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Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU Tutelas coletivas do consumo e meio ambiente – 2018.1 Professor Gustavo Belucci 1 TUTELAS COLETIVAS DO CONSUMO E MEIO AMBIENTE EMENTA DA DISCIPLINA: a disciplina aborda a tutela dos direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos com foco no direito do consumidor e no direito ambiental, seus princípios, regras específicas e aspectos relacionados à responsabilidade civil consumerista e ambiental, bem como as normas fundamentais da tutela jurisdicional coletiva. OBJETIVOS DA DISCIPLINA: Identificar a teoria geral do processo coletivo. Identificar as características da tutela preventiva e repressiva por danos causados aos consumidores, bem como os elementos distintivos da proteção aos seus interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos. Identificar as características da tutela preventiva e repressiva por danos causados ao meio ambiente. Diferenciar, debater e criticar as modalidades de defesa dos interesses difusos e coletivos estudados. APRESENTAÇÃO DO PROFESSOR: Graduado em Direito pela FMU. Especialista em Direito Penal e Processo Penal pela FMU. Mestre em Direito Processual Civil pela PUC/SP. Advogado em São Paulo. E-mail para contato: gustavo.belucci@gmail.com ROTINA E SISTEMÁTICA DAS AULAS: Acompanhamento com a Constituição Federal e a lei infraconstitucional (CPC). ENVIO DO ROTEIRO DAS AULAS MINISTRADAS: ao final de toda aula é enviado um roteiro com as discussões travadas em sala e alguns pontos complementares para estudo. ATENÇÃO: Este roteiro é apenas um esboço para o acompanhamento das aulas. Não é material suficiente para fins de estudo completo, que DEVERÁ SEMPRE ser complementado com a bibliografia indicada e com a leitura dos dispositivos legais. O estudo feito aqui pode eventualmente incluir conceitos de outros professores consagrados, pois é elaborado com fins meramente de orientação dos alunos para acompanhamento das aulas, sem finalidade de divulgação ou cópia das respetivas obras. Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU Tutelas coletivas do consumo e meio ambiente – 2018.1 Professor Gustavo Belucci 2 BIBLIOGRAFIA: a) MAZZILLI, Hugo Nigro. A defesa dos interesses difusos em juízo: meio ambiente, consumidor, patrimônio cultural, patrimônio público e outros interesses. 27ª. ed. São Paulo: Saraiva: 2014; b) YOSHIDA, Consuelo Yatsuda Moromizato. Tutela dos interesses difusos e coletivos. 2ª ed. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2006 e c) VIGLIAR, José Marcelo Menezes. Tutela jurisdicional coletiva. 4ª ed. São Paulo: Atlas. 2013, além da bibliografia complementar colocada no plano de ensino. A D V E R T Ê N C I A Este roteiro é apenas um esboço para o acompanhamento das aulas. Não é material suficiente para fins de estudo completo, que DEVERÁ SEMPRE ser complementado com a bibliografia indicada e com a leitura dos dispositivos legais. O estudo feito aqui pode eventualmente incluir conceitos de outros professores consagrados, pois é elaborado com fins meramente de orientação dos alunos para acompanhamento das aulas, sem finalidade de divulgação ou cópia das respetivas obras. Aula 1 – Apresentação do curso - interesses e direitos. EMENTA: Identificar o que é interesse jurídico, diferenciando o interesse público e o privado, o social e o individual. Identificar o que são interesses sociais difusos, coletivos e individuais homogêneos. Aplicar os conceitos para lidar com as relações jurídicas em suas implicações práticas. 1) Introdução. Aperfeiçoamento e evolução da sociedade e novas modalidades de conflitos. A vida em sociedade tem submetido o homem a conflitos outrora inimagináveis. É crescente o aumento no número de conflitos quantitativamente e qualitativamente. E o direito, dinâmico que é, não está alheio a estas mudanças, tendo oferecido uma série de instrumentos para combate dos conflitos que tem assolado a sociedade. Acostumado, contudo, a embates de natureza individual, o homem hoje se depara com verdadeiros conflitos de massa; e como consequência, para atender a essas novas demandas, houve a necessidade de se reexaminar alguns institutos. Por exemplo, no Brasil, o legislador mobilizou-se, criando diplomas que buscam salvaguardar preditos direitos, a exemplo das Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU Tutelas coletivas do consumo e meio ambiente – 2018.1 Professor Gustavo Belucci 3 Leis nº 4.717/65 (Lei da Ação Popular - LAP1) 7.347/85 (Lei Da Ação Civil Pública – LACP2) e 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor3), 12.016/2009 (Lei do Mandado de Segurança4) entre outras. São estas modificações no cotidiano das pessoas que dão origem à disciplina e que serão objeto de estudo no semestre. 2) Interesse e Direito. 2.1) Acepções do vocábulo “interesse”: O termo interesse tem diferentes acepções. Segundo o dicionário, pode ser: “lucro material; ganho; aquilo que convém; que importa, seja em que domínio for; sentimento de cobiça, de zelo, simpatia; curiosidade; pretensão; necessidade”5. Para a doutrina, tem –se: i) Marcelo Paulo Maggio: “etimologicamente, interesse deriva de inter e esse, subsumindo-se, por conseguinte, em estar entre6”; ii) Rodolfo de Camargo Mancuso: “tem natureza pecuniária ou moral7”; iii) Aloísio Gonçalves de Castro Mendes: “indica a pretensão que se baseia ou pode basear-se em direito8”; iv) Inácio de Carvalho Neto: “o interesse interliga uma pessoa a um bem da vida, em virtude de um determinado valor que esse bem possa representar para aquele indivíduo9”; v) Francesco Carnelutti: “o interesse aparece como uma relação entre uma necessidade do homem e um certo ato a satisfazê-la10”. Conclusão: o interesse tem maior mobilidade que o direito, visto que decorre naturalmente da mera atividade humana. Pode ou não ter conotação jurídica. Quando não há conotação jurídica, o interesse não busca na norma um referencial, um cânone de comportamento (exemplo: interesse em carros esportivos, celulares etc.). Quando há conotação jurídica: os interesses sofrem a apreensão axiológica segundo a valoração predeterminada na norma. Situam-se no plano ético-normativo. Nessa dimensão, os interesses apresentam-se como uma possibilidade de vantagem a ser atingida, considerada sob a perspectiva do direito e, portanto, desde que tenham sido 1 Disponível na íntegra em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4717.htm 2 Disponível na integra em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7347orig.htm 3 Disponível na íntegra em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8078.htm 4 Disponível na íntegra em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l12016.htm 5 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986, p. 957. 6 MAGGIO, Marcelo Paulo. Condições da ação: com ênfase à ação civil pública para a tutela dos interesses difusos. Curitiba: Juruá, 2005, p. 85. 7 MANCUSO, Rodolfo de Camargo. Interesses difusos: conceito e legitimação para agir. São Paulo: RT, 2004, p. 19. 