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APOSTILA - PROCESSO PENAL

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Rua T-28, N. 1443 Setor Bueno, Cep: 74.210-040 Goiânia-Go Tel: 62-3956-6900 E-mail: 
atendimento@redejuris.com 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO 
PROCESSUAL PENAL 
REDE JURIS 
 
 
 
 
 
 
Profº: João Batista Gomes Filho 
 
 
 
Rua T-28, N. 1443 Setor Bueno, Cep: 74.210-040 Goiânia-Go Tel: 62-3956-6900 E-mail: 
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1. PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL 
 Princípios são valores fundamentais que norteiam a criação, interpretação e aplicação das normas 
processuais penais. 
Para o estudo da disciplina Direito Processual Penal, o estudo dos princípios é de suma importância haja vista 
que conferirá ao estudante uma maior capacidade de interpretação e raciocínio, essenciais para uma eficiente 
resolução da prova. 
1.1. Princípio da presunção de inocência ou da não culpabilidade – Art. 5º, inciso LVII, da CF. É o princípio 
segundo o qual ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. 
Enquanto não houver uma condenação penal definitiva, o cidadão é considerado inocente e deve ser tratado 
como tal. 
Em decorrência desse princípio tem se que: 
a) O ônus de provar a culpa é da acusação 
b) O acusado não é obrigado a colaborar com a produção dessa prova 
c) Não se admite a majoração da pena com base em inquérito ou ação penal não transitados em julgado. 
d) Em regra, o cidadão responderá ao processo penal em liberdade. Toda e qualquer prisão de natureza cautelar 
só será imposta ao cidadão em caráter excepcional e desde que haja fundamento suficiente. 
Atenção: O parágrafo único do artigo 20 do Código de Processo Penal, alterado pela lei 12.681 de 2012 inovou 
ao proibir à autoridade policial, nas certidões de antecedentes criminais que expedir, de registrar inquéritos 
policiais em andamento. 
Vejamos: 
Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato 
ou exigido pelo interesse da sociedade. Parágrafo único. Nos atestados de 
antecedentes que lhe forem solicitados, a autoridade policial não poderá mencionar 
quaisquer anotações referentes a instauração de inquérito contra os 
requerentes. (Redação dada pela Lei nº 12.681, de 2012) 
1.2. Princípio da ampla defesa – Art. 5º, LV, CF. É o direito conferido ao réu de oferecer amplos argumentos em 
seu favor e de demonstrá-los nos termos da legislação processual. 
 A ampla defesa pode ser exercida através da defesa técnica e da autodefesa.Defesa técnica: feita por 
advogado, que deverá intervir em todos os atos do processo. A defesa técnica é indisponível, de forma que todos 
os atos do processo deverão ser acompanhados por advogado, além disso, a defesa técnica deve ser realizada de 
forma ampla e consistente. 
Nesse sentido: 
 
Súmula n° 523 do STF: No processo penal, a falta de defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua 
deficiência só o anulará se houver prejuízo para o réu. 
 Autodefesa: feita pelo acusado, principalmente no momento do seu interrogatório. A autodefesa é 
indispensável por parte do juiz, sendo este obrigado a garantir o réu a oportunidade de narrar a sua 
versão dos fatos. 
Por sua vez, o réu poderá abrir mão deste direito, mesmo porque tem o direito constitucional de ficar em 
silêncio, nos termos do art. 5º, inciso LXIII, CF). 
 
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Atenção: Caso o acusado, em sede de interrogatório, levante alguma tese de defesa que não conste nas 
alegações finais apresentadas pelo defensor, ambas as teses deverão ser enfrentadas na sentença, sob pena 
de nulidade. 
Sobre este assunto, vejamos excelente julgado: 
TJRS: “Todas as teses defensivas levantadas, mesmo em autodefesa, devem ser enfrentadas no ato sentencial, 
sob pena de nulidade” (Ap. 70008337206, 5ª C., rel. Amilton Bueno de Carvalho, 03.08.2004, v.u., BoletimAASP 
2.423, junho de 2005). 
Posicionamento dos Tribunais Superiores pertinentes à matéria: 
STF - Súmula n° 705: A renúncia do réu ao direito de apelação, manifestada sem a assistência do defensor, não 
impede o conhecimento da apelação por este interposta. 
STF - Súmula n° 707: Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contra-razões ao 
recurso interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo. 
STF - Súmula n° 708: É nulo o julgamento da apelação se, após a manifestação nos autos da renúncia do único 
defensor, o réu não foi previamente intimado para constituir outro. 
STJ - Informativo n° 337. INQÚERITO POLICIAL. AMPLA DEFESA.O inquérito policial é um procedimento 
preparatório que apresenta conteúdo meramente informativo no intuito de fornecer elementos para a 
propositura da ação penal. Contudo, mesmo não havendo ainda processo, no curso do inquérito pode haver 
momentos de violência e coação ilegal, daí se deve assegurar a ampla defesa e o contraditório. No caso, a oitiva 
de testemunhas, bem como a quebra do sigilo telefônico, ambos requeridos pelo paciente, não acarretará 
nenhum problema ao inquérito, mas sim fornecerá à autoridade policial melhores elementos para suas 
conclusões. Precedentes citados: HC 36.813-MG, DJ 5/8/2004; HC 44.305-SP, DJ 4/6/2007, e HC 44.165-RS, DJ 
23/4/2007. HC 69.405-SP, Rel. Min. Nilson Naves, julgado em 23/10/2007. 
1.3. Princípio do contraditório – Deriva do artigo 5º, LV, da CF, segundo o qual: “aos litigantes, em processo 
judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os 
meios e recursos a ela inerentes”. 
O fundamento desse princípio é permitir que as partes participem ativamente da formação da convicção do 
julgador. 
O contraditório garante às partes o direito de tomarem conhecimento das provas produzidas pela parte 
contrária, com a devida oportunidade de impugná-las, nos termos da legislação processual. 
1.4. Princípio da publicidade – Deriva do artigo 5º, LX da CF, segundo o qual a lei só poderá restringir a 
publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem. 
Art. 93, IX da CF: todos os julgamentos dos órgãos do poder judiciário serão públicos, e 
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei, se o interesse 
público o exigir, limitar a presença em determinados atos, às próprias partes e a seus 
advogados, ou somente a estes. 
Segundo o princípio da publicidade geral, os atos processuais são abertos a toda comunidade. Permite uma 
forma de controle externo da atividade judiciária. 
É a regra no processo penal brasileiro. 
Já o princípio da publicidade restrita decorre do contraditório, ou seja; do direito das partes de serem 
informadas acerca dos atos processuais. Neste caso, apenas as partes e os procuradores terão acesso aos autos. 
Pode ocorrer apenas em casos excepcionais, entre os quais destacam-se: 
a) Artigo 792, §1º do Código de Processo Penal: 
 
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As audiências, sessões e os atos processuais serão, em regra, públicos e se realizarão 
nas sedes dos juízos e tribunais, com assistência dos escrivães, do secretário, do oficial 
de justiça que servir de porteiro, em dia e hora certos, ou previamente designados. 
§ 1
o
Se da publicidade da audiência, da sessão ou do ato processual, puder resultar 
escândalo, inconveniente grave ou perigo de perturbação da ordem, o juiz, ou o 
tribunal, câmara, ou turma, poderá, de ofício ou a requerimento da parte ou do 
Ministério Público, determinar que o ato seja realizado a portas fechadas, limitando 
o número de pessoas que possam estar presentes. 
b) Nos crimes contra a dignidadesexual, previstos no Título VI da parte especial do Código Penal, em clara 
defesa da intimidade das vítimas, a lei impõe o segredo de justiça obrigatório. 
 
Art. 234-B. Os processos em que se apuram crimes definidos neste Título correrão 
em segredo de justiça. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) 
 
c) A votação dos quesitos pelos jurados do Tribunal do Júri, a fim de resguardar a imparcialidade do 
julgamento, será sigilosa no que se refere à identificação de cada votante, conforme artigos 466 § 1º, 483, 
§1ª e 487 do CPP, bem como artigo 5º, XXXVIII da CF. 
1.5. Princípio da vedação das provas ilícitas – Deriva do artigo 5º, LVI, CF; segundo o qual são inadmissíveis, no 
processo, as provas obtidas por meios ilícitos. 
 A doutrina denomina provas ilícitas em sentido amplo como sendo as provas obtidas de forma contrária ao 
ordenamento jurídico. Provas ilícitas em sentido estrito são aquelas obtidas com violação de normas de direito 
material. 
Já as provas ilegítimas são aquelas obtidas com violação de normas de direito processual. 
1.6. Princípio do devido processo legal – Deriva do artigo 5º, Inciso LIV, segundo o qual ninguém será privado da 
liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal. 
Impõe uma obediência rigorosa ao que está previsto na lei. 
Em sentido formal significa que o processo penal observará rigorosamente as formalidades previstas na lei. Em 
sentido material implica que os direitos fundamentais da pessoa serão respeitados pelo Estado durante o 
processo. 
1.7. Princípiodo in dubio pro reo ou favor rei, prevalência do interesse do réu – Deriva do princípio da 
presunção de inocência (art. 5º, LVII, da CF): Somente o juízo de certeza pode permitir a condenação. Exemplo: 
art: 386, VI, do CPP. 
1.8. Princípio da garantia de não auto-incriminação – De acordo com Guilherme de Souza Nucci esse princípio 
resulta da conjugação dos princípios da presunção de inocência e da ampla defesa com o direito humano 
fundamental que o réu tem de permanecer calado (todos previstos no art.5º da CF, incisos LVII, LV e LXIII; 
respectivamente). (NUCCI, Guilherme De Souza. Código de Processo Penal Comentado. 8ª Ed. RT, São Paulo. 
2008). 
1.9. Princípio da necessidade de fundamentação ou motivação – Art. 5º, LXI, CF; segundo o qual ninguém será 
preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente. 
A doutrina entende que esse direito constitui tanto uma garantia política (pois permite certo controle sobre o 
trabalho do magistrado) quanto uma garantia processual (pois favorece a correta interpretação sobre o ato 
decisório). 
1.10. Princípio do sistema acusatório – Pressupõe uma perfeita divisão entre as funções de acusar, defender e 
julgar. Respeita-se o contraditório e a ampla defesa. 
1.11. Princípio da busca da verdade real – O conjunto de provas deve refletir a verdade dos fatos, não podendo 
o juiz se limitar a presunções de veracidade. 
 
