respondendo, todavia, pelos 
abusos desta liberdade nos termos previstos na lei. Art. 12º. A garantia dos direitos do homem e do cidadão 
necessita de uma força pública. Esta força é, pois, instituída para fruição por todos, e não para utilidade particular 
daqueles a quem é confiada. Art. 13º. Para a manutenção da força pública e para as despesas de administração 
é indispensável uma contribuição comum que deve ser dividida entre os cidadãos de acordo com suas 
possibilidades. Art. 14º. Todos os cidadãos têm direito de verificar, por si ou pelos seus representantes, da 
necessidade da contribuição pública, de consenti-la livremente, de observar o seu emprego e de lhe fixar a 
repartição, a coleta, a cobrança e a duração. Art. 15º. A sociedade tem o direito de pedir contas a todo agente 
público pela sua administração. Art. 16º. A sociedade em que não esteja assegurada a garantia dos direitos nem 
estabelecida a separação dos poderes não tem Constituição. Art. 17.º Como a propriedade é um direito inviolável 
e sagrado, ninguém dela pode ser privado, a não ser quando a necessidade pública legalmente comprovada o 
exigir e sob condição de justa e prévia indenização. Disponível em: 
http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Documentos-anteriores-%C3%A0-cria%C3%A7%C3%A3o-da-
Sociedade-das-Na%C3%A7%C3%B5es-at%C3%A9-1919/declaracao-de-direitos-do-homem-e-do-cidadao-
1789.html 
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equilíbrio ambiental; d) direitos humanos de quarta dimensão: direito ao patrimônio 
genético em face dos avanços da biotecnologia18 e; e) direitos humanos de quinta 
dimensão: conforme colocado por Paulo Bonavides, o direito à paz (embora maioria da 
doutrina aloque o direito à paz como direito humano de terceira dimensão). 
5.2) Antecedentes históricos do direito/processo coletivo: a) ações populares no direito 
romano: já no direito romano se identificavam mecanismos que permitiam ao cidadão a 
defesa dos logradouros públicos, coisas de uso comum e domínios do povo; b) bill of Peace 
inglês (século XVII): consistia numa autorização a pedido do autor da ação individual para 
que ela passasse a ser processada coletivamente, ou seja que o provimento beneficiasse os 
direitos de todos, tratando a questão de maneira uniforme; c) Revolução industrial: início da 
produção em massa, que foi ideal para o surgimento de uma nova sociedade, a de massa, 
cujas principais características são a produção em massa, consumo em massa, e para 
legitimá-los, contratos em massa, fazendo campo fértil aos conflitos de massa. Em paralelo a 
isso, também é interessante notar a evolução no conceito do próprio Estado e seus impactos 
aqui relacionados: 1) Estado de direito (liberal): conceito tipicamente liberal, que se 
caracterizava por: a) submeter-se ao império da lei; b) divisão de poderes; c) enunciado e 
garantias dos direitos individuais; 2) Estado Social: o individualismo e o abstencionismo ou 
neutralismo do Estado liberal provocaram inúmeras injustiças e os movimentos sociais do 
século passado revelaram a insuficiência das liberdades burguesas, dando azo à necessidade 
da justiça social. Os regimes constitucionais ocidentais prometem, explicita ou implicitamente, 
realizar o Estado Social de Direito, quando definem um capítulo em suas Constituições aos 
direitos econômicos e sociais; 3) Estado Democrático de direito: o Estado social de direito 
e o Estado liberal de direito nem sempre se caracterizaram por serem democráticos. Logo, o 
Estado democrático de direito não significa apenas unir formalmente os conceitos de Estado 
Democrático e Estado de Direito. A democracia que o Estado Democrático de Direito realiza 
há de ser um processo de convivência social numa sociedade livre, justa e solidária, em que 
o poder emana do povo, e deve ser exercido em proveito do povo, diretamente ou por 
representantes eleitos, participativa, porque envolve a participaçãocrescente do povo no 
processo decisório e na formação dos atos de governo, pluralista porque respeita a 
pluralidade de ideias, culturas e etnias e pressupõe, assim, um diálogo entre opiniões e 
pensamentos diferentes, com a liberação da pessoa humana de qualquer forma de opressão. 
