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de bens e serviços por telefone, quando a chamada for onerosa ao consumidor que a origina. (Incluído pela Lei nº 11.800, de 2008). Art. 34. O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente responsável pelos atos de seus prepostos ou representantes autônomos. Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha: I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou publicidade; II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente; III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos. 06 Curso preparatório 2ª Fase Civil Professora Veridiana Maria Rehbein 38 Oferta, em termos gerais, é uma proposta de contrato que uma pessoa faz a outra. Contudo, no Direito do Consumidor, por suas características, abrange inclusive a publicidade. No contrato de massa, em virtude de seu caráter coletivo, a oferta deixa de ser individualizada e cristalina, e passa a ser feita também através de meios massificados, como a publicidade, a exposição das mercadorias em vitrines, em exposições, e até na rua. Quando o dono da banca de jornais e revistas expõe as suas mercadorias ao público, está fazendo oferta. (CAVALIERI FILHO, 2011, p. 146) Os artigos 30 e seguintes tratam do princípio da vinculação, que significa a obrigação, do fornecedor, de cumprir o que ofertou. São dois os requisitos para a vinculação: que a oferta efetivamente chegue ao conhecimento dos consumidores (seja veiculada) e que seja suficientemente precisa (não se trate de um exagero publicitário óbvio). Em regra, a oferta deve ser cumprida, inclusive em relação ao preço. Contudo, a jurisprudência tem afastado o dever de cumprimento em caso de evidente equívoco: Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. OFERTA PUBLICITÁRIA DE COMPUTADOR COM PREÇO EQUIVOCADO, DISSOCIADO DO REAL VALOR DE MERCADO. NEGATIVA DE VENDA. SENTENÇA MANTIDA. A oferta publicitária cria vínculo entre consumidor e fornecedor, fazendo surgir obrigação pré-contratual, obrigando o anunciante ao cumprimento da oferta nos exatos termos do anunciado. Entretanto, pode o fornecedor recusar-se a cumprir a oferta nos casos em que se mostrar evidente o equívoco na publicidade veiculada, pena de se admitir o enriquecimento sem causa de uma das partes, em evidente prejuízo da outra. NEGARAM PROVIMENTO AO APELO. (Apelação Cível Nº 70071293294, Décima Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Giovanni Conti, Julgado em 23/02/2017) Especificamente em relação à publicidade, dispõe o CDC: SEÇÃO III Da Publicidade Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e imediatamente, a identifique como tal. Parágrafo único. O fornecedor, na publicidade de seus produtos ou serviços, manterá, em seu poder, para informação dos legítimos interessados, os dados fáticos, técnicos e científicos que dão sustentação à mensagem. Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva. Curso preparatório 2ª Fase Civil Professora Veridiana Maria Rehbein 39 § 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços. § 2° É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança. § 3° Para os efeitos deste código, a publicidade é enganosa por omissão quando deixar de informar sobre dado essencial do produto ou serviço. § 4° (Vetado). Art. 38. O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária cabe a quem as patrocina. O caput do artigo 36 determina a necessidade de identificação da mensagem publicitária, ou seja, o consumidor não pode “receber” publicidade sem saber se tratar de uma. O parágrafo único traz o chamado princípio da transparência da fundamentação. Por exemplo, se a escola anuncia que consegue inserir a maioria dos seus alunos egressos no mercado de trabalho, deve dispor de dados que comprovem essa informação. Nos artigos seguintes o legislador tratou de conceituar e proibir a publicidade enganosa e a abusiva. Publicidade enganosa é aquela capaz de enganar o consumidor total ou parcialmente, por omissão ou comissão. É irrelevante a intenção ou não de enganar, basta o resultado. Leva-se em conta somente a capacidade de induzir em erro. Já a publicidade abusiva é aquela que fere o sistema de valores da Constituição. Importa destacar a responsabilidade solidária também na oferta e na publicidade. Informativo de Jurisprudência nº 0562 Período: 18 a 28 de maio de 2015 Quarta Turma DIREITO DO CONSUMIDOR. RESPONSABILIDADE DO FABRICANTE QUE GARANTE NA PUBLICIDADE A QUALIDADE DOS PRODUTOS OFERTADOS. Responde solidariamente por vício de qualidade do automóvel adquirido o fabricante de veículos automotores que participa de propaganda publicitária garantindo com sua marca a excelência dos produtos ofertados por revendedor de veículos usados. O princípio da vinculação da oferta reflete a imposição da transparência e da boa-fé nos métodos comerciais, na publicidade e nos contratos, de forma que esta exsurge como princípio máximo orientador, nos termos do art. 30 do CDC. Realmente, é Curso preparatório 2ª Fase Civil Professora Veridiana Maria Rehbein 40 inequívoco o caráter vinculativo da oferta, integrando o contrato, de modo que o fornecedor de produtos ou serviços se responsabiliza também pelas expectativas que a publicidade venha a despertar no consumidor, mormente quando veicula informação de produto ou serviço com a chancela de determinada marca. Trata-se de materialização do princípio da boa-fé objetiva, exigindo do anunciante os deveres anexos de lealdade, confiança, cooperação, proteção e informação, sob pena de responsabilidade. O próprio art. 30 do CDC enfatiza expressamente que a informação transmitida "obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar", atraindo a responsabilidade solidária daqueles que participem, notadamente quando expõe diretamente a sua marca no informativo publicitário. A propósito, a jurisprudência do STJ reconhece a responsabilidade solidária de todos os fornecedores que venham a se beneficiar da cadeia de fornecimento, seja pela utilização da marca, seja por fazer parte da publicidade. Trata-se, cabe ressaltar, de caso de responsabilização objetiva. Nesse contexto, dentro do seu poder de livremente avalizar e oferecer diversos tipos de produtos e serviços, ao agregar o seu "carimbo" de excelência aos veículos usados anunciados, a fabricante acaba por atrair a solidariedade pela oferta do produto/serviço e o ônus de fornecer a qualidade legitimamente esperada pelo consumidor. Na verdade, a utilização de marca de renome - utilização essa consentida, até por força legal (art.