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1.12. Princípio da identidade física do juiz – Em regra; o juiz que presidiu a instrução é quem deverá proferir a 
sentença, conforme previsão do artigo 399, § 2º, do CPP (introduzido no sistema processual penal pátrio pela 
Lei n.° 11.719/08). 
Ocorre que tal artigo não regulamenta os casos em que o juiz, apesar de ter dado início à instrução, seja 
afastado, por motivos legais, da vara em que atua. Neste caso, utiliza-se, por analogia, o artigo 132 do Código de 
Processo Civil. 
Vejamos elucidativa posição do STJ sobre o assunto: 
PROCESSUAL PENAL.AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EM HABEAS 
CORPUS.MAGISTRADA QUE PROFERIU A SENTENÇA DIVERSA DA QUE PRESIDIU 
AINSTRUÇÃO CRIMINAL. PRINCÍPIO DA IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ 
MITIGADO.APLICABILIDADE POR ANALOGIA DO ARTIGO 132 DO CÓDIGO DE 
PROCESSOCIVIL. INOCORRÊNCIA DE NULIDADE. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE 
NEGAPROVIMENTO1. O princípio da identidadefísica do juiz,previsto no artigo 399,§ 
2º, do CPP, não é absoluto, podendoasentençapenalserproferidaporoutrojuiz de 
direitoquando o magistrado que presidiu ainstruçãocriminal foi 
substituídoregularmentepor força de atoadministrativodo Tribunal a que 
estávinculado.2. Segundo a dicçãodoartigo 132 do CPC, 
aplicávelporanalogiaaoprocessopenal, "o juiz,titular ou substituto, que concluir 
aaudiênciajulgará a lide, salvo se estiver convocado, 
licenciado,afastadoporqualquermotivo, promovido ou aposentado, casosem 
quepassará os autos aoseusucessor.3. Na hipótese, a magistrada que promoveu a 
instruçãocriminal foiremovida para a 9ª Vara FederaldasExecuçõesFiscais de 
SãoPaulo/SP, por força de Resolução da Presidênciado Tribunal RegionalFederal da 3ª 
Região. No mesmoato, ocorreu a remoção da juíza sentencia ante para a 5ª Vara 
Federal Criminal.4. Prejuízonãodemonstrado na situação, ausência de 
nulidade.Precedentes. 
5. Agravoregimental a que se negaprovimento.AGRG NO RHC 28690 / SP, Rel. 
Ministra ALDERITA RAMOS DE OLIVEIRA (DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/PE), 
SEXTA TURMA, julgado em 18/06/2013, DJe 01/07/2013. 
 
1.13. Princípio da igualdade das partes/Paridade de armas/Par conditio– Art. 5º, caput, CF. Às partes devem ser 
assegurados os mesmos meios de prova. 
1.14. Princípio do livre convencimento motivado ou da livre valoração da prova 
– Previsto no artigo 155 do CPP, impõe certa liberdade ao juiz no que se refere à apreciação das provas, ao 
mesmo tempo em que deve motivar suas decisões. 
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em 
contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos 
elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, 
não repetíveis e antecipadas.Parágrafo único. Somente quanto ao estado das 
pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil. 
 Não existe taxação das provas, tendo o juiz liberdade para definir o “peso” ou “valor” de cada elemento 
probatório no processo. 
1.15. Princípio do duplo grau de jurisdição– 
 As decisões, em regra, poderãoserrevistasporórgãosjurisdicionais de grau superior. Embora esse princípio não 
encontre previsão expressa, a Constituição Federal, ao organizar o Poder Judiciário em instâncias, acaba 
consagrando-o implicitamente. Em casos de competência originária do STF, não há duplo grau de jurisdição. 
1.16. Princípio da justa causa – o Estado Democrático de Direito não admite o exercício indiscriminado da 
persecução penal. Para o indiciamento ou o recebimento de uma denúncia, deverá haver um lastro probatório 
mínimo, nos termos do art. 395, III, do CPP: 
 
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Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: 
(...) 
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. 
 Havia entendimento, até certo ponto pacífico, acerca da aplicação do princípio do “in dúbio pro societate” no 
momento do recebimento da denúncia. 
Porém, em recentes julgados, o STJ já decidiu que tal princípio não se enquadra no ordenamento jurídico pátrio, haja 
vista a necessidade de haver justa causa para o início de uma ação penal. 
Vejamos o julgado abaixo, nesse sentido. 
Jurisprudência: 
“In casu, a denúncia foi parcialmente rejeitada pelo juiz singular quanto a alguns dos 
denunciados por crime de roubo circunstanciado e quadrilha, baseando a rejeição no 
fato de a denúncia ter sido amparada em delação posteriormente tida por viciada, o 
que caracteriza a fragilidade das provas e a falta de justa causa. O tribunal a quo, em 
sede recursal, determinou o recebimento da denúncia sob o argumento de que, 
havendo indícios de autoria e materialidade, mesmo na dúvida quantoà 
participação dos corréus deve vigorar o princípio in dubio pro societate. A Turma 
entendeu que tal princípio não possui amparo legal, nem decorre da lógica do 
sistema processual penal brasileiro, pois a sujeição ao juízo penal, por si só, já 
representa um gravame. Assim, é imperioso que haja razoável grau de convicção 
para a submissão do indivíduo aos rigores persecutórios, não devendo se iniciar uma 
ação penal carente de justa causa. Nesses termos, a Turma restabeleceu a decisão de 
primeiro grau. Precedentes citados do STF: HC 95.068, DJe 15/5/2009; HC 107.263, DJe 
5/9/2011, e HC 90.094, DJe 6/8/2010; do STJ: HC 147.105-SP, DJe 15/3/2010, e HC 
84.579-PI, DJe 31/5/2010.” (HC 175.639-AC, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, 
julgado em 20/3/2012).grifamos 
1.17.Princípio da proporcionalidade – A restrição aos direitos fundamentais deve ser feita no estrito limite da lei 
e desde que essa restrição seja proporcional às finalidades do processo. 
Trata-se de princípio decorrente do devido processo legal (item 1.6 supra). 
1.18.Princípio da comunhão de provas – Umas vez produzidas, as provas pertencem ao processo, podendo 
servir para formar a convicção do juiz, independentemente de terem sido produzidas por uma ou outra parte. 
2. INQUÉRITO POLICIAL 
2.1. Conceito:na lição de Edilson Bonfim Mougenot, o inquérito policial é um procedimento administrativo 
preparatório e inquisitivo, comandado pela autoridade policial, e formado por um conjunto de diligências 
realizadas pela polícia, no exercício da função judiciária, voltadas à apuração de uma infração penal e à 
identificação de seus autores. (MOUGENOT BONFIM, Edilson, Curso de processo Penal. 4ª Ed., Saraiva, 2009). 
2.2. Finalidades do inquérito policial 
 Finalidade geral: apurar o fato criminoso. 
 Finalidade específica: servir de base para a denúncia ou a queixa. 
 Finalidade garantista: colher elementos para evitar ações penais desnecessárias. 
2.3. Natureza jurídica do inquérito policial 
O inquérito policial tem natureza administrativa: 
 é presidido por uma autoridade administrativa 
 seus atos são de natureza discricionária, como os atos administrativos em geral 
 
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2.4. Características do inquérito policial 
2.4.1. Instrumentalidade – a finalidade do inquérito policial é possibilitar a reunião de elementos de prova 
acerca de autoria e materialidade de uma infração penal. 
2.4.2Obrigatoriedade – uma vez oferecida a notitia criminis, e havendo elementos, estará a autoridade policial 
obrigada a instaurar o inquérito.Uma vez instaurado, o inquérito não poderá ser arquivado pela autoridade 
policial. O papel do delegado consiste em presidir o inquérito, instruí-lo e encaminhá-lo ao judiciário após o 
encerramento. O arquivamento do inquérito, conforme artigo 28 do CPP, deve ser requerido pelo membro do 
Ministério Público e, se for o caso, determinado pelo juiz. 
Assim, memorize: O delegado jamais arquiva o inquérito policial. 
2.4.3. Caráter meramente informativo – o inquérito policial não constitui, por si só, um instrumento punitivo. 
2.4.4. Discricionariedade – a decisão sobre a realização das diligências investigatórias é discricionária da 
autoridade policial que preside o inquérito policial. 
 
