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Profa Dra Fabiane Soares Plano de Ensino Objetivo Geral - Promover ao discente maior compreensão sobre o papel do enfermeiro no cuidado oncológico. Objetivos Específicos: Compreender a formação do câncer e os fatores de risco que envolvem a doença; Discutir ações para a promoção da saúde e prevenção de doenças, bem como estratégias para a detecção precoce, tratamento e reabilitação dos diversos tipos de cânceres; Correlacionar os diversos tipos de tratamento, como quimioterapia e radioterapia; Discutir o aceso destes usuários no sistema de saúde; Compreender as ações de enfermagem nas complicações oncológicas; Discutir as ações de enfermagem em oncologia no contexto do Processo de Enfermagem. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Aula expositiva dialogada e prática; Estudo de caso; Leitura e resenha de artigos científicos; Exercícios de fixação. Avaliação AV1: Parcial =2,0 Institucional = 8,0 AV2 Institucional = 10,0 AV3 1. Introdução a Oncologia. 2. Ações de Prevenção Primária e Secundária em Oncologia. 3. Princípios da abordagem terapêutica em Oncologia. 4. Cuidados Paliativos em Oncologia. 5. Sistematização da Assistência de Enfermagem e os principais CA. CONTEÚDOS O Problema do Câncer no Brasil O câncer é responsável por mais de 12% de todas as causas de óbito no mundo: mais de 7 milhões de pessoas morrem anualmente da doença. Como a esperança de vida no planeta tem melhorado gradativamente, a incidência de câncer, estimada em 2002 em 11 milhões de casos novos, alcançará mais de 15 milhões em 2020. Esta previsão, feita em 2005, é da International Union Against Câncer (UICC). A explicação para este crescimento está na maior exposição dos indivíduos a fatores de risco cancerígenos. A redefinição dos padrões de vida, a partir da uniformização das condições de trabalho, nutrição e consumo desencadeada pelo processo global de industrialização, tem reflexos importantes no perfil epidemiológico das populações. As alterações demográficas, com redução das taxas de mortalidade e natalidade, indicam o prolongamento da expectativa de vida e o envelhecimento populacional, levando ao aumento da incidência de doenças crônico- degenerativas, especialmente as cardiovasculares e o câncer. O câncer constitui, assim, problema de saúde pública para o mundo desenvolvido – e também para nações em desenvolvimento, nas quais a soma de casos novos diagnosticados a cada ano atinge 50% do total observado nos cinco continentes, como registrou em 2002 a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). No Brasil, a distribuição dos diferentes tipos de câncer sugere uma transição epidemiológica em andamento. Com o recente envelhecimento da população, que projeta o crescimento exponencial de idosos, é possível identificar um aumento expressivo na prevalência do câncer, o que demanda dos gestores do Sistema Único de Saúde (SUS) imenso esforço para a oferta de atenção adequada aos doentes. Esta perspectiva deixa clara a necessidade de grande investimento na promoção de saúde, na busca da modificação dos padrões de exposição aos fatores de risco para o câncer. Ao mesmo tempo em que é nítido o aumento da prevalência de cânceres associados ao melhor nível socioeconômico – mama, próstata e cólon e reto –, simultaneamente, temos taxas de incidência elevadas de tumores geralmente associados à pobreza – colo do útero, pênis, estômago e cavidade oral. Esta distribuição certamente resulta de exposição diferenciada a fatores ambientais relacionados ao processo de industrialização, como agentes químicos, físicos e biológicos, e das condições de vida, que variam de intensidade em função das desigualdades sociais. Carcinogênese Mecanismo de desenvolvimento dos tumores. Carcinogênese corpo humano células tecidos e órgãos. As células normais se dividem, amadurecem e morrem, renovando-se a cada ciclo. O câncer se desenvolve quando células anormais deixam de seguir esse processo natural, sofrendo mutação que pode provocar danos em um ou mais genes de uma única célula. 