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A ESTRUTURA DAS SESSÕES DE TERAPIA COGNITIVA A Terapia Cognitiva segue um modelo diretivo, isto é, as sessões são previamente estruturadas, de mo- do que o terapeuta segue um roteiro durante os atendimentos. Este roteiro é composto dos seguin- tes elementos básicos: rapport, ponte com a sessão anterior, revisão das tarefas de casa da sessão ante- rior, atualização, estabelecimento de uma agenda para a sessão, abordagem dos tópicos da agenda: verificação de humor, educação do cliente sobre o modelo cognitivo, educação do cliente sobre o seu transtorno, uso de técnicas e estratégias cognitivo- comportamentais, enquadramento, indicação de novas tarefas de casa, resumo da sessão e feedback. De acordo com as características de cada sessão, alguns elementos são omitidos. A PRIMEIRA SESSÃO: Fazem parte da primeira sessão os seguintes elementos: rapport, atualização do estado do clien- te, estabelecimento de uma agenda para a sessão, abordagem dos tópicos da agenda: verificação de humor, educação do cliente sobre o modelo cogniti- vo, enquadramento, indicação das tarefas de casa, resumo da sessão e feedback. Rapport: Tem como objetivo quebrar o gelo no início da relação, pois visa a criação de um clima favorável para o desenvolvimento da entrevista, através de um tema amistoso que interesse ao entrevistado. É através do rapport que serão criadas as condições para a construção do vínculo terapeuta e cliente. Portanto, evite começar a sessão indo dire- tamente ao assunto. Atualização do estado do cliente: Revisar o problema apresentado como moti- vo da consulta (queixa para a terapia). Está no prontuário do cliente, mas é importante o próprio terapeuta ouvir diretamente do cliente o que o trouxe à terapia. Deve-se fazer uma atualização do seu estado (o que mudou: aumentou ou diminuiu, e o que permaneceu da mesma forma em relação ao problema), desde a triagem ou do psicodiagnóstico até a consulta de hoje. É relevante investigar neste momento as expectativas que o cliente tem em relação ao pro- cesso terapêutico, para saber se o que ele espera da terapia é possível de ser alcançado. Lembre-o que a terapia é focal e que serão tratados os motivos apre- sentados para a consulta. Isto evita criar expectati- vas irrealistas no cliente. Estabelecimento de uma agenda para a ses- são: Através da agenda, o terapeuta define, jun- tamente com o cliente, um roteiro para a sessão terapêutica, do tipo: Você já me falou sobre o que lhe trouxe à terapia (atualização do estado do clien- te), agora eu preciso saber como você está se sen- tindo hoje (verificação do humor), Eu preciso informar-lhe sobre como funciona a terapia cogni- tiva (educação do cliente sobre o modelo cognitivo) e detalhes sobre o atendimento (en- quadramento). Eu vou lhe passar algumas tare- fas para você fazer em casa (tarefa de casa), e, no final, eu vou relembrar o que falamos (resu- mo) e vou querer saber o que você achou da tera- pia (feedback). Inclusão de itens complementares da agenda. Se o terapeuta, ao tomar contato com o caso através do prontuário do cliente (na entrevista de triagem e/ou no processo psicodiagnóstico) e/ou se durante a atualização o cliente relatou alguma coisa que precise de um maior esclarecimento, o terapeuta pode incluir mais este item na agenda para ser investigado durante a sessão. Tem alguma coisa que você gostaria de acrescentar à nossa agenda de hoje? Em função da resposta do cliente, o terapeuta deve incluir na agenda o assunto proposto. Porém, se o terapeuta não tem condição de responder nesta sessão, ele anota a pergunta e se prontifica a incluí-la na agen- da da próxima sessão. Em seguida, o terapeuta passa a cumprir os itens incluídos na agenda (abordagem dos itens da agenda). Verificação do humor: A avaliação do humor do cliente deve ser feito em todas as sessões. Além do relato subjetivo (Como você está se sentindo hoje?), deve-se moni- torar de forma objetiva o estado afetivo do cliente, seja através de inventários padronizados e/ou de escalas. O mais utilizado é o Inventário de