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aula 01. teoria geral do direito do trabalho 2012

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AULA Nº 01 TEORIA GERAL DO DIREITO DO TRABALHO
INTRODUÇÃO
	Ao examinarmos o direito do trabalho há necessidade de lembrar de sua gênese e de seu desenvolvimento no decorrer do tempo, como também dos conceitos e instituições que foram surgindo com o passar dos anos. O direito tem uma realidade histórico-cultural, não admitindo o estudo de quaisquer de seus ramos sem que se tenha noção de seu desenvolvimento dinâmico no transcurso do tempo. À luz da história, podemos compreender com mais acuidade os problemas atuais. A concepção histórica mostra como foi o desenvolvimento de certa disciplina, além das projeções que podem ser alinhadas com base no que se fez no passado, inclusive no que diz respeito à compreensão dos problemas atuais. Não se pode, portanto, prescindir de seu exame. É impossível ter o exato conhecimento de um instituto jurídico sem se proceder a seu exame histórico, pois se verifica suas origens, sua evolução, os aspectos políticos ou econômicos que o influenciaram. É impossível compreender o direito do trabalho sem conhecer seu passado. Esse ramo do direito é muito dinâmico, mudando as condições de trabalho com muita freqüência, pois é intimamente relacionado com as questões econômicas.�
O direito do trabalho é ramo jurídico especializado que regula certo tipo de relação laborativa na sociedade contemporânea. Seu estudo deve iniciar-se pela apresentação de suas características essenciais, permitindo ao analista uma imediata vizualização de seus contornos próprios mais destacados.� É o que será feito neste primeiro momento, quando estudaremos a Teoria Geral do Direito do Trabalho, abordando os seguintes tópicos: Formação histórica do Direito do Trabalho; O processo de evolução histórica; Conceito Geral do Trabalho; Autonomia: Doutrina, legislativa, didática e jurisdicional; Princípios do Direito do Trabalho e Interpretação do Direito do Trabalho.
FORMAÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO DO TRABALHO
O direito não é estático. É dinâmico. Desenvolve-se no movimento de um processo que obedece a uma forma especial de dialética na qual se implicam, sem que se fundam, os pólos de que se compõe. Esses pólos mantêm-se irredutíveis. Conservam-se em suas normais dimensões, mas correlacionam-se. De um lado os fatos que ocorrem na vida social, portanto a dimensão fática do direito. De outro, os valores que presidem a evolução das ideais, portanto a dimensão axiológica do direito. Fatos e valores exigem-se mutuamente, envolvendo-se num procedimento de intensa atividade que dá origem à formação das estruturas normativas, portanto a terceira dimensão do direito. Na gênese da norma jurídica está presente a energia dos fatos e valores que se atuam reciprocamente, pressionando uns sobre outros, pondo-se a norma jurídica como a síntese integrante que se expressa como resultado dessa tensão. A formação histórica do Direito do Trabalho não se afasta dessa regra. Ao contrário, confirma. O Direito do Trabalho surgiu como conseqüência da questão social que foi precedida pela Revolução Industrial do século XVIII e da reação humanista que se propôs a garantir ou preservar a dignidade do ser humano ocupado no trabalho das indústrias, que, com o desenvolvimento da ciência, deram nova fisionomia ao processo de produção de bens na Europa e em outros continentes. A necessidade de dotar a ordem jurídica de uma disciplina para reger as relações individuais e coletivas de trabalho cresceu no envolvimento das “coisas novas” e das “idéias novas”, como passamos a mostrar. Daí por diante expandiu-se pelo mundo industrializado com muita velocidade. A sua trajetória é contada pelos historiadores em períodos. Existem diversos critérios de periodizações. Um deles é o cronológico: de fins de 1800 a 1917 o período inicial; de 1917 a 1927 o período da constitucionalização; de 1927 a 1945 o período corporativista; de 1945 a 1970 o período pós-corporativista; de 1970 aos nossos o período de flexibilização. Outro critério divide a história