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suas áreas e limites. É o primeiro passo para que parques e remanescentes de Mata Atlântica sejam preser- vados, ampliando e distribuindo e democratizando o acesso do cidadão soteropolitano a áreas verdes de lazer. Dentre os 42 parques delimitados, 16 são áreas que figuram como unidades de conservação pela primeira vez, totalizando mais de 19 milhões de metros quadrados de novos espaços protegidos no município. Mata Atlântica que tem um mapa, fruto de um grande pacto entre o Município, o Ministério Público, o setor empresar- ial e a sociedade civil organizada, inteiramente dedicado a ela. Bioma hot spot de biodiversidade e protegido por Lei Federal, está presente no PDDU, Lei 9.069/2016 com o ma- peamento dos remanescentes e de seus respectivos estágios de regeneração, servindo de base para o licenciamento ambi- ental municipal. De acordo com o Sistema Nacional de Uni- dades de Conservação (SNUC), Lei 9.985/2000, Unidades 27 28 M AN UA L D E AR BO RI ZA ÇÃ O UR BA NA 20 17 de Conservação (UCs) são espaços delimitados e protegidos por lei, por apresentarem características naturais relevantes e servirem a objetivos de conservação de partes significativas dos ecossistemas naturais. Podem ser instituídas nos âmbitos federal, estadual e municipal e são de dois tipos: (1) Unidades de Proteção Integral: seu objetivo principal é preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais. (2) Unidades de Uso Sustentável: têm como objetivo básico compatibilizar a conservação da natureza com o uso susten- tável de parcela dos seus recursos naturais (Salvador 2006). Além desses dois tipos de UCs, Salvador conta com outras duas categorias municipais: (3) Parque Urbano: é a área pública extensa, dotada de atri butos naturais, ou entronizados, significativos para a quali- dade do meio urbano, para a composição da paisagem da ci- dade e como referência para a cultura local, destinando-se ao lazer ativo e contemplativo, à pratica de esportes, atividades recreativas e culturais da população, à educação ambiental e, eventualmente, à pesquisa científica. (4) Parque de Bairro: é a área pública urbanizada, com porte igual ou superior a vinte mil metros quadrados, dotada ou não de atributos naturais, destinada ao convívio social, ao lazer, à recreação e também à prática de esportes. 10 PARQUES URBANOS DELIMITADOS Parque Zoo-botânico de Ondina Parque Joventino Silva Parque Metropolitano de Pituaçu Parque Socioambiental de Canabrava Jardim Botânico - Mata dos Oitis Parque do Abaeté Parque São Bartolomeu Parque da Lagoa da Paixão Parque de Pirajá Parque Ecológico do Vale Encantado 3 PARQUES URBANOS PROPOSTOS Parque do Vale da Mata Escura Parque de Ipitanga II e III Parque de Ipitanga I 21 PARQUES DE BAIRRO Parque Dique do Tororó Parque Jardim dos Namorados Parque do Costa Azul Parque Solar Boa Vista Parque Lagos dos Frades Parque Campo Grande Parque Caminho das Árvores Parque Lagoa dos Pássaros Parque Dique do Cabrito Parque Pedra de Xangô Parque de Escada Parque Stella Maris Parque Piatã Parque Boca do Rio Parque Linear Jaguaribe Parque Itapuã Parque Fazenda Grande Parque dos Ventos Parque Linear da Avenida Centenário Parque Linear da Avenida Garibaldi Parque Amazonas de Baixo 2 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DE USO SUSTENTÁVEL Parque das Dunas APA da Pedra de Xangô 8 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO INDICADAS Parque de Pirajá Parque Ecológico do Vale Encantado Estação Ecológica da Ilha dos Frades Refúgio da Vida Silvestre das Dunas de Armação Parque de Aratu Parque Marinho da Barra Manguezal do Rio Passa Vaca Vale do Cascão [Tabela 01. Parques Conformados no PDDU, Lei 9.069/2016] 29 30 M AN UA L D E AR BO RI ZA ÇÃ O UR BA NA 20 17 31 Arborização urbana com espécies nativas, a presença