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24/04/2017 1 QUALIDADE DE VIDA principios e conceitos Prof ª Marion Vecina A. Vecina • A presença do termo qualidade de vida é facilmente percebida no linguajar da sociedade contemporânea, sendo incorporado ao vocabulário popular com várias formas de conotação. Parece que existe um consenso de que é algo bom falar em qualidade de vida, mesmo sem definir exatamente do que está se falando. • “Qualidade de vida virou um objeto de desejo”. Essa afirmação direciona para uma percepção do tema como um objeto a ser alcançado, ou seja, como se para chegar a esse nível fosse preciso estabelecer padrões de realizações na vida. • Qualidade de vida tornou-se, em muitas circunstâncias, um jargão útil a promessas fáceis e propagandas enganosas. Isso ocorre devido a uma falta de compreensão específica sobre o termo, e sua consequente colonização por parte dos meios comerciais e de comunicação, que o utilizam como justificativa para tornar seus produtos úteis, ou para manipular a opinião pública. • Em abordagens sobre qualidade de vida, é necessário ter atenção à multiplicidade de questões que envolvem esse universo, desde parâmetros sociais até de saúde ou econômicos. • Apesar de haver inúmeras definições, não existe uma definição de qualidade de vida que seja amplamente aceita. • Cada vez mais claro, no entanto, é que não inclui apenas fatores relacionados à saúde, como bem- estar físico, emocional e mental, mas também outros elementos importantes da vida das pessoas como trabalho, família, amigos, e outras circunstâncias do cotidiano, sempre atentando que a percepção pessoal de quem pretende se investigar é primordial (GILL & FEISNTEIN, 1994). 24/04/2017 2 • Qualidade de vida, para a Organização Mundial da Saúde (OMS) (1995), é “a percepção do indivíduo de sua inserção na vida no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”. • Gonçalves e Vilarta (2004) abordam qualidade de vida pela maneira como as pessoas vivem, sentem e compreendem seu cotidiano, envolvendo, portanto, saúde, educação, transporte, moradia, trabalho e participação nas decisões que lhes dizem respeito QUALIDADE DE VIDA • Os instrumentos para avaliação da qualidade de vida variam de acordo com a abordagem e objetivos do estudo. • Instrumentos específicos como o Medical Outcomes Study Questionaire 36-Item Short Form Health Survey (SF-36) para avaliação da qualidade de vida relacionada à saúde e do WHOQOL para avaliação da qualidade de vida geral são tentativas de padronização das medidas permitindo comparação entre estudos e culturas. Publicações sobre novos instrumentos de avaliação específicos para populações ou pessoas acometidas por quadros patológicos específicos são crescentes na literatura especializada. • O SF-36 é um instrumento do tipo genérico criado por Ware e Sherbourne, originalmente na língua inglesa norte- americana. • No Brasil, teve sua tradução e validação cultural realizada por CICONELLI, FERRAZ, SANTOS, MEINÃO e QUARESMA (1999). • O instrumento é constituído de 36 itens, fornecendo pontuação em oito dimensões da qualidade de vida: capacidade funcional, limitação por aspectos físicos, dor, estado geral de saúde, vitalidade, aspectos sociais, aspectos emocionais e saúde mental. A pontuação varia de 0 (pior resultado) a 100 (melhor resultado). • O WHOQOL foi desenvolvido pelo grupo chamado World Health Organization Quality of Life e traduzido e validado para o Brasil por um grupo de pesquisadores na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e tem por objetivo avaliar a qualidade de vida geral das pessoas em diferentes culturas. Foram validadas duas versões do instrumento. • A versão longa “WHOQOL-100” FLECK et al. (1999) considera seis domínios para análise: físico, psicológico, nível de independência, relações sociais, ambiente e aspectos espirituais/religião/ crenças pessoais. • A versão curta “WHOQOL Bref ” FLECK et al(2000), considera quatro domínios (físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente) para análise