Depres- são de Beck (BDI), mas costuma-se utilizar também o inventário de ansiedade e o de desamparo de Beck. Nos casos de depressão, deve-se fazer, pelo menos, três testagens com o BDI ao longo da tera- pia (na segunda sessão, no meio e no fim do proces- so terapêutico). Outra forma de avaliação é através de esca- las que avaliam a intensidade dos estados afetivos de tristeza (triste, pra baixo, infeliz, aborrecido, chateado, magoado, etc.), raiva (com raiva, com ódio, furioso, irritado, etc.) e ansiedade (ansioso, nervoso, preocupado, temeroso, assustado, tenso, etc.). Outros estados afetivos relatados pelo cliente também podem ser avaliados, tipo: sinto-me enver- gonhado, embaraçado, humilhado, decepcionado, frustrado, invejoso, ciumento, culpado, ferido, des- confiado, inseguro, medroso, vulnerável, etc. Pode-se utilizar uma medida simplificada que varia de 0 a 100. Pergunta-se ao cliente: De 0 a 100, o quanto você se sente triste agora? E repete- se a pergunta para raiva e ansiedade: De 0 a 100, o quanto você se sente raivoso(a) agora? E De 0 a 100, o quanto você se sente ansioso(a) agora? Outra maneira de avaliar o humor é através de escalas categóricas: nada ou muito pouco (até 20%), um pouco (21 a 40%), moderadamente (41 a 60%), muito ou bastante (61 a 80%) e intensamente (80 a 100%). Apresente uma folha com as seguintes questões e peça para que o cliente assinale um x na coluna que representa como ele se sente em relação a cada um dos afetos avaliados (tristeza, raiva, ansi- edade ou outro afeto relevante): O quanto você se sen- te...? nada ou muito pouco (até 20%) um pouco (21 a 40%) moderadamente (41 a 60%) muito ou bastante (61 a 80%) intensamente (80 a 100%) Triste Raivoso(a) Ansioso(a) (Outro afeto relevante) É necessário que o terapeuta faça esta avaliação atra- vés da escala de 0 a 100 ou da escala categórica em todas as sessões, mesmo que utilize o BDI. Esta in- formação é importante para acompanhar sistemati- camente a evolução do caso. Educação do cliente sobre o modelo cogniti- vo: Ao longo do processo terapêutico, o terapeuta vai ensinando paulatinamente ao cliente como funci- ona o modelo cognitivo: são os nossos pensamentos que provocam nossas emoções e determinam os nos- so comportamentos. Na primeira sessão, o terapeuta faz uma pe- quena exposição do modelo, utilizando um exemplo do cliente. Eu gostaria que você me contasse uma situação recente em que você se sentiu particular- mente desconfortável (ou triste, aborrecido, ansioso, etc.)? Nesta fala do cliente, o terapeuta procura iden- tificar os seguintes itens: a situação (ex: Foi na es- cola, durante a aula de estatística, o professor per- guntou qual resposta eu dei ao exercício e a minha resposta estava errada), o(s) pensamento(s) (Eu sou incompetente, isso é difícil demais para a minha cabeça, eu não tenho capacidade para o estudo), os afetos (Fiquei nervosa e triste comigo mesma) e o(s) comportamento(s) do cliente (Eu abaixei a cabeça e não consegui mais acompanhar a aula). Veja o organograma abaixo: Resumo do modelo: são os pensamentos da pessoa em uma determinada situação que desencadeiam as emoções que ela sente e as reações que ela tem (seus comportamentos). Nas próximas sessões, o modelo será ampli- ado, com a inclusão da distinção entre os pensa- mentos da crença central (Eu sou incompetente) e dos pensamentos automáticos (Isso é difícil demais para a minha cabeça, eu não tenho capacidade para o estudo), que sevem de base para a crença central. Este conjunto de pensamentos forma o Es-quema Cognitivo, que será apresentado através do Mapa Cognitivo, que vamos aprender mais adiante e do preenchimento do Diário de Pensamentos Dis- funcionais. Itens complementares da agenda: Neste momento, deve-se abordar com o cli- ente os itens acrescidos à agenda pelo próprio tera- peuta ou por solicitação do cliente. Neste ponto, o terapeuta pede informações, esclarecimentos, aprofundamento de alguns assun- tos, exploração de assuntos não mencionados, mas que estão relacionados ao problema do cliente. SITUAÇÃO Resposta errada na aula de