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Vargas, dez. 1995, p.17. Vale ressaltar que esse novo diretório mundial é criado logo após a aprovação pela Assembléia Geral da ONU da declaração para a instauração de uma Nova Ordem Econômica Internacional, como veremos adiante. 47 Desde o final da década de 1960 a cooperação internacional para o desenvolvimento, além de motivar diversas manifestações antiimperialistas, vinha sendo objeto de avaliações variadas. Cf. PEARSON, Lester B. Sócios no progresso. Relatório da Comissão de Desenvolvimento Internacional. Rio de Janeiro: Apec, 1971(estudo iniciado em 1968, a pedido do então presidente do Banco Mundial, Roberto S. McNamara, a quem o relatório é enviado em 15.09.1969); COOMBS, Philip H. A crise mundial da educação. Uma análise de sistemas. São Paulo: Perspectiva, 1976 (trabalho que serve de documento básico para a Conferência Internacional sobre a CriseMundial da Educação, realizada por sugestão dos EUA emWilliamsburg, no final de 1967. Síntese do relatório de JaimePerkins, acadêmicodaCornellUniversity, que presidiu a conferência, é apresentado na Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, v. 48, n. 108, out./dez. 1967, p. 305-312); CECLA. Consenso Latino- americano de Viña del Mar. Comércio Exterior. v. XIX, n. 6, México, jun. 1969, p. 421-427 (avaliaçãodaajuda internacionalprocedidapelaCecla, organismodeconsulta regional, exclusivamente latino-americano, criado a partir daUnctad.Ambos fazem parte da estrutura daONU); FAURE, Edgar et alii.Aprender a ser.LaEducación del Futuro. Madri: Alianza/UNESCO, 1975 (estudo apresentado pela Comissão Internacional para o Desenvolvimento da Educação constituída pela UNESCO, em 1971, com a finalidade de produzir informe sobre a educação do futuro, a ser submetido, comos comentários do diretor-geral, aosEstados-membros, aoConselho Executivo e àConferência Internacional deEducação.O informe inclui avaliação da ajuda internacional e sugestões para a rearticulação daUNESCOnas ações relativas à ajuda internacional para a tecnificação da educação). 51 Na direção dessa eficácia é aprovado o Primeiro Plano de Médio Prazo da UNESCO, compreendendo três exercícios bianuais, abrangendo o período de 1977 a 1982.48 Dessa forma, a UNESCO responde às reiteradas críticas à fragmentação de seu programa e, ao mesmo tempo, aos conflitos reais reproduzidos em seu interior entre Oriente e Ocidente. Resposta semelhante já está presente, desde 1956, na aprovação dos Projetos Principais, entre os quais o referente à Apreciação Mútua dos Valores do Ocidente e do Oriente. Também desta feita a UNESCO responde, ao mesmo tempo, às críticas do Ocidente à fragmentação de seu programa e à sugestão da Índia quanto à necessária distinção entre as atividades operacionais desenvolvidas mediante o Peat 49 e as atividades gerais. As primeiras atenderiam às necessidades pontuais dos Estados-membros, enquanto as segundas se voltariam para o universal buscado pela UNESCO. Ambas, de fato, unem e dividem Oriente e Ocidente diante dos caminhos possíveis ao progresso da humanidade. Os planejamentos de médio prazo são vistos com freqüên- cia como meios de, considerando as novas necessidades dos Es- tados-membros, e as reorientações e inovações para permitir seu atendimento, garantir a coerência e continuidade do programa da UNESCO (MBow, 1985, p. 34). Mas podem ser vistos também como mais um mecanismo de controle dos Estados-membros so- bre a organização, pois, numa realidade cuja dinâmica se faz cada vez mais célere, a prática de detalhar atividades e recursos para execução em seis anos não deixa de ser um procedimento que impõe uma rigidez considerável (...) e torna particularmente di- fíceis as inovações e as atividades experimentais que devem ser cuidadosamente negociadas uma por uma com grande antece- dência. (Lengyel, 1994, p.701) 48 A respeito do processo de elaboração desse plano, cujo primeiro esboço é apresentado em 1972, em atendimento à recomendação feita na 14ª CG -1966, ver HUMMEL, Charles. International cooperation and world problems: the standpoint of UNESCO. In: International Social Science Journal. vol. XXXIV, n. 1. Paris: UNESCO, 1982. 