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Roteiro_de_aula_Classes_sociais_e_trabalho_-_Marx

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS
SOCIOLOGIA
Prof. Marcelo Sevaybricker Moreira
Capitalismo, classes sociais, conflito social e trabalho: a contribuição de Marx
* O pensamento de Marx consiste num esforço de compreensão do mundo capitalista e liberal que se consolidava em alguns países na Europa do século XIX, em especial Inglaterra e França.
*Consiste também numa combinação própria e crítica de três correntes ou matrizes teóricas distintas: o socialismo “utópico” que há muito vinha denunciando as injustiças sociais produzidas no novo mundo marcado pela competição entre os indivíduos; embora se identifique parcialmente com esses pensadores e reconheça o valor histórico desses ideais, Marx vê que eles são claramente insuficientes, pois esperam resolver os conflitos entre proprietários e trabalhadores de modo harmônico, por meio da solidariedade social. Além dessa primeira matriz, Marx se nutre fortemente da filosofia de Hegel que havia feito uma dura crítica ao modo de pensar liberal (atomismo liberal, preeminência do mercado em relação ao Estado, etc), mas também critica fortemente esse pensamento na medida em que vê o desenvolvimento dialético da história apenas no plano espiritual da vida; e, por fim, Marx recorre às elaborações da economia política inglesa acerca do modo de produção capitalista, a preeminência da dimensão econômica da vida, embora conteste em grande medida os principais postulados dessa corrente.
*Conceitos principais do pensamento de Marx: modo de produção; forças produtivas; relações de produção; trabalho; alienação; classes sociais.
*A produção das condições materiais produz um mundo humano que deve ser continuamente mantido; os resultados do trabalho humano são transmitidos para as gerações vindouras. Estes herdam não apenas as forças até então produzidas, mas também as relações sociais delas decorrentes. Como aquilo que é produzido é apropriado diferentemente pelos indivíduos, dependendo do lugar que assumem na estrutura social (divisão social do trabalho), as relações sociais refletem essa desigualdade na apropriação do produto do trabalho. As forças produtivas correspondem aos meios utilizados pelo homem na trasnformação da natureza (tecnologia, divisão do trabalho, processos de produção e cooperação, etc.). Ela exprime o grau de domínio do homem sobre a natureza; nesse sentido, o capitalismo é o estágio ou modo de produção que mais desenvolveu as forças produtivas.
*O tipo de divisão social do trabalho corresponde à estrutura de classes da sociedade. Toda sociedade é dividida em classes (determinadas de acordo com sua ocupação no processo produtivo) que são, em alguma medida, antagônicas. No capitalismo, essas relações contraditórias tendem a intensificar. Quanto maior a divisão do trabalho, maior a produtividade, mas também maior a alienação de cada indivíduo e de sua dependência da cadeia produtiva. A separação entre trabalho intelectual (burocratas, juízes, professores, artistas, etc.) e trabalho manual é um capítulo avançado desse processe de crescente divisão social do trabalho (a primeira forma de divisão social do trabalho consiste na diferenciação de funções segundo o sexo e a idade). Os vários graus de divisão social do trabalho estão associados também a formas específicas da propriedade dos meios de produção. Assim, grosso modo, todas classes podem ser entendidas como possuidoras ou não possuidoras dos meios de produção. A tendência no capítalismo e afastar o trabalho dos meios de produção (capital).
*Relações sociais de produção: tratam das diferentes formas de organização da produção e distribuição, da posse e dos tipos de propriedade dos meios de produção, bem como e que se constituem no substrato para a estruturação das desigualdades expressas na forma de classes sociais”. Como os indivíduos se relacionam para produzir os bens necessários à sua vida social? São relações estruturais e objetivas que independem das suas representações mentais e da vontade individual.
*Assim, ao invés de partir da compreensão que os homens têm acerca de si mesmos, Marx está afirmando que é preciso considerar que são as relações criadas em torno da produção e reprodução material da vida que determinam a vida dos indivíduos e que independem da vontade deles. São essas relações chaves explicativas para compreensão da vida social.
* Melhor dizendo, são as contradições entre as forças produtivas e as relações de produção que agem como motor da história. Toda vez que essas contradições se acirram, há uma revolução. Em relação às forças produtivas, portanto, sempre há uma classe que quer manter as condições originais de produção e outras que lutam pela adequação das relações sociais ao desenvolvimento das forças produtivas – essa é a classe revolucionária.
*O que se convenciona chamar de estrutura da vida social é, segundo a concepção materialista, o conjunto de forças produtivas e as relações sociais. Esta é a base de toda sociedade. Entretanto, é preciso atentar para uma primeira contradição intrínseca ao capitalismo: se as forças produtivas são constantemente revolucionadas pela burguesia (desenvolvimento tecnológico), as relações sociais tendem a se manter estáticas, a se conservar no tempo. As revoluções não são acidentes da história, mas uma necessidade criada pela própria ordem social.
* Quatro modos de produção: de um lado, o asiático, que não constitui parte da história ocidental e caracteriza-se pela subordinação de todos trabalhadores ao Estado e à sua burocracia; o antigo, feudal e burguês fazem parte da história do Ocidente: o primeiro é caracterizado pela escravidão, o segundo pela servidão e o último pelo trabalho assalariado. São três modos distintos de exploração do homem pelo homem., distintos por níveis diferenciados de forças produtivas, relações sociais diversas e a apropriação privada da riqueza também diferenciada.