das exóticas e o perigo das exóticas invasoras Espécie nativa é aquela que se encontra na área de dis- tribuição geográfica onde evoluiu e forma parte de uma co- munidade biótica em equilíbrio. Há espécies que ocorrem em vários biomas e até fora do Brasil, como é o caso da sucupira (Bowdichia virgilioides); neste caso, podemos afirmar que a sucupira é de ampla distribuição e percebemos que as plantas não seguem nossas divisões político-administrativas. Uma espécie que só ocorre em determinado local ou ambi- ente é chamada de endêmica, como, por exemplo, o araçazin- ho (Calycolpus legrandii), que só existe na natureza em áreas de restinga dos estados de Alagoas, Sergipe e Bahia. Então, podemos afirmar que o araçazinho é endêmico da restinga desses estados. A espécie exótica encontra-se fora de sua área de distribuição natural, passada ou presente, por causa de introdução medi- ada por ações humanas, de forma voluntária ou involuntária (CDB 1992). Por exemplo, o oiti (Licania tomentosa), bas- tante comum em Salvador, é uma árvore nativa da Mata Atlântica porque ela pode ser encontrada em florestas deste bioma sem ter sido plantada. No entanto, na Caatinga o oiti pode ser considerado como ár- vore exótica porque ela não existe naturalmente nesse bioma, apenas em caso de introdução voluntária (plantio) ou invo- luntária. Muitas vezes, usamos a palavra “exótica” para de- signar uma planta estrangeira. Espécie exótica invasora é a espécie exótica que pode se repro- duzir e gerar descendentes férteis, tornando-se estabelecida, e ainda expandir sua distribuição no novo habitat, ameaçando a biodiversidade nativa (Leão et al. 2011). São “organismos que, introduzidos fora da sua área de distribuição natural, ameaçam ecossistemas, habitats ou outras espécies. São con- sideradas a segunda maior causa de extinção de espécies no planeta, afetando diretamente a biodiversidade, a economia e a saúde humana” (MMA 2006). As plantas exóticas invasoras causam vários problemas ao ambiente, como alteração do regime hídrico e de característi- cas do solo, sufocamento da vegetação nativa, produção e liberação no solo de fitoquímicos que inibem a germinação de espécies nativas (alelopatia), levando no final à perda de biodiversidade nos ecossistemas naturais e a prejuízos econômicos nos sistemas produtivos. A utilização no paisagismo e na arborização urbana de es- pécies exóticas (e invasoras) de árvores e arbustos faz com que o ambiente urbano seja um dos principais responsáveis pelo efeito nefasto dessas espécies ao ambiente natural. “A tradição de usar espécies exóticas na arborização de ruas, praças e parques desvaloriza a riqueza da biodiversidade dos municípios e descaracteriza a composição natural, favorecen- do o desenvolvimento de uma cultura cada vez mais distan- ciada do ambiente natural circundante” (Leão et al. 2011). Atualmente a árvore nim (Azadirachta indica) é uma das maiores invasoras no país. Esta espécie é classificada como invasora de alto risco no Nordeste e provoca diversos impac- tos negativos nos ecossistemas naturais (Leão et al. 2011). Além disso, o nim possui sistema radicular muito agressivo, que destrói os passeios e pode causar danos à estrutura das construções. É muito importante que o nim não seja planta- do em Salvador, na Bahia e no Brasil, e a sua substituição é recomendável. Resumindo, as árvores exóticas invasoras não devem ser plantadas nas cidades porque prejudicam as espécies nativas, os ecossistemas naturais, os sistemas produtivos e a saúde humana. São de difícil controle, sendo a melhor estratégia a prevenção, ou seja, evitar novas introduções. Mas, para as espécies já introduzidas, o melhor é evitar o seu plantio e, em muitos casos, a substituição das árvores é recomendável. Dentre as espécies exóticas invasoras do Nordeste do Bra- sil (Leão