segundo os fatos marcantes: Revolução Industrial do século XVIII e a questão social; o pensamento liberal; o intervencionismo do Estado; as primeiras leis; a construção dogmática; a concepção heterotutelar do trabalhador; a concepção econômica da flexibilização; as transformações no mundo do trabalho; o direito do trabalho pós-moderno ou contemporâneo. Nossa opinião é no sentido de conectar as duas formas de periodizar o direito do trabalho porque ambas na verdade se completam. Diferem história do trabalho e história do direito do trabalho. Os objetos são diversos. Na história do trabalho é a infraestrutura social o modo como o trabalho, nos diferentes sistemas de produção de bens e prestação de serviços, desenvolveu-se. Na história do direito do trabalho objeto é a superestrutura normativa e o fim, o conhecimento e a aplicação das normas em cada período, as causas que as determinaram e os valores sob os quais as normatizações se deram.� Outro critério que pode ser utilizado é o que delimita a divisão da sociedade em pré-industrial, sociedade industrial, trabalho assalariado, primeiras leis trabalhistas, história contemporânea, sociedade pós-industrial e o direito do trabalho do século XXI.� 
O PROCESSO DE EVOLUÇÃO HISTÓRICA
Para demonstrar o processo de evolução histórica que utilizaremos é este último, que delimita a divisão da sociedade em pré-industrial, sociedade industrial, trabalho assalariado e primeiras leis trabalhistas, história contemporânea, sociedade pós-industrial e o direito do trabalho do século XXI.
Sociedade Pré-Industrial: divide-se em escravidão, corporações de ofícios e locação. A escravidão: na sociedade pré-industrial não há um sistema de normas jurídicas de direito do trabalho. Predominou a escravidão, que fez do trabalhador simplesmente uma coisa, sem possibilidade sequer de se equiparar a sujeito de direito. O escravo não tinha, pela sua condição, direitos trabalhistas. Não diferiu muito a escravidão, uma vez que, embora recebendo certa proteção militar e política prestada pelo senhor feudal dono das terras, os trabalhadores também não tinham uma condição livre. Eram obrigados a trabalhar nas terras pertencentes aos seus senhores. Camponeses presos às glebas que cultivavam, pesava-lhes a obrigação de entregar parte da produção rural como preço pela fixação na terra e pela defesa que recebiam. As corporações de ofício: com as corporações de ofício da Idade Média as características das relações de trabalho ainda não permitiram a existência de uma ordem jurídica nos moldes com que mais tarde surgiria o direito do trabalho. Houve, no entanto, uma transformação: a maior liberdade do trabalhador. Nas corporações de artesãos agrupavam-se todos os artesãos do mesmo ramo em uma localidade. Cada corporação tinha um estatuto com algumas normas disciplinando as relações de trabalho. Havia três categorias de membros das corporações: os mestres, os companheiros e os aprendizes. Os mestres eram os proprietários das oficinas, que chegavam a essa condição depois de aprovados, segundo os regulamentos da corporação, na confecção de uma “obra mestra”. Equivalem aos empregadores de hoje. Os companheiros eram trabalhadores livres que ganhavam salários dos mestres. Os aprendizes eram menores que recebiam dos mestres os ensinamentos metódicos de um ofício ou profissão. A clientela das oficinas eram os poucos habitantes de uma cidade e de seus arredores. As corporações mantinham com os trabalhadores uma relação de tipo bastante autoritário e que se destinava mais à realização dos seus interesses do que à proteção dos trabalhadores. A locação: acrescenta-se, ainda, na sociedade pré-industrial, outro tipo de relação de trabalho, a locação, desdobrando-se em dois tipos: a locação de serviços – locatio operarum, contrato pelo qual uma pessoa se obriga a prestar serviços durante certo tempo à outra mediante remuneração – e a locação de obra ou empreitada – locatio operis faciendi, que é o contrato pelo qual alguém se obriga a executar uma obra a outra pessoa mediante remuneração. A locaçãode serviços é apontada como precedente da relação de emprego moderna, objeto do direito do trabalho.