esta- tística. PENSAMENTO Eu sou incompetente, Isto é muito difícil para mim, Não tenho capacidade para o estudo. COMPORTAMENTO Abaixar a cabeça e não acompa- nhar mais a aula. EMOÇÃO Nervosismo e tristeza. Deve o terapeuta atender às solicitações do cliente, explicando o processo, dirimindo as dúvi- das, respondendo, dentro do possível, às questões apresentadas pelo cliente. Enquadramento: O enquadramento refere-se ao contrato de trabalho de trabalho estabelecido entre o terapeuta e o cliente e equivale à configuração do campo de atuação do psicólogo, com o estabelecimento de parâmetros básicos. Ele funciona como um elemen- to ordenador que propõe normas que regem qual- quer tipo de tarefa entre duas pessoas, pois estabe- lece os limites da identidade e das possibilidades de ação. Estes referenciais possibilitam ao psicólogo perceber aspectos latentes da conduta do entrevis- tado, principalmente através das dificuldades do cliente de compreender e / ou respeitar o enqua- dramento e o contrato de trabalho. Isto é também associado às emoções que as atitudes do entrevista- do despertam no psicólogo. Neste contrato de trabalho, são definidos: especificações das sessões: o horário (evitar atra- sos), o tempo de duração da sessão (50 minutos) e de todo o processo terapêutico (inicialmente, está previsto pra se encerrar no final do semestre letivo), o lugar (sala do SPA), faltas (depois de duas faltas sem justificativa o cliente é desligado da terapia), os honorários (geralmente é cobrado R$ 5,00 por ses- são, que o cliente paga ao completar quatro sessões, isto é R$ 20,00, sendo que nos casos em que o cli- ente não tem condições a secretária Fátima faz a revisão deste valor, podendo dar um desconto ou tornar o atendimento gratuito), os objetivos (qual é o foco do atendimento), os papéis dos participantes (do terapeuta e do cliente) e as responsabilidades do profissional e do cliente (quanto ao respeito, liberdade, integridade e dignidade) e o aspecto do sigilo (em termos de confiança, intimidade e confi- dencialidade) e encerramento e devolução das in- formações ao final do processo. Tarefas de casa: O terapeuta deve partilhar com o cliente a responsabilidade pela terapia e um dos caminhos é a tarefa de casa. Alguns clientes têm resistência quanto à palavra tarefa, pois se recordam de experiências desagradáveis em relação às tarefas escolares. Se isto for detectado, é necessário incluir este item (dificuldade em relação à tarefa) na agenda da pró- xima sessão. São diversas as opções de atividades para serem cumpridas como tarefa de casa: monitorar os pensamentos, pensar amanhã como foi a sessão terapêutica de hoje, fazer uma lista com assuntos a serem incluídos na agenda da próxima sessão, bi- blioterapia (leitura de textos sobre o problema en- frentado pelo cliente, de livros sobre o modelo cog- nitivo, de livros leigos ou da própria literatura que aborde o seu problema, etc.), fazer uma lista de atividades prazerosas ou que o cliente realiza com competência, fazer uma atividade física específica que lhe dê prazer (caminhar, passear, andar de bi- cicleta, nadar, pescar, dançar, etc.) e outros. No monitoramento dos pensamentos, é im- portante que o cliente aprenda desde o início em dar atenção especial aos seus pensamentos. Para isto, quando ele se sentir desconfortável ou com alguma sensação desagradável, é preciso que ele identifique os elementos básicos do modelo cogniti- vo, respondendo às perguntas: O que está aconte- cendo comigo? (situação); Quais são os pensamen- tos que vêm à minha cabeça neste momento? (pen- samento); O que eu estou sentindo agora? (afeto e emoção); O que eu fiz diante desta situação? (com- portamento: resposta adaptativa). Monitorar os pensamentos é a ferramenta chave para o desenvol- vimento da Terapia Cognitiva. Procurar estabelecer, em conjunto com o cliente (ele deve concordar com a tarefa, pois, caso ele discorde da atividade, esta deixa de atingir seu objetivo colaborativo), aproximadamente quatro tarefas de casa por sessão. As tarefas de casa devem ser registradas por escrito pelo cliente e anotadas