Vejamos o artigo 14 do CPP: 
 
Art. 14.O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer 
qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade. 
 
2.4.5. Forma escrita – tudo aquilo que for realizado verbalmente no inquérito deverá ser reduzido a termo. 
Vejamos o artigo 9° do CPP: 
Art.9° Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a 
escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade. 
 
2.4.6. Sigilo – ao contrário da ação penal, que tem a publicidade como regra, o inquérito policial será sigiloso, 
conforme necessário à elucidação do fato ou interesse social. 
Vejamos o artigo 20 do CPP: 
Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato 
ou exigido pelo interesse da sociedade. 
Ocorre que este sigilo jamais será absoluto, uma vez que, apesar de poder a autoridade policial restringir o 
acesso de qualquer pessoa aos autos, deverá, sempre, franquear acesso às partes e aos advogados, 
principalmente em relação às diligências já finalizadas e formalmente documentadas. 
É o que prevê a súmula vinculante 14 do STF: 
É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de 
prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com 
competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. 
Destaca-se que as provas ainda não documentadas e diligências ainda em curso são protegidas pela regra 
do sigilo. Vejamos: 
STF. Informativo 581. Procedimento investigatório e direito de vista: O direito 
assegurado ao indiciado (bem como ao seu defensor) de acesso aos elementos 
constantes em procedimento investigatório que lhe digam respeito e já se encontrem 
documentados nos autos, não abrange, por óbvio, as informações concernentes à 
decretação e à realização das diligências investigatórias, mormente as que digam 
respeito a terceiros eventualmente envolvidos. II. Enunciado da súmula vinculante 14 
desta Corte. HC 94387. 
2.4.7. Inquisitivo – a natureza inquisitiva do inquérito policial suscita as seguintes conclusões: 
 o inquérito policial não segue os ditames do contraditório e da ampla defesa; 
 os atos do inquérito policial são presididos pela mesma autoridade, no caso, o delegado de polícia. 
 
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2.5. Trâmite do inquérito policial 
 Em regra, o inquérito policial deve tramitar na mesma comarca que for competente para a ação penal. 
 A divisão de trabalho das autoridades policiais não se chama jurisdição, mas circunscrição, haja vista que 
jurisdição é instituto exclusivo de autoridades judiciais. 
Vejamos o que dispõe o Código de processo Penal: 
Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas 
respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua 
autoria. (Redação dada pela Lei nº 9.043, de 9.5.1995) 
Art.22.No Distrito Federal e nas comarcas em que houver mais de uma circunscrição 
policial, a autoridade com exercício em uma delas poderá, nos inquéritos a que esteja 
procedendo, ordenar diligências em circunscrição de outra, independentemente de 
precatórias ou requisições, e bem assim providenciará, até que compareça a 
autoridade competente, sobre qualquer fato que ocorra em sua presença, noutra 
circunscrição. 
2.6. Instauração do inquérito policial 
2.6.1. Instauração de ofício 
 
Sempre que tiver notícia de crime de ação penal pública incondicionada, a autoridade policial deverá 
instaurar o inquérito policial de ofício. 
Caso a notícia criminis seja anônima, o inquérito não poderá ser instaurado de imediato. 
O STF, na análise do Inquérito 1.957/PR, decidiu que, caso haja delatio criminis apócrifa (desacompanhada 
de quaisquer elementos de prova), a polícia deverá primeiro realizar uma investigação preliminar, só 
baixando portaria se encontrar justo motivo. 
Se o crime for de ação publica condicionada ou ação penal privada, será obrigatória a anuência ou 
requerimento da vítima ou, na sua ausência, de seu representante legal. 
2.6.2.Instauração mediante requisição judicial ou do Ministério Público 
 
 Requisição significa ordem, portanto, nestes casos, o delegado de polícia será obrigado a 
instaurar o inquérito policial.Caso o promotor de justiça da comarca receba notícia crime contra prefeito municipal, deverá 
encaminhá-la ao Procurador Geral de Justiça, que é quem tem atribuição para processar prefeitos, 
conforme artigo 29, X, da CF. 
 
2.6.3. Requerimento do ofendido 
 
 O Código de Processo Penal também regulamenta a hipótese de o ofendido requerer a abertura 
de inquérito policial. Nestes casos, somente o delegado de policia detém discricionariedade para decidir 
se instaura ou não tal procedimento. 
 
 Conforme o artigo 5ª, II, § 2º do CPP, em caso de negativa do delegado, caberá recurso ao chefe 
de polícia. 
2.7. Modos de cognição – trata-se do meio através do qual o delegado de polícia toma conhecimento da 
infração penal. 
2.7.1. Cognição espontânea: a autoridade toma conhecimento do crime diretamente, pela rotina. Ato 
discricionário. 
2.7.2. Cognição provocada: a ciência do crime chega ao policial por interposta pessoa. Ato discricionário. 
 
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2.7.3. Cognição coercitiva: nas hipóteses de requisição do juiz ou promotor de justiça, bem como de prisão em 
flagrante. Ato vinculado. 
2.8. Trancamento do inquérito policial 
 A mera existência de um inquérito policial investigando fatos relacionados à determinada pessoa já 
configura um constrangimento. 
 No caso, o constrangimento será legal quando houver justa causa, ou seja, um mínimo de elementos que 
justifiquem a instauração de investigação. 
 Quando ausentes os elementos mínimos, o constrangimento passa a ser ilegal, o que dará ensejo ao 
pedido de trancamento (extinção) do inquérito policial, a ser manejado por via de Habeas Corpus, quando o 
constrangido for pessoa física, e Mandado de Segurança, quando o constrangido for pessoa jurídica. 
2.9. Peça inaugural do inquérito policial 
2.9.1. Portaria – é o ato administrativo pelo qual a autoridade policial instaura o inquérito policial nos casos de 
notitia criminis diversa da modalidade coercitiva. 
2.9.2. Auto de prisão em flagrante – quando o inquérito policial se iniciar à partir de uma prisão em flagrante, o 
próprio auto de prisão será a peça inaugural do inquérito, substituindo a portaria. 
2.9.3. Requisição judicial ou ministerial – será a peça inaugural do inquérito, em caso de cognição coercitiva. 
2.10. Reprodução simulada dos fatos 
 Chamada vulgarmente de “reconstituição do crime”, consiste em uma diligência com objetivo de 
esclarecer os passos do iter criminis (caminho do delito), bem como detalhes na execução e participação de 
demais autores ou partícipes. Está prevista no artigo 7º do CPP: 
Art.7
o
 Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de determinado 
modo, a autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde 
que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública. 
2.11. Indiciamento 
 Indiciamento é o ato pelo qual o delegado atribui a alguém a prática de uma infração penal, com base em 
indícios suficientes e convergentes de autoria. 
Após o indiciamento, o indiciado passa a ser o foco principal das investigações. 
A necessidade de fundamentação do ato de indiciamento está explícita no artigo 2º § 6º da lei 12.830 de 2013. 
2.11.2. Relatório final – deverá conter apenas a narrativa, isenta e objetiva, dos fatos apurados. A autoridade 
policial não deve emitir juízo de valor ou tecer considerações acerca da culpabilidade do investigado ou da 
antijuridicidade da conduta. 
2.12. Valor probatório do inquérito judicial 
Em regra, somente será admitido como prova aquilo que possa ser reproduzido em juízo sob o crivo do 
contraditório, ressalvadas as provas cautelares, não-repetíveis e antecipadas. 
2.13. Providências do Ministério Público 
Após o encerramento, o inquérito policial será direcionado ao Ministério Público, que poderá tomar cinco 
providências diversas: 
 Oferecer denuncia quando houver justa causa. 
 Requerer sua devolução à autoridade judicial, para a realização de novas diligências, imprescindíveis ao 
oferecimento da denúncia. Art. 16 Código de Processo Penal. 
 Requerer o arquivamento do inquérito. 
 Requerer a permanência dos autos em cartório, à disposição do ofendido ou de quem o represente, 
quando verificar que trata-se de crime de ação penal de iniciativa privada. 
 
