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2.3 A construção da cidadania: movimentos sociais e a luta política por direitos Unidade 2 Indivíduo, Poder e Sociedade Texto de referência: PAOLI, Maria Célia. Movimentos sociais, cidadania, espaço público: perspectivas brasileiras para os anos 90. Revista Crítica de Ciências Sociais, 1991. 1 Cidadania implica no acesso a bens e direitos e no exercício de deveres. Deveres: Fomentar a existência de direitos. Responsabilidade coletiva. Participação no governo (direta ou indireta). Direitos: Civis (próprio corpo, locomoção, segurança). Sociais (necessidades básicas, moradia, alimentação). Políticos (liberdade de expressão). Movimento social: entidade coletiva que emerge por ações conflitantes nas diferentes sociedades. Visa a transformação social, a inserção, a busca ou a consolidação de direitos por meio da luta política. Os temas da cidadania estão, cada vez mais, em voga: nas ruas, casas, noticiários, no trabalho. Situando a realidade brasileira: sociedade desigual e autoritária. Descrença com as instituições políticas e seus operadores: patrimonialismo, escândalos, corrupção, ineficiência. Contradição: generalização da cidadania X crise moral da coletividade. Construção de uma nova cultura política: desnaturalização dos privilégios e a publicização dos negócios políticos. Elaborar a noção de cidadania por meio de ações coletivas: os novos movimentos sociais. Movimento operário. Movimento feminista. Movimento negro. Movimento dos trabalhadores rurais. Movimento indígena. Movimentos urbanos: casa, saúde, educação, transporte, alimentação. Trabalho, legislação, cultura, políticas públicas. Todos os movimentos sociais buscam uma participação equivalente, diferenciada e coletiva na condução dos assuntos políticos. Compreender a noção de direitos, produzida pelos movimentos sociais contemporâneos brasileiros, implica em resgatar a história do país. O Brasil urbanizou-se, industrializou-se, mas não republicanizou-se. O Brasil não sabe distinguir entre o arbítrio e a transgressão, entre o público e o privado, não supera sua hierarquia de privilégios, não faz valer a igualdade jurídica formal, não elimina preconceitos ou a violência, reforça a tutela das elites. No Brasil, como a divisão do poder se manifesta em relação às classes sociais? A força da ordem privada do trabalho, com excessiva autoridade dos mandos patronais (modernidade tal como experiência escravista, inexistência de garantias legais). A construção de uma cidadania regulada pela tutela do Estado. Muitas vezes, os sindicatos tornam-se representantes do Estado. No Brasil, o direito a ter direitos ficou preso ao funcionamento das instituições jurídicas governamentais. Todo um espaço público em formação foi destruído pelo Estado, que reprimiu qualquer tentativa de mobilização e participação popular na organização de assuntos públicos. O Estado brasileiro exclui a cidadania liberal, fundada na equivalência política dos indivíduos, além da cidadania coletiva, fundada no exercício da participação e da ação comum (Estado clientelista). A busca por uma nova forma de ação coletiva. Autonomia do agir social coletivo contemporâneo. É preciso ir além do assistencialismo. A atuação dos movimentos sociais impacta: nas práticas jurídicas do Estado e na implantação de políticas sociais dirigidas às classes populares. Domínio público torna-se, de fato, público com a participação plural na construção de direitos.
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