da qualidade de vida. 24/04/2017 3 • Instrumentos como o SF-36 e o WHOQOL apresentam as vantagens de serem instrumentos que já tiveram sua validade e qualidades psicométricas atestadas além de permitirem a comparação com outros estudos. • O fato da qualidade de vida possuir significados individuais diferentes dificulta sua avaliação e utilização em pesquisas científicas e deve ser superado considerando diferentes perspectivas de ciência. • Portanto, a percepção de níveis de qualidade de vida toma-se como algo amplo, que não pode ser estipulado somente com análises globalizantes. Indicadores objetivos têm funções de traçar perfis de grupos sociais, úteis para intervenções em populações, porém, não expressam a percepção e situação individual frente às próprias vidas dos atores sociais. • A adoção de um estilo de vida tido como saudável é tomada, na sociedade contemporânea, como um fator determinante perante a situação de saúde e de vida dos sujeitos. • Porém, muitas vezes isso não ocorre, não por falta de vontade do sujeito, mas pela ausência de condições socioeconômicas favoráveis. • Hábitos como uma nutrição adequada, horas de descanso, visitas periódicas e profiláticas ao médico, e prática frequente de atividade física, nem sempre são possíveis para todos os indivíduos, devido a modos e condições de vida que não possibilitam tais ações. “ Os que não encontram tempo para atividade física, terão que encontrar tempo para as doenças” Edward Derby 24/04/2017 4 NOTÍCIA NOTÍCIA • O Brasil ocupa o desprestigiado 70º lugar num ranking que avalia a qualidade de vida de 86 países. A lista foi elaborada pelo Numbeo, o maior centro de dados do mundo com conteúdo gerado pelos próprios usuários da web. • Entre os critérios usados, estão poder de compra, segurança, relação entre tráfego e tempo de viagem, assistência médica e nível de poluição. • O primeiro lugar foi abocanhado pela Suíça, seguida de Alemanha e Suécia. Já na lanterninha, ficou a Venezuela, atrás da Mongólia e do Vietnã Fonte: http://oglobo.globo.com/sociedade/sustentabilidade/brasil-fica-em-70-lugar-em-qualidade-de-vida-perdendo- para-sri-lanka-cazaquistao-16457907#ixzz4fD4uLNvg QUALIDADE DE VIDA NA POPUPAÇÃO BRASILEIRA • De uma forma geral, persiste no Brasil, péssimas condições de vida e uma discrepância muito grande entre os indicadores das regiões mais ricas (em especial o sudeste) e as regiões mais pobres (principalmente o nordeste). • Abastecimento de água: 58% no Nordeste e 88% no Sudeste. • Rede de esgoto: 22% no Nordeste e 80% no Sudeste. • Coleta de lixo: 90% no Sudeste e 59% no Nordeste. • Analfabetismo na casa dos 13% da população. • O Brasil é um dos países que tem o maior número de desempregados no mundo QUALIDADE DE VIDA NA POPULAÇÃO BRASILEIRA NOTÍCIA The vast majority of undergraduates are satisfied with their quality of life at university, the latest Sodexo University Lifestyle Survey reveals. Qualidade de vida – Dr.Flávio Gikovate https://www.youtube.com/watch?v=hgAdiPoI-CE 24/04/2017 5 REFERÊNCIAS • Rev. bras. Educ. Fís. Esporte, São Paulo, v.26, n.2, p.241-50, abr./jun. 2012 • GILL, T.M.; FEINSTEIN, A.R. A critical appraisal of the quality of quality-of-life measurements. Journal of the American Medical Association, Chicago, v.272, n.8, p.619-26, 1994. • OMS. The World Health Organization Quality of Life Assessment(WHOQOL): position paper from the World Health Organization. Social science and medicine. v.41, n.10, 1995, p.403-409. • FLECK, M.P.A.; LOUZADA, S.; XAVIER, M.; CHACHAMOVICH, E.; VIEIRA, G.; SANTOS, L.; PINZON, V. Aplicação da versão em português do instrumento de avaliação de qualidade de vida da Organização Mundial da Saúde (WHOQOL-100). Revista de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.33, n.2, p.198-205, 1999. • BETTINE DE ALMEIDA. M.A, GUTIERREZ G.L, MARQUES. R. QUALIDADE DE VIDA,DEFINIÇÃO, CONCEITOS E INTERFACES COM OUTRAS ÁREAS DE PESQUISA, São Paulo. Escola de Artes, Ciências e Humanidades - EACH/USP 2012
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