8 MENDES, Aloísio Gonçalves de Castro. Ações coletivas no direito comparado e nacional. São Paulo, RT, 2002, v. 4, p. 201. 9 CARVALHO NETO, Inácio de. Manual de processo coletivo. Curitiba: Juruá, 2005, p. 15. 10 CARNELUTTI, Francesco. Lezioni di diritto processuale civile. Pádua: Cedam, 1926, v. I, p. 3. Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU Tutelas coletivas do consumo e meio ambiente – 2018.1 Professor Gustavo Belucci4 juridicamente regulados. Tornam-se, assim, relevantes juridicamente, carecendo de proteção11. 2.2) Conceitos e características: a) interesse: Rodolfo de Camargo Mancuso12, manifestando-se a respeito dos interesses atribui a eles as seguintes características que juntas formam seu conceito: i) geram a impossibilidade de se projetarem além do campo psicológico do indivíduo, vez que não são exigíveis, tampouco dão azo a certos comportamentos de terceiros; ii) geram efeitos introspectivos, vez que compete a cada indivíduo fruir de eventual obtenção da vantagem desejada; iii) suscitam postura de indiferença do Estado e de terceiros; b) direito (conceito que não esgota o tema!): objetivo: o direito objetivo é o conjunto de normas que o estado mantém em vigor. Constitui uma entidade objetiva frente aos sujeitos de direitos, que se regem segundo ele. Sendo assim, é o conjunto de normas que obrigam a pessoa a um comportamento consentâneo com a ordem social. Ou seja, através das normas, determina a conduta que os membros da sociedade devem observar nas relações sociais. O direito objetivo é tudo que está previsto na lei, como por exemplo, o caso da gestante que tem direito a licença à maternidade, esse direito está previsto na lei, na constituição. Também chamado de direito positivo, pois é um direito posto. Ou seja, o conjunto de regras (leis, costumes, regulamentos) que preside à nossa vida em sociedade - a norma de agir (NORMA AGENDI); e subjetivo: o direito subjetivo, designa a faculdade da pessoa de agir dentro das regras do direito (FACULTAS AGENDI). É o poder que as pessoas têm de fazer valer seus direitos individuais. Então, nasce da vontade individual. É a faculdade de alguém fazer ou deixar fazer alguma coisa, de acordo com a regra de ação, ou seja, de acordo com a norma. Os direitos subjetivos revelam poder e dever. Poder de cobrar e dever de pagar uma dívida. Está ligado a pessoa, exige o direito objetivo que está na lei. Exemplo: pode-se exigir a licença à maternidade, sendo esse direito objetivo; mas é preciso provar esse direito subjetivo, ou seja, provar a gravidez. A posição de Rudolf von Ihering acerca de direitos x interesses13: o direito (direito subjetivo) é o interesse juridicamente tutelado. O interesse é, pois, componente do direito. A visão de Ihering é, também, utilitarista. Para Ihering a lei não se restringe à proteção da liberdade individual, tendo como escopo o estabelecimento do equilíbrio entre o princípio individualista e o social. Assim, o indivíduo existe para si e para a sociedade. Daí, qualificar-se como um utilitarista social. Consoante o predito autor, o 11 CARVALHO NETO, Inácio de. Manual de processo coletivo. Curitiba: Juruá, 2005, p. 16. 12 MANCUSO, Rodolfo de Camargo. Interesses difusos: conceito e legitimação para agir. São Paulo: RT, 2004, p. 24. 13 Mais informações em: http://www.biblioteca.pucminas.br/teses/Direito_TeixeiraRP_1.pdf Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU Tutelas coletivas do consumo e meio ambiente – 2018.1 Professor Gustavo Belucci 5 direito existe para viabilizar a satisfação das necessidades cotidianas, refletindo, destarte, o caráter finalista dessa ciência. A norma não tem sentido se não objetivar a realização de um fim. Nessa linha, o direito seria formado por dois elementos: um substancial, que se traduz no fim prático a que se destina realizar; o gozo. O outro elemento, o formal, subsume-se no mecanismo de se proteger o direito, na segurança jurídica do gozo. Para Ihering, todo direito reflete, na verdade, um interesse reconhecido pelo legislador e digno de proteção. E a recíproca é verdadeira, haja vista que para o renomado autor o interesse só tem serventia para o direito quando protegido pela norma. 2.3) Diferenciação e conclusão: tem-se, portanto, que “o interesse sempre será um momento anterior à formação do próprio direito. O direito pressupõe um processo de validação do interesse pela sociedade, seja pelo consenso e respeito à manifestação do interesse individual pela coletividade, seja pela adoção de um processo de validação substitutivo do processo de validação espontâneo pela sociedade, que é o processo judicial”14. 2.4) Qual das expressões é correta? Direito ou interesse15: vai depender da doutrina escolhida. José Marcelo Menezes Vigliar opta pela expressão “interesses” ao entender que a expressão “direito” traz uma grande carga de individualismo, fruto da tradição acadêmica pátria, sempre tendente a associar a defesa de direitos por intermédio do emprego de ações. Essa perspectiva acaba, pois, colocando o processo civil a serviço do autor, ou seja, daquele que afirma a posição favorável a partir do ordenamento jurídico; Ricardo de Barros Leonel também optou pela expressão “interesses” ao entender que há, nessa expressão, uma maior amplitude de tutela para situações não reconhecidas como direitos subjetivos. E sustenta o seu posicionamento com os seguintes argumentos: “Não se desconhece a concepção pela qual o interesse legítimo é uma posição jurídica subjetiva, substancial e autônoma com respeito à demanda, consagrada a um indivíduo que se encontra numa posição particular diferenciada (posição legitimante) perante a Administração Pública, decorrente de uma precedente relação de direito privado ou público, assegurando-lhe a faculdade de pretender a anulação de um ato administrativo. Dentro desta ideia, inadmissível seria a confusão deste conceito com o de direito subjetivo, pois de acordo com este raciocínio, o interesse legítimo identificaria posição de igualdade entre as partes enquanto o direito subjetivo, posição de desigualdade, com preeminência de seu titular”; Hugo Nigro Mazzilli elegeu a expressão 14 MACIEL JÚNIOR, Vicente de Paula. Teoria do direito coletivo: direito ou interesse (difuso, coletivo e individual homogêneo)? Revista Virtuajus, p. 25. 