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Prova de Cultura do Israel Bíblico

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Universidade de São Paulo
Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas
Departamento de Letras Orientais
Área de Língua Hebraica, Literatura e Cultura Judaica
Cultura do Israel Bíblico I
Professora Suzana Chwarts
Prova 
Aluna: Adriana de Paula Moraes
N° USP: 6465181
São Paulo
Julho de 2011
1. Quem foram os amoritas (amurru) e de que forma os documentos de Mari vinculam o passado patriarcal de Israel à Mesopotâmia da primeira metade do segundo milênio a.E.C. . Exemplifique.
	Até a descoberta de certos manuscritos, o período dos patriarcas era entendido como mítico e a bíblia, isolada, não tinha nenhum paralelo para si. Na década de 40, nas escavações em Mari, no médio Eufrates, foi encontrado o arquivo real do rei Zimri-um: um conjunto de mais de vinte mil tabuinhas em cuneiforme acádico com inserções de língua semita ocidental que não têm natureza literária; são correspondências oficiais e documentos sobretudo comerciais e econômicos que atestam o amurru.
	Amoritas – isto é, ocidentais – é como eram chamados, nos textos cuneiformes, os povos do noroeste da Mesopotâmia e do norte da Síria que falavam vários dialetos semíticos do noroeste. Tratava-se de uma população flutuante, nômade habitante de tendas, sem status de cidadão, à margem da população sedentária.
	Essas tabuinhas têm elementos comuns à época dos patriarcas relatada na bíblia servindo-lhe de paralelo. O primeiro são os nomes. Segundo John Bright (1978) “os nomes que aparecem nas narrativas patriarcais se enquadram perfeitamente numa classe que sabemos que foi corrente tanto na Mesopotâmia como na Palestina no segundo milênio, especificamente entre o elemento amorita da população.”. O segundo é o universo conceitual: termos e nomes de instituições são paralelos.
	Assim, teríamos o seguinte quadro:
	Onomasticon
	Mari
	Bíblia Hebraica
	Yaqub-el
	Yaqob
	Haqbu-el
	Avram
	'Avram
	Abiram
	'Avraham
	Naharum
	Nahor
	Haran
	Charam
	Terah
	Terah
	Conceitos
	
	Mari
	Bíblia Hebraica
	Unidades tribais
	gayum
	goy
	
	hibrum
	hever
	
	vmmatum
	'vmah
	Padrões de assentamento
	nawun
	naweh
	
	nahalatum
	nahalah
	
	hasarum
	haser
2. Discorra sobre as dinâmicas de deslocamento e assentamento dos patriarcas em Canaan e suas relações com os habitantes da terra. Exemplifique.
	Os patriarcas eram nômades (para Bright, semi-nômades) que viviam em tendas nas fronteiras das terras (nawum) e vagavam em busca de pastagem (Gn 12:6-9; Gn 33:17-18). Não vagavam pelo deserto como os beduínos mas também não se estabeleciam em cidades nem em fazendas e, portanto, não eram proprietários de terra; compravam apenas pequenos espaços para o enterro de seus mortos (Gn 23:3-5; Gn 50:5).
	Apesar de serem descritos como pacíficos, os patriarcas estavam em constante tensão com os povos da terra (Gn 48:22) que os viam como hapiru – uma classe marginal, fruto de um fenômeno pan-oriental. O episódio descrito em Gn 26:1-22 mostra a querela com relação à terra (os poços cavados por Isaac) e o temor dos filisteus frente ao grande número que já se houvera formado junto a Isaac. Em situação diferente, Gn 34 apresenta um desentendimento sério entre os filhos de Jacó e os siquemitas que causou grande apreensão ao patriarca, consciente de que estavam em menor número que os povos da terra (Gn 34: 30).
	Assim, sendo estrangeiros e dada a relação nem sempre amigável com a população sedentária, pouco se demoravam nos lugares. 
3. Exemplifique a instituição do go'el (redentor) e sua função no clã, de acordo com a lei da família e da propriedade.
	O go'el é um parente consanguíneo protetor. Ele tem algumas funções relacionadas ao interesse do indivíduo e do grupo; é quem vinga, quem redime e quem resgata os bens inalienáveis do clã e da tribo, sobretudo a terra e a mulher (solteira ou viúva), impedindo que estes sejam tomados por qualquer outro clã.
	Quando um israelita, por pobreza e dívidas, precisasse vender-se a si mesmo como escravo, um parente, dos mais próximos, devia resgatá-lo, sendo-lhe por go'el (Lv 25:47-49) e quanto à propriedade, na ocasião de que alguém precisasse vender por tais razões, o go'el tinha a preferência na compra. Isso porque a nahalah deveria ser mantida de geração em geração pois era herança do próprio Deus (Dt 4:20) e nem mesmo o poder régio poderia ter qualquer influência sobre isso, como vemos em 1Rs 21:1-4, onde Acab deseja a vinha de Nabot e este lhe recusa por se tratar de sua nahalat-'avotai.
	E assim como a terra, a mulher também era vista como bem do clã, sendo, portanto, dever do go'el resgatar-lhe. A passagem de Rt 4:1-16, principalmente no versículo 5, ilustra exatamente esse processo: 
Mas Booz disse: “No dia em que adquirires esse campo da mão de Noemi, estarás adquirindo também Rute, a moabita, a mulher daquele que morreu, para perpetuar o nome do morto sobre seu patrimônio.” (Bíblia de Jerusalém, 2008)
	Ainda uma outra obrigação do go'el era ser o vingador de sangue e, exatamente pela existência dessa função são criadas as cidades de refúgio (Nm 35:9-15).
	Assim, por ter tais responsabilidades, o termo se estendeu para o vocabulário religioso atribuindo a Iahweh a posição de go'el do povo: Jó 19:25; Sl 19:15; Sl 78:35; Jr 50:34; Is 41:14; Is 43:14; Is: 44:6, 24; Is 49:7; Is: 59:20.

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