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Introdução Boa tarde, Weliton! Nesta aula, você vai acompanhar o percurso da metodologia cuja base é a ciência, a partir dos pressupostos filosóficos para a consolidação do método científico. Para tal, apresentaremos o conceito de ciência, identificando suas características, os tipos de conhecimento e a importância desse método para a produção de trabalhos acadêmicos. Além disso, também é importante que você compreenda a noção de pesquisa, e saiba para que serve um trabalho investigativo, bem como quais são as fases que o constituem. Em resumo, através deste conteúdo, traçaremos um caminho em um movimento de troca constante, a fim de que você seja capaz de elaborar seu próprio estudo científico. Construção de Conhecimento Campo disciplinar São exemplos de campos disciplinares as áreas de: Medicina; Matemática; Pedagogia; Direito etc. Conhecimento racional No século VII a.C., o conhecimento racional foi denominado Filosofia e compreendia várias áreas do saber, tais como: Matemática; Física; Astronomia; Lógica; Ética etc. Galileu Galilei Grande físico, matemático e astrônomo que descobriu a lei dos corpos e enunciou o princípio da inércia. Foi um dos principais representantes do Renascimento Científico dos séculos XVI e XVII. Disponível em: http://www.suapesquisa.com/biografias/galileu/. Acesso em: 31 mar. 2014. Método De acordo com Rampazzo (2013, p. 13), trata-se de uma palavra que vem do grego methodos, que significa “caminho para se chegar a um fim”. Níveis de conhecimento De acordo com Freixo (2010, p. 61), as formas ou os níveis de conhecimento podem--se apresentar na mesma pessoa: “[...] um cientista envolvido, por exemplo, no estudo da Física pode ser crente praticante de determinada religião, estar ligado a um sistema filosófico e [...] agir segundo conhecimentos provenientes do senso comum”. Raciocínio O raciocínio é uma operação intelectual que tem início a partir de duas premissas conhecidas e que permite chegar a uma terceira que deriva, de forma lógica, das duas anteriores. De acordo com a lógica clássica, o fundamento interno do raciocínio é o princípio da razão. Um raciocínio pode ser usado para fazer uma inferência através de proposições supostamente válidas. Disponível em: http://www.significados.com.br/raciocinio/. Acesso em: 31 mar. 2014. Método e Metodologia científica Quando falamos em metodologia científica, estamos pensando em estudar o método, isto é, os caminhos traçados em determinada pesquisa para que os resultados sejam entendidos. A partir desse momento, podemos, então: Generalizar (ou não) os resultados; Compreender os procedimentos de análise; Repetir os passos do experimento e dos achados, revalidando os dados ou refutando-os. Esse é o grande legado da metodologia científica! Assista ao vídeo a seguir e entenda melhor como as teorias baseadas na ciência se constituem: Tipos de conhecimento Antes de nos aprofundarmos sobre o estudo do método científico para fins de construção do conhecimento, vamos identificar, primeiro, os tipos de saberes com os quais lidamos todos os dias. Para começar, precisamos entender que conhecer é um processo que não ocorre de forma imediata. O sujeito cognoscente – aquele que conhece – se apropria do objeto, que, nesse momento, passa a ser apreendido. Ao produzirmos conhecimento, mobilizamos nossos sentidos e nossas capacidades intelectuais, processando, de alguma forma, as informações absorvidas. Essas sensações são transformadas por nosso intelecto em ideias, reconstruindo as realidades com as quais lidamos e construindo outras tantas. Como afirma Rampazzo (2013, p. 18. Grifo do autor): “[...] a complexidade do real, objeto do conhecimento, ditará, necessariamente, formas diferentes de apropriação por parte do sujeito cognoscente. Essas formas darão os diversos níveis de conhecimento [...]”