15 Mais informações em: http://ambito- juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=14625&revista_caderno=10 Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU Tutelas coletivas do consumo e meio ambiente – 2018.1 Professor Gustavo Belucci 6 “interesse” para se referir aos direitos transindividuais e individuais homogêneos não obstante esclarecer que: “[...] ambas as expressões estão corretas, mas significam coisas diversas. Para os fins que ora nos dizem respeito, interesse é pretensão; direito é a pretensão amparada pela ordem jurídica. Assim, p. ex., uma ação civil pública que busque a tutela de valores transindividuais que, ao final, se vejam definitivamente reconhecidos como inexistentes, essa ação objetivou a defesa dos interesses difusos; já outra ação que busque a tutela de valores transindividuais definitivamente reconhecido como existentes objetivou a defesa de direito difusos. EM SENTIDO CONTRÁRIO: o professor Fredie Didier Jr., por outro lado, observa que “[...] o termo ´ interesses´ é expressão equívoca, sendo que não poucos juristas brasileiros apontaram a questão, seja porque consideraram não existir diferença prática entre direitos e interesses, seja porque os direitos difusos e coletivos foram constitucionalmente garantidos (v.g., Título II, Capítulo I, da CF/88). Cabe, por dever de precisão, afastar a erronia. Vale lembrar, não se trata de defesa de interesses e, sim, de direitos, muitas vezes, previstos no próprio texto constitucional”. Exemplo: Jurisprudência do STJ que aplica direitos e interesses com conotação de sinônimos: “PROCESSUAL CIVIL. ASSOCIAÇÃO DE MUNICÍPIOS. ILEGITIMIDADEATIVA PARA TUTELAR, EM NOME PRÓPRIO, DIREITOS E INTERESSES DE PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO. 1. Hipótese em que se discute a legitimidade ativa da Associação Piauiense de Municípios para defender direito de seus filiados. 2. O Superior Tribunal de Justiça possui entendimento consolidado de que "a legitimação conferida a entidades associativas em geral para tutelar, em juízo, em nome próprio, direitos de seus associados (CF, art. 5º, XXI), inclusive por mandado de segurança coletivo (CF, art. 5º, LXX, b e Lei 10.016/09, art. 21), não se aplica quando os substituídos processuais são pessoas jurídicas de direito público. A tutela em juízo dos direitos e interesses das pessoas de direito público tem regime próprio, revestido de garantias e privilégios de direito material e de direito processual, insuscetível de renúncia ou de delegação a pessoa de direito privado, sob forma de substituição processual" (RMS 34.270/MG, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, DJe 28.10.2011). No mesmo sentido: REsp 1.446.813/CE, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 26.11.2014. 3. Agravo Regimental não provido” (AgRg no RMS 47806 PI 2015/0049760- 7); 3) Interesse Público e Privado. Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU Tutelas coletivas do consumo e meio ambiente – 2018.1 Professor Gustavo Belucci 7 3.1) Interesse público: Ainda não se conseguiu definir ao certo o que seria interesse público, caracterizando, desse modo, um conceito indeterminado. Celso Antonio Bandeira de Mello coloca a definição como sendo o “interesse resultante do conjunto de interesses que os indivíduos pessoalmente têm quando considerados em sua qualidade de membros da Sociedade e pelos simples fato de o serem”. Assim sendo, elemento essencial do interesse público é a inserção do indivíduo em uma coletividade. Não é possível, portanto, dissociar desta forma o particular do público como antes já havia formulado. Os dois são faces da mesma moeda. O interesse público, portanto, nada mais é do que uma dimensão, uma determinada expressão dos direitos individuais, vista sob um prisma coletivo. Supremacia do interesse público16: é princípio geral de Direito inerente a qualquer sociedade. É a própria condição de sua existência. Assim, não se radica em dispositivo específico algum da Constituição, ainda que inúmeros aludam ou impliquem manifestações concretas dele, como, por exemplo, os princípios da função social da propriedade, da defesa do consumidor ou do meio ambiente (art. 170, III, V e VI), ou tantos outros. Afinal, o princípio em causa é um pressuposto lógico do convívio social. Indisponibilidade do interesse público: apresenta-se como a medida do princípio da supremacia do interesse público. Explica-se. Sendo a supremacia do interesse público a consagração de que os interesses coletivos devem prevalecer sobre o interesse do administrador ou da Administração Pública, o princípio da indisponibilidade do interesse público vem firmar a ideia de que o interesse público não se encontra à disposição do administrador ou de quem quer que seja. Exemplificando: a necessidade de procedimento licitatório para contratações é exigência que atende não apenas a legalidade, mas também o interesse público. Se o administrador desobedece esta imposição, agride o interesse público que, sendo indisponível, não pode ser desrespeitado 3.2) Interesse Público Primário e Secundário: o interesse público primário deve ser compreendido como um transporte para a realização dos interesses de todos e de cada um de nosso corpo social. Ou seja: constituem-se os legítimos interesses da coletividade, refletindo aquilo que Rosseau chama de vontade geral. De outra parte, o interesse público secundário reflete a vontade da Administração, não desfrutando, portanto, de supremacia sobre o interesse privado. Isto é: deve subordinar-se aos princípios fundamentais de regência. O interesse público primário é a razão de ser do Estado e sintetiza-se nos fins que cabe a 16 Mais informações em: http://www.ambito- juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=9092&revista_caderno=4 Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU Tutelas coletivas do consumo e meio ambiente – 2018.1 Professor Gustavo Belucci 8 ele promover: justiça, segurança e bem-estar social. Estes são os interesses de toda a sociedade. O interesse público secundário é o da pessoa jurídica de direito público que seja parte em uma determinada relação jurídica – quer se trate da União, do Estado-membro, do Município ou das suas autarquias. 3.3) Interesse privado: se refere ao conjunto de normas jurídicas de natureza privada, especificamente toda norma jurídica que disciplina a relação entre os particulares. 4) Interesses individuais simples e homogêneos: os direitos individuais homogêneos, também chamados "direitos acidentalmente coletivos" por José Carlos Barbosa Moreira, são aqueles que decorrem de uma origem comum, possuem transindividualidade instrumental ou artificial, os seus titulares são pessoas determinadas e o seu objeto é divisível e admite reparabilidade direta, ou seja, fruição e recomposição individual. Exemplos: a) os compradores de carros de um lote com o mesmo defeito de fabricação (a ligação entre eles, pessoas determinadas, não decorre de uma relação jurídica, mas, em última análise, do fato de terem adquirido o mesmo produto com defeito de série); b) o caso de uma explosão do Shopping de Osasco, em que inúmeras vítimas sofreram danos; c) danos sofridos em razão do descumprimento de obrigação contratual relativamente a muitas pessoas; d) um alimento que venha gerar a intoxicação de muitos consumidores; e) danos sofridos por inúmeros consumidores em razão de uma prática comercial abusiva (...); f) sendo determinados, os moradores de sítios que tiveram suas criações dizimadas por conta da poluição de um curso d'água causada por uma indústria; (...) k) prejuízos causados a um número elevado de pessoas em razão de fraude financeira; l) pessoas determinadas contaminadas com o vírus da AIDS, em razão de transfusão de sangue em determinado hospital público. 