* Assim, identifica-se uma segunda contradição: o capitalismo se caracteriza por ter, em toda história da humanidade, desenvolvido as forças produtivas numa escala inaudita, gerando um volume vultuoso de riqueza; entretanto, a maior parte dos indivíduos, trabalhadores, mantém-se em estado de miséria. O desenvolvimento do capital leva, destarte, inevitavelmente à pauperização e proletarização.
* A divisão do trabalho e a, conseqüente, criação da propriedade privada, produziram contradições e tensões de interesses na sociedade (entre indivíduos, entre a família e o público em geral). Essas contradições que são escamoteadas pelas ideologias. Na sociedade capitalista, as ideologias dominantes são as ideologias da classe dominante, a burguesia, que representa a realidade inversamente: se o que importa são seus interesses particulares, ela defenderá ideologias universais (cidadania, democracia). Todas as idéias são fruto das condições reais de existência dos homens. Os homens precisam produzir seus próprios meios de subsistência para sobreviver. Esses meios de produção que devem ser criados pelo trabalho humano produzem certos tipos de relações entre os homens. A situação social de um povo é, portanto, condicionada pelo desenvolvimento das forças produtivas. É somente quando todo este processo está consolidado que a consciência humana põe-se a pensar sobre a realidade. Numa sociedade de desigualdades, as representações sociais não exprimirão ipsis literis esses conflitos. As ideologias, então, são aquelas idéias que descrevem a realidade de maneira distorcida, em função dos interesses que elas representam. Desse modo, além de serem falsas, as ideologias surgem para satisfazer interesses particulares (de classe, por exemplo), mascarando as condições reais de existência dos homens (que são desiguais). O domínio da classe dominante não se restringe ao plano material (posse dos meios de produção), mas dirige-se igualmente para a esfera das crenças e opiniões.
* Para Marx, o modo de produção capitalista é caracterizado pelo conflito de classes e pela exploração pela classenão-produtora e proprietária da classe produtora e não proprietária. Essa é a chave para compreender seu pensamento. A radicalização dessas contradições gera, conseguintemente, uma crise revolucionária, um processo de supressão da divisão entre classes a partir da ação política daqueles que trazem em si o germe da nova sociedade, o proletariado (a classe universal).
*No capitalismo há um conflito estrtural e inerente entre capital e empresários e trabalho e proletariado. Esse conflito é também o motor da história. Identificar esse conflito supõe também indicar o modo de sua superação (comunismo). Transitoriedade do capitalismo como apenas uma das formas ou estágios de organização das sociedades.
*A burguesia se vê forçada – em função do caráter concorrencial da economia – a transformar constantemente as forças de produção. Forças produtivas: “referem-se aos instrumentos e habilidades que possibilitam o controle das condições naturais para a produção, e se desenvolvimento é, em geral, cumulativo”.
* Alienação: os produtores não se apropriam do produto do seu trabalho; antes, o seu próprio trabalho é tornado uma mercadoria que pode ser vendida. O trabalho então é tomado como um fardo. O salário é o objetivo do trabalho e ele serve apenas para manter o trabalhador em condições físicas de continuar sendo explorado. Por necessidade estrutural, no sistema concorrencial, na economia de mercado, o tempo excedente de trabalho (isto é, todo o tempo trabalhado que excede o valor do salário) é apropriado pela burguesia, que controla a produção. É através dessa mais- valia que a burguesia consegue aumentar o seu lucro (a impossibilidade de diminuir os gastos com insumos leva à necessidade de explorar crescentemente o trabalho assalariado). Entretanto, o trabalhador é incapaz de perceber isso como exploração, pois vive alienado.
*O que é o salário? Corresponde ao valo necessário para manuntenção do trabalhador e de sua família, não ao tempo gasto para produção de um bem. A ideia é que cada vez mais um mesmo bem é produzido em um tempo menor, aumentando a produtividade e o lucro potencial do burguês, mas que a crescente riqueza produzida não é repartida com os trabalhadores. A reserva de mão-de-obra excedente serve também para pressionar os salários para baixo, gerando um processo de crescente pauperização da maior parte dos indivíduos.
*Alienação: não apropriação do produto do trabalho; estranhamento e não reconhecimento na atividade do trabalho; o trabalho que tem como função imanente a libertação do homem, torna-se nos grilhões que o mantém aprisionado; não domínio do processo produtivo (idiotismo do ofício). Alienado também pois, na capitalismo, o trabalhador é reificado, transformado e tratado como mercadoria.
*Deve-se destacar que a crítica de Marx ao trabalho assalariado não se limita à crítica à exploração do trabalhador através da extração da mais-valia, mas também do trabalho assalariado como forma moderna de escravidão; quer dizer, o trabalhador assalariado é um escravo na medida em que se vê forçado a vender sua força de trabalho como única condição para manter-se vivo.
*Nesse sentido, que importância tem os direitos de cidadania (civis, políticos e sociais) concedido aos trabalhadores? Relevância parcial e circunscrita historicamente. As revoluções burguesas, em geral, tem precedido e são entendidas como condição para a revolução proletária.
* As contradições imanentes do capitalismo levam a um processo de luta de classes: crescente reivindicações trabalhistas (cartismo na Inglaterra), organização e ação política. Organização das ligas comunistas e da Internacional Socialista. A classe “em si” torna-se classe “para si”, pois assume gradualmente consciência de sua condição objetiva, questionando as ideologias vigentes, e levando à uma situação revolucionária.

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