 
18 Alguns deles podem ser conferidos na lei de biossegurança: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2005/lei/l11105.htm 
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 Conclusão: Historicamente, verifica-se que os interesses transindividuais não foram 
facilmente identificados e agrupados de maneira que pudessem ser devidamente 
assegurados. Escondidos nos rincões de uma sociedade eminentemente marcada pela 
individualidade e egoísmo, os direitos coletivos somente vieram à tona após largas 
transformações sociais, impulsionadas pela Revolução Industrial e pelo advento do 
Estado Social de Direito. Em verdade, a coletividade somente presenciou uma eclosão 
dos interesses massificados após sofrerem o limite de suas transgressões, fazendo com 
que esses direitos, até então tímidos e ocultos, emergissem ao plano social 
evidenciando sua urgência por tutela e reconhecimento19. 
5.3) Primeiras questões processuais (de possível conflito) surgidas com o processo 
coletivo: Na década de 70, devido a influência divulgada nas class actions20 do direito norte-
americano (que serão estudadas especificamente em aulas seguintes), dois juristas 
excepcionais, representantes de distintas correntes jurídicas mundiais (commom e civil law), 
enriqueceram o direito moderno com aquilo que eles vieram denominar de “ondas 
renovatórias do direito processual”. Mauro Cappelletti e Bryant Garth destinaram, em sua 
festejada obra (O acesso à justiça, 1976), a segunda das três grandes ondas renovatórias do 
direito processual à necessidade de coletivização do processo21. No Brasil, o CPC de 1973 
ainda estava voltado à solução de demandas individuais. Contudo, o modelo individualista, já 
em meados do século XX se mostrava insuficiente à solução e salvaguarda dos direitos 
coletivos, por imposição da nova ordem social. Identificam-se alguns dos principais: 1) a 
questão da legitimidade: artigo 18, do CPC/1522: “Ninguém poderá pleitear direito alheio em 
nome próprio, salvo quando autorizado pelo ordenamento jurídico”; 2) a questão da coisa 
julgada: de acordo com a redação do CPC/73, os efeitos da coisa julgada deveriam se 
restringir às partes do processo e para que os lesados ou ameaçados de lesão nas questões 
de massa pudessem se beneficiar da sentença, deveriam propor cada um sua ação individual 
 
19 Mais informações em: http://www.esmp.sp.gov.br/revista_esmp/index.php/RJESMPSP/article/viewFile/43/26 
20 Class action pode ser compreendida como o remédio através do qual uma ou mais pessoas, devidamente 
representadas por um advogado, iniciam ou mantêm uma ação em nome de um grupo de pessoas, de uma classe, 
para obter a solução de um conflito coletivo de interesse. Assim, as class actions norte-americanas tratam de 
assuntos que interessam a todo o globo, tais como acidentes de aviões, implantes de silicone, fraudes de 
seguradoras, casos de discriminação, etc. Mais informações em: http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=9405 
21 São as principais ondas identificáveis: A primeira onda diz respeito à assistência judiciária aos pobres e está 
relacionada ao obstáculo econômico do acesso à justiça. A segunda onda refere-se à representação dos 
interesses difusos em juízo e visa contornar o obstáculo organizacional do acesso à justiça. A terceira onda, 
denominada de “o enfoque do acesso à justiça”, detém a concepção mais ampla de acesso à justiça e tem como 
escopo instituir técnicas processuais adequadas e melhor preparar estudantes e aplicadores do direito. Mais 
informações em: https://jus.com.br/artigos/26143/as-ondas-renovatorias-de-acesso-a-justica-sob-enfoque-dos-
interesses-metaindividuais 
22 Os dispositivos mencionados serão sempre do CPC vigente, de 2015. Quando a referência feita for ao CPC/73, 
será expressamente mencionado no texto. 
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(artigo 47223). O texto atual já não exclui a possibilidade de a sentença beneficiar a terceiros 
(artigo 506, do CPC/1524); 3) risco de decisões conflitantes, gerando desrespeito à segurança 
jurídica e ao prestígio do Poder Judiciário; 4) morosidade e gastos excessivos; 5) criação de 
litigiosidade contida – exemplo: banco com 10 milhões de correntistas cobra uma taxa ilegal 
de R$ 1,50. Muitos dos lesados não ingressariam com ação individual, seja pelo valor, seja 
por crer que não há necessidade de movimentação da justiça pelo referido montante e; 6) 
pouca efetividade nas decisões: no exemplo anterior, uma sentença que condene o banco a 
ressarcir R$ 1,50 terá pouca ou nenhuma efetividade ou condição de inibir futura conduta. 