5) Interesses Transindividuais, Metaindividuais ou Coletivos em sentido amplo (difusos, coletivos e individuais homogêneos). 5.1) Noções introdutórias: à medida que a sociedade evolui, como se tratou acima, traz consigo novos tipos de conflitos de interesses, provocando o direito a atuar em duas frentes: a) direito material: com o reconhecimento pelas normas jurídicas dos novos direitos subjetivos e; b) direito processual: aperfeiçoando as ferramentas e mecanismos para resolução destas novas demandas. Em rápido esquema, tem-se: 1) revolução social 2) novos tipos de conflitos interpessoais 3) nova conformação dos direitos materiais e 4) novos instrumentos processuais para resoluções de conflitos. Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU Tutelas coletivas do consumo e meio ambiente – 2018.1 Professor Gustavo Belucci 9 A evolução da sociedade está atrelada à concepção das dimensões de direitos humanos, conforme se pode relacionar da “teoria dos direitos humanos” surgida à partir da Revolução Francesa de 1789 e da conquista que representou a Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão17: a) direitos humanos de primeira dimensão (liberdade): direitos civis (liberdade, propriedade, segurança e políticos) – paradigma do Estado liberal; b) direitos humanos de segunda dimensão (igualdade): à partir de meados do século XIX – produtodo Estado social, garantindo direitos de igualdade (amparo ao idoso, às mulheres, educação básica, direitos econômicos); c) direitos humanos de terceira dimensão (fraternidade): surgidos após as Guerras Mundiais, como por exemplo o direito à paz, desenvolvimento e Os representantes do povo francês, reunidos em Assembleia Nacional, tendo em vista que a ignorância, o esquecimento ou o desprezo dos direitos do homem são as únicas causas dos males públicos e da corrupção dos Governos, resolveram declarar solenemente os direitos naturais, inalienáveis e sagrados do homem, a fim de que esta declaração, sempre presente em todos os membros do corpo social, lhes lembre permanentemente seus direitos e seus deveres; a fim de que os atos do Poder Legislativo e do Poder Executivo, podendo ser a qualquer momento comparados com a finalidade de toda a instituição política, sejam por isso mais respeitados; a fim de que as reivindicações dos cidadãos, doravante fundadas em princípios simples e incontestáveis, se dirijam sempre à conservação da Constituição e à felicidade geral. Em razão disto, a Assembleia Nacional reconhece e declara, na presença e sob a égide do Ser Supremo, os seguintes direitos do homem e do cidadão: Art.1º. Os homens nascem e são livres e iguais em direitos. As distinções sociais só podem fundamentar-se na utilidade comum. Art. 2º. A finalidade de toda associação política é a conservação dos direitos naturais e imprescritíveis do homem. Esses direitos são a liberdade, a propriedade a segurança e a resistência à opressão. Art. 3º. O princípio de toda a soberania reside, essencialmente, na nação. Nenhuma operação, nenhum indivíduo pode exercer autoridade que dela não emane expressamente. Art. 4º. A liberdade consiste em poder fazer tudo que não prejudique o próximo. Assim, o exercício dos direitos naturais de cada homem não tem por limites senão aqueles que asseguram aos outros membros da sociedade o gozo dos mesmos direitos. Estes limites apenas podem ser determinados pela lei. Art. 5º. A lei não proíbe senão as ações nocivas à sociedade. Tudo que não é vedado pela lei não pode ser obstado e ninguém pode ser constrangido a fazer o que ela não ordene. Art. 6º. A lei é a expressão da vontade geral. Todos os cidadãos têm o direito de concorrer, pessoalmente ou através de mandatários, para a sua formação. Ela deve ser a mesma para todos, seja para proteger, seja para punir. Todos os cidadãos são iguais a seus olhos e igualmente admissíveis a todas as dignidades, lugares e empregos públicos, segundo a sua capacidade e sem outra distinção que não seja a das suas virtudes e dos seus talentos. Art. 7º. Ninguém pode ser acusado, preso ou detido senão nos casos determinados pela lei e de acordo com as formas por esta prescritas. Os que solicitam, expedem, executam ou mandam executar ordens arbitrárias devem ser punidos; mas qualquer cidadão convocado ou detido em virtude da lei deve obedecer imediatamente, caso contrário torna-se culpado de resistência. Art. 8º. A lei apenas deve estabelecer penas estrita e evidentemente necessárias e ninguém pode ser punido senão por força de uma lei estabelecida e promulgada antes do delito e legalmente aplicada. Art. 9º. Todo acusado é considerado inocente até ser declarado culpado e, se julgar indispensável prendê-lo, todo o rigor desnecessário à guarda da sua pessoa deverá ser severamente reprimido pela lei. Art. 10º. Ninguém pode ser molestado por suas opiniões, incluindo opiniões religiosas, desde que sua manifestação não perturbe a ordem pública estabelecida pela lei. Art. 11º. A livre comunicação das ideias e das opiniões é um dos mais preciosos direitos do homem. Todo cidadão pode, portanto, falar, escrever, imprimir livremente, respondendo, todavia, pelos abusos desta liberdade nos termos previstos na lei. Art. 12º. A garantia dos direitos do homem e do cidadão necessita de uma força pública. Esta força é, pois, instituída para fruição por todos, e não para utilidade particular daqueles a quem é confiada. Art. 13º. Para a manutenção da força pública e para as despesas de administração é indispensável uma contribuição comum que deve ser dividida entre os cidadãos de acordo com suas possibilidades. Art. 14º. Todos os cidadãos têm direito de verificar, por si ou pelos seus representantes, da necessidade da contribuição pública, de consenti-la livremente, de observar o seu emprego e de lhe fixar a repartição, a coleta, a cobrança e a duração. Art. 15º. A sociedade tem o direito de pedir contas a todo agente público pela sua administração. Art. 16º. A sociedade em que não esteja assegurada a garantia dos direitos nem estabelecida a separação dos poderes não tem Constituição. Art. 17.º Como a propriedade é um direito inviolável e sagrado, ninguém dela pode ser privado, a não ser quando a necessidade pública legalmente comprovada o exigir e sob condição de justa e prévia indenização. Disponível em: http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Documentos-anteriores-%C3%A0-cria%C3%A7%C3%A3o-da- Sociedade-das-Na%C3%A7%C3%B5es-at%C3%A9-1919/declaracao-de-direitos-do-homem-e-do-cidadao- 1789.html Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU Tutelas coletivas do consumo e meio ambiente – 2018.1 Professor Gustavo Belucci 10 equilíbrio ambiental; d) direitos humanos de quarta dimensão: direito ao patrimônio genético em face dos avanços da biotecnologia18 e; e) direitos humanos de quinta dimensão: conforme colocado por Paulo Bonavides, o direito à paz (embora maioria da doutrina aloque o direito à paz como direito humano de terceira dimensão). 