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DIREITOS HUMANOS

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TRABALHO ESCRAVO E O CASO JOSÉ PEREIRA
Grupo: Claudianara, Hiago, Luciana, Regiane, Sulamita, Sylvio e Weliana
Exploração do trabalho escravo no Brasil
A exploração de escravos teve início no século XVI, na época das navegações e dominação dos territórios desconhecidos. Os Portugueses no período de colonização do Brasil necessitavam de mão de obra para realização dos trabalhos executados manualmente, o que os levou a forçar os índios, através de ameaças, a realizarem os trabalhos em troca de nada. Devido ao atrito com a igreja católica que era contrária à exploração do trabalho forçado dos índios, os portugueses tiveram que optar por outro tipo mão de obra barata, qual seja a escravidão, seguindo os passos dos europeus, que naquela época capturavam os negros do continente africano, a fim de submetê-los ao trabalho escravo em suas colônias, então assim 				
fizeram os português e passaram a escravizar os negros no Brasil, sempre usando de artifícios desumanos, pois os negros eram trazidos para o Brasil dentro dos porões dos navios negreiros, em péssimas condições de salubridade levando muitos negros a óbito já na viagem. Após serem desembarcados, eram vendidos a fazendeiros através de leilões para os fazendeiros e senhores de engenho, que os exploravam e os tratavam de forma cruel e desumana. 
Sentindo-se pressionado, o Brasil em 1850 criou a Lei Eusébio de Queiroz que proibia o tráfico e a escravidão em seu território, vinte anos depois surgiu a Lei do Ventre Livre (1871), em que todas as crianças que nasciam de escravos eram consideradas livres, mais adiante veio a Lei dos Sexagenários (1885), que considera livres os escravos acima de 60 anos e finalmente em 13 de maio de 1888 foi assinada a Lei Áurea pela princesa Izabel abolindo a escravidão no Brasil. 
Breve histórico do caso
	José Pereira, cidadão brasileiro, com 17 (dezessete) anos na época, foi atraído juntamente com mais de 60 (sessenta) pessoas, com a finalidade de trabalharem na Fazenda Espírito Santo, na cidade de Sapucaia, no sul do estado Paraense, no ano de 1989, sob a promessa de trabalharem em condições salubres, com remunerações justas, alojamentos em condições toleráveis
	Tais fatos se revelaram falsos, pois foram escravizados, maus tratados e submetidos a trabalhos forçados. Na tentativa de escapar do local juntamente com um colega conhecido como “Paraná”, sofreram uma emboscada a mando dos aliciadores da fazenda, oportunidade em que foram alvejados por disparos de fuzil em repreensão às suas atitudes.
	José Pereira num golpe de sorte conseguiu escapar do ataque, fingindo-se de morto, enquanto seu companheiro não teve a mesma sorte, vindo a óbito em face dos disparos de seus algozes. Seus corpos foram deixados em um terreno próximo à fazenda, no entanto José Pereira conseguiu chegar a uma fazenda vizinha, sendo atendido e tratado, vindo sobreviver à injusta agressão lhe imposta, a qual lhe deixou algumas sequelas graves, como a perda de um olho e da mão direita.
	
	
	A denúncia do caso José Pereira foi recebida pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) , através de uma petição redigida pela CEJIL (Centro pela Justiça e o Direito Internacional) uma organização não-governamental, ligado a OEA (Organização dos Estados Americanos), no ano de 1994, na qual denunciou o caso alegando que os fatos denunciados constituem falta de proteção e garantias do Estado brasileiro ao não responder adequadamente as denúncias sobre essas práticas que eram comuns nessa região (Estado do Pará) e permitir de fato sua persistência.  Também foi alegado o desinteresse e ineficácia nas investigações e nos processos referentes aos assassinos e os responsáveis pela exploração trabalhista. 
Trâmite da denúncia perante a Comissão Interamericana
	A denúncia alegava que o Estado Brasileiro violou as obrigações descritas na Convenção Americana sobre Direitos Humanos e da Declaração Americana sobre os Deveres e Direitos do Homem, com relação as pessoas que sofrem condições análogas à escravidão impostas por outras pessoas e ao permitir a persistência dessa prática por omissão ou cumplicidade. 
	
