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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ CAMPUS DE PARNAÍBA CURSO DE BIOMEDICINA Disciplina: BIOINFORMÁTICA Prof. Jefferson Soares de Oliveira Resumo aula - Desenho de Primers A PCR (polymerase chain reaction) é uma reação em cadeia da polimerase que permite a amplificação exponencial de segmentos de DNA in vitro. A reação se processa em diferentes etapas, cada uma em uma temperatura controlada por um aparelho denominado termociclador. A primeira é a etapa de desnaturação térmica do DNA (~95ºC). Nesta temperatura as fitas de DNA serão completamente separadas. Em seguida a etapa anelamento dos primers (50~60ºC). Nesta etapa ocorre o pareamento dos primers por complementariedade. A temperatura utilizada dependerá da composição de bases do primer. E a terceira etapa é a extensão do DNA. A extensão ocorre a 72ºC, temperatura em que a TaqPolimerase (uma DNA polimerase) apresenta melhor atividade. Estas três etapas compõem um ciclo da PCR e se repetem por várias vezes, permitindo a amplificação de uma região do DNA. A definição da região a ser amplificada é determinada pelo par de primers, que funcionam como iniciadores da polimerização, delimitando a região do DNA a ser copiada. Os primers são oligonucleotídeos que apresentam sequência complementar a região de anelamento. Cada um dos primers introduzidos na PCR irá parear com uma das fitas de DNA. Os primes precisam apresentar algumas características para que se obtenha sucesso na PCR. Dentre as características temos: - Conteúdo CG deve estar por volta dos 50 %. Isso garante que o primer apresente uma maior especificidade de interação com a região de complementariedade. Lembre-se que a etapa de anelamento ocorre em uma temperatura menor que a de extensão. A elevação da temperatura faz com que a interação entre o primer e a região de complementariedade do DNA diminua. Se o conteúdo CG for muito menor que 50% eles irão se dissociar completamente. - Não devem conter complementariedade entre suas bases: um primer não pode conter complementariedade com ele mesmo ou com o seu par. Se estes eventos ocorrerem, observaremos a formação de estruturas denominadas de auto-dímeros e dímeros. Caso ocorram em temperaturas próximas daquelas utilizadas nas etapas da PCR, ao invés do primer parear com a região do DNA de interesse ele estará pareando com outro primer, reduzindo a eficiência do processo. - A temperatura de anelamento entre os primers não deve diferir mais do que 3ºC. Para se determinar a temperatura de anelamento dos primers, devemos partir da formula do cálculo da temperatura de melting (Tm = 2(A+T) + 4(G+C) ºC), onde A, T, G e C, devem ser substituídos pela quantidade de vezes que cada uma das bases aparece no primer. Após obtenção deste valor utilizaremos a seguinte fórmula para obtenção da temperatura de anelamento: Tanelamento = Tm(primer) – 4 ºC. A formula será utilizada para cada um dos dois primers. Ao final, a diferença entre os primes deverá ser < 3 [Tanelamento(primer esquerda) - Tanelamento(primer direita) < 3]. Isso garante que no momento de se determinar a temperatura de analemanento no termociclador, ambos os primers estarão pareando com o DNA o mais próximo o possível da sua temperatura ótima de anelamento. Existem outras maneiras de se calcular a temperatura de anelamento, mas esta será a utilizada em nossa disciplina. Após análise das características básicas, iremos construir um par de primers, com o objetivo de amplificar uma determinada região de um gene humano de interesse. A primeira etapa a ser realizada é encontrar a região genômica que apresenta o gene de interesse. Para isso, iremos realizar uma busca no banco de dados do NCBI pelo gene de interesse utilizando um banco de dados de genes. Iremos acessar o gene correspondente em humanos e a partir desta busca acessar a sequência de nucleotídeos do gene clicando no link RefSeqGene presente na barra lateral direita do site. Ao acessar, clicando em GenBank, será apresentado a região do DNA que contém o gene de interesse. Nesta página iremos buscar pelo éxon que desejamos estudar, copiar sua sequência de nucleotídeos e colar em um arquivo do Microsoft Word. A próxima etapa é procurar a mesma região do DNA em um segundo banco de dados, o Ensemble (http://www.ensembl.org/index.html). Este banco de dados armazena sequências de nucleotídeos de vários organismos e possui uma ferramenta que permite que todos os polimorfismos genéticos já identificados em uma região do DNA sejam mostrados. Esta informação será de grande relevância na hora de se determinar as regiões de anelamento dos iniciadores, como veremos a seguir. Inicialmente, iremos acessar este banco de dados e na ferramenta de busca iremos restringir a