5.2) Antecedentes históricos do direito/processo coletivo: a) ações populares no direito romano: já no direito romano se identificavam mecanismos que permitiam ao cidadão a defesa dos logradouros públicos, coisas de uso comum e domínios do povo; b) bill of Peace inglês (século XVII): consistia numa autorização a pedido do autor da ação individual para que ela passasse a ser processada coletivamente, ou seja que o provimento beneficiasse os direitos de todos, tratando a questão de maneira uniforme; c) Revolução industrial: início da produção em massa, que foi ideal para o surgimento de uma nova sociedade, a de massa, cujas principais características são a produção em massa, consumo em massa, e para legitimá-los, contratos em massa, fazendo campo fértil aos conflitos de massa. Em paralelo a isso, também é interessante notar a evolução no conceito do próprio Estado e seus impactos aqui relacionados: 1) Estado de direito (liberal): conceito tipicamente liberal, que se caracterizava por: a) submeter-se ao império da lei; b) divisão de poderes; c) enunciado e garantias dos direitos individuais; 2) Estado Social: o individualismo e o abstencionismo ou neutralismo do Estado liberal provocaram inúmeras injustiças e os movimentos sociais do século passado revelaram a insuficiência das liberdades burguesas, dando azo à necessidade da justiça social. Os regimes constitucionais ocidentais prometem, explicita ou implicitamente, realizar o Estado Social de Direito, quando definem um capítulo em suas Constituições aos direitos econômicos e sociais; 3) Estado Democrático de direito: o Estado social de direito e o Estado liberal de direito nem sempre se caracterizaram por serem democráticos. Logo, o Estado democrático de direito não significa apenas unir formalmente os conceitos de Estado Democrático e Estado de Direito. A democracia que o Estado Democrático de Direito realiza há de ser um processo de convivência social numa sociedade livre, justa e solidária, em que o poder emana do povo, e deve ser exercido em proveito do povo, diretamente ou por representantes eleitos, participativa, porque envolve a participaçãocrescente do povo no processo decisório e na formação dos atos de governo, pluralista porque respeita a pluralidade de ideias, culturas e etnias e pressupõe, assim, um diálogo entre opiniões e pensamentos diferentes, com a liberação da pessoa humana de qualquer forma de opressão. 18 Alguns deles podem ser conferidos na lei de biossegurança: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004- 2006/2005/lei/l11105.htm Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU Tutelas coletivas do consumo e meio ambiente – 2018.1 Professor Gustavo Belucci 11 Conclusão: Historicamente, verifica-se que os interesses transindividuais não foram facilmente identificados e agrupados de maneira que pudessem ser devidamente assegurados. Escondidos nos rincões de uma sociedade eminentemente marcada pela individualidade e egoísmo, os direitos coletivos somente vieram à tona após largas transformações sociais, impulsionadas pela Revolução Industrial e pelo advento do Estado Social de Direito. Em verdade, a coletividade somente presenciou uma eclosão dos interesses massificados após sofrerem o limite de suas transgressões, fazendo com que esses direitos, até então tímidos e ocultos, emergissem ao plano social evidenciando sua urgência por tutela e reconhecimento19. 5.3) Primeiras questões processuais (de possível conflito) surgidas com o processo coletivo: Na década de 70, devido a influência divulgada nas class actions20 do direito norte- americano (que serão estudadas especificamente em aulas seguintes), dois juristas excepcionais, representantes de distintas correntes jurídicas mundiais (commom e civil law), enriqueceram o direito moderno com aquilo que eles vieram denominar de “ondas renovatórias do direito processual”. Mauro Cappelletti e Bryant Garth destinaram, em sua festejada obra (O acesso à justiça, 1976), a segunda das três grandes ondas renovatórias do direito processual à necessidade de coletivização do processo21. No Brasil, o CPC de 1973 ainda estava voltado à solução de demandas individuais. Contudo, o modelo individualista, já em meados do século XX se mostrava insuficiente à solução e salvaguarda dos direitos coletivos, por imposição da nova ordem social. Identificam-se alguns dos principais: 1) a questão da legitimidade: artigo 18, do CPC/1522: “Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo quando autorizado pelo ordenamento jurídico”; 2) a questão da coisa julgada: de acordo com a redação do CPC/73, os efeitos da coisa julgada deveriam se restringir às partes do processo e para que os lesados ou ameaçados de lesão nas questões de massa pudessem se beneficiar da sentença, deveriam propor cada um sua ação individual 19 Mais informações em: http://www.esmp.sp.gov.br/revista_esmp/index.php/RJESMPSP/article/viewFile/43/26 20 Class action pode ser compreendida como o remédio através do qual uma ou mais pessoas, devidamente representadas por um advogado, iniciam ou mantêm uma ação em nome de um grupo de pessoas, de uma classe, para obter a solução de um conflito coletivo de interesse. Assim, as class actions norte-americanas tratam de assuntos que interessam a todo o globo, tais como acidentes de aviões, implantes de silicone, fraudes de seguradoras, casos de discriminação, etc. Mais informações em: http://www.ambito- juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=9405 21 São as principais ondas identificáveis: A primeira onda diz respeito à assistência judiciária aos pobres e está relacionada ao obstáculo econômico do acesso à justiça. A segunda onda refere-se à representação dos interesses difusos em juízo e visa contornar o obstáculo organizacional do acesso à justiça. A terceira onda, denominada de “o enfoque do acesso à justiça”, detém a concepção mais ampla de acesso à justiça e tem como escopo instituir técnicas processuais adequadas e melhor preparar estudantes e aplicadores do direito. Mais informações em: https://jus.com.br/artigos/26143/as-ondas-renovatorias-de-acesso-a-justica-sob-enfoque-dos- interesses-metaindividuais 22 Os dispositivos mencionados serão sempre do CPC vigente, de 2015. Quando a referência feita for ao CPC/73, será expressamente mencionado no texto. Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU Tutelas coletivas do consumo e meio ambiente – 2018.1 Professor Gustavo Belucci 12 (artigo 47223). O texto atual já não exclui a possibilidade de a sentença beneficiar a terceiros (artigo 506, do CPC/1524); 3) risco de decisões conflitantes, gerando desrespeito à segurança jurídica e ao prestígio do Poder Judiciário; 4) morosidade e gastos excessivos; 5) criação de litigiosidade contida – exemplo: banco com 10 milhões de correntistas cobra uma taxa ilegal de R$ 1,50. Muitos dos lesados não ingressariam com ação individual, seja pelo valor, seja por crer que não há necessidade de movimentação da justiça pelo referido montante e; 6) pouca efetividade nas decisões: no exemplo anterior, uma sentença que condene o banco a ressarcir R$ 1,50 terá pouca ou nenhuma efetividade ou condição de inibir futura conduta. 