A Sociedade Industrial e Trabalho Assalariado: divide-se em aspectos econômicos, aspectos políticos, aspectos jurídicos e a ideia de justiça social. Aspectos econômicos: o direito do trabalho nasce com a sociedade industrial e o trabalho assalariado. As razões que determinam o seu aparecimento são econômicas, políticas e jurídicas. A principal causa econômica foi a Revolução Industrial no século XVIII, conjunto de transformações decorrentes da descoberta do vapor como fonte de energia e da sua aplicação nas fábricas e meios de transportes. Com a expansão da indústria e do comércio houve a substituição do trabalho escravo, servil e corporativo pelo trabalho assalariado em larga escala, do mesmo modo que a manufatura cedeu lugar à fabrica e, mais tarde, à linha de produção. Aspectos políticos: dentre os aspectos políticos, o mais importante foi a transformação do Estado Liberal e da plena liberdade contratual em Estado Neoliberalista. Naquele, o capitalista livremente podia impor, sem interferência do Estado, as suas condições ao trabalhador. Neste, o Estado intervém na ordem econômica e social limitando a liberdade plena das partes da relação de trabalho. Formas de intervenção foram o corporativismo e o socialismo, caracterizando-se por uma presença fortemente autoritária do Estado, que transfere a ordem trabalhista para a esfera das relações de natureza pública, diversamente do neoliberalismo, que, embora restritivo da liberdade contratual, mantém as relações de trabalho no âmbito das relações de direito privado. Aspectos jurídicos: os trabalhadores reivindicaram, por meio dos sindicatos que os representaram e na medida em que o direito de associação passou a ser tolerado pelo Estado, um direito que os protegesse, em especial o reconhecimento do direito de união, do qual resultou o sindicalismo; o direito de contratação, que se desenvolveu em dois âmbitos: o coletivo, com as convenções coletivas de trabalho, e o individual, com a idéia do contrato de trabalho; e o direito a uma legislação em condições de coibir os abusos do empregador e preservar a dignidade do homem no trabalho, ao contrário do que ocorria com o proletariado exposto a jornadas diárias excessivas, salários infames, exploração dos menores e mulheres e desproteção total diante de acidentes no trabalho e riscos sociais como a doença, o desemprego, etc. A idéia de justiça social: para essas modificações, contribuiu decisivamente, a idéia de justiça social, cada vez mais difundida como reação contra a questão social. Dentre as fontes do pensamento que mais amplamente defenderam a idéia de justiça social está a doutrina social da Igreja Católica, pelos seus documentos denominados Encíclicas, como a Rerum Novarum (1891), que iniciou uma linha desenvolvida até os nossos dias com a Laborem Exercens (1981). Acrescenta-se o papel desempenhado pelo marxismo, que pregou a união dos trabalhadores para a construção de uma ditadura do proletariado, supressiva do capital, com a passagem prévia pela apropriação, pelo Estado, dos bens de produção, visando a uma futura sociedade comunista, não confirmada pela história.
Primeiras leis trabalhistas: divide-se em forma e fins, constitucionalismo social, Constituição do México de 1917, Constituição da Alemanha de 1919, Carta Del Lavoro de 1927 e primeiros destinatários das leis trabalhistas. Forma e fins: as primeiras leis trabalhistas, quanto à forma, foram ordinárias e, depois, constitucionais. Quanto à finalidade, visaram a proibir o trabalho em determinadas condições, como o dos menores até certa idade, e o das mulheres em ambientes ou sob condições incompatíveis. Constitucionalismo social: dá-se o nome de constitucionalismo social ao movimento no sentido da inclusão de leis trabalhistas nas Constituições de alguns países. Constituição do México de 1917: a primeira Constituição do mundo que dispõe sobre direito do trabalho é a do México de 1917, que no artigo 123 disciplina a jornada diária de 08 horas, a jornada máxima noturna de 07 horas, a proibição do trabalho de menores de 12 anos, a limitação da jornada do menor de 16 anos a 06 horas, o descanso semanal, a proteção à maternidade, o direito ao salário mínimo, à igualdade salarial, à proteção contra acidentes no trabalho, direito de sindicalização, de greve, de conciliação e arbitragem dos conflitos, de indenização de dispensa e de seguros sociais. Constituição da Alemanha de 1919: a segunda Constituição foi a da Alemanha, a