5.4) Evolução no ordenamento jurídico – o Microssistema de processo coletivo. 
a) Definição e conceito: um microssistema legal pode ser definido como a 
instrumentalização harmônica de diversos diplomas legais (Constituição Federal, Códigos, 
Leis especiais, Estatutos etc.), destinados ao trato particular de determinada matéria, cuja 
amplitude e peculiaridade exijam aplicação conjunta dos comandos normativos para efetiva 
aplicação de seus ditames. Gregório Assagra de Almeida anota que esse tipo de 
sistematização teve incidência no Brasil a partir das décadas de 1960 e 1970, apresentando 
uma nova metodologia legislativa representada pelos seguintes fatores: “Abandono da técnica 
legislativa de elaboração de comandos normativos genéricos e neutros; definição dos 
objetivos da política legislativa com finalidades próprias de um Estado promocional de valores 
e políticas públicas por meio do Direito; utilização de expressões setoriais com o abandono 
do caráter universal e precisão linguística das codificações clássicas; regulamentação 
exaustiva e extensa das matérias, de forma a abranger questões do direito material, do direito 
processual, do direito material penal, do direito administrativo, abrangendo vários ramos do 
Direito dentro de uma concepção multidisciplinar e transversal; reconhecimento de novos 
sujeitos dos direitos com a implementação de tutela jurídica de direitos ou interesses difusos, 
coletivos e individuais homogêneos”25. Houve, assim, um deslocamento do monossistema 
clássico norteador do direito privado e dos códigos oitocentistas para uma nova realidade, 
composta por uma pluralidade de estatutos autônomos, dispostos a preservar os valores 
jurídicos fundamentais inalcançáveis pelo corpo legislativo monolítico. Os principais 
esforços da engenharia jurídica para a efetividade da defesa coletiva de direitos no 
Brasil iniciaram-se com a Lei de Ação Popular (Lei nº 4.717/65), depois se ampliando com 
 
23 Art. 472. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não beneficiando, nem prejudicando 
terceiros. Nas causas relativas ao estado de pessoa, se houverem sido citados no processo, em litisconsórcio 
necessário, todos os interessados, a sentença produz coisa julgada em relação a terceiros. 
24 Art. 506. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não prejudicando terceiros. 
25 ALMEIDA, Gregório de Assagra. Codificação do direito processualcoletivo brasileiro: análise crítica das 
propostas existentes e diretrizes para uma nova proposta de codificação. Belo Horizonte: Del Rey, 2007. 
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a aprovação da Lei de Ação Civil Pública (Lei nº 7.347), em 1985. A Lei da Política Nacional 
do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/81), que permitiu ao MP ajuizar ação de responsabilidade 
civil em face de dano ambiental e desabrochou, enfim, com a Constituição Federal de 1988, 
que ampliou o objeto da ação popular (artigo 5º, LXXIII26) e previu o mandado de segurança 
coletivo (artigo 5º, LXX27), regulamentado na lei nº 12.016/2009, seguida do Código de 
Defesa do Consumidor em 1990 (Lei nº 8.072). Por conseguinte, vieram os códigos 
setorizados e os estatutos, bem como as legislações especiais, as quais passaram a 
complementar e integrar o sistema utilizado para a proteção dos interesses difusos, coletivos 
stricto sensu e individuais homogêneos, como por exemplo: o ECA, Estatuto do Idoso, 
Antitruste, entre outras (que serão estudadas neste semestre). 
b) o Microssistema atual: o microssistema de processo coletivo pode ser tomado como o 
microssistema mais complexo do direito brasileiro, quiçá um dos mais complexos do mundo. 
