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artigo A questão judaica Ensao sobre a liberdade

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Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ
Faculdade Nacional de Direito
Introdução aos Direitos Humanos – Prof. Luiz Otávio Ribas
Felipe Pereira dos Santos – Turma C
	O Estado assume formas diversas conforme o tempo histórico. Diversos pensadores já mobilizaram esforços para oferecer respostas acerca dessa estrutura social específica. A modernidade coloca em pauta, principalmente após a Segunda Guerra Mundial, os direitos humanos como atividade fim que deve ser objeto dos Estados, contudo essa discussão é muito mais antiga, principalmente no que se refere aos limites do Estado quando em contato frontal com os indivíduos.
	Nesse sentido, é interessante refletir o tema dentro da tradição liberal, que preconizou a questão. John Stuart Mill, filósofo utilitarista inglês, argumenta que a liberdade individual deve prevalecer tanto quanto for possível. Os indivíduos são livres e autônomos e a eles cabe tomar suas próprias decisões, sendo legítima a intervenção do Estado somente se a conduta prejudicar a coletividade. O pensador afirma que os indivíduos também devem tomar parte no trabalho social, sendo legítima a punição de quem se recusar. Dito isso, fica visível em Mill a limitação do Estado frente ao indivíduo e as obrigações do indivíduo para com o todo social, sendo questões balizadas pela liberdade individual e a vontade comunitária.
	É importante, entretanto, pontuar a crítica radical feita por Karl Marx à concepção acima colocada. Apesar de não se tratar de um debate filosófico direto com as ideias de Mill, em sua obra “Sobre a Questão Judaica”, o socialista científico alemão classifica o que é apresentado como direitos humanos como direitos burgueses. A premissa central da argumentação é que o rol elecando desconsidera a vida em sociedade e sua complexidade, criando categorias como a igualdade formal desvinculada da igualdade material. Segundo Marx, outros direitos como à segurança e a própria liberdade estão conectados com a defesa da propriedade privada, assim como só comunga plenamente desses direitos quem é proprietário. Por isso eles não são universais como se apresentam. Essa constatação abre debates sobre a forma e a efetividade dos direitos humanos na concepção clássica, tendo em vista o aparente caráter de classe.
	Outro questionamento polêmico é feito no âmbito interestatal. Como entender os direitos humanos em um plano multicultural? O filósofo canadense Will Kymlica aborda o tema, contudo, antes dele, Mill já afirmava que uma lei injusta só seria motivo de intervenção externa em uma comunidade caso parte dela abertamente pedisse por isso ao entender que sua liberdade foi violada. Kymlica tenta entender o problema no contexto dos Estaodos multiculturais. Ele afirma que os direitos humanos por terem caráter genérico acabam não conseguindo abordar especificidades. Dessa maneira, ele vai advogar por uma teoria liberal dos direitos das minorias, que desconsidere critérios étnicos e de descendência, na tentativa de ser abrangente tanto quanto possível. Com isso em mente, faz-se necessário retomar a discussão feita em aula sobre a compatibilidade dos direitos humanos e as culturas muçulmanas. Foi apresentada a crítica de que a “forma geral” dos direitos humanos e ao discurso internacional sobre o tema é imperialista para com as culturas não-ocidentais e que os valores pregados no âmbito geral, também são valores do islã. A crítica de Kymlica surge claramente ilustrada nesse contexto. Também é possível exemplificar as legislações restritivas de caráter xenófobo na França, que obriga população islâmica. Não só falta direitos específicos para essa minoria, como apontaria Kymlica, como é verificada a aberta tirania da maioria, impedindo a equidade interna entre grupos, como defende o autor. 
	Em vista dos aspectos apresentados, pode-se inferir que o debate ainda está aberto. As linhas teóricas liberais têm reconhecida produção na área, mas ainda não oferecem respostas definitivas, assim como a argumentação marxista ainda é muito incipiente. Contudo, é necessário reconhecer o valor das reflexões multiculturalistas e a força da crítica do caráter não universal dos direitos humanos, enquanto estiverem vinculados à premissa da propriedade. A discussão ainda não foi esgotada e os dois lados têm muito à contribuir.

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