de Weimar (1919), que repercutiu na Europa, considerada a base das democracias sociais. Disciplina a participação dos trabalhadores nas empresas, a criação de um direito unitário do trabalho, a liberdade de coalização dos trabalhadores para a defesa e melhoria das suas condições de trabalho, o direito a um sistema de seguros socais, o direito de colaboração dos trabalhadores com os empregadores na fixação dos salários e demais condições de trabalho e a representação dos trabalhadores na empresa. Carta Del Lavoro de 1927: a Carta Del Lavoro da Itália, de 1927, foi a base dos sistemas políticos corporativas, não só da Itália, mas da Espanha, Portugal e Brasil, tendo como princípio a intervenção do Estado na ordem econômica, o controle do direito coletivo do trabalho e, em contrapartida, a concessão, por lei, de direitos aos trabalhadores. O lema da Carta Del lavoro, ao proclamar “tudo dentro do Estado, nada fora do Estado, nada contra o Estado”, é, por si, suficientemente expressivo para dar a idéia das concepções do corporativismo. Os sindicatos não tiveram autonomia, e a organização sindical, modelada pelo Estado, impediu a sua liberdade de organização e de ação. Se, de um lado, a forte presença estatal promoveu a tutela dos assalariados por meio de ampla legislação de fundo paternalista, por outro lado, com o dirigismo exercido sobre o movimento sindical, o Estado prejudicou o desenvolvimento sindical. Primeiros destinatários das leis trabalhistas: as primeiras leis trabalhistas na Europa motivadas pela necessidade de coibir os abusos perpetrados contra o proletariado e, mais diretamente, a exploração do trabalho dos menores e das mulheres. A falta de leis permitiu a utilização do trabalho de menores de 8, 7 e até 6 anos de idade nas fábricas e jornadas de trabalho excessivas para as mulheres. Desse modo, surgiram leis sobre idade mínima para trabalho na indústria e duração diária do trabalho. Leis de previdência e assistência social também foram elaboradas, iniciando a área do direito social hoje denominada seguridade ou segurança social, abrangendo previdência e assistência social. Dentre as leis ordinárias destaque-se, na Inglaterra, a “Lei de Peel”, de 1802, de proteção aos menores nas fábricas, limitando a 12 horas a sua jornada diária de trabalho; na França, a lei de 1814 proibindo o trabalho de menores de 8 anos; na Alemanha, a lei de 1839 proibindo o trabalho de menores de 9 anos e as leis sociais de Bismarck de 1833; na Itália, as leis de proteção ao trabalho da mulher e do menor de 1886. Mais tarde, as leis trabalhistas não se restringiram a textos eventuais e específicos. Tornaram-se, em alguns países, códigos, inspirados no Code du Travail da França.
História Contemporânea: o direito do trabalho consolidou-se como uma necessidade dos ordenamentos jurídicos em função de suas finalidade sociais, que o caracterizam como regulamentação jurídica das relações de trabalho que se desenvolvem nos meios econômicos de produção de bens e prestação de serviços. As questões que podem surgir entre os assalariados e as organizações para as quais trabalham exigem um conjunto de regras destinadas a estabelecer as diretrizes de comportamento que devem ser observadas e as medidas adequadas para a composição dos conflitos que daquelas possam resultar. Afirmou-se o direito do trabalho em todos os países, independentemente da estrutura política ou econômica, no capitalismo e no socialismo, nos regime estatais de dirigismo ou no liberalismoeconômico, como necessidade de regulamentação das relações de trabalho. A ampliação das leis trabalhistas e as exigências econômicas do desenvolvimento do processo produtivo e da tecnologia sem sempre coincidiram. Ao contrário, em alguns casos colidiram. A inflação e o desemprego também atuaram no sentido da necessidade de compatibilização das lei trabalhistas com esses imperativos. No período contemporâneo, o direito do trabalho, embora mantendo os seus objetivos iniciais de tutela do trabalhador, passou a desempenhar, também, uma função dos interesses dos assalariados entre o capital e o trabalho. As leis trabalhistas de defesa dos interesses dos assalariados passaram a conviver com outras normas destinadas a solucionar questões próprias de épocas de crise. É o caso da estabilidade no emprego, cujo rigor foi abrandado. Ao lado do contrato de trabalho para o operário das fábricas surgiram outros tipos de contratos para defender o setor de serviços. 