Nota-se que sua formação é composta pela reunião intercomunicante de diversos diplomas 
legais, dos mais variados ramos do direito, e não só por influência de normas gerais. Esses 
conjuntos de leis interpenetram-se e subsidiam-se, compondo um microssistema 
independente do Código de Processo Civil (que se aplica apenas residualmente, e não 
subsidiariamente, como de costume ocorre em nosso ordenamento). Em recente 
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, definiu-se o microssistema de processo 
coletivo, em voto do eminente Ministro Luiz Fux, hoje membro do STF: “A lei de improbidade 
administrativa, juntamente com a lei de ação civil pública, da ação popular, do mandado de 
segurança coletivo, do Código de Defesa do Consumidor e do Estatuto da Criança e do 
Adolescente e do Idoso, compõem um microssistema de tutela dos interesses transindividuais 
e sob esse enfoque interdisciplinar interpenetram-se e subsidiam-se” (REsp 510.150/MA). 
c) Codificações e tentativas: O Código Modelo de Processo Coletivo foi um projeto do 
Instituto Ibero-Americano de Direito Processual. A Comissão Organizadora, composta por 
ninguém menos que Ada Pellegrini Grinover, Kazuo Watanabe e Antonio Gidi, elaborou o 
anteprojeto e o apresentou em outubro de 2002, durante a XVIII Jornada do Instituto Ibero-
Americano, ocorrida em Montevidéu – Uruguai. Posteriormente, em 2004, o anteprojeto foi 
revisado por outra comissão de renomados processualistas, ocasião em que se confeccionou 
uma nova versão do texto, que foi apresentada e debatida no Congresso de Roma, gerando 
 
26 (...) LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio 
público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio 
histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência; 
27 (...) LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: a) partido político com representação no 
Congresso Nacional; b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em 
funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados; 
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então uma terceira versão do trabalho. Esta última versão foi aceita e aprovada pela Comissão 
Revisora durante a Jornada Ibero-Americana realizada em Caracas, em outubro de 2004, 
transformando-se, finalmente, em um Projeto oficial de Código de Processo Coletivo. Os 
Códigos-Modelo originaram-se de estudos e trabalhos doutrinários colhidos ao longo dos 
tempos, que objetivavam estabelecer princípios e regras de interpretação jurídica comum a 
países de culturas próximas. Além disso, serviam como fonte de inspiração para reformas 
legislativas, graças à experiência jurídica colhida entre as nações participantes. Divide-se em 
sete capítulos o conteúdo do Anteprojeto de Código-Modelo de Processo Coletivo para a 
Ibero-América. Como principal avanço, anota-se a introdução a um processo coletivo 
estruturado como ciência processual independente, em que as discussões giravam em torno 
da necessidade de adequação dos institutos processuais de direito intersubjetivo, a fim de 
obter uma tutela verdadeiramente coletiva. Por outro lado, pecava o Anteprojeto pela ausência 
de previsão das chamadas tutelas de urgência, um dos principais instrumentos destinados à 
defesa dos direitos coletivos lato sensu. Além disso, a falta de adesão dos países participantes 
ao sistema único proposto, bem como a extrema “americanização” das normas do Código-
Modelo, quase que em sua totalidade baseadas em regras das class actions do direito ianque, 
dificultava ainda mais o sucesso de um Código Modelo das Américas (objeto de crítica por 
Nelson Nery Jr.). 
 Atualmente, está em tramitação o projeto de lei nº 5.139/200928, que busca a 
unificação de procedimentos e dispõe sobre regras de processo coletivo (além de 
conceitos, princípios, pressupostos processuais, técnicas para tutela coletiva, sentenças 
e coisa julgada)29. 
5.5) Objeto do direito coletivo – os direitos transindividuais (ou supraindividuais, ou 
metaindividuais, ou direitos coletivos em sentido amplo) – direitos difusos, coletivos 
(em sentido estrito) e individuais homogêneos. 
a) Introdução: o texto básico para a tutela judicial dos interesses metaindividuais foi, como 
se viu, a Lei nº 7.347/85, que, a seu turno, já sofreu inovações, a saber: em seu objeto: artigo 
 
28 O andamento das deliberações da Câmara dos Deputados sobre o projeto pode ser conferido aqui: 
http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=432485 
29 A íntegra do projeto pode ser conferida aqui: 
http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=7728379E16A9B3B3BBC1B16E9AC
A72A8.proposicoesWeb1?codteor=651669&filename=PL+5139/2009 
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1º, caput e incisos IV, V e VI30; na Lei nº 8.078/90, artigo 11031; na legitimação ativa: Lei nº 
8.078/90, artigos 111, 112, 11332; na execução (artigo 15 da Lei nº 8.078/90, artigo 11433); na 
coisa julgada (artigo 16, da Lei nº 9.494/97); no ônus da sucumbência (artigos 17 e 18 da 
Lei nº 8.078/90, artigo 11534). Além disso, o artigo 21 foi acrescentado, por força do artigo 117 
da Lei nº 8.078/9035. Obviamente, as alterações não param por aí, na medida em que a fluidez 
dos interesses emergentes de fatos capazes de repercutirem coletivamente estão a reclamar 
proteção. 