. De acordo com o autor, de forma didática, o conhecimento pode ser estruturado e organizado nos seguintes níveis: Popular ou do senso comum; Científico; Filosófico; Teológico. Conhecimento popular ou senso comum O conhecimento popular ou do senso comum é aquele construído no dia a dia, em nosso cotidiano. Por isso, também é conhecido como conhecimento empírico, pois são as experiências vivenciadas que vão consolidando os saberes construídos. Atualmente, esse tipo de saber tem sido alvo de interesse da ciência. Afinal, trata-se de um conhecimento historicamente construído antes da sistematização dos métodos, o que vem trazendo muitas pistas para investigações mais profundas e ordenadas. Como exemplo desse nível de conhecimento, Rampazzo (2013, p. 18) afirma: “[...] não é necessário estudar Direito para saber que cada sociedade tem suas normas e suas leis”. Conhecimento científico O conhecimento científico é relativamente recente na história do mundo ocidental. Esse saber tem pouco mais de 400 anos e foi consolidado entre os séculos XVI e XVII, com Galileu Galilei (1564-1642). Contudo, conforme aponta Rampazzo (2013), isso não quer dizer que não havia conhecimento rigoroso e metódico antes desse período. Objetividade: Esse tipo de saber busca ser objetivo, de modo que as observações e os achados possam ser reproduzidos e testados por outros, seguindo os registros sistematizados. Disto resulta a importância do método: parte-se de um caminho bem organizado e relatado para chegar às descobertas e constatações (ou não). Regularidade: Esse tipo de saber busca ser geral e generalizável, como leis que possam definir conceitos aplicáveis aos objetos, mesmo em situações diferenciadas. Utilização de instrumentos: A utilização de instrumentos permite que os achados científicos ultrapassem a subjetividade do cientista, visto que estes podem ser controlados e avaliados com rigor e precisão, o que possibilita uma verificação objetiva da realidade que se apresenta. Esses instrumentos devem ser usados de acordo com as especificidades de cada área do conhecimento. Comunicação: Esse tipo de saber deve ser comunicável e aberto, visto que pode ser testado a qualquer instante por outros cientistas e, a partir desse momento, referendado ou refutado. As novas tecnologias, por exemplo, vão apontando novos caminhos e oferecem oportunidades de verificação dos conhecimentos já construídos, levando em conta novos instrumentos de testagem. Observação e experimentação: Para diferenciar-se da Filosofia e de outras formas de conhecimento, a ciência pauta-se na observação e na experimentação, de forma controlada e rigorosa. Rigor na investigação e na redação: Para ser generalizável, a ciência tem de se pautar em caminhos claros e precisos durante as investigações, o que não quer dizer que os registros serão sempre escritos e apresentados na mesma linguagem. Por isso, é necessário rigor no desenvolvimento das pesquisas, ou seja, definir os conceitos de forma a reduzir ou mesmo eliminar a ambiguidade. Desse rigor pretendido, fazem parte a particularidade de cada campo disciplinar e suas formas de expressão – cada qual com seu método, seu vocabulário e seus termos específicos. Conhecimento filosófico Ao contrário das áreas específicas das ciências, a Filosofia é muito abrangente e preocupa-se com as inúmeras questões da realidade humana, seguindo à procura de respostas mais profundas que nos fazem refletir, mesmo amparados pela razão. De acordo com a origem da palavra: FILOSOFIA = AMOR À SABEDORIA Tal significado confirma sua vocação: a busca de um saber que transcende os aspectos verificáveis da vida, a partir de uma visão de conjunto. Por exemplo, o conhecimento filosófico quer entender: Por que a ciência existe? A quem atendem os achados e as descobertas obtidos através dos métodos científicos? Conhecimento teológico O conhecimento teológico pretende encontrar a verdade não pelo caminho da investigação, mas pela revelação. Em outras palavras, trata-se de um saber baseado na fé, mesmo partindo de reflexões racionaise sistemáticas. Dessa forma, os dados referendados por esse tipo de conhecimento não serão descobertos pelo senso comum, pela ciência nem pela filosofia, mas, sobretudo, pela experiência