pelo terapeuta. Resumo: O terapeuta faz uma breve síntese de tudo o que ocorreu na sessão e reforça os pontos impor- tantes. Deve incluir também as tarefas de casa que o cliente concordou em realizar durante a semana. Nas próximas sessões, o terapeuta pode compartilhar com o cliente a responsabilidade pela realização do resumo e até pedir que o cliente re- suma, sozinho, a sessão. Feedback: É importante de ser realizado, pois transmi- te a idéia de que o terapeuta se incomoda com o que o cliente pensa, sendo esta uma oportunidade para que ele se expresse livremente. Para o terapeuta, é uma chance de resolver quaisquer mal-entendidos. De modo geral, o feedback deve revelar a opinião do cliente em relação aos aspectos positivos e negativos da sessão e o seu grau de adesão ao pro- cesso (o quanto ele se dedica, está empenhado e envolvido na terapia). Neste sentido, algumas questões podem orientar o feedback: O que você vivenciou hoje aqui que é importante para você se lembrar? Quanto você sentiu que poderia confiar no seu terapeuta? Houve qualquer coisa que incomodou você durante a terapia hoje? Quão propenso você está a fazer as tarefas de casa? DA SEGUNDA SESSÃO EM DIANTE: Fazem parte da segunda sessão os seguintes elementos: rapport, ponte com a sessão anterior, revisão das tarefas de casa da sessão anterior, atua- lização, estabelecimento de uma agenda para a ses- são, abordagem dos tópicos da agenda: verificação de humor, educação do cliente sobre o modelo cog- nitivo, educação do cliente sobre o seu transtorno, indicação de novas tarefas de casa, resumo da ses- são e feedback. Rapport: O rapport deve ser breve e continuar o pro- cesso de vinculação iniciado na primeira sessão. Ponte com a sessão anterior: No início da sessão, retomar com o cliente os principais pontos abordados na sessão anterior. Sobre o que falamos na sessão anterior? O que foi importante para você? O que você aprendeu sobre si mesmo na sessão passada? Revisão das tarefas de casa da sessão ante- rior: Recorde com o cliente as tarefas de casa passadas na sessão anterior, uma a uma. Questione o cliente: Que tarefa de casa você fez? Houve al- guma que você não fez? Por quê? Como se sentiu ao realizar a tarefa? O que você pensou sobre a tarefa? Como você acha que se saiu em relação às tarefas? O que você aprendeu com as tarefas de casa? Caso identifique alguma dificuldade em re- lação às tarefas da sessão anterior, o terapeuta pode incluir este item na agenda desta sessão. Atualização do estado do cliente: O objetivo é obter uma compreensão do su- jeito que abranja o período entre esta e a sessão anterior. Como foi a sua semana? Houve algo que lhe incomodou durante a semana? Como esteve o seu humor nos últimos dias comparando com ou- tras semanas? Estabelecimento de uma agenda para a ses- são: Estabelecer um roteiro com o cliente para a sessão. Hoje nossa sessão será bastante variada. Vamos fazer a verificação do seu humor, como na semanapassada. Vamos conversar sobre o modelo cognitivo, sobre o seu problema, uso de técnicas e estratégias cognitivo-comportamentais, estabele- cer as tarefas de casa para a próxima semana e finalizar com o resumo e o feedback desta sessão. Inclusão de novos itens complementares da agenda, que serão abordados antes da educação do cliente sobre o modelo cognitivo e sobre seu pro- blema. Há algum assunto que você gostaria de incluir na agenda? Eu (o terapeuta) gostaria de que você me falasse um pouco sobre um assunto importante (por exemplo: sua vida escolar, namo- ro, atividades de lazer, família, emprego, etc.). Verificação do humor: Fazer a avaliação do estado afetivo do clien- te, utilizando as escalas de 0 a 100 ou as escalas categóricas. No caso de depressão, incluir nesta sessão a avaliação através do inventário de Beck, o BDI. Itens complementares da agenda: Abordar com o cliente cada um dos temas incluídos na agenda pelo próprio terapeuta ou por solicitação do cliente. Educação do cliente sobre o modelo cogniti- vo: Aprofundar o entendimento sobre o modelo cognitivo. Nesta e nas próximas sessões, o modelo será