A Sociedade Pós-Industrial: o nome sociedade aparece no livre de Alain Touraine, lê Sieté Post-Industrial, de 1969, e é usado por Domenico de Mais, em A sociedade Pós-Industrial, de 1999, e tem por finalidade assinalar o deslocamento do processo de produção da indústria para outros setores. Os sociólogos e economistas observam que os empregados, na indústria, diminuíram; a hegemonia, na nova sociedade, não será mais exercida pelos proprietários dos meios de produção; acionista e administrador do capital não se identificam numa mesma e só pessoa, ganham destaque aqueles que detém o conhecimento e a informação; o conceito de classe e de luta de classes sofre modificações diante dos novos segmentes sociais e os conflitos gerados pelos mesmos, fora da indústria, como os dos consumidores, aposentados, ambulantes, ambientalistas, imigrantes, cooperados e outros; a globalização da economia é um fato irreversível; a ciência ganha importância como fato de desenvolvimento da produção; e o Estado do bem-estar social comportou aumento dos gastos globais com a proteção social superior à possibilidade de pelos mesmos continuar respondendo. O período contemporâneo dá maior amplitude às normas de respaldo ao sindicalismo, de proteção contra o desemprego e de ampliação das negociações coletivas. Assistimos às transformações do mundo das relações de trabalho numa sociedade que produz mais com pouca mão de obra. A tecnologia mostrou o seu lado cruel: a substituição do trabalho humano pelo software; a desnecessidade, cada vez maior, de um quadro numeroso de empregados para obter os mesmo resultados com redução da demanda de trabalhadores entre 25% e 35% da força de trabalho; a informatização e a robótica como principais fatores do crescimento da produtividade; o aumento do desemprego e do subemprego em escala mundial; o avanço da sociedade de serviços maior do que a sociedade industrial; novas profissões; sofisticados meios de trabalho, uma realidade bem diferente daquela na qual o direito do trabalho nasceu.
O direito do trabalho do século XXI: o direito do trabalho, na fase atual, é uma obra inacabada. Sua finalidade básica, como desde o seu início, é a proteção jurídica e a tentativa da diminuição das desigualdades sociais. Porém, está enfrentando novos dilemas. Deve reger todos os contratos continuativos de atividades prestada pela pessoa física na sociedade ou deve ater-se a um único tipo padrão, o trabalho autônomo? Há, disciplinados pelo Código Civil, contratos de prestação de serviços autônomos, de transporte, de agência ou representação comercial, de corretagem, de mandato, de administração, de cooperados e outros. Quando o prestador é pessoa física e o destinatário é empresa, podem confundir-se com o contrato de trabalho. Essas relações jurídicas devem passar para a esfera do direito do trabalho? Na Europa com a União Européia, surgiu o Direito do Trabalho Comunitário. Com a desintegração da URSS, desapareceu o direito do trabalho como ditadura do proletariado. O direito italiano está revendo as categorias básicas de relações individuais de trabalho. O binômio trabalho subordinado e trabalho autônomo não é considerado, no direito peninsular, suficiente para abranger a imensa tipologia da realidade diversificada das relações de trabalho. Foram criadas figuras intermediárias entre o trabalho subordinado e o autônomo: a parassubordinação e a coordenação. Esta última tem um desenho incompleto, próximo, mas que não se confunde com a subordinação. Por outro lado, há profissionais que não têm necessidade proteção da lei, como diretores e altos administradores de empresas. Para esses profissionais é mais importante o contrato e as vantagens maiores que oferece. Os direitos previstos em lei não são tão importantes. As empresas de pequeno porte não devem ser tratadas do mesmo modo que as demais. Essas empresas têm assegurado tratamento favorecido desde que constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País (artigo 170, inciso IX, da CF). Não conseguem responder pelas mesmas obrigações previstas nos convênios coletivos para as grandes empresas. A Espanha aprovou em 2007 o Estatuto de Trabalho Autônomo. A Itália, em 2003, pela Lei Biagi, flexibilizou os contratos de trabalho. Os direitos fundamentais e de personalidade do trabalhador são, cada vez mais, protegidos. A defesa a vida, da saúde, da integridade física e da dignidade do trabalhador tornam-se tão ou mais importante do que a dos direitos econômicos. Esses aspectos vêm transformando a fisionomia do direito do trabalho.� 
A História do Direito do Trabalho no Brasil: Os fatores que influíram na formação do direito do trabalho no Brasil são externos e internos. Influências externas: os fatores externos que mais influíram foram as transformações ocorridas na Europa e a crescente elaboração legislativa de proteção ao trabalhador em muitos países. Também pesou o compromisso internacional assumido pelo nosso País ao ingressar na organização Internacional do Trabalho, criada pelo Tratado de Versailles, em 1919, propondo-se a observar normas trabalhistas e, mais recentemente, a crise mundial de 2009. Influências internas: os fatores mais influentes foram o movimento operário de que participaram imigrantes com inspirações anarquistas, caracterizado por inúmeras greves em fins de 1800 e início de 1900; o surto industrial, efeito da Primeira Grande Guerra Mundial, com elevação do número de fábricas e de operários – 1919 havia cerca de 12.000 fábricas e 300.000 operários; e a política trabalhista de Getúlio Vargas de 1930.
As Constituições: todas as Constituições brasileiras, desde a de 1934, passaram a ter normas de direito do trabalho, as constituições de 1937, 1946, 1967, a Emenda Constitucional de 1969 e a Constituição de 1988. A Constituição de 1934 pouco acrescentou, a não ser o pluralismo sindical, autorização para criação, na mesma base territorial, de mais de um sindicato da mesma categoria profissional ou econômica. A Constituição de 1937 expressou a concepção política do Estado Novo e as restrições ao movimento sindical, segundo a idéia de organização da econômica pelo Estado, com um Conselho Nacional de Economia, o enquadramento de sindicatos em categorias definidas pelo Estado, a proibição de mais de um sindicato dos trabalhadores na mesma categoria e base territorial, e a proibição da grave, que foi considerada um recurso anti-social e nocivo à economia. A Constituição de 1946 acolheu princípios liberais na ordem política, mas conservou, embora restabelecendo o direito de greve, as mesmas diretrizes, na medida em que não respaldou o direito coletivo do trabalho; destaque-se, na mesma Constituição, a transformação da Justiça do Trabalho, até então de natureza administrativa, em órgão do Poder Judiciário. A Constituição de 1967 exprimiu os objetivos dos governos militares iniciados em 1964 e introduziu o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, que havia sido criado por lei ordinária de 1966. A Constituição de 1988 valorizou o direito coletivo com a proibição da interferência doPoder Público na organização sindical, embora mantendo o sistema do sindicato único, iniciou, desse modo, uma tentativa de ampliação dos espaços do movimento sindical e enumerou uma série de direitos individuais dos trabalhadores (art. 7°).
As Leis ordinárias: surgiram, em fins de 1800 e começo de 1900, como leis esparsas que tratam de temas como trabalho de menores (1891), organização de sindicatos rurais (1903) e urbanos (1907), férias (1925), Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio (1930), relações de trabalho de cada profissão (decretos a partir de 1930), trabalho das mulheres (1932), nova estrutura sindical (1931), convenções coletivas de trabalho (1932), Justiça do Trabalho (1939) e salário mínimo (1936).