da crença. Veja, aqui, uma Síntese dos níveis de conhecimento. Método científico Entre os níveis de conhecimento que estudamos, o que mais nos interessa nesta disciplina é aquele que contempla o método científico. Conforme vimos anteriormente, suas bases foram firmadas a partir do final da Idade Média, com as novas descobertas feitas por Galileu Galilei. A partir de então, a busca de uma compreensão metódica dos fatos e de suas relações toma o centro da ciência como pesquisa, com a explicação dos acontecimentos pela observação científica atrelada ao raciocínio. (https://www.youtube.com/watch?v=5WjZ0X_lBeU) Observações Não se trata de verificações sem compromisso. Ao contrário, o método científico requer uma análise precisa, atenta, metódica e ética dos fatos. É através dos processos de observação que o cientista/pesquisador vai coletando os dados para futuramente analisá-los à luz das teorias já construídas. O aspecto ético é fundamental nesse processo e em todas as etapas da pesquisa. Síntese Nesta aula: Entendemos como se constituem as fases da pesquisa científica; Conhecemos algumas técnicas para desenvolver trabalhos acadêmico-científicos – como, por exemplo, o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Próxima aula Na próxima aula, você estudará os seguintes assuntos: A natureza e a abordagem das pesquisas; Os tipos de objetivos desse trabalho; Os procedimentos teórico-metodológicos de uma investigação; O planejamento do trabalho científico. AULA 2 – Planejado a pesquisa Introdução Boa tarde, Weliton! Nesta aula, você vai conhecer os tipos de pesquisa e a natureza das abordagens de um trabalho científico. Para desenvolvê-lo com base no tema de sua escolha, é preciso seguir determinada linha teórica que sustente a investigação e uma metodologia específica que o auxilie a planejar a pesquisa de forma adequada. Vamos estudar melhor esses assuntos? Método científico Você se lembra da aula anterior, em que estudamos o método científico? Vamos retomar algumas de suas etapas a partir do esquema a seguir: Conceito de Pesquisa Quem empreende uma pesquisa busca informações relevantes para desenvolver seu trabalho e procura organizá-las de forma cuidadosa e metódica. Alguns autores a definem da seguinte forma: Caracterização da pesquisa Qualquer investigação se caracteriza por três elementos básicos: O levantamento de algum problema; O encaminhamento ou a solução a(o) qual se chega; Os meios, ou seja, os instrumentos e procedimentos metodológicos adequados ao empreendimento em questão. A partir desses elementos, o objeto a ser pesquisado pode tornar-se mais visível ao pesquisador, permitindo uma melhor escolha do método de investigação. Logo, o ato de pesquisar está cercado pelos seguintes questionamentos: Para seguir esse percurso investigativo, é muito importante que você determine o tipo de pesquisa que desenvolverá. Vejamos o porquê... Área de conhecimento da pesquisa Em outras palavras, ao tentar entender o que é ser humano, o pesquisador se dá conta de que há inúmeras possibilidades válidas de compreender e explicar essa construção – ou seja, o modo de ser e de agir do indivíduo. Dessa forma, o tipo de pesquisa do qual você lança mão é o que vai determinar a obtenção de resultados confiáveis que possam ser analisados e apreendidos. Partindo dessas ideias, vamos destacar, a seguir, as categorias investigativas mais utilizadas no meio acadêmico. Pesquisa documental e bibliográfica Vamos conhecer agora as características da pesquisa documental e bibliográfica: pesquisa documental A pesquisa documental tem por base a procura de documentos de origem primária que podem ser encontrados em arquivos, fontes estatísticas e não escritas. Esses arquivos podem ser: Públicos – a partir dos quais provavelmente vamos encontrar documentos oficiais; Particulares – a partir dos quais encontramos documentos de natureza privada (aqueles que pertencem, geralmente, a instituições desse tipo). pesquisa bibliográfica Já a pesquisa bibliográfica tem como objetivo a investigação de um problema a partir