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 Requerer a remessa dos autos ao juiz competente, nos casos em que entender incompetente o juízo 
perante o qual oficia. 
2.14. Prazos para a conclusão do inquérito policial 
 Na polícia civil: prazo de 30 dias em caso de réu solto e de 10 dias em caso de réu preso. 
 Na polícia federal: 
 Prazo de 15 dias, prorrogáveis por mais 15, se o réu estiver preso. 
 Se o réu estiver solto, segue a regra geral dos 30 dias. 
 Na lei n° 11.343/2006 (Drogas) 
 Prazo de 30 dias se o réu estiver preso e 90 dias se estiver solto. 
Estes prazos poderão ser duplicados pelo juiz mediante representação da autoridade policial, sempre de 
forma justificada. 
 Inquérito policial militar: prazo de 20 dias em caso de réu preso e de 40 dias se solto. 
 Lei n° 1521/51 (crimes contra a economia popular): o prazo será de 10 dias, estando o indiciado preso ou 
solto. 
2.14.1. Possibilidade de dilação de prazo e constrangimento ilegal por excesso de prazo na duração do 
inquérito 
 Quando o indiciado estiver solto, poderá o delegado de polícia requerer ao juiz a dilação do prazo 
por tempo razoável, a fim de lhe permite concluir as investigações. 
 O detalhe é que o artigo 10º §3º do CPP só permite tal dilação em caso de indiciado solto. 
 Quando o indiciado estiver preso, e o delegado necessitar de dilação de prazo, o juiz poderá concedê-
la, desde que relaxe a prisão do indiciado. 
 Havendo a hipótese do inquérito policial se estender por mais tempo do que permite a legislação, e o 
indiciado continuar preso, caberá habeas corpus para requerer o relaxamento da prisão. 
 Questão curiosa é saber se, em caso de indiciado solto, o excesso de prazo na conclusão do 
inquérito acarreta constrangimento ilegal. 
Em regra, os tribunais entendem que, estando o indiciado solto, não haverá constrangimento. 
Porém, excepcionalmente, é possível o trancamento do inquérito policial por excesso de prazo, quando 
este for exorbitante, e não houverjustificativa razoável para a demora. 
Nesse sentido, vejamos o posicionamento jurisprudencial: 
Ementa: HABEAS CORPUS - ALEGAÇAO DE EXCESSO DE PRAZO PARA O TÉRMINO DO 
INQUÉRITO POLICIAL. INSUBSISTENTES RAZÕES PARA O RETARDO. 
CONSTRANGIMENTO ILEGAL. CARACTERIZAÇAO. Não havendo qualquer justificativa 
para o atraso na remessa do inquérito policial, que viola o disposto no artigo 51 da 
Lei 11.343 /2006, tem cabimento a alegação de excesso de prazo que vem a 
configurar constrangimento ilegal. Informes judiciais que não justificam o excesso 
prazal. Concessão do "habeas corpus". Decisão unânime. (HC 2010320969/SE: TJ-SE; 
Rel. Desa: Geni Silveira Schuster, julgado em 28/03/2011, Câmara Criminal) 
2.15. Arquivamento do inquérito policial 
 Após receber os autos de inquérito policial, é possível que o membro do parquet, conclua pela 
necessidade de arquivamento do mesmo. Neste caso, o pedido de arquivamento seguirá o rito previsto no artigo 
28 do Código de Processo Penal: 
Art.28 Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o 
arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no 
caso de considerar improcedentesas razões invocadas, fará remessa do inquérito ou 
peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará 
 
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outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de 
arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender. 
 Observa-se, assim, que o arquivamento é um ato complexo que envolve duas autoridades. 
 Se for arquivado pela falta de base para a denúncia, terá natureza rebus sic stantibus, ou seja, o inquérito 
poderá ser retomado se houverem novas provas, conforme artigo 18 do Código de Processo Penal: 
Art. 18 Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, 
por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas 
pesquisas, se de outras provas tiver notícia. 
 Se o arquivamento ocorrer por outro motivo (por exemplo, por atipicidade do fato), poderá ter natureza 
definitiva. 
2.15.1. Arquivamento implícito ou tácito 
 Ocorre quando o Ministério Público deixa de incluir na denúncia algum fato investigado ou algum dos 
indiciados, sem justificação ou expressa manifestação deste procedimento. A idéia do arquivamento implícito 
parte da presunção de que, uma vez havida a omissão do membro do Ministério Público, o subseqüente silêncio 
do juiz configuraria um arquivamento tácito. 
O arquivamento implícito tem duplo aspecto: 
 Aspecto subjetivo: quando a omissão refere-se a um ou mais indiciados; 
 Aspecto objetivo: concernente a fatos investigados não considerados na decisão. 
 Atenção: Essa modalidade não é admitida no direito brasileiro. Os tribunais já decidiram que a 
omissão do Ministério Público em relação à pessoas ou fatos não impede que haja aditamento da denúncia, 
ou mesmo o oferecimento posterior de nova exordial acusatória. 
Nesse sentido, vejamos a decisão abaixo: 
Info Nº 605 – Inquérito Policial e Arquivamento Implícito. O sistema processual 
penal brasileiro não prevê a figura do arquivamento implícito de inquérito policial. 
Ao reafirmar esse entendimento, a 1ª Turma denegou habeas corpus em que se 
sustentava a sua ocorrência em razão de o Ministério Público estadual haver 
denunciado o paciente e co-réu, os quais não incluídos em denúncia oferecida 
anteriormente contra terceiros. Alegava a impetração que o paciente, por ter sido 
identificado antes do oferecimento da primeira peça acusatória, deveria dela constar. 
Inicialmente, consignou-se que o Ministério Público esclarecera que não incluíra o 
paciente na primeira denúncia porquanto, ao contrário do que afirmado pela defesa, 
não dispunha de sua identificação, o que impediria a propositura da ação penal 
naquele momento. Em seguida, aduziu-se não importar, de qualquer forma, se a 
identificação do paciente fora obtida antes ou depois da primeira peça, pois o pedido 
de arquivamento deveria ser explícito (CPP, art. 28). Nesse sentido, salientou-se que a 
ocorrência de arquivamento deveria se dar após o requerimento expresso do 
parquet, seguido do deferimento, igualmente explícito, da autoridade judicial (CPP, 
art. 18 e Enunciado 524 da Súmula do STF). Ressaltou-se que a ação penal pública 
incondicionada submeter-se-ia a princípios informadores inafastáveis, especialmente 
o da indisponibilidade, segundo o qual incumbiria, obrigatoriamente, ao Ministério 
Público o oferecimento de denúncia, quando presentes indícios de autoria e prova de 
materialidade do delito. Explicou-se que a indisponibilidade da denúncia dever-se-ia 
ao elevado valor social dos bens tutelados por meio do processo penal, ao se mostrar 
manifesto o interesse da coletividade no desencadeamento da persecução sempre 
que as condições para tanto ocorrerem. Ademais, registrou-se que, de acordo com a 
jurisprudência do Supremo, o princípio da indivisibilidade não se aplicaria à ação 
penal pública. Concluiu-se pela higidez da segunda denúncia. Alguns precedentes 
 
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citados: RHC 95141/RJ (DJe de 23.10.2009); HC 92445/RJ (DJe de 3.4.2009). HC 
104356/RJ, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 19.10.2010. (HC-104356) 
2.15.2. Arquivamento originário 
 Diz-se que o arquivamento é originário quando apresentado diretamente pelo Procurador Geral, nas 
ações de competência originária dos tribunais. 
2.15.3. Arquivamento indireto 
Ocorre quando o membro do Ministério público entende que o juiz perante o qual oficia é incompetente 
para julgar a causa, e requer a remessa dos autos ao juiz competente. Se o juiz discordar, deverá invocar, 
por analogia, o artigo 28 do Código de Processo Penal. 
3. AÇÃO PENAL 
3.1. Conceitos básicos 
 O Estado é o detentor do monopólio da jurisdição. Jurisdição é o poder-dever do Estado de aplicar o 
direito ao caso concreto. Na esfera penal, a prestação jurisdicional se consubstancia no jus puniendi (direito de 
punir). 
 O monopólio da jurisdição por parte do Estado impõe, por consequência lógica, a proibição à autotutela e 
à autocomposição. 
 Excepcionalmente esse monopólio é relativizado, como observado na legítima defesa e na transação penal. 
 Assim, uma vez que o cidadão venha a ser vítima de um crime, não podendo punir diretamente o seu 
agressor, o que poderá fazer é dar início à uma ação penal. 
 A ação penal, portanto, consiste no direito de agir, exercido perante juízes e tribunais, invocando a 
prestação jurisdicional que, na esfera criminal, é a existência e aplicação da pretensão punitiva do Estado. 
 No processo penal brasileiro, temos duas modalidades de ação penal a depender da legitimidade para sua 
propositura: a ação penal pública e a ação penal privada, conforme estudaremos a seguir. 
 