13 A divisão celular, normalmente é controlada por fatores reguladores, capazes de permitir a manutenção da homeostase. No entanto, há circunstâncias especiais em que este controle falha e as células passam a se dividir de forma autônoma. Esta capacidade de se dividir de forma autônoma, de se libertar dos controles de crescimento, é a principal característica da célula neoplásica (neo = novo; plasein = formar). "Neoplasia é uma massa anormal de tecido cujo crescimento excede e não está coordenado ao crescimento dos tecidos normais e que persiste mesmo cessada a causa que a provocou." (Rupert Willis- Patologista inglês) Carcinogênese ou oncogênese são termos que designam o processo de desenvolvimento de uma neoplasia, desde as alterações mais precoces no DNA, que supostamente ocorrem em uma só célula ou em um pequeno grupo delas, até a formação de um tumor que pode destruir o organismo hospedeiro. ONCOGÊNESE / NEOPLASIA O termo “estádio” é usado para descrever a extensão ou a gravidade do câncer. CA Endométrio Como o tumor se dissemina? As metástases ocorrem quando as células cancerosas de um tumor se espalham para diferentes partes do corpo, formando tumores satélites, distantes do tumor original. 19 CAUSALIDADE Os eventos básicos da oncogênese são conhecidos em nível molecular. Resultam de agressão ao genoma da célula, com alterações do DNA (mutações) ou expressão anômala de genes normais. Tais alterações levam à ativação ou inativação de genes que coordenam funções essenciais da célula, como proliferação e diferenciação. O acúmulo de mutações nesses genes críticos leva à perda progressiva da homeostase e ao aparecimento do fenótipo celular maligno. Cerca de 70%-80% dos cânceres humanos estão relacionados a fatores ambientais. “Os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, liberados pela combustão do tabaco, exercem ação oncogênica não somente no trato respiratório, mas em outros órgãos como esôfago, estômago e bexiga”. Por exemplo, o hábito de fumar está associado à elevada incidência de câncer de pulmão. A ocorrência das doenças reflete o modo de viver das pessoas, suas condições sociais, econômicas e ambientais. A forma pela qual o indivíduo se insere em seu espaço social e com ele se relaciona é o que desencadeia o processo patológico e, a partir daí, define diferentes riscos de adoecer e morrer Alguns fatores aumentam o risco de Câncer: Câncer de Pulmão, Laringe e Bexiga: à Cigarro Câncer de Mama: à História familiar de câncer de mama à Mulheres que nunca engravidaram à Mulheres que tiveram o primeiro filho após os 30 anos Câncer de Colo de Útero: à Vida sexual precoce e múltiplos parceiros Câncer de Cólon e Reto: à História familiar ou pessoal de câncer de intestino, pólipo ou colite ulcerativa. Alguns hábitos alimentares associados ao risco de câncer: Consumo excessivo de álcool e fumo. Dieta rica em gordura Conservantes químicos presentes em alimentos enlatados e "embutidos", como salsichas e salames Baixo consumo de vitaminas A e C Alguns fatores aumentam o risco de Câncer: Exposição solar Exposição ocupacional O câncer ocupacional, causado pela exposição, durante a vida laboral, a agentes cancerígenospresentes nos ambientes de trabalho, representa de 2% a 4% dos casos de câncer. Não há dúvida de que em vários tipos de câncer a susceptibilidade genética tem papel importante, mas é a interação entre esta susceptibilidade e os fatores ou as condições resultantes do modo de vida e do ambiente que determina o risco do adoecimento por câncer. Magnitude do câncer no Brasil A incidência do câncer cresce no Brasil, como em todo o mundo, num ritmo que acompanha o envelhecimento populacional decorrente do aumento da expectativa de vida. É um resultado direto das grandes transformações globais das últimas décadas, que alteraram a situação de saúde dos povos pela urbanização acelerada, novos modos de vida, novos padrões de consumo. 