de referências teóricas publicadas em livros, periódicos etc. Essa pesquisa pode ser realizada de forma independente ou como parte de outros tipos de investigação. Todos eles necessitam, praticamente, de um levantamento bibliográfico prévio para situar e fundamentar o problema em questão, bem como para justificar os limites e as possíveis contribuições da própria pesquisa. Pesquisa descritiva A pesquisa descritiva observa, registra, analisa e correlaciona os fatos e dados pesquisados sem a interferência do pesquisador. Esse tipo de investigação procura descobrir e registra a frequência com que ocorrem os fenômenos, sua relação e a conexão com outros eventos, bem como sua natureza e suas principais características. De acordo com Rampazzo (2013), a pesquisa descritiva pode tomar a forma de: Pesquisa experimental A pesquisa experimental depende do estabelecimento de hipóteses e variáveis que vão sendo progressivamente testadas em situações de controle e confirmadas (ou não). Essas situações são importantes, pois pretendem anular ou, até mesmo, minimizar a influência de variáveis que intervêm no processo da pesquisa. Documentos de natureza privada São exemplos deste tipo de documentos: Cartas; Memoriais; Atas e ofícios; Boletins e memorandos; Outras fontes de informação. Documentos oficiais São exemplos deste tipo de documentos: Anuários; Ordens régias e leis; Atas, relatórios e ofícios; Correspondências; Alvarás e registros diversos; Publicações de Diários Oficiais; Inventários, testamentos e escrituras; Certidões de cartórios – de nascimentos, de óbitos, de casamentos, de divórcios etc. Epistemológicos Palavra de origem grega que nos remete à ciência, ao conhecimento, ao estudo científico que trata dos problemas relacionados à natureza e às limitações de determinada crença ou determinado saber. Enfim, a epistemologia estuda a origem, a estrutura, os métodos e a validade do conhecimento. Adaptado de: http://www.significados.com.br/epistemologia/. Instituições São exemplos de instituições privadas: Bancos; Igrejas; Indústrias; Partidos políticos; Sindicatos; Escolas; Hospitais etc. Não escritas Entre as fontes não escritas – oficiais ou não oficiais –, podemos destacar: As fotografias; As gravações; Os filmes e vídeos; Os CDs Rooms e DVDs; A imprensa falada – programas de rádio e TV; Os desenhos e as pinturas; Os objetos de arte etc. Pesquisar Investigar com a finalidade de descobrir conhecimentos novos, recolher elementos para o estudo de algo. Disponível em: http://www.significados.com.br/?s=pesquisar. Acesso em: 16 abr. 2014. Positivismo Doutrina filosófica de Auguste Comte (1798-1857), que propõe fazer das ciências experimentais o modelo por excelência do conhecimento humano em substituição às especulações metafísicas ou teológicas. Variáveis Conforme aponta Rampazzo (2013, p. 55), trata-se de: “[...] propriedades, aspectos ou fatores reais potencialmente mensuráveis pelos valores que assumem e discerníveis em um objeto de estudo. São exemplos de variáveis o salário, a idade, o sexo, a profissão, a cor, a taxa de natalidade etc. – desde que se destaquem os valores que contêm”. Em outras palavras, as variáveis representam um valor, um traço de destaque que vai, mais ou menos, oscilando de acordo com cada caso particular. Variáveis da pesquisa experimental Rampazzo (2013, p. 56) aponta três tipos de variáveis: Vejamos, a seguir, um exemplo de aplicação dessas variáveis em determinada situação. A pesquisa experimental tem a intenção de explicitarde que maneira ou por que razões o fenômeno observado é produzido. Dessa forma, o pesquisador busca as relações entre as variáveis envolvidas no objeto de estudo. Utilizando o mesmo exemplo e dando continuidade à investigação, poderíamos elaborar um questionário para aprofundar e analisar o nível de estresse desses alunos e suas causas. Em seguida, a partir dos resultados, seria possível propor uma intervenção para minimizar os fatores que geraram a situação. Abordagem quantitativa Agora que você já conhece os tipos de pesquisa, vamos nos