 
 
AÇÃO 
PÚBLICA 
 incondicionada 
 condicionada à representação 
 condicionada a requisição ministerial 
PENAL 
 
PRIVADA 
 
 propriamente dita 
 subsidiária da pública 
 personalíssima 
 
3.2. Ação penal de iniciativa pública 
 A regra no processo penal brasileiro é que a ação penal seja de iniciativa pública, o que significa dizer 
que seu titular é o Ministério Público. 
Essa modalidade de ação penal se divide em: 
 Ação Penal de Iniciativa Pública Incondicionada 
 Ação Penal de Iniciativa Pública Condicionada à representação do Ofendido 
 
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 Ação Penal de Iniciativa Pública Condicionada à Requisição do Ministro da Justiça 
 Atenta-se para o fato de que qualquer que seja o crime, quando praticado em detrimento do patrimônio 
ou interesse da União, Estado e Município, a ação penal será pública. 
Da mesma forma que a ação penal, o inquérito policial dependerá de representação quando a ação for 
condicionada, e dependerá da autorização da vítima quando a ação penal for privada. 
3.2.1. Ação penal de iniciativa pública incondicionada 
3.2.1.1. Conceito: diz- se incondicionada a ação penal de iniciativa pública quando, para que o Ministério 
Público possa iniciá-la ou, mesmo, requisitar a instauração de inquérito policial, não se exige 
autorização/requerimento da vítima ou de quem a represente. 
3.2.1.2. Princípios da ação penal de iniciativa pública incondicionada 
 Obrigatoriedade – estipula que é indispensável a propositura da ação, quando há provas 
suficientes para tanto e inexistindo obstáculos para a atuação do Ministério Público. 
 Oficialidade – materializado no artigo 129, I, da CF, a açãopenal será procedida por órgão oficial, 
qual seja, o Ministério Público. 
 Indisponibilidade – é vedado ao Ministério Público desistir da ação penal por ele iniciada. 
Atenção: desistir da ação penal é diferente de, ao seu final, pugnar pela improcedência do pedido 
levado a efeito na denúncia. Tal hipótese é perfeitamente cabível. 
 Intranscendência – a ação penal somente deve ser proposta em face daqueles que praticaram a 
infração penal, não podendo atingir pessoas estranhas ao fato criminoso. 
3.2.2. Ação penal de iniciativa pública condicionada à representação 
 
3.2.2.1. Trata-se de ação penal cuja titularidade é do Ministério Público, mas que dependerá da 
representação do ofendido ou de quem o represente para que possa propor a denúncia. 
3.2.2.2. Princípios da ação penal de iniciativa pública condicionada à representação – segue os mesmos 
princípios da ação penal de iniciativa pública incondicionada. 
3.2.2.3. Representação – consiste na manifestação de vontade por parte da vítima ou de quem o represente, 
autorizando o Ministério Público a oferecer a denúncia, bem como à autoridade policial instaurar o 
inquérito policial. 
 A representação tem forma livre, ou seja, não exige maiores formalidades, bastando que haja a 
manifestação inequívoca de vontade da vítima no sentido de querer a investigação do fato e o 
processamento de seu agressor. 
 Quanto à natureza jurídica; a representação constitui condição de procedibilidade da ação 
penal. 
 Nos termos do artigo 39 do Código de Processo penal, a representação pode ser oferecida 
perante o delegado de polícia, o juiz ou o representante do Ministério público. 
3.2.2.4. Prazo para representar – seis meses, contados a partir do dia em que a vítima sabe quem é o autor 
do fato criminoso. É possível que a vítima tome conhecimento de que está nessa situação, mas sem 
ainda saber que é o autor das agressões, como em um caso de calúnia por meio de cartas anônimas, 
por exemplo. Sendo assim, o prazo para o oferecimento da representação só começa a contar 
quando a vítima passa a saber quem é seu agressor. 
3.2.3. Retratação – retratar significa “voltar atrás”, quanto ao interesse em ver o agressor ser processado. É 
admissível até o oferecimento da denúncia. 
 
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3.2.4. Ação penal pública condicionada à requisição do ministro da justiça 
 Em alguns casos, como por exemplo nos crimes contra a honra do presidente da República ou de chefe 
de governo estrangeiro, a lei condiciona a propositura da ação penal à prévia requisição do Ministro da Justiça. 
 Neste caso, apesar de ter a mesma natureza jurídica da representação, não se impõe o prazo decadencial 
de 06 (seis) meses. 
 
3.3. Ação penal de iniciativa privada 
3.3.1. Conceito: é a modalidade de ação penal cuja titularidade passa do Estado para o particular, haja vista o 
interesse é eminentemente privado. Não se transfere o direito de punir, mais tão somente o direito de 
agir. 
3.3.2. Princípios da ação penal de iniciativa privada: 
 Oportunidade – segundo Tourinho Filho, este princípio confere ao titular da ação o direito de julgar 
da conveniência ou inconveniência quanto á propositura da ação penal. 
 Disponibilidade – Mesmo depois de proposta a ação penal, o particular poderá, valendo-se de 
determinados institutos, dispor da ação penal por ele proposta inicialmente. Por exemplo: 
perempção – ocorre quando o querelante deixa de promover o andamento da ação por mais de 30 
dias seguidos. 
 Indivisibilidade – materializado no artigo 48 do Código de Processo Penal: a queixa contra qualquer 
dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e o MP velará pela sua indivisibilidade. 
3.3.3 Modalidades de ação penal de iniciativa privada 
3.3.3.1. Ação penal privada propriamente dita 
 Ocorre nos casos em que a lei penal preferiu que o início da ação penal ficasse a cargo do 
particular. 
 No caso de morte ou ausência, o direito de oferecer queixa ou de prosseguir na ação penal ficará 
a cargo do cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. Código Penal, art.100, § 4°. 
3.3.3.2. Ação penal privada subsidiária da pública – CF, art. 5°, LIX. 
 Só cabe exclusivamente em caso de inércia. Caso o MP peça o arquivamento do inquérito 
policial, ou requeira a devolução do inquérito á policia civil a fim de efetuarem novas diligências, não 
caberá ação penal privada subsidiária. 
3.3.3.3. Ação penal privada personalíssima 
 São aquelas em que somente o ofendido, e mais ninguém, pode propô-las. Por exemplo: art. 
236, do CP – nesses casos não há sucessão por morte ou ausência. 
3.3.4. Atuação do Ministério Público na ação penal privada 
 
 Funciona como custos legis, ou seja, fiscal da lei. 
 
 Verifica se o devido processo legal está sendo respeitado 
 
 Se estão sendo resguardados os direitos das partes 
 
 Se foi respeitado o princípio da indivisibilidade 
 
 Analisa se o delito não é caso de ação penal de iniciativa pública 
 
 
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 Analisa a ocorrência de causa extintiva de punibilidade 
 
 Ao final da instrução, o MP se manifesta pela condenação ou absolvição do querelado. 
 
3.3.4.1. Possibilidade do promotor aditar a queixa-crime – art. 45, do CPP 
 
Art. 45. A queixa, ainda quando a ação penal for privativa do ofendido, poderá ser 
aditada pelo Ministério Público, a quem caberá intervir em todos os termos 
subseqüentes do processo. 
“Nos termos do artigo 45 do CPP, a queixa poderá ser aditada pelo ministério público, 
ainda que se trate de ação penal privativa do ofendido, desde que não proceda à 
inclusão de coautor ou partícipe, tampouco inove quanto aos fatos descritos” (STJ-HC 
85.039/SP) 
3.3.5. Causas de extinção da punibilidade aplicáveis à ação penal privada 
 
3.3.5.1. Decadência 
 
 É a perda do direito de ingressar com a ação em face do decurso do prazo sem o oferecimento da queixa. 
Vejamos como o instituto é disciplinado no Código de Processo Penal: 
 
Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai do direito de 
queixa ou de representação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, 
contado do dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do § 3º do 
art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o prazo para oferecimento da 
denúncia. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
 Caso o querelante apresente queixa-crime em juízo incompetente, não haverá decadência, haja 
vista a intenção inequívoca de iniciar a ação penal. 
 O prazo decadencial é peremptório, não se prorrogando ou se suspendendo por qualquer razão. 
 A instauração de inquérito policial, portanto, não obsta o prosseguimento do prazo. 
 Se o último dia do prazo cair em feriado ou fim de semana, ele não se estende até o próximo dia útil. 
 Nos crimes permanentes, o prazo começa a contar quando cessa a permanência, se a autoria já for 
conhecida. 
 No crime habitual, a decadência se conta a partir do último ato conhecido pelo querelante. 
 O prazo decadencial tem natureza penal, incluindo-se o dia do começo. 
 Comunica-se a todos os autores do delito 
 
3.3.5.2. Perempção 
 
 É a perda do direito de prosseguir na ação penal privada em razão da inércia do querelante. 
 Tem natureza de sanção 
 Comunica-se a todos os autores do delito. 
 Não tem aplicabilidade na ação penal privada subsidiária. 
 
Vejamos como o instituto é disciplinado no Código de Processo Penal: 
Art. 60. Noscasos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á 
perempta a ação penal: 
 
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I -quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo 
durante 30 dias seguidos; 
 Atenção: na esfera penal, a perempção extingue a punibilidade. 
 No Processo Civil, a perempção só ocorre após a terceira extinção do processo sem julgamento do 
mérito pelo mesmo motivo. 
Art. 60; II-quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não 
comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) 
dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36; 
 Trata-se de condição de prosseguibilidade da ação penal. 
 Não se aplica à ação penal privada personalíssima. 
Art. 60; III- quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a 
qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido 
de condenação nas alegações finais; 
 Na ação penal pública, o juiz pode condenar o réu, mesmo que o MP tenha pedido a absolvição. 
IV-quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor. 
 
3.3.5.3. Renúncia ao direito de queixa 
 
 Ocorre antes do início da ação penal 
 Unilateral 
 Pode ser expressa ou tácita 
 Se feita em relação a um dos autores, a todos se estende (Indivisibilidade) 
 
Vejamos como o instituto é disciplinado no Código de Processo Penal: 
Art.49. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do 
crime, a todos se estenderá. 
Art.50. A renúncia expressa constará de declaração assinada pelo ofendido, por seu 
representante legal ou procurador com poderes especiais. 
3.3.6. Perdão do ofendido 
 
 Ato pelo qual o querelante desiste da ação penal. 
 Ocorre em momento posterior à queixa-crime. 
 É bilateral. 
 Se concedido a um dos querelados, a todos se estende, exceto em relação ao que o recusar. 
 Se forem dois os querelantes, o perdão oferecido por um não se estende ao outro. 
 Pode ser feito pessoalmente ou por procurador com poderes especiais. 
 Pode ser expresso ou tácito. 
 