b) Conceito: artigo 81, do CDC. Embora o direito coletivo já tenha personalidade formal, 
desde a concepção da lei da ação popular, o conceito somente foi dado à partir do Código de 
Defesa do Consumidor (e não se pode deixar de levar em conta o concito dado pelo Projeto 
de Lei nº 5.139/200936). Para a conceituação de cada um deles, a lei utiliza-se de três 
 
30 Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as açõesde responsabilidade por 
danos morais e patrimoniais causados: (Redação dada pela Lei nº 12.529, de 2011). l - ao meio-ambiente; ll - ao 
consumidor; III – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; IV - a qualquer outro 
interesse difuso ou coletivo. (Incluído pela Lei nº 8.078 de 1990) V - por infração da ordem econômica; (Redação 
dada pela Lei nº 12.529, de 2011). VI - à ordem urbanística. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de 2001) 
VII – à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos. (Incluído pela Lei nº 12.966, de 2014) VIII 
– ao patrimônio público e social. (Incluído pela Lei nº 13.004, de 2014) Parágrafo único. Não será cabível 
ação civil pública para veicular pretensões que envolvam tributos, contribuições previdenciárias, o Fundo de 
Garantia do Tempo de Serviço - FGTS ou outros fundos de natureza institucional cujos beneficiários podem ser 
individualmente determinados. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de 2001) 
31 Art. 110. Acrescente-se o seguinte inciso IV ao art. 1° da Lei n° 7.347, de 24 de julho de 1985: "IV - a qualquer 
outro interesse difuso ou coletivo". 
32 Art. 111. O inciso II do art. 5° da Lei n° 7.347, de 24 de julho de 1985, passa a ter a seguinte redação: "II - inclua, 
entre suas finalidades institucionais, a proteção ao meio ambiente, ao consumidor, ao patrimônio artístico, estético, 
histórico, turístico e paisagístico, ou a qualquer outro interesse difuso ou coletivo". Art. 112. O § 3° do art. 5° da Lei 
n° 7.347, de 24 de julho de 1985, passa a ter a seguinte redação:"§ 3° Em caso de desistência infundada ou 
abandono da ação por associação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado assumirá a titularidade 
ativa". Art. 113. Acrescente-se os seguintes §§ 4°, 5° e 6° ao art. 5º. da Lei n.° 7.347, de 24 de julho de 1985: "§ 
4.° O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo juiz, quando haja manifesto interesse social 
evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser protegido. § 
5.° Admitir-se-á o litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da União, do Distrito Federal e dos Estados 
na defesa dos interesses e direitos de que cuida esta lei. (Vide Mensagem de veto) (Vide REsp 222582 /MG - STJ) 
§ 6° Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de ajustamento de sua conduta 
às exigências legais, mediante combinações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial". (Vide Mensagem 
de veto) (Vide REsp 222582 /MG - STJ) 
33 Art. 114. O art. 15 da Lei n° 7.347, de 24 de julho de 1985, passa a ter a seguinte redação: "Art. 15. Decorridos 
sessenta dias do trânsito em julgado da sentença condenatória, sem que a associação autora lhe promova a 
execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada igual iniciativa aos demais legitimados". 
34 Art. 115. Suprima-se o caput do art. 17 da Lei n° 7.347, de 24 de julho de 1985, passando o parágrafo único a 
constituir o caput, com a seguinte redação: “Art. 17. “Art. 17. Em caso de litigância de má-fé, a associação autora 
e os diretores responsáveis pela propositura da ação serão solidariamente condenados em honorários 
advocatícios e ao décuplo das custas, sem prejuízo da responsabilidade por perdas e danos”. 
35 Art. 117. Acrescente-se à Lei n° 7.347, de 24 de julho de 1985, o seguinte dispositivo, renumerando-se os 
seguintes: "Art. 21. Aplicam-se à defesa dos direitos e interesses difusos, coletivos e individuais, no que for cabível, 
os dispositivos do Título III da lei que instituiu o Código de Defesa do Consumidor". 