consulta para humanos (human) e definir o gene que desejamos encontrar (o mesmo utilizado na consulta no banco de dados do NCBI). Geralmente o primeiro resultado mostrado se refere à consulta de interesse. Ao acessar este resultado serão apresentadas informações gerais sobre o gene. Como desejamos obter informações sobre a sequência de nucleotídeos, devermos clicar no link Sequence localizado na barra lateral esquerda. Ao clicar neste link será mostrada uma região do DNA que apresenta o gene de interesse. Nesta página não há informações que mostrem quem é cada um dos éxon, como observamos no site do NCBI. Observamos apenas a presença de éxon e de íntrons pela mudança de coloração. Uma maneira fácil e rápida de se encontrar a localização de um éxon de interesse é realizar uma busca na página a partir de uma região do éxon obtida anteriormente pelo site do NCBI. Esta consulta deve ser realizada utilizando a ferramenta localizar do navegador. Uma vez encontrada, para termos certeza que esta corresponde à sequência presente no banco de dados do NCBI utilizaremos uma ferramenta de alinhamento de duas sequências presente no BLAST (http://blast.ncbi.nlm.nih.gov/Blast.cgi). Na parte inferior da página, na guia “Specialized BLAST”, devemos acessar a ferramenta “Align two (or more) sequences using BLAST (bl2seq)”. Esta ferramenta irá comparar o grau de semelhança entre as sequências do NCBI e Ensemble. Observem que a ferramenta apresenta dois locais de consulta. Em um deles devemos colocar a sequência do NCBI e no outro a do Ensemble. Em seguida, clicamos em BLAST. O resultado que será mostrado é semelhante ao uso da ferramenta “blastn”. Se as sequências são similares, valor de score maior que 200, confirmamos que a sequência encontrada no banco de dados do Ensemble corresponde ao éxon de interesse. Depois desta confirmação, contando a partir dele e de baixo para cima, conseguimos identificar sua posição dentre os outros éxons que são apresentados para o gene. Em seguida, no topo da página, na barra lateral direita, devemos clicar sobre a ferramenta “Configure this page”. Na janela que será aberta, iremos alterar a opção na linha “Show variation” de “no” para “yes”. Em seguida devemos clicar no botão presente no topo do lado esquerdo da janela para que esta seja fechada e as alterações sejam salvas. Ao se realizar estas alterações, serão apresentados todos os polimorfismos genéticos já identificados na região deste gene. Cada letra marcada corresponde a um polimorfismo que já foi identificado. A próxima etapa será encontrar o éxon de interesse. Como agora são apresentados polimorfismos genéticos, dificilmente conseguiremos encontra-lo utilizando a ferramenta de busca do navegador, como realizado anteriormente. Por isso é importante lembrarmos a posição do éxon de interesse para que possamos encontrá-lo. Depois de encontrado o éxon, agora apresentando os polimorfismos, iremos copiá-lo para o Microsoft Word, juntamentecom uma região flaqueadora. No Microsoft Word, iremos formatar a sequência obtida do banco de dados do Ensemble para que a mesma seja analisada pelo programa “Primer3” (http://bioinfo.ut.ee/primer3- 0.4.0/primer3/). O programa irá analisar a formatação realizada na sequência e propor um par de primes para amplificação do éxon de interesse. De acordo com as instruções do programa, deveremos colocar colchetes (Ex.: ...ATCT[CCCC]TCAT...) ao redor da região central. Esta marcação idicará a região que o par de primer irá flanquear. E com sinal menor que e maior que (Ex. ...ATCT<CCCC>TCAT...) marcar as regiões que são consideradas como indesejáveis, como por exemplo os polimorfismos. Após formatação, devemos colar a sequência formatada para o campo de consulta do programa Primer 3 e em seguida clicar em “Pick primers”. O programa irá apresentar o melhor par de primers gerado a partir da análise da sequência, respeitando as características que o primer deve apresentar como o conteúdo CG(%), temperatura de melting variando menos de 3ºC entre s primers e ausência de regiões com complementariedade. Observem que a sequência de DNA obtida do banco de dados do NCBI foi inicialmente utilizada somente para auxiliar nós encontrarmos a mesma região no banco de dados do Ensemble. No momento de se realizar a construção dos primes deveremos utilizar preferencialmente a sequência obtida a partir do banco de dados do Ensemble uma vez eu nela poderemos observar os polimorfismos genéticos já identificados na região que flanqueia a sequência que se deseja amplificar. Desta forma, estas podem ser evitadas na hora de se construir os primers. O anelamento de um primer em uma região que apresenta polimorfismo pode influenciar na eficiência da amplificação.
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