49 Cf. nota 37 deste capítulo. 52 Contraditoriamente, esta pode ser uma exigência dos novos tempos, quando a realidade, que sempre transborda o plano, o regu- lamento e o conceito, escapa aos Estados-nações, principais funda- dores da UNESCO, empenhados na racionalização de seu programa e no controle da instituição. Exemplificando a afirmação, é suficiente lembrar: a ocasião em que os ministros de Educação dos três conti- nentes, reunidos pela UNESCO, ultrapassam a preocupação com uma educação de base, ainda hoje sem solução, e vislumbram a ne- cessidade de promover sistematicamente um programa completo de ensino obrigatório para os jovens de seus países (Pompei, 1972, p. 33); a expressão dos movimentos nacionalistas, contrapondo ao discurso político harmonizador a fragmentação das diferenças cu- nhada em meio às contradições locais agravadas nas e pelas rela- ções, processos e estruturas excludentes da economia em transnaci- onalização; a reivindicação dos novos Estados-membros de novas bases de diálogo entre as nações e a expressão de seu interesse comum nas questões relativas à comunicação, justificado pelo vazio imenso deixado pelas Nações Unidas em matéria de informação.50 Estatização do Conselho Executivo: hegemonia ocidental e ordens nacionais Nas novas relações de forças entre os Estados-nações, reto- ma-se, na Conferência Geral da UNESCO, a discussão cujo alvo é o Conselho Executivo. O fato concreto levantado em 1966 diz respeito à necessidade de mudança em sua composição e uma nova distribuição dos seus assentos, após a entrada dos novos Estados- membros. Reivindica-se então o atendimento ao critério geográfico, bem como à representação da diversidade cultural no conselho. 50 Cf. MACBRIDE, Sean et alii. Um mundo e muitas vozes: comunicação e informação na nossa época. Relatório da Comissão Internacional para o Estudo dos Problemas da Comunicação. Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas/ UNESCO, 1983. Apresenta a discussão realizada na ONU e UNESCO sobre a informação no contexto social, econômico, ético e político criado pelo avanço tecnológico nessa área. 53 Proposta resultante de estudo feito pelo próprio Conselho Exe- cutivo, por recomendação da Conferência Geral, aprovada em 1968, portanto, no limiar da segunda Guerra Fria, aumenta para 34 os as- sentos no conselho. Sua distribuição contemplaria, então, os cinco grupos eleitorais propostos, como provisórios, tendo em vista as eleições a se processar nas duas reuniões subseqüentes da Conferência Geral. Esses grupos, ao contrário da proposta, mantiveram-se e consolidaram-se como estruturas institucionais, na seguinte forma: G-I: Europa Ocidental,América do Norte, Turquia e Israel, com nove assentos; G-II: Europa do Leste, com três assentos; G-III: América Latina e Caribe, com seis assentos; G-IV: Ásia, Austrália e Nova Zelândia com cinco assentos; G-V: África e países árabes, com 11 assentos. A composição dos grupos indica que a UNESCO, também nessa oportunidade, não escapou às injunções da Guerra Fria, estra- tégia política global de contra-revolução de que se serviram os EUA na tentativa de manter sua hegemonia, num mundo em que a mo- dernidade transpõe, com a força inerente às contradições por ela geradas, as fronteiras não apenas dos territórios nacionais, como tam- bém dos dois blocos em que se dividia então o mundo. Esse processo não se fez sem a contribuição da URSS, cujos líderes, além de ali- mentar a política do terror, sustentáculo da Guerra Fria, no dilema relativo ao desenvolvimento da produção ou modernização do con- sumo, não hesitaram em optar pela segunda alternativa, na denomi- nada era da estagnação, sobretudo a partir da década de 1970.51 51 Em 1972, foi criado o Centro Europeu para o Ensino Superior