Destacou ainda que o caso José Pereira não é um caso isolado pois nos anos de 1992 e 19993 a Comissão Pastoral da Terra (CPT) registrou 37 casos de fazendas onde dominava o trabalho em condições análogas a escravidão. Mencionaram ainda que estas condições de trabalho afetam em sua grande maioria os trabalhadores agrícolas atraídos por promessas enganosas, conduzidos para fazendas distantes, aprisionados contra sua vontade, sofrendo violência e vivendo em condições desumanas.
	A denuncia também destacava sobre a impunidade e conivência do Estado brasileiro, tendo em vista  que na época dos fatos se demonstrava extremamente comum naquela redondeza casos de trabalho análogo a escravidão e que nenhum proprietário de fazendas foi condenado e que os trabalhadores que tentavam escapar eram assassinados ou agredidos.
	Até a data  da denúncia, mais de quatro anos dos fatos ocorridos com José Pereira, ainda podia ser percebido a ineficácia do Estado brasileiro, com isso as provas do caso estavam aos poucos se deteriorando, mas no ano de 1998 o Ministério Público fez denúncia contra cinco pessoas: Francisco de Assis Alencar, Augusto Pereira Alves, José Gómez de Melo e Carlos de Tal pela prática dos  crimes de tentativa de homicídio e redução à condição análoga a escravo e contra Arthur Benedito Costa Machado por redução à condição análoga a escravo.  
	O processo foi dividido em dois: um contra Arthur Benedito Costa Machado, e outro contra os outros quatro réus.  Arthur Benedito Costa Machado, administrador da fazenda, foi condenado a dois anos de reclusão que foram substituídos por  prestação de serviços comunitários, mas a pena não pôde ser executada pois o crime havia prescrito. 
	Em relação aos outros quatro réus fugitivos foi decidido no sentido de que estes fossem julgados pelo  Tribunal de Júri Federal, e foi decretada sua prisão preventiva, a qual não foi executada até hoje.
Solução do caso José Pereira
Ante a incapacidade do Estado brasileiro em punir os responsáveis pelo seus atos neste caso particular, na data de 18 de setembro de 2003, foi firmado uma solução amistosa entre o Brasil e a comissão Interamericana, em que o Estado brasileiro reconheceu sua responsabilidade internacional, mediante a incapacidade de seus órgãos internos de prevenir e punir legalmente casos como o de José Pereira e como forma de reparar os danos causados a José Pereira foi criado uma Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Forçado, bem como se comprometeu a continuar empreendendo esforços no sentido de cumprir os mandados judiciais contra os acusados no caso em apreço, além de pagar uma indenização por danos morais no valor de R$52.000,00 a José Pereira. 
Medidas adotadas pelo Estado brasileiro 
	O Estado brasileiro se comprometeu perante a Comissão Interamericana a elaborar propostas para modificação e elaboração de leis, como o Plano Nacional de Erradicação do Trabalho Forçado, cuja implementação ficou a cargo da Comissão Especial do Conselho de Defesa dos Direitos Humanos.
	O Brasil conseguiu cumprir algumas medidas acordadas para inibir a exploração de trabalhos forçados ou análogos à escravidão, como a criação da Comissão Nacional o de Erradicação do Trabalho Forçado (CONATRAE), através da emissão de decreto em 31 de julho de 2003, da Lista Suja do Trabalho Forçado, do Plano de Erradicação do Trabalho Forçado, do Grupo Executivo para Erradicação do Trabalho Forçado (GERTRAF) e a Resolução nº 555, de 28 de janeiro de 2002, que criou uma Subcomissão no Conselho de Defesa dos Direitos Humanos, denominada Comissão Especial para conhecer e acompanhar denúncias de violência no campo, exploração do trabalho forçado e escravo, exploração do trabalho infantil, devendo propor mecanismos eficientes e eficazes na repreensão destas atividades condenáveis.
	Além das medidas legislativas, o Brasil se comprometeu no sentido
de: 
Fortalecer o Ministério Público do Trabalho
Velar pelo  cumprimento imediato da legislação existente, investigando e apresentando denúncias contra os autores da prática de trabalho escravo
Realizar junto ao Poder Judiciário e a suas entidades representativas, com intuito de garantir a penalização devida aos autores dos crimes de trabalho escravo. Entre outras medidas.
Já em relação as medidas de sensibilização contra o trabalho escravo, o Brasil comprometeu-se a realizar uma campanha nacional e seminários sensibilizando a população contra a prática e erradicação do trabalho escravo. Tal campanha deverá se basear num plano de comunicação que contemplará a elaboração de material informativo dirigido aos trabalhadores, inserindo o tema na mídia pela imprensa e através de difusão.
FIM

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