4. AÇÃO CIVIL EX DELICTO 
 
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4.1 Conceito – É a ação proposta no juízo civil pelo ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros para obter a 
reparação do dano provocado pela infração penal.(MOUGENOT BONFIM, Edilson, Curso de processo Penal. 4ª Ed. 
Saraiva, 2009.) 
 
4.2 Sistema de reparação do dano 
 O ordenamento jurídico brasileiro adotou o sistema da independência entre os juízos penal e cível. Isto significa 
que, as ações deverão ser propostas separadamente, tendo os julgadores liberdade para julgar, desvinculados das 
demais instâncias. 
 Ocorre que tal sistema é mitigado por algumas situações, como a possibilidade de o juiz criminal, em sentença 
penal condenatória, determinar o valor mínimo para a reparação do dano, tendo a sentença penal condenatória a 
natureza de título executivo judicial (artigo 63 do CPP). 
4.3 Decisões em matéria penal que fazem coisa julgada no âmbito civil 
 Sentença Penal Condenatória definitiva– Por força do artigo 63 do CPP, após a sentença penal 
condenatória com trânsito em julgado, o ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros estarão 
legitimados a propor a execução da sentença na esfera cível. 
Atenção – Nem todo crime irá gerar o dever de indenizar. É possível que o réu seja condenado 
criminalmente sem que tenha gerado prejuízo para alguém. 
 Sentença Penal Absolutória que reconhece a presença de causa excludente de ilicitude- Prevista 
expressamente no artigo 65 do CPP, essa regra proíbe o juízo cível de discutir acerca de excludente de 
ilicitude reconhecida de forma definitiva na esfera penal. É a chamada eficácia preclusiva subordinante. 
Ocorre que, não obstante esta regra, é possível, em algumas hipóteses, que mesmo tendo havido a 
ocorrência de excludente de ilicitude, ainda permaneça o dever de indenizar, podendo-se citar como 
exemplo a legítima defesa putativa. 
4.4 Legitimidade do Ministério Público para a proposição da ação civil ex delicto 
Vejamos o disposto no artigo 68 do CPP: 
 Art. 68. Quando o titular do direito à reparação do dano for pobre (art. 32, §§ 1
o
 e 
2
o
), a execução da sentença condenatória (art. 63) ou a ação civil (art. 64) será 
promovida, a seu requerimento, pelo Ministério Público. 
 A princípio, a possibilidade garantida ao titular comprovadamente pobre de ser representado pelo 
Ministério Público não suscitaria maiores debates. 
 Porém, a Constituição Federal, em seu artigo 134, prevê que a representação do cidadão hipossuficiente 
será feita pela Defensoria Pública. 
Vejamos: 
Art. 134. A Defensoria Pública é instituição essencial à função jurisdicional do Estado, 
incumbindo-lhe a orientação jurídica e a defesa, em todos os graus, dos necessitados, 
na forma do art. 5º, LXXIV.) 
Conforme se pode aferir no informativo 346 do STF, a egrégia corte, ao julgar essa controvérsia, decidiu que o 
artigo 68 do CPP é norma constitucional em trânsito para a inconstitucionalidade, o que significa dizer que será 
válido enquanto não forem instaladas as defensorias Públicas nos estados. 
5. JURISDIÇÃO 
5.1 Conceito de jurisdição – Jurisdição significa o poder que o estado detém, que também é um dever, no 
sentido de aplicar as regras de direito aos casos concretos que são postos à sua apreciação. 
 Fala-se que o Estado detém o monopólio da jurisdição, haja vista que só ele tem o poder de aplicá-la, 
vedando, em regra, a autotutela. 
5.2 Características da jurisdição 
 
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 Substitutividade – Vedando a autotutela, o estado substitui as partes, sendo ele o responsável pela 
solução judicial dos conflitos. 
 Definitividade – as decisões judiciais, após o esgotamento das vias recursais, passam a ser imutáveis. 
Excepcionalmente poderão ser revistas via revisão criminal. 
 Inércia – O estado, no exercício da função jurisdicional, depende de prévia provocação para agir. Em 
algumas hipóteses, excepcionais, deverá o juiz agir sem provocação, como no caso do habeas corpus de 
ofício. 
 Indivisibilidade – A jurisdição é uma e indivisível. A organização da mesma em penal, cível e trabalhista 
serve apenas para facilitar e sistematizar o trabalho. 
5.3 Princípios da jurisdição 
 Juiz natural – Já estudado no capítulo 01. 
 Investidura – Apenas poderão atuar no exercício jurisdicionais os profissionais legalmente investido em 
suas funções. 
 Inércia - Já estudado no item 5.2 
 Indeclinabilidade – Sempre que uma questão for submetida à apreciação do poder judiciário, este será 
obrigado a prolatar uma decisão, seja ou não de mérito. 
 Indelegabilidade – O magistrado deverá exercer sua função com pessoalidade, não podendo delegar tal 
atividade. 
5.4 Divisões da Jurisdição 
 Quanto à graduação – os órgãos do poder judiciário são divididos em instâncias, conforme o duplo grau 
de jurisdição. 
 Quanto à matéria – a jurisdição será penal ou civil, a depender da natureza do direito sobre o qual incide a 
controvérsia. 
 Quanto à função – A jurisdição será comum (residual) ou especial (Justiças militar, eleitoral e do trabalho). 
 Quanto ao objeto – Divide-se a jurisdição em contenciosa (necessidade de solução de controvérsia) ou 
voluntária (ausência de litígio). 
6. COMPETÊNCIA EM MATÉRIAPENAL 
6.1 Introdução - Embora a jurisdição seja una, ela é distribuída entre diversos órgãos. Essa distribuição técnica 
do poder jurisdicional, a fim de facilitar a organização e sistematização do trabalho é a chamada Competência. 
6.2. Competência – É a delimitação do exercício do poder jurisdicional. Fala-se que competência é a ‘medida da 
jurisdição”. 
6.3. Critérios para a fixação de competência: 
 Em razão da matéria/natureza da infração – ratione materiae 
 Em razão do cargo ou função do acusado – ratione personae 
 Em razão do local do crime ou da residência do acusado – ratione loci 
6.4. Delimitação da competência em razão da matéria 
Para identificar a competência para julgar determinado fato, é preciso definir, em um primeiro momento, o juízo 
competente conforme a natureza da infração. 
A CF criou justiças especializadas para determinadas matérias, sendo o restante julgado pela justiça comum 
(caráter residual). 
 Justiça Eleitoral (artigos 118 a 121 da CF) – Julga infrações de natureza eleitoral e as infrações 
conexas. 
 Justiça Militar (art. 124 CF) – Julga os crimes militares previstos no artigo 9º do Código Penal 
Militar. 
 
 
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Casuística referente à justiça militar: 
 
 Crime doloso contra a vida praticado por militar contra civil – Será de competência da Justiça 
Comum, especificamente do Tribunal do Júri, conforme artigo 9º parágrafo único do Código 
Penal Militar. 
 Crime de abuso de autoridade praticado por militar – 
Neste caso, ainda que o militar pratique tal crime no exercício de suas funções, será competente 
a justiça comum. 
 
Nesse sentido a súmula 172 do STJ - Compete a justiça comum processar e julgar militar por crime de 
abuso de autoridade, ainda que praticado em serviço. 
 Acidente de trânsito envolvendo viatura militar – será de competência da justiça comum, 
exceto se autor e vítima forem militares. Nesse sentido a súmula 06 do STJ: Compete a justiça 
comum processar e julgar delito decorrente de acidente de transito envolvendo viatura da 
policia militar, salvo se autor e vítima forem policiais militares em situação de atividade. 
 Crime praticado por civil contra instituições militares estaduais – Será de competência da 
justiça comum, conforme súmula 53 do STJ: 
Súmula 53 do STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar civil acusado de prática de 
crime contra instituições militares estaduais. 
 