5.4) Evolução no ordenamento jurídico – o Microssistema de processo coletivo. a) Definição e conceito: um microssistema legal pode ser definido como a instrumentalização harmônica de diversos diplomas legais (Constituição Federal, Códigos, Leis especiais, Estatutos etc.), destinados ao trato particular de determinada matéria, cuja amplitude e peculiaridade exijam aplicação conjunta dos comandos normativos para efetiva aplicação de seus ditames. Gregório Assagra de Almeida anota que esse tipo de sistematização teve incidência no Brasil a partir das décadas de 1960 e 1970, apresentando uma nova metodologia legislativa representada pelos seguintes fatores: “Abandono da técnica legislativa de elaboração de comandos normativos genéricos e neutros; definição dos objetivos da política legislativa com finalidades próprias de um Estado promocional de valores e políticas públicas por meio do Direito; utilização de expressões setoriais com o abandono do caráter universal e precisão linguística das codificações clássicas; regulamentação exaustiva e extensa das matérias, de forma a abranger questões do direito material, do direito processual, do direito material penal, do direito administrativo, abrangendo vários ramos do Direito dentro de uma concepção multidisciplinar e transversal; reconhecimento de novos sujeitos dos direitos com a implementação de tutela jurídica de direitos ou interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos”25. Houve, assim, um deslocamento do monossistema clássico norteador do direito privado e dos códigos oitocentistas para uma nova realidade, composta por uma pluralidade de estatutos autônomos, dispostos a preservar os valores jurídicos fundamentais inalcançáveis pelo corpo legislativo monolítico. Os principais esforços da engenharia jurídica para a efetividade da defesa coletiva de direitos no Brasil iniciaram-se com a Lei de Ação Popular (Lei nº 4.717/65), depois se ampliando com 23 Art. 472. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não beneficiando, nem prejudicando terceiros. Nas causas relativas ao estado de pessoa, se houverem sido citados no processo, em litisconsórcio necessário, todos os interessados, a sentença produz coisa julgada em relação a terceiros. 24 Art. 506. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não prejudicando terceiros. 25 ALMEIDA, Gregório de Assagra. Codificação do direito processualcoletivo brasileiro: análise crítica das propostas existentes e diretrizes para uma nova proposta de codificação. Belo Horizonte: Del Rey, 2007. Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU Tutelas coletivas do consumo e meio ambiente – 2018.1 Professor Gustavo Belucci 13 a aprovação da Lei de Ação Civil Pública (Lei nº 7.347), em 1985. A Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/81), que permitiu ao MP ajuizar ação de responsabilidade civil em face de dano ambiental e desabrochou, enfim, com a Constituição Federal de 1988, que ampliou o objeto da ação popular (artigo 5º, LXXIII26) e previu o mandado de segurança coletivo (artigo 5º, LXX27), regulamentado na lei nº 12.016/2009, seguida do Código de Defesa do Consumidor em 1990 (Lei nº 8.072). Por conseguinte, vieram os códigos setorizados e os estatutos, bem como as legislações especiais, as quais passaram a complementar e integrar o sistema utilizado para a proteção dos interesses difusos, coletivos stricto sensu e individuais homogêneos, como por exemplo: o ECA, Estatuto do Idoso, Antitruste, entre outras (que serão estudadas neste semestre). b) o Microssistema atual: o microssistema de processo coletivo pode ser tomado como o microssistema mais complexo do direito brasileiro, quiçá um dos mais complexos do mundo. Nota-se que sua formação é composta pela reunião intercomunicante de diversos diplomas legais, dos mais variados ramos do direito, e não só por influência de normas gerais. Esses conjuntos de leis interpenetram-se e subsidiam-se, compondo um microssistema independente do Código de Processo Civil (que se aplica apenas residualmente, e não subsidiariamente, como de costume ocorre em nosso ordenamento). Em recente jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, definiu-se o microssistema de processo coletivo, em voto do eminente Ministro Luiz Fux, hoje membro do STF: “A lei de improbidade administrativa, juntamente com a lei de ação civil pública, da ação popular, do mandado de segurança coletivo, do Código de Defesa do Consumidor e do Estatuto da Criança e do Adolescente e do Idoso, compõem um microssistema de tutela dos interesses transindividuais e sob esse enfoque interdisciplinar interpenetram-se e subsidiam-se” (REsp 510.150/MA). c) Codificações e tentativas: O Código Modelo de Processo Coletivo foi um projeto do Instituto Ibero-Americano de Direito Processual. A Comissão Organizadora, composta por ninguém menos que Ada Pellegrini Grinover, Kazuo Watanabe e Antonio Gidi, elaborou o anteprojeto e o apresentou em outubro de 2002, durante a XVIII Jornada do Instituto Ibero- Americano, ocorrida em Montevidéu – Uruguai. Posteriormente, em 2004, o anteprojeto foi revisado por outra comissão de renomados processualistas, ocasião em que se confeccionou uma nova versão do texto, que foi apresentada e debatida no Congresso de Roma, gerando 26 (...) LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência; 27 (...) LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: a) partido político com representação no Congresso Nacional; b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados; Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU Tutelas coletivas do consumo e meio ambiente – 2018.1 Professor Gustavo Belucci 14 então uma terceira versão do trabalho. Esta última versão foi aceita e aprovada pela Comissão Revisora durante a Jornada Ibero-Americana realizada em Caracas, em outubro de 2004, transformando-se, finalmente, em um Projeto oficial de Código de Processo Coletivo. Os Códigos-Modelo originaram-se de estudos e trabalhos doutrinários colhidos ao longo dos tempos, que objetivavam estabelecer princípios e regras de interpretação jurídica comum a países de culturas próximas. Além disso, serviam como fonte de inspiração para reformas legislativas, graças à experiência jurídica colhida entre as nações participantes. Divide-se em sete capítulos o conteúdo do Anteprojeto de Código-Modelo de Processo Coletivo para a Ibero-América. Como principal avanço, anota-se a introdução a um processo coletivo estruturado como ciência processual independente, em que as discussões giravam em torno da necessidade de adequação dos institutos processuais de direito intersubjetivo, a fim de obter uma tutela verdadeiramente coletiva. Por outro lado, pecava o Anteprojeto pela ausência de previsão das chamadas tutelas de urgência, um dos principais instrumentos destinados à defesa dos direitos coletivos lato sensu. Além disso, a falta de adesão dos países participantes ao sistema único proposto, bem como a extrema “americanização” das normas do Código- Modelo, quase que em sua totalidade baseadas em regras das class actions do direito ianque, dificultava ainda mais o sucesso de um Código Modelo das Américas (objeto de crítica por Nelson Nery Jr.). Atualmente, está em tramitação o projeto de lei nº 5.139/200928, que busca a unificação de procedimentos e dispõe sobre regras de processo coletivo (além de conceitos, princípios, pressupostos processuais, técnicas para tutela coletiva, sentenças e coisa julgada)29. 