ampliado, com a inclusão da distinção entre os pen- samentos da crença central (Ninguém me ama) e dos pensamentos automáticos (Meus pais gostam mais do meu irmão do que de mim, eu não tenho amigos, eu não consigo arranjar namorado), que sevem de base para a crença central. Ensinar o cliente a preencher o Diário de Pensamentos Disfuncionais, que consiste em uma ficha que o terapeuta entrega ao cliente para que este preencha com detalhes a respeito do seu pro- blema, informando a data e a hora em que ocorreu tal situação, o(s) pensamento(s) automático(s), a(s) emoção(ões) desencadeada(s) e a sua resposta(s) comportamental(is), conforme o modelo abaixo: DIÁRIO DE PENSAMENTOS DISFUNCIONAIS: Instrução: quando você perceber que o seu humor está piorando, pergunte a si mesmo O que está pas- sando pela minha cabeça agora? E assim que pos- sível, anote o pensamento ou imagem na coluna Pensamento Automático e complete o quadro abai- xo: Data e hora Situação Pensamento automático (PA) Emoção Comportamento Que evento real, fluxo de pensamentos, sensa- ções físicas, devaneios ou recordações levou à emoção desagradável? Que pensa- mento(s) e/ou imagem(ns) passou pela sua cabeça? E o quanto você acreditou em cada um no momento? Que emoção você sentiu neste mo- mento? (tris- teza, raiva, ansiedade, etc.) e qual a intensidade? O que você fez? 12/03/2008 às 10:30 Conversando ao celular com o amigo César Ele não está interessado no que eu digo. 60% Triste: 80% Rejeitada: 90% Fingi que tinha que desligar A partir da semana seguinte, o terapeuta ensinará a responder a seus pensamentos automáticos, através do questionamento da validade de tais pensamentos. O cliente será ensinado a enfrentar, através de res- postas adaptativas, seus pensamentos disfuncionais. Pode-se utilizar de perguntas do tipo: 1) Qual a evi- dência de que o pensamento é verdadeiro? 2) Há uma explicação alternativa? 3) O que é o pior que poderia acontecer? Eu poderia superar isso? Qual é o resultado mais realista? 4) Qual é o efeito de eu acreditar no pensamento automático? Qual poderia ser o efeito de eu mudar o meu pensamento? 5) O que eu deveria fazer em relação a isso? 6) Se _______ (nome do(a) amigo(a)) estivesse na situ- ação e tivesse esse pensamento , o que eu diria a ele(a)? O cliente também é ensinado a identificar distorções cognitivas. Estas respostas adaptativas e o resultado de sua utilização, sendo que ambas serão acrescentadas como colunas à direita do quadro do Diário de Pen- samentos Automáticos, conforme modelo em anexo. O Mapa Mental deve ser utilizado para repre- sentar graficamente a organização dos pensamentos na construção dos Esquemas Cognitivos, de acordo com o modelo: . Educação do cliente sobre o seu problema: Logo no início do tratamento, o cliente é in- formado de que a terapia tem uma função pedagógi- ca destinada a ensiná-lo a detectar e a reduzir os seus sintomas. Neste sentido, é função do terapeuta in- formar ao cliente sobre o seu problema, ajudando-o a conhecer-se melhor. Para isto, o terapeuta deve preparar um ma- terial bibliográfico (folhetos explicativos) sobre o problema do seu paciente. Este texto, formulado com base na literatura científica da área (CID-10, DSM IV-R, entre outros) e escrito em linguagem adequada ao nível de compreensão do cliente, será entregue a ele para que este o leia (como tarefa de casa) e o dis- cuta nas sessões. A fim de identificar transtornos mentais, pode-se consultar o quadro a seguir: Crença central: Eu sou inadequada Situação: Conversa entre colegas de clas- se PA 2: Eles acham que sou tola PA 1: Eu só falo besteira PA 3: eu não sei me expressar bem verbalmente Comportamento: Permanecer calada durante a conversa Transtorno Conteúdo do pensamento típico Depressão Visão negativa de si mesmo, do mundo e do fu- turo Transtorno de ansiedade generalizada Medo de risco físico ou psicológico Transtorno de pânico Medo de acidente físico ou psicológico iminente Transtorno alimentar Medo descontrolado de não ser fisicamente atraente Hipocondria Preocupação com distúrbio médico insidioso sério Transtorno de