36 Art. 2o A tutela coletiva abrange os interesses ou direitos: I - difusos, assim entendidos os transindividuais, de 
natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas, ligadas por circunstâncias de fato; II - coletivos 
em sentido estrito, assim entendidos os transindividuais, de natureza indivisível, de que seja titular grupo, categoria 
ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base; e III - individuais 
homogêneos, assim entendidos aqueles decorrentes de origem comum, de fato ou de direito, que recomendem 
tutela conjunta a ser aferida por critérios como facilitação do acesso à Justiça, economia processual, preservação 
da isonomia processual, segurança jurídica ou dificuldade na formação do litisconsórcio. 
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características básicas: a) divisibilidade ou indivisibilidade do objeto; b) o fator de agregação 
dos sujeitos (situação de fato ou relação jurídica em comum e c) possibilidade ou 
impossibilidade de identificação dos titulares. 
Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das 
vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título 
coletivo. Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se 
tratar de: 
I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos 
deste código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam 
titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato; 
II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos 
deste código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja 
titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com 
a parte contrária por uma relação jurídica base; 
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim 
entendidos os decorrentes de origem comum. 
 DIREITOS DIFUSOS (artigo 81, inciso I): os direitos difusos são aqueles que 
possuem a mais ampla transindividualidade real. Além disso, têm como características 
a indeterminação dos sujeitos titulares – unidos por um vínculo meramente de fato -, a 
indivisibilidade ampla, a indisponibilidade, a intensa conflituosidade, a ressarcibilidade 
indireta - o valor devido e apurável por indenização vai para um fundo. 
 DIREITOS COLETIVOS (em sentido estrito – artigo 81, inciso II): têm como 
características a transindividualidade real restrita; a determinabilidade dos sujeitos 
titulares - grupo, categoria ou classe de pessoas -, unidos por uma relação jurídica-base; 
a divisibilidade externa e a divisibilidade interna; a disponibilidade coletiva e a 
indisponibilidade individual; a irrelevância de unanimidade social e a reparabilidade 
indireta. 
 DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS (artigo 81, inciso III): direitos 
acidentalmente coletivos, assim designados por José Carlos Barbosa Moreira, são 
aqueles que decorrem de uma origem comum, possuem transindividualidade 
instrumental ou artificial, os seus titulares são pessoas determinadas e o seu objeto é 
divisível e admite reparabilidade direta, ou seja, fruição e recomposição individual. O 
tratamento especial conferido aos direitos individuais homogêneos tem razões 
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pragmáticas, objetivando-se unir várias demandas individuais em uma única coletiva, 
por razões de facilitação do acesso à justiça e priorização da eficiência e da economia 
processuais. O que caracteriza um direito individual comum como homogêneo é a sua 
origem comum. A grande novidade trazida pelo CDC no particular foi permitir que esses 
direitos individuais pudessem ser defendidos coletivamente em juízo. Não se trata de 
pluralidade subjetiva de demanda (litisconsórcio), mas de uma única demanda, coletiva, 
objetivando a tutela dos titulares dos direitos individuais homogêneos. A ação coletiva 
para a defesa de direitosindividuais homogêneos é, grosso modo, a class 
action brasileira. 