aprofundar sobre as abordagens que podemos agregar a eles, a fim de que possamos desenvolver a investigação. Vamos começar pela abordagem quantitativa. Para Rampazzo (2013, p. 58), esta: “[...] se inicia com o estudo de certo número de casos individuais, quantifica fatores segundo um estudo típico, servindo-se, frequentemente, de dados estatísticos, e generaliza o que foi encontrado nos casos particulares”. Sendo assim, um estudo de natureza quantitativa preocupa-se, sobretudo, com a quantidade de dados observados, a partir dos quais são elaborados mapas estatísticos que servem de referência para posteriores análises. De maneira geral, essa abordagem é mais utilizada nas ciências duras – as chamadas Ciências Exatas – e pretende a generalização dos achados na investigação. Abordagem qualitativa A abordagem qualitativa põe em xeque o valor da generalização, ou seja, não procura, de forma mais direta, as estatísticas para os casos pesquisados – como a anterior. Ao contrário, de acordo com Rampazzo (2013, p. 58-59), esta: “[...] busca uma compreensão particular daquilo que estuda – o foco de sua atenção é centralizado no específico, no peculiar, no individual, almejando sempre a compreensão, e não a explicação dos fenômenos estudados. [...] A pesquisa é concebida como um empreendimento mais abrangente e multidimensional do que aquele comum na pesquisa quantitativa”. Procurando o específico de cada situação analisada, a abordagem qualitativa tem o objetivo de compreender os fenômenos com base nos contextos de tempo e espaço e nos sujeitos da pesquisa, sem deslocar os fatos da realidade investigada O enfoque da pesquisa qualitativa tem seus fundamentos na fenomenologia de Edmund Husserl (1859-1938). Com base em sua teoria do conhecimento, o filósofo propôs que não há privilégio do sujeito que conhece nem do objeto a ser conhecido, mas das relações que se estabelecem entre ambos. Afinal, já dizia Rampazzo (2013, p. 59): “[...] há sempre uma dependência entre a consciência e o mundo”. Dessa forma, nessa abordagem de pesquisa, não existe uma resposta a priori, mas aquelas obtidas de acordo com a investigação desenvolvida, levando sempre em conta o contexto dos objetos e sujeitos da pesquisa. Conforme destaca Rampazzo (2013, p. 60): “[...] os dados da pesquisa qualitativa não são coisas isoladas, acontecimentos fixos, captados em um instante de observação. Eles se dão em um contexto fluente de relações [...]”. ATENÇÃO: A abordagem qualitativa é bastante utilizada nas Ciências Sociais e Humanas quando pretende investigar casos e situações peculiares e bastante característicos dessas ciências, não procurando reduzir o ser humano a números quantificáveis e sem a pretensão de generalizar os resultados em uma cartografia estatística. Síntese Nesta aula: Estudamos a natureza dos tipos de pesquisa; Identificamos os objetivos e procedimentos teórico-técnicos como opções metodológicas para a investigação do tema escolhido e o planejamento da pesquisa. Próxima aula Na próxima aula, você estudará os seguintes assuntos: Regras da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e da Estácio; Escolha do tema de pesquisa; Definição do problema e formulação de hipóteses; Importância da justificativa e do referencial teórico; Criação de objetivos claros; Seleção de metodologias de pesquisa; Organização do cronograma da investigação; Formação da bibliografia para o trabalho científico. AULA 5 – Elaboração de trabalhos acadêmicos Introdução Boa tarde, Weliton! Nesta aula, vamos tratar da organização da pesquisa como um projeto. Logo, você vai identificar as etapas de uma investigação e as opções teóricas de que podemos nos valer para desenvolvê-la. Para isso, é importante conhecer as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que unificam a redação do trabalho, além de estabelecer princípios e diretrizes sobre a pesquisa científica. Então, aproveite este estudo para aperfeiçoar seus conhecimentos! Escolha e delimitação do tema da pesquisa Na aula anterior, estudamos os tipos de pesquisa e suas abordagens