Atenção: a justiça do trabalho não tem competência em matéria penal. 
6.5 Da Justiça Comum Federal e Estadual 
6.5.1 Justiça Federal- Sua competência é delimitada no artigo 109, IV, da CF, e julgará: 
 Crimes Políticos – São aqueles previstos na Lei de Segurança Nacional (lei 7170/83) 
 Infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da união, suas entidades 
autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções. 
Quanto a este ponto, importante destacar a importância dos enunciados de súmulas do STJ de nº 38, 42 e 
147. 
Súmula 38 do STJ: “Compete à Justiça Estadual Comum, na vigência da Constituição 
de 1988, o processo por contravenção penal, ainda que praticada em detrimento de 
bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades.” 
Súmula 42 do STJ: “Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar as causas 
cíveis em que é parte sociedade de economia mista e os crimes praticados em seu 
detrimento.” 
Súmula 147 do STJ: “Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes 
praticados contra funcionário público federal, quando relacionados com o exercício 
da função.” 
 crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando iniciada a execução no País, o resultado 
devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente 
Exemplo: Tráfico internacional de drogas, por força da convenção de Viena e artigo 70 da Lei 11343/2006. 
 Casos de grave violação de direitos humanos, se houver necessidade de assegurar o cumprimento de 
obrigações decorrentes de tratados internacionais sobre direitos humanos de que o Brasil faça parte. 
Previsto no artigo 109, § 5º da CF. 
 Neste caso, se o procedimento se iniciar na justiça estadual, cabe ao Procurador Geral da República 
pleitear o deslocamento de competência 
 Crimes contra a organização do trabalho - Não basta que o crime esteja inserido neste título para que a 
competência seja da justiça federal, devendo, para isto, haver violação aos direitos dos trabalhadores 
coletivamente considerados. 
 os "habeas-corpus", em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento provier de 
autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição; 
 
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 os mandados de segurança contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos 
tribunais federais; 
 Crimes contra o sistema financeiro ou a ordem econômica, quando determinados em lei. 
 Crime cometido a bordo de navios ou aeronaves ressalvada a competência da Justiça Militar 
 Crimes de ingresso e permanência irregular de estrangeiro – Trata-se dos crimes previstos no estatuto do 
estrangeiro (lei 6815/80). 
6.5.2 Justiça Estadual– Sua competência é definida pelo artigo 125 da CF. 
 Podemos dizer que a justiça estadual terá competência residual, ou seja, caso o crime em questão não seja 
de competência das justiças especializadas ou da justiça comum federal, será de competência estadual, por 
exclusão. 
Detalhes: 
 Crimes dolosos contra a vida. Competência do Tribunal do Júri - O Júri poderá ser estadual ou federal, a 
depender do caso concreto. Ex: em caso de homicídio a bordo de aeronave, o crime será julgado pelo 
tribunal do júri da Justiça Federal. 
 Juizados Especiais Criminais - Competentes para crimes de menor potencial ofensivo. Também podem ser 
federais ou estaduais. 
6.6. Delimitação da competência emrazão do cargo ou função do acusado. 
 É o chamado foro privilegiado por prerrogativa de função. 
 Em razão da relevância do papel desempenhado por determinadas autoridades, a CF e algumas 
constituições estaduais determinam que tais autoridades sejam julgadas, originariamente, pelos tribunais. 
A CF delimita essa competência: 
 STF (Art. 102) – 
 STJ (art. 105) – 
 TRF (108 CF) – 
 TJ dos estados e do DF (art. 29, X; art. 96, III) 
 
6.6.1. Foro privilegiado e cessação do mandato – Apesar as tentativas do legislador no sentido de regulamentar a 
prorrogação do foro privilegiado mesmo após o fim do mandato (vide lei10.628 que acrescentou o § 1º ao artigo 84 
do CPP), o STF, em julgamento da ADIN 2797 a declarou inconstitucional. 
Assim, o foro privilegiado só prevalecerá durante o exercício da função pública. Quando o agente deixar o 
cargo/emprego/função que ocupa, seu processo deverá ser remetido ao juízo de primeiro grau. 
 
Vejamos as súmulas do STF e do STJ em relação à matéria: 
 
Súmula 208 do STJ: “Compete a Justiça Federal processar e julgar prefeito municipal 
por desvio de verba sujeita a prestação de contas perante órgão federal.” 
 
Súmula 209 do STJ: “Compete a Justiça Estadual processar e julgar prefeito por 
desvio de verba transferida e incorporada ao patrimônio municipal.” 
 
Súmula 396 do STF: “Para a ação penal por ofensa à honra, sendo admissível a 
exceção da verdade quanto ao desempenho de função pública, prevalece a 
competência especial por prerrogativa de função, ainda que já tenha cessado o 
exercício funcional do ofendido.” 
 
Súmula 451 do STF: “A competência especialpor prerrogativa de função não se 
estende ao crime cometido após a cessação definitiva do exercício funcional.” 
 
 
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Súmula 702 do STF: “A competência do tribunal de justiça para julgar prefeitos 
restringe-se aos crimes de competência da justiça comum estadual; nos demais 
casos, a competência originária caberá ao respectivo tribunal de segundo grau.” 
 
Súmula 721 do STF: “A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece 
sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela 
Constituição Estadual.” 
6.7. Competência em razão do lugar – 
 Após a verificação da natureza da infração, e da existência ou não de foro privilegiado, deve-se observar o 
foro de acordo com o local da infração. 
 Conforme o artigo 70 do CPP, a competência será fixada, em regra, pelo lugar em que se consumar a 
infração(teoria do resultado) 
 
Observação: 
Em caso de homicídio, a jurisprudência pacificou o entendimento que aplica a teoria da atividade, nos casos 
em que a conduta ocorreu em uma cidade e a vítima morreu em outra, por ser o melhor para a produção de 
provas. 
 No caso de tentativa, será o local onde se praticou o último ato de execução 
 Em caso de crime iniciado no Brasil e consumado fora dele, será competente o local onde foi praticado o 
último ato de execução, dentro do território nacional. 
 Caso o último ato de execução tenha sido realizado fora do Brasil, será competente o foro do local em que 
o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou deveria produzir ser resultado 
6.8 Prevenção 
Ver artigo 83 CPP. 
Ocorre quando: 
 Art. 70, §3º CPP: o crime ocorrer na divisa entre comarcas ou se for incerto o limite entre elas 
 Em caso de crime continuado ou permanente, eles atravessem duas ou mais jurisdições (art. 71 CPP) 
6.9 Competência delimitada pelo domicílio do acusado 
 Conforme o art. 72 do CPP, trata-se de regra subsidiária, só servindo nos casos em que não se consegue 
determinar o local da infração. 
6.10 Prorrogação de competência em casos de Conexão ou Continência 
 A lei estabelece a necessidade de unidade de processo e julgamento em casos de conexão e continência, 
visando conferir maior segurança jurídica aos julgados (evitando decisões conflitantes) e celeridade processual. 
 Conexão: Nos termos do art. 76 do CPP, a competência será determinada pela conexão quando: 
 ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas 
reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, 
umas contra as outras (conexão intersubjetiva); 
 no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir 
impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas (conexão objetiva); 
 a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares influir na prova de outra 
infração (conexão instrumental ou probatória) 
 Continência – Nos termos do artigo 77, a competência será determinada pela continência quando: 
 duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração (cumulação subjetiva); 
 
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 no caso de infração cometida nas condições de concurso formal, previstas atualmente nos artigos 70, 73 
e 74 do Código penal. 
 
7. QUESTÕES E PROCESSOS INCIDENTES – 
7.1 Conceito – São situações que surgem no curso do processo e que exigem solução antes do enfrentamento do 
mérito. 
 Questões prejudiciais – Previstas nos artigos 92 a 94 do CPP, são questões que, apesar de autônomas em 
relação à ação principal, devem ser resolvidas antes do mérito. 
 Processos incidentes – são procedimentos paralelos à ação principal, como as exceções, incompatibilidades e 
impedimentos, o conflito de jurisdição, a restituição de coisas apreendidas, as medidas assecuratórias, o 
incidente de falsidade e o incidente de insanidade mental do acusado. 
7.2 Questões prejudiciais – Tratam-se de controvérsias jurídicas de natureza penal (questões prejudiciais 
homogêneas) ou extrapenal (questões prejudiciais heterogêneas) que, após solucionadas, permitirão que se 
conclua sobre o caráter delituoso de um fato. 
7.2.1 Questões prejudiciais devolutivas obrigatórias (absolutas) – Previstas no artigo 92 do CPP, pressupõem a 
discussão acerca do estado civil das pessoas. Impõem a suspensão obrigatória da ação penal por tempo 
indeterminado. 
Exemplo: O crime de bigamia só poderá ser julgado após o julgamento, na esfera cível, de ação eventualmente 
instaurada acerca da validade do primeiro casamento. 
Atenção: Quanto ao estado civil das pessoas, a decisão cível sempre influenciará a criminal. 
7.2.2 Questões prejudiciais devolutivas facultativas – Previstas no artigo 93 do CPP. 
Trata-se de questão prejudicial heterogênea cuja discussão não seja quanto ao estado civil das pessoas. 
Aqui, a lei deixa a cargo do juiz criminal decidir sobre a suspensão da ação por prazo razoável enquanto se 
aguarda julgamento da matéria cível. 
Atenção – Não sendo discussão acerca do estado civil das pessoas, a decisão cível só vinculará a criminal se 
proferida durante o prazo de suspensão. 
7.3 Exceções – 
 7.3.1 – Conceito – 
 Exceção significa “o mecanismo processual por meio do qual o acusado exerce a defesa indireta, provocando 
a apreciação de matéria que pode levar à extinção da ação ou ao retardamento de seu exercício.” (ARAÚJO REIS, 
Alexandre Cebrian e RIOS GONÇALVES, Vitor Eduardo. Direito Processual Penal Esquematizado.1ª Ed. São Paulo. 
Saraiva. 2012.) 
 