A CLT: a Consolidação das Leis do Trabalho é a sistematização das leis esparsas existentes na época, isto é, 1943, acrescidas de novos institutos criados pelos juristas que a elaboraram. É a primeira lei geral aplicável a todos os empregados, sem distinção entre a natureza do trabalho técnico, manual ou intelectual. Não é um código, na medida em que sua principal função foi à reunião das leis existentes e não a criação, como num código, de leis novas. Ressalta-se a importância da CLT na história do direito do trabalho brasileiro pela influência que exerceu e pela técnica que revelou. Porém, com o tempo, cada vez mais mostraram-se desatualizadas as suas normas para corresponder às novas idéias, diferentes dos princípios corporativistas que a informaram, especialmente os seus dispositivos sobre organização sindical. A CLT, mostra-se, pois obsoleta. Surgiu a necessidade de modernização das leis trabalhistas, especialmente para promover as normas sobre direito coletivo, dentre as quais as de organização sindical, negociação coletiva, greve e representação dos trabalhadores na empresa, setores que a CLT não valorizou, como, também, é omissa sobre direitos de personalidade do trabalhador. 
Leis posteriores à CLT: o direito positivo é dinâmico e se altera na medida em que novas necessidades de regulamentação das relações entre os grupos sociais e as pessoas se renovam. Diversas leis posteriores à CLT foram promulgadas, sobre repouso semanal remunerado (Lei nº 605/49), gratificação natalina ou décimo terceiro salário (Lei nº 4.090/62), ambas em vigor, e outras já alteradas, como a Lei de Greve, de 1964, e a Lei do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, de 1966, substituídas por leis posteriores. A partir de 1964 o Estado promulgou leis de política salarial continuadamente modificadas, todas visando ao controle da inflação e à melhoria dos salários, objetivos não alcançados até 1993, quando começou a crescer a idéia da livre negociação, pelo contrato coletivo de trabalho.
A constituição de 1988: as linhas básicas adotadas pelo Constituição Federal de 1988 são as seguintes: 1) adoção de um modelo prescritivo, não omissivo, segundo a diretriz do constitucionalismo social e seus objetivos fundamentais, que compreendem a idéia da inclusão dos direitos sociais nas Constituições; 2) opção por um texto constitucional não sintético, de certo modo extenso e que, apesar de poucos artigos, contém inúmeros incisos dispondo sobre uma variedade de direitos trabalhistas, em dimensão até hoje desconhecida em nossas Constituições; 3) inclusão, na Constituição, de novos direitos trabalhistas, assim considerados aqueles até agora não previstos em nossa ordem jurídica, como também aqueles que o eram apenas em nível de legislação ordinária, passando, com a Constituição, a nível maior. Trata-se de uma Constituição inovadora, porém muito regulamentarista.�
Os três grupos de leis: a legislação trabalhista brasileira está fundada em três diferentes grupos de leis, cada qual com um sentido diferente. A CLT de 1943, resulta dos princípios políticos da época em que foi elaborada, em especial o corporativismo e o intervencionismo do Estado nas relações coletivas de trabalho, em prejuízo da liberdade sindical, do direito de greve e das negociações coletivas, em grande parte afetada pelas modificações posteriores. A Constituição Federal de 1988 que rompeu, em grande parte, com as limitações impostas pela CLT ao direito coletivo do trabalho, na tentativa de assegurar maior autonomia ao movimento sindical e dar respaldo constitucional aos principais direitos individuais dos trabalhadores. A legislação esparsa de flexibilização aprovada depois de 1988 com o propósito de tornar menos rígidas as normas sobre jornada de trabalho, utilidades, subcontratações, cooperativas, compensação de horas, trabalho a tempo parcial e outras. Em síntese, duas são as diretrizes do direito individual e se contrapõem encontrando-se à procura de um ponto de equilíbrio entre as leis protecionistas do trabalhador e as leis flexibilizadoras que atendem a interesses da gestão da organização empresarial.
� MARTINS, Sergio Pinto. Direito do Trabalho, 17ª ed., Atlas, 2003, p. 34.
� DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho, 3ª ed., LTr, 2004, p. 49.
� NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho, 26ª ed., Saraiva, 2011, p. 31-32.
� NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao Direito do Trabalho, 36ª ed., LTr, 2011, p. 43-48.
� NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao Direito do Trabalho, 36ª ed., LTr, 2011, p. 43-48.
� NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao Direito do Trabalho, 36ª ed., LTr, 2011, p. 50-54.
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