quantitativa e qualitativa. Mas, antes de optar por uma dessas abordagens, você deve escolher e delimitar seu tema de estudo, de modo que seja viável e condizente com o tipo de pesquisa que pretende desenvolver. Delimitar o assunto a ser tratado é como colocar uma lente sobre determinado objeto de pesquisa, na tentativa de focalizar os detalhes dentro de um grande campo do saber. Fases para o amadurecimento de um trabalho científico Para Severino (2007, p. 133), há três fases para o amadurecimento de um trabalho científico. Vamos conhecê–las? Invenção: Fase da intuição, da descoberta, da formulação de hipóteses, na qual o pensamento é provocado e questiona aspectos da realidade. Pesquisa: Fase experimental – com trabalho de laboratório ou de campo – ou bibliográfica. Aqui, começamos a comparar nossas intuições com as percepções dos outros, confrontando ideias, rejeitando-as, reformulando-as, enfim, formalizando uma concepção – mesmo provisória – que já nos aponta um caminho a seguir. Composição do trabalho: Fase de desenvolvimento do trabalho investigativo. Após amadurecer a ideia inicial da pesquisa, já é possível seguir um caminho definitivo que poderá – ou não – confirmar essa ideia anterior, norteando o rumo do trabalho. Em outras palavras, o tema de pesquisa pode partir de uma intuição, que vai ganhando corpo e se formalizando com sua delimitação. Quer ver um exemplo? Referencial Teórico Atenção: Conforme aponta Rampazzo (2013, p. 62), esses textos básicos têm como propósito: “[...] criar um contexto, um quadro teórico geral a partir do qual se pode desenvolver a aprendizagem, assim como a maturação do próprio pensamento”. O autor completa sua afirmação, chamando a atenção para a participação em seminários, congressos e eventos da área como formas de complementação e ampliação desse quadro teórico. Organização do referencial teórico A partir do estabelecimento de um aporte teórico inicial, você deve começar a explorar e a organizar o material de sua pesquisa, valendo-se da heurística, a fim de ter em mãos o suporte necessário para empreender o estudo que pretende. Atualmente, essa busca também pode ser feita por meio dos recursos da internet, mas tanto o material físico quanto o virtual precisam ser checados em termos de seriedade e confiabilidade, até porque: Atenção: Em suma, o referencial teórico é um elemento fundamental da pesquisa que permite a defesa do ponto de vista do estudo. Por isso, é importante que você escolha autores renomados e trabalhos atualizados que possam embasar com mais propriedade o tema de sua investigação. Veja, a seguir, um exemplo de como organizar esse aporte teórico. Atenção: Com o aporte teórico já organizado, podemos pensar nos próximos tópicos desse trabalho acadêmico: A definição do problema; A formulação dos objetivos e das hipóteses; A elaboração de um plano para o estudo. Problematizando o tema da pesquisa Toda investigação parte de um problema. Para elaborá-lo, você precisa responder as seguintes perguntas: O que quero pesquisar? Que questão pretendo responder com minha pesquisa? Como afirma Freixo (2010, p. 157): “[...] neste processo de formulação de uma questão de investigação mais precisa, é importante que se enuncie a interrogaçãosobre sua pertinência, seu valor teórico e prático, e suas dimensões metodológicas, sem esquecer, evidentemente, suas implicações éticas”. Sendo assim, ao formular um problema de pesquisa, é fundamental apontar, de modo transparente e explícito, o que você planeja resolver, delimitando o campo do saber em que se enquadra seu trabalho e apresentando suas principais características. Por exemplo, no filme O óleo de Lorenzo, o pai de um menino portador de doença rara decide realizar um trabalho científico para descobrir uma forma de prolongar a vida do filho. Diante do diagnóstico negativo dado pelos médicos, ele resolve, por conta própria, pesquisar em diversas fontes como estabilizar os níveis de gordura no sangue da criança. Essa questão constitui um problema de pesquisa! Atenção: Para Freixo (2010, p. 158), o