7.3.2 Classificação 
7.3.2.1 Exceções dilatórias – Não têm por objetivo a extinção do processo, mas acabam por retardar o seu 
andamento. Ex: Exceção de incompetência relativa. 
7.3.2.2 Exceções peremptórias – Se forem julgadas procedentes, terão como conseqüência a extinção do 
processo sem o julgamento do mérito. Ex: exceção de litispendência. 
7.3.3 Espécies – Nos termos dos artigos 95 e 112 do CPP, são as seguintes: 
 Exceção de suspeição 
 Exceção de incompetência do juízo 
 Exceção de litispendência 
 Exceção de ilegitimidade de parte 
 Exceção de coisa julgada 
 Exceção de impedimento 
 
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7.4 Conflito de competência – 
 Se com o manejo das exceções a lei põe a disposição das partes a possibilidade de argüir a exceção de 
determinado juízo, por meio do conflito de competência coloca-se à disposição do juiz mecanismos que lhe 
permitem fiscalizar a correta delimitação do órgão jurisdicional. 
 Em um primeiro momento, ao analisar acerca do recebimento ou rejeição da peça inicial acusatória, 
deve também o magistrado avaliar se é a autoridade competente para julgar aquela causa. Caso não o seja, 
deverá remeter os autos ao juízo competente. 
Em um segundo momento, o magistrado poderá suscitar conflito de competência, nas seguintes hipóteses: 
 Conflito positivo de competência – ocorre quando mais de uma autoridade judiciária se julga 
competente para julgar determinada causa; 
 Conflito negativo de competência – ocorre quando mais de uma autoridade judiciária se julga 
incompetente para julgar determinada causa. 
7.4.1 Quem poderá suscitar 
 A parte interessada 
 O representante do ministério público 
 Qualquer juiz envolvido na causa 
 
7.4.2 Competência para Julgamento 
 STF – Julga conflitos entre tribunais superiores ou entre estes e qualquer outro tribunal (art.102, I, o, da CF) 
 STJ – Julga conflitos entre tribunais, ressalvada a competência do STF, conflitos entre juízes 
vinculados a tribunais diversos e entre tribunais e juízes a ele não vinculados (art. 105, I, d, da 
CF) 
 TRF – Julga conflitos entre juízes vinculados ao tribunal (art. 108, I, e, da CF) 
 Tribunais de justiça –Julga os conflitos entre juízes a ele subordinados. 
 
7.5 Incidente de falsidade – a lei processual prevê a possibilidade de utilização de documentos como meio de 
prova.Sendo o documento uma declaração capaz de comprovar determinado fato, o mesmo poderá ter sua 
veracidade questionada. 
Apesar de não ser meio obrigatório de atestar tal veracidade, uma vez que o próprio juiz poderá argüir a 
falsidade do mesmo na fase decisória, é possível a instauração do incidente de falsidade documental com a 
finalidade de atestar a falsidade de tal documento e desentranhá-lo do processo. 
7.5.1 Processamento 
Nos termos do artigo 145 do CPP, o incidente, que deverá ser arquido por escrito, seguirá a seguinte sequência: 
 Autuação em apartado 
 Oitiva da parte contrária em até 48 horas 
 Prazo de 03 dias para que cada parte possa comprovar suas alegações 
 Determinação de diligências complementares, se necessário 
 Decisão que, caso positiva, imporá o desentranhamento dos documentos e remessa ao Ministério Público 
7.5.2 Recursos 
 Caberá recurso no sentido estrito (artigo 581, XVIII, do CPP) da decisão que julgar procedente ou 
improcedente a argüição. 
Atenção: Nos termos do artigo 148 do CPP, a decisão terá repercussão limitada ao processo. Não será 
impositiva a qualquer outro processo, penal ou cível. 
7.6 Incidente de insanidade mental do acusado 
 
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7.6.1 Introdução - Tendo em vista a relevância acerca da prova do estado mental do acusado no momento da 
infração, cujo resultado poderá caracterizar a semi-imputabilidade ou mesmo a inimputabilidade, com 
conseqüente imposição de medida de segurança no lugar da pena, a lei processual regulamenta, em seus artigos 
149 a 154 o incidente de insanidade mental do acusado. 
7.6.2 – Momento adequado – em qualquer fase do inquérito ou da ação penal. 
7.6.3 legitimidade 
 Do juiz, de ofício 
 A requerimento do MP, defensor, cônjuge, ascendente, descendente ou irmão 
 Por representação da autoridade policial, se na fase de inquérito. 
7.6.4 Processamento 
 Nos termos do artigo 149, § 2º, o juiz nomeará curador ao acusado, quando determinar o exame, ficando 
suspenso o processo, se já iniciada a ação penal, salvo quanto às diligências que possam ser prejudicadas pelo 
adiamento. 
 O juiz determinará a suspensão da ação penal e a nomeação de dois peritos. 
 O exame deverá ser realizado em até 45 dias, salvo justificada dilação do prazo 
 Após a juntada do laudo, o juiz não manifestará decisão, juntando-se aquele ao processo principal, e o seu 
teor será analisado na fase da sentença. 
7.6.5 Recursos 
 Da decisão que denegar a instauração do incidente caberá habeas corpus, tendo em vista a ausência de 
previsão legal para recurso 
 Da decisão que homologar o laudo caberá apelação. 
8. PROVAS NO PROCESSO PENAL 
8.1. Conceito – A prova pode ser entendida como o ato de provar (instrução probatória); o meio para provar: são 
os instrumentos para a demonstração da verdade; e o resultado obtido com a análise do material probatório, isto 
é, o efeito ou o resultado da demonstração daquilo que se alega. (NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de 
processo e execução penal. 3.ed. são Paulo:RT, 2007. P.351. 
8.2. Sistema de avaliação de prova seguido pelo Direito Processual Penal pátrio: 
Sistema da persuasão racional/livre convicção do juiz - confere ao magistrado a ampla liberdade na apreciação 
de provas, sendo este obrigado a fundamentar sua decisão. 
Tal sistema está consagrado no artigo 155 do CPP: 
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em 
contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos 
elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, 
não repetíveis e antecipadas. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) 
 Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as 
restrições estabelecidas na lei civil. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) 
 O presente artigo materializa a livre convicção do juiz. Aproveitando o ensejo, percebe-se que o mesmo 
dispositivo legal dispõe também acerca da necessidade de produção de provas durante a ação penal, sob o crivo do 
contraditório e da ampla defesa, excepcionando tal necessidade apenas no caso das provas cautelares, não 
repetíveis e antecipadas. 
Vejamos o significado de cada uma delas: 
 
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 Prova cautelar – São as provas produzidas em caráter de urgência e necessidade. 
 Prova não repetível – A reprodução em juízo tornou-se inviável. 
 Prova antecipada – é aquela produzida em procedimento próprio de produção antecipada, perante o 
magistrado, ainda que na fase pré-processual. 
 Atenção: O parágrafo único prevê que as restrições estabelecidas na lei civil ( critérios específicos da norma civil) 
serão aplicados também ao âmbito criminal apenas quanto ao estado das pessoas. 
Exemplo: A prova da menoridade do réu deve ser feita obrigatoriamente com base na certidão de nascimento. 
Tal entendimento foi materializado na súmula 74 do STJ: 
Súmula 74 STJ: Para efeitos penais, o reconhecimento da menoridade do réu requer 
prova por documento hábil. 
8.3. Ônus da prova – O artigo 156 do Código de Processo Penal prevê duas situações que, apesar de expressas 
na norma, são de constitucionalidade duvidosa. 
 A primeira se refere à divisão do ônus da prova. Afirma tal dispositivo que o ônus de provar incumbe à 
parte que alega, ou seja, ao autor da ação incumbe o dever de comprovar os fatos que alega, e à defesa incumbe 
o dever de comprovar quaisquer fatos novos que trouxer em suas alegações. 
 Porém, tal artigo deve ser interpretado à luz do princípio da presunção de inocência, de forma que, uma vez 
não tendo restado comprovadas de forma robusta as alegações da acusação, o réu deverá ser absolvido, ainda 
que não tenha produzido absolutamente qualquer prova em seu favor. 
 A segunda previsão é sobre a possibilidade de o juiz participar ativamente da produção de provas, ainda 
que na fase de inquérito policial. 
 Formalmente, está expresso na lei essa possibilidade, porém, entendemos como inconstitucional tal 
iniciativa do juiz, por violar expressamente o sistema acusatório. 
8.4. Provas Ilícitas 
 Considera-se prova ilícita aquela obtida a partir de uma violação à norma de direito material, processual ou 
mesmo violando algum princípio constitucional. 
A doutrina, de forma didática, divide este conceito da seguinte maneira: 
 Prova ilícita em sentido amplo: é um conceito genérico, significando que a mesma foi obtida violando-se 
alguma norma de direito. 
 Prova ilícita em sentido estrito: é a espécie de prova ilícita obtida com violação de norma de direito 
material. 
 Prova ilegítima: é a espécie de prova ilícita obtida com violação de norma de cunho processual. 
8.4.1 Teoria dos frutos da árvore envenenada/Prova ilícita por derivação: 
 Acolhida pela legislação, tal teoria afirma que a prova ilícita contaminará as demais provas produzidas a partir 
desta, ou seja, as provas derivadas das provas ilícitas serão, consequentemente, ilícitas também.

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