c) de forma didática, tem-se: 
INTERESSES ESSENCIALMENTE COLETIVOS INTERESSE ACIDENTALMENTE 
COLETIVOS 
Difusos Coletivos Individuais homogêneos 
Transindividualidade real 
(material): essencialmente 
coletivos 
Transindividualidade real 
(material): essencialmente 
coletivos 
Transindividualidade artificial 
(formal): acidentalmente coletivos 
Objeto indivisível Objeto indivisível Objeto divisível 
Titulares agregados por 
circunstância de fato 
Titulares agregados por relação 
jurídica entre si ou com a parte 
contrária 
Titulares agregados por uma 
situação fática ou de direito 
Indeterminação absoluta dos 
titulares 
Titulares determináveis 
(indeterminação relativa) 
Titulares determináveis 
(indeterminação relativa) – de 
modo que se recomenda o 
tratamento conjunto (doutrina e 
jurisprudência) 
Exemplos: a) a proteção da 
comunidade indígena; b) da 
criança e do adolescente; c) das 
pessoas portadoras de deficiência; 
d) o direito de todos não serem 
expostos à propaganda enganosa 
e abusiva veiculada pela televisão, 
rádio, jornais, revistas, painéis 
publicitários; e) a pretensão a um 
meio ambiente hígido, sadio e 
preservado para as presentes e 
futuras gerações; f) o dano difuso 
gerado pela falsificação de 
produtos farmacêuticos por 
Exemplos: a) os direitos dos 
alunos de certa escola de terem a 
mesma qualidade de ensino em 
determinado curso; b) o interesse 
que aglutina os proprietários de 
veículos automotores ou os 
contribuintes de certo imposto; c) a 
ilegalidade do aumento abusivo 
das mensalidades escolares, 
relativamente aos alunos já 
matriculados; d) o aumento 
abusivo das mensalidades de 
planos de saúde, relativamente aos 
contratantes que já firmaram 
Exemplos (SEMPRE que 
determinados os titulares ou 
lesados): a) os compradores de 
carros de um lote com o mesmo 
defeito de fabricação (a ligação 
entre eles, pessoas determinadas, 
não decorre de uma relação 
jurídica, mas, em última análise, do 
fato de terem adquirido o mesmo 
produto com defeito de série); b) o 
caso de uma explosão do Shopping 
de Osasco, em que inúmeras 
vítimas sofreram danos; c) um 
alimento que venha gerar a 
Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU 
Tutelas coletivas do consumo e meio ambiente – 2018.1 
 
 
Professor Gustavo Belucci 
18 
laboratórios químicos 
inescrupulosos; g) a destruição, 
pela famigerada indústria edilícia, 
do patrimônio artístico, estético, 
histórico turístico e paisagístico; h) 
a defesa do erário público; i) o dano 
nefasto e incalculável de cláusulas 
abusivas inseridas em contratos 
padrões de massa; j) produtos com 
vícios de qualidade ou quantidade 
ou defeitos colocados no mercado 
de consumo, entre outros. 
contratos; e) o dano causado a 
acionistas de uma mesma 
sociedade ou a membros de uma 
associação de classe (OAB, 
médicos, engenheiros etc.), entre 
outros. 
intoxicação de muitos 
consumidores – podendo-se 
identificar os lesados; d) danos 
sofridos por inúmeros 
consumidores em razão de uma 
prática comercial abusiva – 
podendo-se identificar os lesados 
e) sendo determinados, os 
moradores de sítios que tiveram 
suas criações dizimadas por conta 
da poluição de um curso d'água 
causada por uma indústria; f) 
pessoas determinadas 
contaminadas com o vírus da 
AIDS, em razão de transfusão de 
sangue em determinado hospital 
público. 
 Complemento: a) tese de doutorado do professor Renato Patrício Teixeira, 
apresentada perante a PUC/MG – “Legitimação para agir no processo coletivo”, que 
inclui diversos temas que serão vistos ao longo do curso. Disponível em: 
http://www.biblioteca.pucminas.br/teses/Direito_TeixeiraRP_1.pdf; b) SARMENTO, 
Daniel. Interesses Públicos Versus Interesses Privados: Desconstruindo o Princípio da 
Supremacia do Interesse Público. 2ª tiragem. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007. 
1) Artigos: a) microssistema e processos coletivos: 
http://www.esmp.sp.gov.br/revista_esmp/index.php/RJESMPSP/article/viewFile/43/26; 
b) http://www.abdpc.org.br/artigos/artigo14.htm; c) Diferenciação entre eles: 
http://www.juristas.com.br/informacao/artigos/direitos-difusos-coletivos-em-sentido-
estrito-e-individuais-homogeneos-conceito-e-diferenciacao/1938/ 
2) Sites: Ministério Público do Estado de São Paulo – há uma série de doutrinas, 
julgados e pareceres sobre os temas que serão tratados ao longo do semestre: 
http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/procuradoria_interesses_difusos_coletivos 
3) Livro: De forma simples e direta, temos a colocação do tema da aula na Coleção 
Esquematizado: ANDRADE, Adriano; MASSON Cléber; ANDRADE, Landolfo. 
Interesses Difusos e Coletivos Esquematizado. 5ª Edição. São Paulo: Método, p. 1-
38. 
4) Revista eletrônica: http://www.processoscoletivos.com.br/ - há muita doutrina e 
informações.

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