2006: 472 mil casos novos de câncer no Brasil; Os cânceres mais incidentes, à exceção do de pele não-melanoma, são os de próstata, pulmão e estômago no sexo masculino; mama, colo do útero e intestino no sexo feminino. Mortalidade (2004): Brasil registrou 141 mil óbitos. Câncer de pulmão, próstata e estômago foram as principais causas de morte por câncer em homens; mama, pulmão e intestino, as principais na mortalidade feminina por câncer. Perfil da incidência Brasil As variações regionais na incidência do câncer decorrem de perfis heterogêneos de exposição a fatores de risco que se associam ao aparecimento de diferentes tipos de câncer. As informações sobre incidência também são afetadas por diferenças na capacidade diagnóstica dos serviços de saúde, o que pode levar a uma subestimação da incidência real em algumas regiões. Estimativas de novos casos de Câncer no Brasil (INCA, 2016) Perfil da Mortalidade No Brasil, a mortalidade proporcional por neoplasias cresceu consideravelmente ao longo das últimas décadas, acompanhando o crescimento da mortalidade relacionada às doenças do aparelho circulatório e por causas externas, ao mesmo tempo em que diminuíram as mortes por doenças infecto-parasitárias – esse perfil da mortalidade retrata a transição epidemiológica e demográfica verificada em nosso país. O número de mortes no Brasil por conta de câncer aumentou 31% desde 2000 e chegou a 223,4 mil pessoas por ano no final de 2015 (OMS). Os dados mantidos pela OMS apontam que, no início do século, 152 mil brasileiros morriam por ano da doença. Ao final de 2015, essa taxa chegou a 223,4 mil. Hoje, o câncer é a segunda causa de mortes no País, superado apenas por doenças cardiovasculares. Mundo Há 15 anos, o total não superava a marca de 6,9 milhões de pessoas, passando para 8,1 milhões em 2010 e 8,8 milhões em 2015. De acordo com a OMS, a expansão de 22% no número de mortes por câncer no mundo desde o início do século é uma das maiores já registradas pela medicina moderna. Atualmente, uma a cada seis mortes no mundo é causada por câncer. Mais de 14 milhões de pessoas desenvolvem a doença a cada ano e a projeção indica que esse número irá atingir 21 milhões em 2030. O custo da doença tem sido cada vez maior e já soma US$ 1,1 trilhão em produtividade perdida e custos com seguros de saúde. "Por muito tempo, dizia-se que era uma doença de país rico. Isso não é mais verdade e o problema é global", afirmou Etienne Krug, diretor da OMS. Pobres O que mais preocupa a OMS: A taxa de incidência dos tumores aumentou de forma mais rápida nos países em desenvolvimento, representando 65% dos casos hoje de tumores no mundo. a disparidade entre países ricos e pobres, na capacidade de lidar com a doença E é justamente esses países os que têm maiores dificuldades para identificar e diagnosticar os tumores em estágio inicial. São nessas nações que existem as maiores deficiências em serviços de diagnósticos e em tratamento. A OMS apela, portanto, para que esses governos priorizem serviços de tratamento de baixo custo e impacto elevado. A entidade também recomenda o aumento dos gastos públicos, retirando do cidadão o peso de ter que pagar por parte dos tratamentos. Segundo a OMS, a falta de um serviço público eficiente leva muitos a não realizarem testes, diagnóstico e descobrir o câncer somente quando em estado avançado. Atualmente, menos de 30% dos países mais pobres têm um sistema de tratamento e diagnóstico acessível. A situação para os serviços de patologia é ainda mais complicada. Em 2015, apenas 35% dos países pobres ofereciam o serviço no setor público, comparado a 95% dos países ricos. Para a OMS, a única forma imediata de frear essa expansão é incrementar os serviços de diagnóstico. Outro fator a ser trabalhado é a detecção da doença ainda em estágio inicial. QUAL A SOLUÇÃO? Referências INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (Brasil). Ações de enfermagem para o controle do câncer: uma proposta de integração ensino-serviço. 3. ed. rev. atual. e ampl. Rio de Janeiro, 2008. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/acoes_enfermagem_controle_can cer.pdf Otto, S.E. Oncologia. Rio de janeiro, 2002. SMELTZER, Suzanne C; Bare, Brenda G. Brunner/Suddarth: tratado de enfermagem médico cirúrgica. 8. e 10.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. 2v.
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