problema de pesquisa tem de ser: Pensado de forma clara e sem ambiguidade; Redigido em formato de pergunta ou questão implícita; Testável por métodos empíricos, de maneira que possamos recolher os dados que correspondam à questão formulada. Além disso, ele não deve representar qualquer atitude moral ou ética. Gil (2008, p. 49-50) aponta que: “[...] um problema é testável cientificamente quando envolve variáveis que podem ser observadas ou manipuladas. As proposições que se seguem podem ser tidas como testáveis: Em que medida a escolaridade determina a preferência político-partidária? A desnutrição determina o rebaixamento intelectual? Técnicas de dinâmica de grupo facilitam a interação entre os alunos? Todos esses problemas envolvem variáveis suscetíveis à observação ou à manipulação.” Retomando nossa pesquisa-exemplo sobre a formação docente para o Ensino Superior, um problema elaborado sobre esse tema poderia ser: Qual a importância de tal formação para esse nível de ensino? Formulação de objetivos e de hipóteses Após a questão-problema da pesquisa ser anunciada, é necessário formular os objetivos do estudo e algumas hipóteses que serão confrontadas com os dados colhidos. Justificativa em cronograma Para além das hipóteses, que podem – ou não – ser confirmadas ao longo da investigação, a pesquisa necessita de uma justificativa plausível que explique sua validade e fundamente os argumentos do pesquisador. É através desse elemento que você fará sua argumentação quanto à importância do desenvolvimento do trabalho científico e de seus resultados. Também é fundamental que você organize um cronograma que lhe indique o andamento da investigação e as etapas que têm de ser alcançadas nos prazos estabelecidos. Trata-se de uma espécie de calendário, no qual marcamos as fases da pesquisa e o tempo estimado para que sejam cumpridas. Aetnção: O fato é que todos os tópicos apresentados até o momento precisam ser desenvolvidos com base em algumas normas direcionadas à elaboração de trabalhos acadêmicos. Vamos conhecê-las? Normas da ABNT Até agora, pautamos nosso estudo na confiabilidade e no rigor científico da pesquisa, mas não podemos deixar de expor as normas para a elaboração de trabalhos acadêmicos, tais como: Trabalho de Conclusão de Curso (TCC); Dissertações; Teses; Artigos; Pôsteres. Estamos nos referindo às regras que garantem a normatização/unificação na apresentação de investigações cuja base é a ciência, assegurando que os procedimentos sejam padronizados – inclusive na redação do estudo. No Brasil, o órgão responsável por essa padronização é a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Lidar com essas normas é comum na vida acadêmica, universitária e de alguns cursos técnicos, mas aplicá-las demanda tempo e paciência. As universidades e entidades educacionais fazem adaptações da ABNT de acordo com sua própria normatização. Dessa forma, para desenvolver seu trabalho, consulte, antes, o manual de normas da universidade em que estuda. Atenção: Em muitos países – até mesmo no Brasil –, os pesquisadores se fundamentam nas normas da American Psychological Association (APA) para adequar padrões de citações e referências. A normatização é parecida, mas há algumas diferenças que marcam um e outro estilo. Síntese Nesta aula: Conhecemos as normas da ABNT; Enumeramos os aspectos necessários à seleção dos temas de pesquisa; Aprendemos a definir o problema e a formular as hipóteses da investigação; Identificamos a importância da justificativa e do referencial teórico; Avaliamos a clareza na formulação de objetivos; Próxima aula Na próxima aula, você estudará os seguintes assuntos: Pesquisa bibliográfica – leitura, fichamento, análise, produção e revisão; Técnicas para coleta de dados – leitura, observação, entrevistas e questionários; Argumentação científica – citações diretas, indiretas e citação de citação; Notas de rodapé – características e emprego; Apresentação do resumo e escolha das palavras-chave – em artigo, monografia e TCC.
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