personalidade anti-social Sensação de ser tratado de maneira injusta e de ter direito à sua parte justa, não importa por quais meios Distúrbios médicos nos quais os pacien- tes apresentam queixas de dor em graus significativos Sensação de dor intolerável e impotência para controlá-la Uso de técnicas e estratégias cognitvo- comportamentais: As técnicas empregadas na Terapia Cogniti- va são muito diversificadas e requerem um estudo especial para que a escolha da técnica e a sua exe- cução com o cliente seja produtiva. Deve-se buscar estas técnicas e estratégias em manuais de terapia. Entre as técnicas especificamente cogniti- vas, destacam-se o diário de pensamentos disfunci- onais para identificação e registro de auto- observação, técnica de distanciamento para anali- sar uma situação semelhante a do cliente que ocor- re com uma pessoa próxima, técnica de busca de interpretações alternativas com o intuito de buscar outras explicações sobre o problema, técnica de reatribuição através da qual o cliente é ensinado a atribuir realisticamente a responsabilidade a fato- res externos a si, técnica da flecha descendente através da qual o terapeuta faz perguntas sobre o que aconteceria se o pensamento fosse verdadeiro, o questionamento socrático em que o terapeuta contesta a lógica dos pensamentos automáticos, a técnica da auto-revelação permite ao terapeuta partilhar sua experiência pessoal em relação ao problema com o cliente, entre outras. As técnicas comportamentais mais utiliza- das são a exposição gradual, a modelação, os expe- rimentos comportamentais, o relaxamento, o pla- nejamento de atividades, as tarefas graduadas, o desenvolvimento e o treinamento de habilidades sociais. São empregadas, também, técnicas experi- enciais, do tipo role playing, a dramatização de uma situação emocionalmente significativa, e a visualização de memórias antigas na presença do afeto. Podem ser utilizadas técnicas de outras abordagens teóricas, como a aplicação de questio- nários, escalas, inventários, testes psicométricos e técnicas projetivas. Dependendo do caso, pode-se pedir para que o cliente trabalhe um sonho signifi- cativo ou faça um exercício de cadeira vazia. Cabe ao clínico escolher a melhor técnica ou estratégia que consideraprodutiva para o seu clien- te. Tarefa de casa: Ao final de cada sessão, será discutida com o cliente uma lista de atividades a serem realizadas fora da terapia, nos moldes apresentados na pri- meira sessão. Resumo: Concluir o trabalho com uma síntese do que foi realizado na sessão é uma das características da terapia cognitiva. Paulatinamente, esta atividade se tornará cada vez mais uma responsabilidade do cliente. Feedback: É necessário, em cada sessão, ouvir do pró- prio cliente o que ele achou daquela sessão, o que é obtido através do feedback. POSTURA DO TERAPEUTA COMO FACILITADOR DO PROCESSO TERAPÊUTICO: Alguns cuidados do terapeuta quanto à sua postura durante o processo terapêutico são impor- tantes para o bom andamento da terapia. Este cuidado manifesta-se através da sua aparência, que deve ser sóbria, seja no vestir, em termos da suas roupas, adereços, maquiagem, etc. e nos seus gestos, que devem ser apropriados para o setting terapêutico. O clínico deve manter o interesse, e não gui- ar o cliente, acompanhando a sua fala com locuções apropriadas (É, sim, entendo, hum...hum, etc.), mantendo o contato visual, fazendo assentimentos com a cabeça, etc. A fim de facilitar o processo, o terapeuta deve estimular a fala para aprofundar os temas: retomar colocações feitas pelo cliente, utilizando, se possível, as mesmas palavras e entonação, pedir para que explique melhor o que disse (como as- sim..?o que você quer dizer com...), resumir a fala do entrevistado, etc. Respeitar os silêncios é um dos segredos preciosos da terapia. Eles podem representar um momento de reflexão, no qual o cliente está em pro- cesso interno de elaboração, necessitando de tempo para isto; todavia pode também precisar de um apoio do terapeuta nesta elaboração; portanto, es- pere. Mas o silêncio pode indicar o esgotamento do