5.5) Objeto do direito coletivo – os direitos transindividuais (ou supraindividuais, ou metaindividuais, ou direitos coletivos em sentido amplo) – direitos difusos, coletivos (em sentido estrito) e individuais homogêneos. a) Introdução: o texto básico para a tutela judicial dos interesses metaindividuais foi, como se viu, a Lei nº 7.347/85, que, a seu turno, já sofreu inovações, a saber: em seu objeto: artigo 28 O andamento das deliberações da Câmara dos Deputados sobre o projeto pode ser conferido aqui: http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=432485 29 A íntegra do projeto pode ser conferida aqui: http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=7728379E16A9B3B3BBC1B16E9AC A72A8.proposicoesWeb1?codteor=651669&filename=PL+5139/2009 Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU Tutelas coletivas do consumo e meio ambiente – 2018.1 Professor Gustavo Belucci 15 1º, caput e incisos IV, V e VI30; na Lei nº 8.078/90, artigo 11031; na legitimação ativa: Lei nº 8.078/90, artigos 111, 112, 11332; na execução (artigo 15 da Lei nº 8.078/90, artigo 11433); na coisa julgada (artigo 16, da Lei nº 9.494/97); no ônus da sucumbência (artigos 17 e 18 da Lei nº 8.078/90, artigo 11534). Além disso, o artigo 21 foi acrescentado, por força do artigo 117 da Lei nº 8.078/9035. Obviamente, as alterações não param por aí, na medida em que a fluidez dos interesses emergentes de fatos capazes de repercutirem coletivamente estão a reclamar proteção. b) Conceito: artigo 81, do CDC. Embora o direito coletivo já tenha personalidade formal, desde a concepção da lei da ação popular, o conceito somente foi dado à partir do Código de Defesa do Consumidor (e não se pode deixar de levar em conta o concito dado pelo Projeto de Lei nº 5.139/200936). Para a conceituação de cada um deles, a lei utiliza-se de três 30 Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as açõesde responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados: (Redação dada pela Lei nº 12.529, de 2011). l - ao meio-ambiente; ll - ao consumidor; III – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo. (Incluído pela Lei nº 8.078 de 1990) V - por infração da ordem econômica; (Redação dada pela Lei nº 12.529, de 2011). VI - à ordem urbanística. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de 2001) VII – à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos. (Incluído pela Lei nº 12.966, de 2014) VIII – ao patrimônio público e social. (Incluído pela Lei nº 13.004, de 2014) Parágrafo único. Não será cabível ação civil pública para veicular pretensões que envolvam tributos, contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS ou outros fundos de natureza institucional cujos beneficiários podem ser individualmente determinados. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de 2001) 31 Art. 110. Acrescente-se o seguinte inciso IV ao art. 1° da Lei n° 7.347, de 24 de julho de 1985: "IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo". 32 Art. 111. O inciso II do art. 5° da Lei n° 7.347, de 24 de julho de 1985, passa a ter a seguinte redação: "II - inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao meio ambiente, ao consumidor, ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, ou a qualquer outro interesse difuso ou coletivo". Art. 112. O § 3° do art. 5° da Lei n° 7.347, de 24 de julho de 1985, passa a ter a seguinte redação:"§ 3° Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa". Art. 113. Acrescente-se os seguintes §§ 4°, 5° e 6° ao art. 5º. da Lei n.° 7.347, de 24 de julho de 1985: "§ 4.° O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo juiz, quando haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser protegido. § 5.° Admitir-se-á o litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da União, do Distrito Federal e dos Estados na defesa dos interesses e direitos de que cuida esta lei. (Vide Mensagem de veto) (Vide REsp 222582 /MG - STJ) § 6° Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante combinações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial". (Vide Mensagem de veto) (Vide REsp 222582 /MG - STJ) 33 Art. 114. O art. 15 da Lei n° 7.347, de 24 de julho de 1985, passa a ter a seguinte redação: "Art. 15. Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado da sentença condenatória, sem que a associação autora lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada igual iniciativa aos demais legitimados". 34 Art. 115. Suprima-se o caput do art. 17 da Lei n° 7.347, de 24 de julho de 1985, passando o parágrafo único a constituir o caput, com a seguinte redação: “Art. 17. “Art. 17. Em caso de litigância de má-fé, a associação autora e os diretores responsáveis pela propositura da ação serão solidariamente condenados em honorários advocatícios e ao décuplo das custas, sem prejuízo da responsabilidade por perdas e danos”. 35 Art. 117. Acrescente-se à Lei n° 7.347, de 24 de julho de 1985, o seguinte dispositivo, renumerando-se os seguintes: "Art. 21. Aplicam-se à defesa dos direitos e interesses difusos, coletivos e individuais, no que for cabível, os dispositivos do Título III da lei que instituiu o Código de Defesa do Consumidor". 36 Art. 2o A tutela coletiva abrange os interesses ou direitos: I - difusos, assim entendidos os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas, ligadas por circunstâncias de fato; II - coletivos em sentido estrito, assim entendidos os transindividuais, de natureza indivisível, de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base; e III - individuais homogêneos, assim entendidos aqueles decorrentes de origem comum, de fato ou de direito, que recomendem tutela conjunta a ser aferida por critérios como facilitação do acesso à Justiça, economia processual, preservação da isonomia processual, segurança jurídica ou dificuldade na formação do litisconsórcio. Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU Tutelas coletivas do consumo e meio ambiente – 2018.1 Professor Gustavo Belucci 16 características básicas: a) divisibilidade ou indivisibilidade do objeto; b) o fator de agregação dos sujeitos (situação de fato ou relação jurídica em comum e c) possibilidade ou impossibilidade de identificação dos titulares. Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo. Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de: I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato; II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base; III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum. DIREITOS DIFUSOS (artigo 81, inciso I): os direitos difusos são aqueles que possuem a mais ampla transindividualidade real. Além disso, têm como características a indeterminação dos sujeitos titulares – unidos por um vínculo meramente de fato -, a indivisibilidade ampla, a indisponibilidade, a intensa conflituosidade, a ressarcibilidade indireta - o valor devido e apurável por indenização vai para um fundo. DIREITOS COLETIVOS (em sentido estrito – artigo 81, inciso II): têm como características a transindividualidade real restrita; a determinabilidade dos sujeitos titulares - grupo, categoria ou classe de pessoas -, unidos por uma relação jurídica-base; a divisibilidade externa e a divisibilidade interna; a disponibilidade coletiva e a indisponibilidade individual; a irrelevância de unanimidade social e a reparabilidade indireta. DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS (artigo 81, inciso III): direitos acidentalmente coletivos, assim designados por José Carlos Barbosa Moreira, são aqueles que decorrem de uma origem comum, possuem transindividualidade instrumental ou artificial, os seus titulares são pessoas determinadas e o seu objeto é divisível e admite reparabilidade direta, ou seja, fruição e recomposição individual. O tratamento especial conferido aos direitos individuais homogêneos tem razões Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU Tutelas coletivas do consumo e meio ambiente – 2018.1 Professor Gustavo Belucci 17 pragmáticas, objetivando-se unir várias demandas individuais em uma única coletiva, por razões de facilitação do acesso à justiça e priorização da eficiência e da economia processuais. O que caracteriza um direito individual comum como homogêneo é a sua origem comum. A grande novidade trazida pelo CDC no particular foi permitir que esses direitos individuais pudessem ser defendidos coletivamente em juízo. Não se trata de pluralidade subjetiva de demanda (litisconsórcio), mas de uma única demanda, coletiva, objetivando a tutela dos titulares dos direitos individuais homogêneos. A ação coletiva para a defesa de direitosindividuais homogêneos é, grosso modo, a class action brasileira. c) de forma didática, tem-se: INTERESSES ESSENCIALMENTE COLETIVOS INTERESSE ACIDENTALMENTE COLETIVOS Difusos Coletivos Individuais homogêneos Transindividualidade real (material): essencialmente coletivos Transindividualidade real (material): essencialmente coletivos Transindividualidade artificial (formal): acidentalmente coletivos Objeto indivisível Objeto indivisível Objeto divisível Titulares agregados por circunstância de fato Titulares agregados por relação jurídica entre si ou com a parte contrária Titulares agregados por uma situação fática ou de direito Indeterminação absoluta dos titulares Titulares determináveis (indeterminação relativa) Titulares determináveis (indeterminação relativa) – de modo que se recomenda o tratamento conjunto (doutrina e jurisprudência) Exemplos: a) a proteção da comunidade indígena; b) da criança e do adolescente; c) das pessoas portadoras de deficiência; d) o direito de todos não serem expostos à propaganda enganosa e abusiva veiculada pela televisão, rádio, jornais, revistas, painéis publicitários; e) a pretensão a um meio ambiente hígido, sadio e preservado para as presentes e futuras gerações; f) o dano difuso gerado pela falsificação de produtos farmacêuticos por Exemplos: a) os direitos dos alunos de certa escola de terem a mesma qualidade de ensino em determinado curso; b) o interesse que aglutina os proprietários de veículos automotores ou os contribuintes de certo imposto; c) a ilegalidade do aumento abusivo das mensalidades escolares, relativamente aos alunos já matriculados; d) o aumento abusivo das mensalidades de planos de saúde, relativamente aos contratantes que já firmaram Exemplos (SEMPRE que determinados os titulares ou lesados): a) os compradores de carros de um lote com o mesmo defeito de fabricação (a ligação entre eles, pessoas determinadas, não decorre de uma relação jurídica, mas, em última análise, do fato de terem adquirido o mesmo produto com defeito de série); b) o caso de uma explosão do Shopping de Osasco, em que inúmeras vítimas sofreram danos; c) um alimento que venha gerar a Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU Tutelas coletivas do consumo e meio ambiente – 2018.1 Professor Gustavo Belucci 18 laboratórios químicos inescrupulosos; g) a destruição, pela famigerada indústria edilícia, do patrimônio artístico, estético, histórico turístico e paisagístico; h) a defesa do erário público; i) o dano nefasto e incalculável de cláusulas abusivas inseridas em contratos padrões de massa; j) produtos com vícios de qualidade ou quantidade ou defeitos colocados no mercado de consumo, entre outros. contratos; e) o dano causado a acionistas de uma mesma sociedade ou a membros de uma associação de classe (OAB, médicos, engenheiros etc.), entre outros. intoxicação de muitos consumidores – podendo-se identificar os lesados; d) danos sofridos por inúmeros consumidores em razão de uma prática comercial abusiva – podendo-se identificar os lesados e) sendo determinados, os moradores de sítios que tiveram suas criações dizimadas por conta da poluição de um curso d'água causada por uma indústria; f) pessoas determinadas contaminadas com o vírus da AIDS, em razão de transfusão de sangue em determinado hospital público. Complemento: a) tese de doutorado do professor Renato Patrício Teixeira, apresentada perante a PUC/MG – “Legitimação para agir no processo coletivo”, que inclui diversos temas que serão vistos ao longo do curso. Disponível em: http://www.biblioteca.pucminas.br/teses/Direito_TeixeiraRP_1.pdf; b) SARMENTO, Daniel. Interesses Públicos Versus Interesses Privados: Desconstruindo o Princípio da Supremacia do Interesse Público. 2ª tiragem. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007. 1) Artigos: a) microssistema e processos coletivos: http://www.esmp.sp.gov.br/revista_esmp/index.php/RJESMPSP/article/viewFile/43/26; b) http://www.abdpc.org.br/artigos/artigo14.htm; c) Diferenciação entre eles: http://www.juristas.com.br/informacao/artigos/direitos-difusos-coletivos-em-sentido- estrito-e-individuais-homogeneos-conceito-e-diferenciacao/1938/ 2) Sites: Ministério Público do Estado de São Paulo – há uma série de doutrinas, julgados e pareceres sobre os temas que serão tratados ao longo do semestre: http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/procuradoria_interesses_difusos_coletivos 3) Livro: De forma simples e direta, temos a colocação do tema da aula na Coleção Esquematizado: ANDRADE, Adriano; MASSON Cléber; ANDRADE, Landolfo. Interesses Difusos e Coletivos Esquematizado. 5ª Edição. São Paulo: Método, p. 1- 38. 4) Revista eletrônica: http://www.processoscoletivos.com.br/ - há muita doutrina e informações.
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