assunto, sendo que neste caso o clínico deve inter- ferir, buscando retomar a fala. A empatia é uma ferramenta útil à terapia, pois auxilia não apenas na compreensão do pro- blema, mas na solidificação do vínculo terapeuta cliente. É preciso que o clínico se ponha no lugar do cliente para poder entender o problema apresenta- do do ponto de vista do seu protagonista em vez de tentar analisar a situação como um mero observa- dor. Pôr à luz os conteúdos não-verbais de natu- reza latente. Atenção aos gestos, movimentos cor- porais, postura, tiques, cacoetes, movimento dos olhos, sobrancelhas, mãos, braços, pés, pernas, etc., enquanto o cliente fala. Da sua fala, atente para os sinais paralingüísticos, tais como entonação, pausas para a escolha das palavras, alterações no ritmo da fala, uso de linguagem estereotipada, atos falhos, etc. Estes indicadores são muitas vezes reveladores de informações úteis a serem checadas com o clien- te. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Estas são algumas orientações que vão aju- dar o terapeuta, principalmente o iniciante, a atuar de maneira mais segura na condução do processo terapêutico seguindo um modelo cognitivista. Como sugestão, é importante que o clínico procure complementar as informações aqui expos- tas com uma sólida formação em psicopatologia, um aprofundamento na compreensão dos conteú- dos cognitivos, em especial, a identificação das crenças, e, por fim, ampliar o seu domínio no uso das técnicas e estratégias de intervenção. REFERÊNCIAS: ABREU, C. N. & ROSO, M. (Orgs.) Psicoterapias Cognitiva e constru- tivista. Porto alegre: Artes Médicas, 2003. BECK, A. et. al. Terapia cognitiva da depressão. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. BECK, J. Terapia cognitiva: Teoria e prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. BECK, A. et. al. Terapia cognitiva dos transtornos da personalidade. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993. ANEXO: Quadro completo do Diário de Pensamentos Disfuncionais Instrução: quando você perceber que o seu humor está piorando, pergunte a si mesmo O que está passando pela minha cabeça agora? E assim que possível, anote o pensamento ou imagem na coluna Pensamento Automático e complete o quadro abaixo: Data e hora Situação Pensamento automático Emoção Comportamento Resposta Adaptativa Resultado Que evento real, fluxo de pensamentos, sensações físi- cas, devaneios ou recorda- ções levou à emoção desa- gradável? Que pensamento(s) e/ou ima- gem(ns) passou pela sua cabe- ça? E o quanto você acreditou em cada um no momento? Que emoção você sentiu neste mo- mento? (tristeza, raiva, ansiedade, etc.) e qual a in- tensidade? O que você fez? Que distorção cogniti- va você utilizou? Resposta às perguntas abaixo para compor a resposta ao(s) pensa- mento(s) automáti- co(s)? Quanto você acredita em cada resposta? O quanto você acre- dita agora em cada pensamento auto- mático? Que emoção você sente agora? O que você fará? 12/03/2008 às 10:30 Conversando ao celular com o amigo César Ele não está interessado no que eu digo. 60% Triste: 80% Rejeitada: 90% Fingi que tinha que desligar Catastrofização 1) ele já fez isto antes (90%) 2) ele está preocupado com outra coisa (50%) 3) ele não quer minha amizade (30%). Eu não superaria isto (60%). Pode ser im- pressão minha (40%) 4) eu vou perder o amigo (75%) e Insistir na amizade (50%) 5) eu deveria falar pra ele o que penso (80%) 6) você está enganado (90%) PA: 30% Tristeza: 40% Rejeição: 50% Acrescentar outro fato Acrescentar outro fato Pode-se utilizar de perguntas do tipo: 1) Qual a evidência de que o pensamento é verdadeiro? 2) Há uma explicação alternativa? 3) O que é o pior que poderia acontecer? Eu poderia superar isso? Qual é o resultado mais realista? 4) Qual é o efeito de eu acreditar no pensamento automático? Qual poderia ser o efeito de eu mudar o meu pensamento? 5) O que eu deveria fazer em relação a isso? 6) Se _______ (nome do(a) amigo(a)) estivesse na situação e tivesse esse pensamento , o que eu diria a ele(a)?
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